Julia

Já se passaram quinze dias desde que visitamos meus pais, desde o meu pedido de casamento. Só de pensar em como Alex foi romântico, um sorriso involuntário surge em meu rosto. Joshua e Nath ficaram super felizes pela gente, minha mãe disse que já tem planos de como será a festa, e Nath praticamente implorou pra fazer parte dos preparativos, claro que ela estaria por dentro de tudo, ela era minha irmã. Eu e Alex entramos em comum acordo que nosso casamento seria realizado em três meses. Eu não queria casar com uma barriga imensa, não porque eu tinha vergonha de estar grávida – jamais -, mas sim, por saber que eu não me sentiria confortável em um imenso vestido de noiva. Também optei por uma festa apenas pros mais próximos. Só queria convidar alguns amigos meus, meus pais, minha irmã, Nath e Josh que eram os padrinhos, e Alex disse que chamaria apenas mais uns dois amigos de trabalho. Queríamos dividir nosso momento especial apenas com os verdadeiros ao nosso lado. Também optamos por deixar a lua de mel para depois que o bebê nascesse, faríamos uma viajem em família, será a nossa babymoon.

Hoje é o dia em que farei a minha segunda visita a Dra. Nora, e verei como o meu brotinho está. Estou entrando no segundo mês de gestação, e conforme algumas pesquisas que eu fiz, o rostinho do meu bebê já está se formando e se tudo der certo, poderei ouvir o sonzinho do seu coração. Quando contei isso pro Alex, ele quase chorou de felicidade. Ah, meu homem, está se tornando outra pessoa, está mais atencioso, mais romântico, e cada vez mais apaixonado pela ideia de ser pai. Já começo a sentir as primeiras mudanças no meu corpo, algumas de minhas calças já estão ficando apertadas na cintura, meus seios estão ficando maiores, e já consigo notar uma saliência em minha barriga. Passo a mão pela minha barriga e acaricio o meu bebê, que pelo jeito, está do tamanho de uma uva moscatel. Saio dos meus devaneios quando Alex entra que nem um furacão no quarto.

"Querida, você está pronta?" ele pergunta vindo em minha direção e me beijando carinhosamente.

"Alex, ainda temos duas horas antes da consulta" eu digo e reviro meus olhos, ele anda tão apressado. Vou em direção ao closet e escolho uma calça larga, uma blusa simples e um casaco de lã, Nova York e suas mudanças de tempo em questão de segundos, o dia hoje amanheceu frio.

"Eu sei meu amor, mas eu estou ansioso pra saber como estar o nosso bebê" ele diz com os olhos brilhando.

"Eu também estou. Hoje poderemos ouvir o seu coraçãozinho. Não é um máximo?" eu pergunto e o meu sorriso aumenta ao ver como Alex está feliz.

"Sim, isso é simplesmente mágico." Ele me olha com adoração e prossegue "Você será uma mãe fantástica Julia, parece que nasceu pra isso. E eu farei de tudo pra ser um ótimo pai." Ele sorrir tristemente ao falar e olha pro chão.

Vou em sua direção e seguro seu rosto entre minhas mãos fazendo ele me olhar e digo "Ei, você será um pai incrível, nosso filha irá te amar incondicionalmente. Nós seremos uma família feliz, e teremos muito orgulho de você." Beijo carinhosamente seus lábios, ele puxa meu corpo contra o dele, me abraça e enterra seu nariz em meus cabelos.

"Eu te amo demais Julia, e amo nossa pequena uva." Ele diz e me beija "e irei amar nossos outros filhos. Seremos uma família feliz."

Alex

Estamos eu e Julia aqui no consultória da Dra. Nora esperando para sermos atendidos, estou numa ansiedade fora do normal. Conforme for, hoje poderemos ouvir o som do coração do nosso bebê que está do tamanho de uma uvinha. Lembro-me de quando Julia me contou as pesquisas que ela havia feito e que achou um site que mostrava com qual fruta o nosso bebê se pareceria com o passar das semanas. A gravidez tem feito muito bem a Julia, ela está mais linda do que nunca, sua barriguinha já começa a se mostrar, sorrio ao lembrar a foto que tiramos ontem. Julia levantou a sua blusa, e na hora em que eu estava beijando sua barriga, ela bateu a foto, ficou tão lindo que coloquei-a como papel de parede do meu celular. Saio dos meus devaneios quando ouço a recepcionista chamando Julia.

"Sr. e Sra. Ruppert" ela diz, e eu sorrio como um bastardo por ela usar meu sobrenome pra chama-la.

"Vamos Sra. Ruppert" eu digo e a levo em direção ao consultório.

Depois de conversamos um pouco com a médica, Julia conta sobre seus poucos enjoos matinais e de como vem se sentindo casada, a médica conclui que ela possa estar com um princípio de anemia e recomenda algumas vitaminas. Sua pressão está boa, e como ela disse antes, temos tudo pra ter uma gravidez saudável e sem grandes riscos.

"Bem, como na primeira vez, vá até aquela salinha e coloque a roupa descartável e volte pra cá, iremos ver como esse pequeno está." diz a Dra. e Julia segue em direção a saleta.

"Dra. posso fazer algumas perguntas?" eu peço enquanto seguimos pra sala de ultrassom e ela me olha assentindo.

"Bom, esses enjoos da Julia vão ficar mais frequentes? Eu pergunto isso pois eu odeio ver como a minha mulher fica depois de colocar tudo pra fora. E eu não aguento vê-la mal" eu digo e a médica sorrir carinhosamente pra mim.

