Guardião escrita por Michelle Hawk


Capítulo 6
A família Norton


Notas iniciais do capítulo

Olá amores da minha existênciaaaaa!!!
Mais uma vez vamos atualizando a história, mas antes tenho uma notícia para dar a vocês! Eu cheguei ao meu ultimo capítulo previamente escrito, ou seja, agora talvez eu vá atualizar de cinco em cinco dias. Assim me dá tempo, novamente, de me reabastecer... kkkkkkkkkkk.... Enfim, mas vocês não vão ficar semanas sem me ver... é uma promessa!!

Espero que gostem do capítulo de hoje. Comentem se gostarem. Favoritem e acompanhem. Aqueles que quiserem recomendar também, não vou ficar chateada. Eu juro que não... kkkkkkkkkkkk...

Mas enfim, é isso! Obrigada por todo o carinho que vocês tem me dado e está sendo maravilhoso essa experiência.

Vamos ao capítulo... o/



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O senhor Adams fez com que Julia sentasse na sala, ao lado de toda a família, e reafirmou a mentira contada por Dylan. Com muito mais detalhes até. A realidade era que como já haviam dado essa desculpa anteriormente, eles já sabiam exatamente o que dizer e como dizer. Além de saber também onde erraram da primeira vez. Dessa forma, Marie foi advertida para tomar o máximo de cuidado quando estivesse conversando com a irmã.

E assim a semana correu da melhor maneira possível.

Como o prédio da escola ainda estava interditado, até o término das investigações sobre o solo, não teve aula para ninguém e isso bastou para que os jovens tivessem muito tempo livre e muitas festas para ir. Como Tina e Marie perderam a festa na casa de Sylvia — por causa de Julia, que passou a tarde com Dylan e sem dar notícias — elas ficaram de organizar outra e por isso nem sequer paravam em casa, já Julia não participou de nada disso. Preferiu passar um tempo livre com sua amiga ou em casa mesmo com sua família. Isso quando não estava estudando sozinha.

Naquele dia, ela preferiu adiantar o seu trabalho de história e, mesmo que tivesse procurado em vários sites na internet, não havia encontrado grandes textos sobre a revolução. Resolveu então ver se encontrava alguma coisa na biblioteca da escola a respeito do tema. Retirou a bicicleta da garagem e pedalou até lá. O tempo estava realmente bom e ela aproveitou cada momento daquele passeio e chegou cerca de vinte minutos depois. Como o lugar era grande, não teve como estar no mesmo terreno da escola e por isso ficava do outro lado da rua. Segundo a bibliotecária não houve tremor ali. Dessa forma, o prédio permanecia aberto para quem quer que precisasse estudar.

Apresentou sua carteira na entrada e perguntou onde ficava a sessão dos livros de história. Um rapaz, que trabalhava no local, a levou até um corredor mais ao fundo. Quando se viu só, passou a buscar pelos livros que estavam na lista — dada pelo professor — até que um lhe chamou a atenção. Era todo preto e com letras garrafais e douradas no título “Revolução Americana”.

Ela o pegou e sentou-se em uma das inúmeras mesas que tinha ali. Passou a mão pela capa, sentindo as ondulações da lateral, próprio de livros antigos. Ele parecia emanar uma aura que fazia a jovem querer lê-lo e descobrir cada canto do que ele revelaria. Parecia que continha uma magia oculta esperando para ser descoberta. Era algo curioso se parar para pensar.

O abriu devagar, reparando nas páginas amareladas e nas bordas pintadas com um dourado desbotado. Na primeira página, escrito por uma caneta de pena, havia um nome e um ano: Elizabeth Blowest, 1823.

— O que você faz em uma biblioteca, a essa hora da manhã, sendo que as aulas estão suspensas? — ouviu alguém perguntar atrás de si e virou-se apenas para encará-lo. Reconheceria aquela voz em qualquer canto. Já estava cansada de sonhar com ela.

Dylan deu a volta e sentou-se na cadeira que ficava de frente para ela. O relacionamento deles havia se limitado apenas a conversas nas redes sociais, durante aquela semana.

— Não tenho nada melhor para fazer e odeio acumular trabalho do colégio. Então vim pesquisar e adiantar o trabalho de história — respondeu.

