Estranhou aquela pelúcia e procurou alguma identificação de quem o enviara virando a caixa até que viu um pequeno cartão cair de dentro dele e nele escrito “DE: Gil”

Por essa ela definitivamente não esperava, começou a sentir um sorriso se formar em seu rosto involuntariamente, então imediatamente pegou o celular para enviar um sms.

– “O que exatamente quer me dizer?” – Pouco minutos depois veio a resposta.

– “Exatamente o que está escrito!”

Ela não sabia como reagir, então decidiu liga-lo.

– “Oi?”

– Como assim?

– O que?

– Você sabe o que...

– Sara... Eu sinto por você algo mais do que um amigo sente...

– Gil, você ainda está com Rachel, como pode me dizer algo assim? – Sara ouviu o barulho de batidas em uma porta e pouco depois alguém perguntando com quem ele falava, deduziu que fosse Rachel e perguntou: - É ela?

– Sim! Então, te explico melhor tudo isso amanhã, pode ser?

– Tudo bem.

A alegria que Sara sentiu a pouco com a declaração recebida, naquele momento já tinha ido embora. Resolveu tentar dormir, pois mais tarde iria trabalhar e no dia seguinte precisaria organizar sua mudança.

No dia seguinte eles foram para seus casos e Sara só viu Grissom na hora em que ele foi dividir o caso. Ao fim do expediente eles estavam na sala de convivência quando Sara recebeu uma ligação de Débora.

– Oi Dé?

– Querida, só pra ti avisar que mandei suas coisas pela transportadora que me prometeu entregar amanhã pela manhã no seu novo apartamento.

– Ótimo Débora! Estou precisando mesmo das minhas coisas e não se preocupe que seu quarto vai estar lhe esperando viu?

– É bom mesmo porque já estou morrendo de saudades! Beijo.

– Outro. – E desligou

– Vai mudar quando Sara? – Perguntou Nick.

– Bem, minha mobília chega amanhã pela manhã, então acho que hoje antes de vir pra cá vou encerrar minha estadia no hotel.

– Gente? O que acham de darmos uma forcinha a noob aqui? – Disse Greg.

– Noob? Acho que está me confundindo Greg.

– Eu topo! – Disse Nick.

– Eu também. – Respondeu Warrick.

– Bem, posso até ir, mas não vou carregar peso e você vai ter que nos dar um belo café da manhã! – Disse Cat.

– Tudo bem, mas o café será na cafetaria aqui próximo, tudo por minha conta.

– Feito! – Disse Greg.

Neste momento Grissom chega para libera-los e pergunta:

– O que está feito?

– Há Grissom, estamos nos reunindo pra ajudar Sara na mudança dela amanhã pela manhã depois do turno, vamos?

– Já conseguiu organizar a mudança Sara? Que bom! Vou com vocês então.

– Obrigada pessoal!

Grissom os liberou, mas antes pediu a Sara que aguardasse um pouco, seus colegas estranharam, mas não questionaram deixando assim os dois a sós na sala de convivência.

– Sara queria conversar com você a respeito de ontem...

– Grissom, aqui não é hora nem lugar para essa conversa!

– Posso te acompanhar até seu hotel?

– Tudo bem!

Levantaram e foram para o hotel. Chegando lá Sara pediu na recepção que o café da manhã para dois fosse entregue no quarto dela pois tinha pressa em iniciar a organização de seus pertences. Ao chegar no quarto ela pediu que Grissom ficasse a vontade, ela não poderia parar para conversar, tinha muitas coisas pra arrumar até a noite antes do novo expediente.

– Sara, queria que soubesse que... – Parou e observou como ela fingia não dar importância a conversa, pegando cabides e jogando em uma mala aberta sobre a cama. – Preciso que pare!

– Não Grissom, eu é que preciso que você pare! – Disse se virando de repente, Grissom nunca tinha visto este lado de Sara, portanto estava com uma expressão assustada e quando Sara viu que ele não continuou então ela o fez:

– Preciso que pare de me dar falsas esperanças, preciso que pare de brincar com os meus sentimentos! Porque acha que me mudei para Vegas? Você não representa somente meu chefe e amigo e com essa situação me magoa.