"Alex, é normal e pode ser que piore, como pode ser que melhore. Isso é uma coisa natural, e é normal você se sentir assim quando Julia passa mal. Vocês são pais de primeira viagem, vocês irão se acostumar com os sintomas." ela diz e eu concordo. "Mais alguma pergunta?"

"Sim, mais uma. Eu e Julia nos casaremos em três meses, e pretendemos nos casar na Califórnia." eu digo "Tem algum problema ela viajar com cinco mês de gravidez?"

"Parabéns pelo casório." ela diz sorrindo. "E não, não há nenhum problema. Contando que a gravidez prossiga como o esperado, ela tem cartão verde pra viajar."

Assim que vou fazer mais perguntas Julia aparece com aquela roupa que consigo ver o seu traseiro todo. Sorrio quando ela passa na minha frente, e ela me dá uma cotovelada de brincadeira. Adoro esses momentos descontraídos que temos. A Dra. explica a Julia que ela colocará um gel em sua barriga e pode estar gelado e começaremos a ultra. Ela começa a movimentar o aparelho em sua barriga, mexe em alguns botões e congela a tela.

"Veja" ela diz apontando para um pequeno borrão "digam "oi" para o bebê" ela sorrir. Eu com certeza tenho um sorriso idiota estampado na minha cara, olho pra Julia e ela sorrir lindamente pra mim e mexe os lábios dizendo "obrigada", eu apenas assinto e aperto sua mão suavemente.

"Dra, nosso bebê tem o tamanho de uma uva" eu digo.

"Vejo que alguém tem feito seus deveres de casa." Dra. Nora diz e dá uma risada em seguida.

"Ele visita todos os sites sobre maternidade que a senhora possa imaginar, Dra. Nora" Julia diz em tom de provocação e eu coro.

"Sou um pai preocupado com o bem estar do meu bebê" eu digo em defesa.

A médica movimenta mais um pouco o aparelho na barriga de Julia, e continua explicando que o nosso bebê já está formando os olhinhos, as suas pequenas mãozinhas, e que podemos ouvir o seu coração. Assim que ela termina de falar, um ruido preenche a sala e ela nos diz que é o nosso bebê. Olho pra Julia e ela está chorando, e quando menos espero, sinto lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Aproximo meu rosto de Julia e dou-lhe um beijo casto nos lábios e digo o quanto a amo. Esse momento é único.

Julia

Eu estou ouvindo o coração da minha uvinha é o som mais lindo que já ouvi em toda minha vida. Alex não se aguenta e chora comigo. É um momento único, mágico. Peço pra Dra. gravar um pequeno dvd que contenha as imagens da ultra e o som do nosso bebê, enviarei uma cópia pros meus pais e darei um a Nath, ela faz questão de saber tudo sobre o sobrinho e afilhado. Tão amado o meu bebê.

Depois de me limpar e me vestir, seguimos em direção a sala da médica, ela me receita algumas vitaminas pra anemia, e alguns remédios contra o enjoo e pede que eu volta no próximo mês, e que se eu sentir qualquer coisa não exitar em ligar pra ela. Agradecemos e seguimos em direção ao estacionamento.

"Como você se sente?" Eu pergunto a Alex assim que entramos no carro e saímos em direção ao trânsito.

"Eu me sinto..." ele diz procurando a palavra certa "eu me sinto realizado, feliz, empolgado e acima de tudo, eu me sinto apaixonado pelo nosso filho e por você." ele sorrir pra mim e eu tenho vontade de pular em seu colo.

"Eu me sinto da mesma forma. É tão incrível saber que esse bebê é fruto do nosso amor. Eu o amo tanto que dói Alex" eu digo emocionada.

"Eu me sinto da mesma forma." Alex diz "o que acha de passarmos naquele restaurante que você tanto gosta?"

"Eu te amo, e sim, devemos passar lá. Seu filho está com fome." eu digo e ele rir.

Alex

Enquanto almoçávamos decidi passar o resto do dia em casa com a minha mulher e meu filho, liguei pra Josh avisando meus planos e ele pediu que eu passasse na empresa pra assinar uns documentos e depois eu estaria livre. Julia concordou em me acompanhar, ela disse que queria contar a novidade sobre nosso bebê pro Josh, e depois poderíamos ir embora juntos. Assim que chegamos na empresa vamos até a sala do meu amigo, ele diz que os documentos estão em minha sala com Judith, deixo Julia com Josh e sigo em direção a minha sala.

"Sr. Alex, achei que não viria hoje" Judith diz assim que me vê entrando em sua saleta.

"Olá Judith, mudanças de planos, mas vim apenas assinar uns documentos." eu digo e sigo em direção a minha sala. Assim que chego em minha sala vejo os documentos sobre a mesa, me sento e começo a revisa-los antes de assinar. Ouço duas batidas em minha porta e em seguida Judith diz que tem uma pessoa querendo me ver. Bufo em resposta e peço que ela traga a pessoa. Quero terminar as coisas logo, e ir pra casa com minha mulher, será que é pedir muito? Termino de assinar os documentos e sinto a presença de uma pessoa em minha sala, olho em direção a porta e sinto ar deixando meu corpo. O que será que ela está fazendo aqui depois de tantos anos? E a pergunta de um milhão de dólares, o porque dela está aqui?

"Olá Alex, quanto tempo" ela diz entrando, e sinto meu estômago embrulhar só de ouvir a sua voz.

"Luci, o que faz aqui?" eu digo. Ela vem em minha direção, se senta em uma das cadeiras em frente a minha mesa, quando ela vai responder, vejo Julia entrando sorridente em minha sala, seu sorriso morre quando ela vê Luci ali. Oh porra, isso não vai prestar.