— Eu não vou deixar você ficar enfurnada nesse local cheirando a mofo — levantou-se e lhe estendeu a mão. — Vem comigo.

— Não, obrigada Dylan — negou e ele ergueu uma sobrancelha — Eu preciso mesmo saber sobre a Revolução Americana.

— Eu te disse que sou bom em Biologia, mas não apenas nisso. História também é o meu forte — Julia o encarou. — Vem comigo e eu prometo lhe ajudar com o trabalho. Garanto que vai tirar A+ — incentivou. Olhou para a mão que ainda se mantinha esticada na direção da garota.

— Se eu tirar nota baixa, Dylan...

— Não vai — respondeu segurando-a e fazendo-a levantar da cadeira.

— Vou levar esse livro — ela se pronunciou, fazendo Dylan parar.

— Eu disse que lhe ajudaria.

— Eu sei, mas me interessei por ele. — Julia sorriu para o garoto e seguiu até o balcão de empréstimos.

— Estou esperando lá fora — comunicou e Julia assentiu. Deu o livro para a mulher, que pediu para que a garota fizesse o scan biométrico. Ela colocou o polegar no lugar indicado e na tela apareceu o seu nome completo, endereço e telefone.

— Você precisa devolvê-lo na semana que vem. Vamos te enviar uma mensagem de texto para avisar no dia — a recepcionista sorriu e Julia assentiu.

— Obrigada — agradeceu e deixou o lugar, guardando o livro dentro da bolsa. Buscou por Dylan e o encontrou no estacionamento de bicicletas. Estava abaixado, tirando o cadeado da roda de uma delas.

— Onde está sua moto? — perguntou e o rapaz levantou por fim, limpando as mãos sujas pelas rodas. Os olhos castanhos miraram os seus, fazendo com que Julia corasse imediatamente. Ela nunca conseguia olhá-lo sem ficar envergonhada. Dylan era um jovem hipnotizante por natureza. Sua fala segura e macia, a forma com que a examinava— como se fosse devorá-la — a forma como ele andava e até mesmo pequenos detalhes. Tudo isso fazia Dylan ser o sujeito mais sensual que ela já tinha visto na vida. Esses pensamentos a fizeram corar.

— Você odeia moto, então eu vim de bicicleta — explicou tranquilamente.

— Como sabia que eu estaria aqui? — a ruiva perguntou e ele apertou os lábios. — Você me seguiu?

— Culpado — confessou —, mas eu só queria passar a tarde com você. Como nos velhos tempos. Na verdade, eu tinha acabado de chegar na sua rua quando a vi saindo de bicicleta.

— Isso é coisa de Stalker. Você sabe disso, não sabe? — Julia perguntou divertidamente, tirando os cadeados da sua bicicleta e ouvindo Dylan gargalhar ao fundo.

— Não chega a tanto, senhorita Adams — a voz aveludada fez os pelos da nuca da ruiva se arrepiarem. Era estranho ter aquelas sensações. A verdade era que Julia nunca as havia sentido antes. Levantou-se e sorriu sem jeito para o rapaz, antes de montar na sua bicicleta. — Eu disse alguma coisa errada?

— Não. Fique tranquilo — respondeu. — Onde vai me levar, senhor Norton?

— Surpresa.

— Você e suas surpresas — ela reclamou quando Dylan parou ao seu lado.

— Confesse que você as adora — brincou. Julia o encarou por um tempo, revirando os olhos e pedalando em sua frente. — Espera! Você não sabe onde é.

— Você vai ter que me dizer, mais cedo ou mais tarde — a ruiva gritou, pois já seguia para longe de Dylan. Ele não teve outra opção a não ser segui-la.

Pedalaram juntos, seguindo pelas ciclovias própria para as bicicletas, até chegarem a outra cidade. Não era nada distante, demoraram apenas quinze minutos para chegarem ao ponto exato onde queriam. Dylan seguia sempre guiando o caminho, fazendo Julia segui-lo quando precisava pegar alguma estrada. Em uma dessas, quando percebeu estar em uma reta, Julia colocou toda a velocidade que tinha e seguiu à frente do rapaz. Era óbvio que ela apenas queria provocá-lo. Aquilo a deixava alegre, nunca realmente havia tido uma amizade com alguém do sexo oposto e estava adorando a experiência.

