–Não! Não Francis, não!

–Eu não posso esperar. Eu estou partindo Mary.

–Você tem que esperar, você não pode partir não pode me deixar aqui! Por favor, Francis.

Ele abriu um sorriso triste e calmo.

–Não posso esperar querida, você sabia que isso aconteceria.

–Como ficarei sem você? Como viverei sem você?

–Você ficara bem, reinará na Escócia, construirá uma nova família, cheia de amor e segurança. Será extremamente feliz.

–Você é minha família. - Falava aos prantos.

No fundo Mary pensava, que de alguma forma se insistisse ele ficaria com ela, era tão pouco tempo, tão poucas palavras ditas, eram tantas coisas que precisavam ser ditas.

–Terá outra, uma com menos problemas.

–Francis... Por favor...

–Sabe o que acontecerá? – Perguntou a olhando, ela negou. - Depois da minha ida com uma boa rainha você reinará por mais um ou dois anos, tempo esse que Charles usará para se preparar para a coroa, será a melhor rainha já vista em toda França e Escócia, será amada e respeitada. Então quando voltar para a Escócia, casará e depois de alguns meses engravidará, terá um filho com o nome James...

–Por que o nome será James?

Francis riu fracamente.

–Eu sempre gostei desse nome. Você nunca se esquecerá de mim, mas vai aprender a amar a outros.

–Nunca, nunca vou esquecer que te amei.

Francis começou a tossir fortemente, Mary correu e o ajudou, assim que parou de tossir Francis pediu que ela se deita-se ao seu lado.

–Me lembro de um dia- disse pensativo depois de uns segundos. -, estávamos muito exaustos por ter passado a tarde correndo pelo jardim, e quando subimos nós deitamos e ficamos lá parados, recuperando a respiração e então nós olhamos e... Em menos de um segundo estávamos brincando novamente, pulando na cama. Foi nesse momento que eu comecei a te amar.

–Eu me lembro. Você era horrível comigo, jogava as almofadas em mim e as maças do jardim. E eu corria de você por todo o castelo, sempre conseguia me esconder.

–Está vendo Mary?

–Vendo o que?

–Eu só sou uma pagina.

–Como assim?

–Você é o livro da minha vida, na minha infância era com você que eu brincava e aprontava. - Riu um pouco. – Só que você se foi e eu não entendia o porquê, depois de uns seis anos você retorna, sendo assim na minha adolescência você também estava lá, e... Você me fez homem, em todos os sentidos. Você é minha vida Mary. Mas eu não sou a sua, só sua uma pagina na sua, no seu livro.

–Não, você é meu livro. Passei a minha vida inteira contigo, até quando fui para o convento você esteve comigo. Você é meu livro Francis.

–Eu...

Antes que pudesse continuar, a tosse voltou mais forte e seus ouvidos começaram a sangrar novamente, a dor atingiu seu corpo o fazendo gritar alto, Mary saiu da cama correndo e chamou por Catherine, essa logo chegou correndo no quarto, se aproximou do filho, esse sussurrou algo para ela.

–Ele está te chamando. - Disse para Mary.

E saiu.

–Eu sei!- Exclamou a jovem rainha ainda distante do rei. - Eu sei Francis, eu sei que está indo. Mas você não pode!

–Mary...

–NÃO! Deixe-me terminar, não estou pensando em mim ou no meu futuro, estou pensando em James, Francis!

–James?- sussurrou confuso.

***************

Bash corria contra o tempo, a profecia dizia que Clarissa não poderia viver sem trazer desgraça à família real, a Francis e a Mary e mesmo a menina sendo pura e inocente ela não viveria. Há muito tempo Bash lutava contra isso, contra o fato de matar uma inocente, até que num belo dia de sol ele viu a realidade, a menina nunca seria amada, feliz, aceita. Ela não só traria desgraça, mas viveria assim.

Num povoado o boato que uma bruxa morava num velho chalé se espalhou rapidamente, pessoas tinham medo de passar na frente e os que passavam diziam escutar um barulho de choro, gritos de dor e agonia e logo corriam assustados.

–Estamos perto?

–Sim.

–Você tem certeza do que está fazendo?
–São nossa família Kenna, e pela família devemos lutar.

**************

–NÃO! Deixe-me terminar, não estou pensando em mim ou no meu futuro, estou pensando em James, Francis!

–James?- sussurrou confuso.

**************

–Chegamos. - Anunciou.

O chalé era simplesmente assustador, rodeado de flores mortas e sem vida.

–Estou com medo. - Confessou a mulher.

–Você quis vir Kenna, afinal por que quis vim? Não gosta nem de cavalgar.

Kenna respirou fundo e o olhou.

–Eu não queria te deixar sozinho. E eu adoro cavalgar, só aquele cavalo que é um incomodo. Bash, não importa o eu não goste ou o que eu goste, eu te amo acima de tudo.

O homem ficou sem palavras com a declaração da mulher, correu e a pegou nos braços a beijando.

–vamos acabar logo com isso.- Disse depois de uns instantes.

**************

–E em como será horrível o ver correndo pelo jardim, e se um galho cair na sua cabeça? E se eu estiver longe? E se sua mãe quiser o matar de mimos, como lidarei com sua mãe? Ou Lola? Ou o reino? Como Francis? –Continuava a murmura Mary.

–Do que está falando? Que James? O que está falando Mary?

**************

Com um chute Bash derrubou a velha porta, e viu deitada no chão Clarissa, toda suja.

–Você veio em matar?- Perguntou.

Bash passou uns segundos encarando o rosto da menina.

–Não. – Disse por fim.- Eu vim te libertar.

Um pequeno sorri cresceu no rosto de Clarissa, ela se levantou devagar e ficou frente a frente com Bash.

–Vai doer?

–Não.

Ela concordou, e esperou, olhou para o homem e nada, quando ia falar algo sentiu uma dor perto do coração e então parou de doer e a paz chegou.

Kenna tinha golpeado a menina pelas costas, ela sabia que a dor do desespero, só medo era maior que a de um corte ou da morte.

**************

–James, Francis!

–Quem é James Mary?

–Seu filho, eu estou gravida Francis. – Disse sorrindo e caminhando na direção de Francis.

Então uma forte dor atingiu sua cabeça a fazendo desmaia e a ultima coisa que viu foi uma lagrima caindo dos olhos claros do marido e um grito, que foi esquecido.

'E o vento soprou as pétalas da rosa

Fazendo a coroa cair'