Piratas do Caribe E o coração de Nirina escrita por Capitã Nana


Capítulo 1
Um toque do destino


Notas iniciais do capítulo

Olá amores!

Minha primeira fic de Piratas do Caribe, espero que gostem.

Primeiro capitulo pode até parecer meio morno, mas garanto que irão amar as aventuras de Moira Brodback, Jack Sparrow e amigos.

Boa leitura!



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O silêncio e a escuridão tomavam conta daquele espaço. O lugar formado por águas calmas tinha a vegetação densa e na maioria em decomposição, tornando o ambiente sombrio e melancólico. Apenas um bote vagava por aquele pântano naquela noite. Uma mulher que tinha seu corpo coberto por uma capa escura, remava calmamente em direção ao mar aberto.

O barulho das ondas se tornavam presentes, indicando que estava chegando ao seu destino. A mulher parou de remar observando a luz do luar se encontrar nas águas, e em seguida se virou para pegar um cesto oval feito de palha e bambu. Dentro dele havia uma espécie de manta que cobria um bebê. A misteriosa mulher que estava com parte do rosto coberto sorriu para aquele pequeno ser adormecido.

“ No horizonte posso ver, o futuro a me esperar, pelas águas navegarei, pois sou fruto da terra e do mar...”— A mulher cantarolou – Tudo ficará bem minha criança. – Disse passando os longos dedos no alto da cabeça do bebê.

Então lentamente ela colocou o cesto sobre as águas, dando um leve impulso para que ele seguisse a diante. Não haveria problemas pois o mar estava mais calmo do que de costume. Qualquer homem do mar diria que tal fenômeno era obra dos Deuses. Ela Observou atentamente o cesto com a criança desaparecerem do alcance de sua visão.

— Um toque do destino...

— — —

Dezoito anos depois...

“ Moira...acorde...Moira...desperte...”

A jovem abriu os olhos repentinamente e sentou-se em sua cama. Em seguida percorreu os olhos por todo cômodo a procura da pessoa a quem pertencia aquele timbre suave. Mas não havia ninguém ao seu redor assim como todas as outras vezes que ouviu aquela voz desconhecida. Olhou para a janela e viu que o sol já brilhava com intensidade sobre o céu. Então se levantou e seguiu até a janela. Ela fez uma careta involuntária ao ter contato com toda aquela luz, mas em seguida respirou fundo e apoiou seus cotovelos sobre a janela. A jovem tinha lindos cabelos ondulados no tom castanho, sua pele era alva e seus olhos eram como os mares do Caribe.

Após alguns instantes ela decidiu trocar aquela camisola branca por um vestido. Já que havia acordado, era hora de sair de casa. Desceu as escadas com um vestido nas cores preto e verde escuro, na frente ele era trançado e por baixo usava uma blusa de mangas que deixava seus ombros a mostra. Seus cabelos estavam presos para o lado com uma presilhas dourada em formato de flor.

— Bom dia querida! Já de pé tão cedo? – Perguntou uma mulher com alguns cabelos grisalhos. Ela já estava acostumada a ver a garota desperta apenas pela tarde.

— Bom dia mamãe. Acho que não me querem na cama – A jovem respondeu ao abraçar a mulher.

— Que bobagem Moira, do que está falando? Já sei, está novamente chateada com o rumo que a história do seu livro favorito está tomando? – A mulher partiu o contato para encarar o rosto da filha.

— Não. Não é nada disso, estou em um capítulo ótimo na verdade...Cadê o papai e o Alec ?

— O seu pai já foi trabalhar e Alec saiu cedo para ir ao porto.

— Bem, eu também estou de saída. Não brigue comigo por não tomar café da manhã com a senhora. Estou sem fome – Moira finalizou beijando o alto da cabeça de sua mãe e saiu ao som de repressão da mesma.

Assim que deu as costas o semblante de sua mãe se tornou sério. Ela suspirou pesadamente e foi até a janela ficando a observar a garota partir.

Moira é filha de Katherine e Robert Brodbeck. Seu pai era comodoro da marinha real britânica. Um homem respeitado por todos e que sempre lutou pela paz . E sua mãe uma senhora elegante e refinada. A família também contava com Alec o caçula de 10 anos. Moira e sua família residiam em Port Royal e a garota não conhecia outra cidade ou país, pois algo sempre lhe impediu de explorar novos horizontes.

Enquanto caminhava observando a tão rotineira vida dos habitantes de Port Royal, sentiu o cheiro do mar invadir suas narinas. Não estava perto dele mas era como se ele a chamasse.

— Moira! – O timbre já conhecido chamou a atenção da jovem. Ela então avistou um jovem rapaz com trages simples e cabelos castanho claro, que desciam até os ombros. Seu sorriso era perfeito e a barba cerrada realçava ainda mais sua beleza.