Dylan era o tipo de cara que todos diziam ter a alma velha em um corpo jovem. Era galante e bastante atencioso. Sempre muito educado e atento ao que precisava. Fosse para abrir a porta de um lugar ou do carro, doar o casaco e ajudar as senhoras a atravessar a rua. Ele sempre estava disposto.

Quando chegaram onde ele queria, o rapaz parou a bicicleta e a fez subir no passeio. A encostou em uma das grades, em Revere Park, e convidou Julia a fazer o mesmo.

— Vai me dizer agora o que estamos fazendo em Boston? — perguntou encarando-o — Se meus pais descobrem que deixei a cidade, eles me matam.

— Não conto se você não contar — Dylan piscou um olho para ela e enlaçou seus dedos aos da jovem, segurando-a pela mão com tamanha gentileza. A fez caminhar mais um pouco e parou de frente para o que parecia pequenas barras de ferro, retorcidas em quadrados ovalados, ligados de alguma forma a ponte e que acionava algo que a ruiva ainda não sabia o que era. — Eu sei que você toca piano muito bem, devo acrescentar, e achei que gostaria disso aqui — ele segurou o mecanismo e jogou para o lado. Julia sorriu ao ouvir uma perfeita nota musical ser tocada. — Sua vez, toca em sequência — Dylan advertiu, enquanto deixava o caminho livre para Julia.

Ela se preparou quando o rapaz deu espaço para que passasse. Tocou a primeira, a segunda, a terceira e assim por diante. A melodia que se formou era curta, porém doce. Ela já havia escutado aquela música antes, talvez em algum vídeo da internet ou tocado por alguém, apenas por diversão. O importante foi que ela adorou aquela experiência.

A verdade era que não importava o lugar onde Dylan a tenha levado. Ele só queria passar um tempo com ela. Vê-la sorrir como fazia naquele momento. Julia tinha um espirito de menina e Dylan adorava fazê-la trazer essa criança interior para fora. O jovem riu quando ela voltou correndo até ele, os cabelos vermelhos lançados ao vento. Era possível sentir o cheiro dele enquanto se aproximava.

— Vem, vamos passear de ônibus-barco — Dylan chamou.

— De que? — perguntou e ele apenas a segurou pela mão, levando-a de volta. Pedalaram até a estação e lá acorrentaram as bicicletas em um lugar reservado para isso. Dylan comprou as passagens, ajudou a garota a subir no “ônibus” e sentou-se ao seu lado. Assim que o motorista viu o veículo atingir a lotação, ele ligou os motores e seguiu em direção a uma rampa, onde ao final dela tinha apenas água.

Assim que a pista acabou, o motorista buzinou e o ônibus se tornou um barco. Era um dia quente em Boston e Julia adorou sentir o frescor dos pingos de água lhe molhando a pele. Fechou os olhos para apreciar o momento de paz que estava tendo e envergonhou-se quando percebeu Dylan tocar a pele de sua mão. Estavam bastante próximos, ainda mais quando ela se virou para olhá-lo. Achou que o rapaz queria dizer alguma coisa.

Os lábios de Dylan eram convidativos e, de certo, não havia uma mulher que estivesse tão perto quanto ela estava e não sentisse a extrema vontade de prová-los. O rapaz se aproximou ainda mais e Julia sentiu a respiração dele tocar a pele de seu rosto. Os olhos castanhos estavam presos ao dela, seu coração pulava no peito e batia tão rápido que ela conseguia ouvi-lo. Quis saber se Dylan também poderia escutar o efeito da proximidade. Ele estava tão tentadoramente perto que as pessoas ao redor simplesmente desapareceram. Naquele ônibus ou barco — já não se importava mais em tentar descobrir o que era — parecia estar apenas ela e Dylan. A mão do rapaz segurou ao lado de sua cabeça, apoiando os dedos grandes e finos na sua nuca e a puxou gentilmente para mais perto.

Seria o beijo dos sonhos se o motorista daquele ônibus — barco ou seja lá o que aquilo fosse — não tivesse tocado a buzina barulhenta para avisar que estava voltando ao ponto de partida.