– Me desculpe Sara! – Disse ele por fim.

– O que pensa que está fazendo? Flerta comigo sempre que pode, me manda um presente com uma declaração muito sugestiva e depois a confirma verbalmente, mas ainda assim permanece em um relacionamento com Rachel? Espera que me torne sua amante? Realmente pensa tão pouco de mim?

– Sara...

– Não Grissom! Eu preciso falar o que vem sendo travado na minha garganta. Desde San Francisco quando nos beijamos tive medo de me arrepender em tentar manter amizade com você, mas conseguimos e até então nada mais éramos além disso e agora você vem e me confunde mais uma vez! Eu preciso que tome uma decisão, preciso que me diga o que quer para que eu possa seguir em frente.

– Posso falar? – Perguntou ele com o olhar no chão.

– É o que mais quero.

– Ontem conversei com Cristy e disse a ela que iria terminar meu relacionamento com Rach e depois conversei com a própria Rachel. Quando você me ligou ontem ela tinha entrado no quarto para me pedir uma mala que estava lá.

– Ambas aceitaram essa situação?

– Cristy ainda é apenas uma criança, ela me apoia pois sou seu pai. Me perguntou se isso tinha influência da moça com quem eu tanto trocava SMSs. – Deu um sorriso ao lembrar desta observação da filha.

– E o que disse? – Sara sabia que a moça a quem Cristy se referia era ela, pois depois que Grissom foi embora eles frequentemente se falavam por SMS ou ligações.

– Que talvez.

– E Rachel?

– Inicialmente ela, assim como da vez em que voltei de San Francisco, chorou e me pediu mais uma oportunidade, mas disse a ela que dessa vez não tinha volta.

– Hum...

– Sara, não espero que corra pros meus braços e diga que me ama, minha decisão para com Rachel foi também porque sei que nos só estávamos juntos por comodidade e não por amor.

– E essa historia da mala quer dizer que ela já foi embora?

– Não. Ela me pediu uma semana para que ela pudesse organizar um quarto na casa dos pais. Resolveu voltar pra lá.

– Isso quer dizer que vão dormir na mesma cama por mais uma semana... – Disse quase que em um sussurro, mas não impediu Grissom de ouvir e dar um sorriso com a possibilidade de aquilo ser um sinal de ciumes.

– Não. Decidi dormir no quarto de Cristy durante essa semana, ela possui um beliche que comprei para quando leva as amigas para lhe fazer companhia.

– Hum...

– Bem, já disse o que tinha que lhe dizer. Te vejo mais tarde! – Nesse momento o café da manhã que Sara pediu chegou.

– Eu pedi café para dois. – Grissom sorriu com o convite.

– Tudo bem.

Sara recebeu a bandeja e a colocou em uma mesa que ficava no canto do quarto para que os dois pudessem sentar mais a vontade. Conversaram sobre Cristy e sobre a mudança de Sara como se nada tivesse acontecido a alguns minutos atrás, depois do café Grissom ajudou ela a arrumar a mala com seus pertences e ao terminar:

– Bem, você vai precisar de ajuda para levar a bagagem a seu carro?

– Não. Mais tarde antes de finalizar a conta peço ajuda aos funcionários do hotel.

– Sendo assim eu já vou, tente dormir, caso contrario ficará muito cansada.

– Digo o mesmo. – Sara abriu a porta para que ele saísse, Grissom se aproximou dela e lhe deu um beijo estalado no rosto. Sara corou com o gesto e disse.

– Te vejo no laboratório. – Saiu e Sara fechou a porta se jogando na cama como uma adolescente apaixonada. Foi tomar um banho e dormiu o máximo que pôde. Por volta das cinco horas ligou para a recepção e avisou que desejava fazer o check-out, porém precisava que alguém levasse sua bagagem para o carro. Pouco depois um rapaz bateu em sua porta.