— Daniel... – Sussurou a garota. Em seguida apressou o passo para alcançar o rapaz que segurava um belo cavalo pelo cabresto.

— Oque faz aqui sozinha? O senhor Brodbeck anda tão ocupado assim ? – Daniel sorriu.

— Não fugi se é isso que está insinuando – Moira respondeu fazendo bico em seguida.

— Tudo bem, me perdoe. Mas é que não ver-la em companhia de guardas me deixou surpreso. – O jovem se explicou, observando a garota revirar os olhos.

Moira como filha de um homem tão respeitado e com uma alta patente como o comodoro Brodbeck, poderia facilmente virar alvo de bucaneiros. E como Port Royal já havia sido marcada pela pirataria, o comodoro proibiu que sua filha andasse desacompanhada de guardas pela cidade. Mas a garota não gostava da condição imposta por seu pai. Então na noite anterior pediu a ele que pelo menos uma vez a deixasse ser "livre" como todas as outras moças da sua idade. Não foi uma conversa fácil, mas com ajuda de Alec, finalmente ela teve seu desejo concedido.

Assim que chegou até ele os dois começaram a caminhar. Moira olhou para o cavalo que estava sendo guiado pelo rapaz e sorriu.

— Este é um belo animal.

— Sim. Ele chegou está manhã... é um presente do Rei George para o governador Benedict. Eu o trouxe para conhecer a cidade. – Daniel sorria enquanto passava uma das mãos nos pelos sedosos e negros do animal - O rapaz trabalhava como cuidador de cavalos para guarda real a pouco mais de um ano. – Você não me parece bem... É aquela voz novamente ? – Perguntou ao perceber que Moira estava distante.

— Sim... Estou cada vez mais confusa a respeito. Pensei que isso acabaria quando eu me tornasse uma moça, mas ao contrário disso apenas se reforçou. – Ela suspirou entristecida.

— Sabe eu estive pensando sobre isso...Será que essa voz que você ouve tem alguma ligação com o seu medo mar?

Nesse momento os dois pararam de andar e ela o fitou, em seguida sorriu.

— Não...sinceramente não acho que tenha qualquer ligação. – Ela olhou para o porto e viu um navio se aproximando enquanto um barco de pesca se afastava da terra firme. Tudo aquilo parecia tão belo, mas o incômodo que sentia toda vez que cogitava a hipótese de se aproximar das águas salgadas era surpreendentemente sufocante.

— Meu maior desejo é o mar... – Daniel começou, fitando o mesmo local que garota. – Velejar por aí, viver várias aventuras...eu sei que parece bobagem, mas as vezes eu sinto como se o mar me chamasse. – O foco de Moira voltou ao rapaz rapidamente – Mas meus pais nunca saíram de Port Royal e querem passar esse legado a diante... – Bufou – Imagine Moira, navegar por lugares não mapeados, conhecer o mundo lá fora...

— Pode entrar para a marinha, claro que de início sua patente será baixa, mas se se esforçar se tornará quem sabe...um comodoro e tamb-

— Não. –Ele a interrompeu – Entrar para a marinha não me dará a liberdade. Eu quero ter minha própria tripulação.

— Claro! Também vai me dizer que quer ir para Tortuga se juntar a piratas bêbados encharcados de Rum ? –Moira sorriu irônica.

— Sim. Esse seria o segundo passo. Primeiro eu iria a Isla del Noble. Ouvi dizer que lá esta se tornando um porto pirata.– Daniel disse sério e a jovem ficou sem expressão diante daquela informação.

— Está louco ? Piratas são arruaceiros, criminosos imundos, nossos maiores inimigos... Já se esqueceu do que eles fizeram a Port Royal a três anos atrás?! – Moira mostrava-se perplexa com a atitude do garoto.

— Eu não esqueci Moira, mas talvez eu possa criar um jeito novo de ser pirata. – Os olhos de Daniel brilhavam com a possibilidade.

— Jeito novo?...pirata?... Graças aos céus você é um bom filho e vai seguir o destino que seus pais escolheram para você.

Os dois se olhavam sérios e em silêncio por alguns instantes. Até que alguns oficiais se aproximaram.

— Bom dia senhorita Brodbeck. O comodoro ordenou que a senhorita retorne para casa conosco. – Disse um dos oficiais.

— Não acredito...– Sussurou a garota irritada por seu pai não cumprir o que havia prometido. – Está bem. Vamos. – Moira olhou novamente para Daniel e se virou para retornar a sua casa seguida pelos guardas.