Julia encarou Dylan com os olhos arregalados, enquanto ele apertava os lábios em uma clara demonstração de que tinha sido contrariado. Depois endireitou-se no assento e passou a olhar somente para a frente.

A respiração ainda acelerada da garota fazia seus ombros subirem e descerem com rapidez. Quem quer que a visse naquele momento, imaginaria que ela estivesse entrando em uma crise de pânico ou um ataque de asma.

Assim que o veículo parou, a ruiva logo tratou de descer. Encostou-se em uma das muretas do lugar e enlaçou o corpo com os braços. Dylan aproximou-se devagar e, mesmo que tenha recebido um sorriso, ele não sabia mesmo o que dizer.

— Desculpe por aquilo... — começou, mas ela o interrompeu.

— Por favor, não se desculpe — pediu enquanto balançava a cabeça. O silêncio tomou o lugar, antes que ele se encostasse ao lado dela e colocasse as mãos nos bolsos.

— Está com fome? — perguntou. Julia o olhou rapidamente de soslaio.

— Faminta — respondeu.

— O que prefere comer? Infelizmente hoje não sou o cozinheiro — ela sorriu ao lembrar-se do dia em que passou na casa de Dylan. Olhou em volta e percebeu uma barraquinha logo mais à frente.

— Um cachorro-quente está ótimo — respondeu.

— Seu pedido é uma ordem — piscou um olho para a garota e seguiu na direção da barraquinha. Julia o seguiu com o olhar enquanto ele atravessava para o outro lado da via, com uma passada normal, mas forte. Leu em alguma revista feminina, que isso era um tremendo ponto positivo pois dizia que a pessoa tinha o completo controle da situação e era decidida em suas ações. Ainda tentava conhecê-lo quando ele se virou para olhá-la e a garota foi pega no ato. Pela primeira vez ela não desviou o olhar, ela o encarou.

Dylan sorriu e Julia apontou para um banco mais à frente, informando que iria para lá. Ele assentiu enquanto um senhor montava o lanche. Era um lugar realmente aconchegante: atrás de si havia um extenso gramado onde várias pessoas faziam piqueniques ou apenas admiravam a vista do rio a sua frente. Um enorme carvalho fazia sombra e algumas flores estavam mais à frente. Era um dos parques mais lindo que ela já havia visto na vida. Fechou os olhos, respirou fundo e tentou relaxar, mas foi então que se lembrou do livro e o buscou para ver o que acharia sobre a Revolução Americana.

O folheou serenamente, antes que chegasse a uma seção reservada para as famílias influentes. Na lista existiam vários nomes, mas somente um interessou a ela: A Família Norton. Ao lado esquerdo dizia em que página ela os entraria e ela não perdeu tempo.

No texto dizia que era a família de um clérigo inglês, composta por seis pessoas. Chegaram a Nova Inglaterra no ano de 1763 e se instalaram um pouco mais ao sul, na então cidade de colonizadores chamada de New Hampshire.

Havia quatro filhos, sendo que três desses eram homens e a mais nova era uma moça. No livro dizia que o clérigo e a esposa morreram de febre amarela quando o mais velho completou vinte e três anos. O nome desse jovem era William Norton e ele assumiu a igreja quando o seu pai faleceu.

O filho do meio, Dylan, estudava com o irmão para também ser um clérigo, assim como o mais novo que se chamava Charles. A garota, Georgiana, estava compromissada com um Duque Inglês recém-chegado ao Novo Mundo.

A família prosperou muito depois de sua chegada e, durante as primeiras revoltas contra o governo Britânico, ela foi uma das principais mantenedoras dos colonos contra a Inglaterra. Por isso suspeitava-se que a morte do clérigo, sendo dita como causa a febre amarela, seja uma completa mentira. As suspeitas é que eles foram assassinados pelo exército inglês quando se negou a dar abrigo aos recém-chegado no novo mundo e foram acusados de traição a coroa.

No livro constava que William casou-se poucos meses antes de assumir a igreja, com uma filha de colonizadores, porque era uma necessidade exigida. Porém ficou viúvo três anos depois. Também dizia que Dylan morreu em um atentado, no ano de 1770 e Charles nunca se casou.

A ruiva lia tudo com extrema atenção, até que virou a página do livro e deu de cara com um quadro da família. Os olhos azuis arregalaram-se quando ela percebeu que o rapaz nomeado como Dylan Norton era exatamente igual ao rapaz que se aproximava com dois cachorros-quentes.