— E você garoto volte ao trabalho. Há muito mais cavalos para cuidar. – Um dos oficiais disse com indiferença para Deniel. O rapaz apenas balançou a cabeça e continuo olhando Moira se distanciar.

Daniel nunca havia contado a ela sobre seu desejo em abraçar a pirataria, pois sempre teve medo de que por ela ser filha de um oficial da marinha, isso causasse o fim da amizade entre eles. Mas a algum tempo esse assunto pairava com mais intensidade em sua mente. Então resolveu contar seu segredo e agora temia pelo que viria á acontecer.

— – –

Moira e Daniel se conheceram ainda crianças. A mãe do rapaz a senhora Heloísa Connor era uma criada na casa dos Brodbecks e sempre levava seu filho consigo para o trabalho. O menino tinha a mesma idade da filha de seus patrões então com a permissão dos mesmos, ela o levava para brincar com a menina que sempre alegava se sentir sozinha. Então uma bela amizade surgiu entre as crianças e mesmo com a indiferença de Robert com o garoto, eles sempre permaneceram unidos. Daniel e Moira eram como irmãos e ainda pequenos fizeram uma promessa que nem mesmo o horizonte poderia separar-los.

Após se tornarem adolescentes já não se viam com frequência. Heloísa já não trabalhava para a familia de Moira e com a patente de seu pai cada vez mais elevada, a garota teria que se portar como as outras moças da alta sociedade. Daniel passou a fazer pequenos trabalhos pela cidade até se tornar cuidador de cavalos. Nas horas livres praticava esgrima com seu amigo Will Tuner. Um jovem ferreiro da cidade, que após a prisão de sua noiva Elizabeth Swan, desapareceu seguido de sua noiva. Após dois anos do ocorrido Daniel ainda se perguntava onde estaria o casal.

— – –

Não havia terra, o vento não tocava-lhe a pele, seus olhos não alcançavam a luz. Tudo que sentia era o gosto salgado em sua boa e o peso da água lhe esmagando. Sem qualquer chance de socorro, nem uma fagulha de esperança, apenas o mar abraçando aquele ser tão pequeno na escuridão do oceano.

Moira acordou assustada e ofegante. Mais um maldito pesadelo. Ela se sentou em sua cama passando suas mãos sobre o rosto, procurando se recompor o mais rápido possível pois seu irmão batia na porta de seu quarto de maneira eufórica.

Ela se levantou e vestiu algo que cobrisse sua camisola. Então abriu a porta bocejando.

— Oque houve Alec? Porque todo esse barulho?

— A senhora Connor está aqui e quer falar com você. Ela parece está bem nervosa. – O menino diz a irmã e ela o agradece em seguida.

Não demorou muito para que a garota fosse até o hall onde uma pobre senhora chorava bastante enquanto tentava contar algo para Katherine.

— Senhora Connor... Oque ouve ? – Ela abraçou a senhora e foi correspondida imediatamente.

As duas partiram o contato e se sentaram. Alec entregou um lenço para a senhora secar suas lágrimas.

— Senhorita Brodbeck me ajude... – Heloísa tentava se acalmar para contar a jovem o ocorrido. – Daniel... Daniel partiu...

— Partiu? Do que a senhora está falando? – O coração de Moira já disparava temendo o pior.

— E-eu achei isso sobre a cama dele – Heloísa entregou a jovem um bilhete com algumas escritas.

“ Senhorita Moira

Sei que prometi nunca me separar de você, mas algumas coisas mudaram essa noite e finalmente as coisas começam a fazer sentido.
Talvez você não queira mais a minha amizade, mas se caso eu estiver equivocado, peço que fique de olho no horizonte pois um dia voltarei por você

Daniel"

Quando Moira terminou de ler viu as letras perderem a forma a cada gota de lágrima que caiam sobre o papel.

— Senhorita...por favor me diga, vocês são amigos...a senhorita faz alguma ideia de onde meu filho possa ter ido? – Heloísa estava aflita e tinha como esperança saber sobre o paradeiro de seu filho através de Moira.

— E-eu...desculpe... – A garota respondeu com voz embargada. Sentiu seu peito arder e sua garganta travar. Mas não poderia contar para aquela pobre mãe o destino cruel pelo qual seu filho havia optado. – Poderia me dizer por que Daniel faria isso?

A senhora exito por uns instantes mas logo decidiu compartilhar o motivo.

— Ontem a noite quando Daniel chegou em casa ouviu Peter e eu conversamos sobre algo que levariamos conosco para o nosso túmulo. Não percebemos sua presença... E agora eu não tenho mais o meu filho! – Heloísa entrou em prantos novamente, não concluindo a estória.

— Por favor me conte, que segredo seria esse que levou Daniel a fugir de Port Royal?


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