— Eu sei que você não gosta de nada em seu cachorro-quente, então pedi somente a salsicha — respondeu passando o lanche para Julia, mas ela apenas observava o livro sem sequer piscar. — Está tudo bem?

— É você aqui — ela comentou apontando para a imagem nas páginas antigas. Dylan esticou o pescoço e reparou na pintura.

O rapaz, com o mesmo rosto que o seu, mantinha as mãos para trás em uma clara postura de um nobre. Os cabelos um pouco compridos, mas não sendo grandes, modelavam-lhe o rosto e lhe dava uma aparência tremendamente mais jovem do que era. Usava uma roupa própria da sua época: casaca preta, por cima de um colete de mesma cor, e uma camisa branca de gola alta por baixo de tudo isso. No pescoço, um lenço branco.

Seus irmãos usavam o mesmo traje, assim como seu pai. Dessa forma, Julia entendeu que aquela era uma roupa própria para um sacerdote da igreja e era por isso que usavam. Na frente, sentadas em dois bancos, estava as mulheres. A mais velha tinha os cabelos escuros iguais aos dos meninos, mas a mais nova tinha o cabelo loiro do pai e os olhos azuis da mãe. As duas usavam vestidos longos, cobrindo-lhes os pés. Os seios se tornavam volumosos, por causa da parte de cima do vestido que lhes comprimia a cintura.

— Onde conseguiu isso? — perguntou parecendo abismado com a descoberta.

— É o livro da biblioteca. Aquele que eu insisti em trazer — ela respondeu. Dylan o fechou e reparou na assinatura feminina na contracapa, formando o nome da mulher e a data em que aquilo foi escrito. Dylan sorriu.

— Esses são os primeiros Norton a chegar no País — respondeu — Talvez seja o pai de meu tataravô. Quando meu pai era vivo, dizia que o nome Dylan é famoso na família e era uma homenagem ao deus galês do mar. Foi um pescador que deu esse nome ao seu segundo filho como agradecimento pelo alimento retirado da água. Foi então que a tradição passou de geração e geração e aqui estou eu: o segundo filho que recebeu o nome de Dylan — respondeu sorrindo por fim e entregando o livro a ela outra vez. Retomou sua atenção para o cachorro-quente.

— A semelhança entre vocês é assustadora — ela também mordeu o seu lanche — e a quantidade de irmãos. Eles também são três rapazes e uma moça, assim como você e sua família.

— Muita coincidência.

— Muita mesmo — ela respondeu sorrindo, enquanto colocava a comida de lado para guardar o livro. Distraiu-se e por isso não percebeu seu pai se aproximar furioso.

— O que está acontecendo aqui? Você disse que estaria na biblioteca — ele perguntou gritando. A ruiva levantou-se assustada, sem entender o que ele fazia ali. — Vamos imediatamente para casa — a segurou pelo braço, mas Dylan o afastou com um empurrão. Colocou-se entre Bruno e a filha.

— A culpa foi minha — ele falou encarando o homem — De fato ela estava na biblioteca, mas a convidei para um rápido passeio. Já estávamos retornando quando... — Dylan foi interrompido por um soco dado por Bruno. O rapaz o encarou seriamente e contra-atacaria se Julia não tivesse previsto e se colocado entre os dois.

— O que o senhor fez? Está louco?

— Estou prezando por sua segurança! Agora deixa esse rapaz e vai já para o carro. É uma ordem.

— Não...

— Eu disse agora!

— É, eu ouvi e disse não — a garota respirava apressadamente, escondendo que suas mãos tremiam de pura raiva. — Como o senhor nos encontrou?

— O GPS em seu celular — ele respondeu.

— Você me monitora? — gritou. Agora estava furiosa.

— É para a sua própria segurança — Bruno explicou-se como quem se desculpa. Julia tirou o telefone da bolsa e, sem pensar duas vezes, o arremessou dentro do rio a sua frente.

— Eu sei me virar sozinha e não preciso que vocês fiquem me espionando! — a voz de Julia, antes fina e compassada, agora saia estridente conforme a garota gritava a todo pulmão.

Aos poucos, um grande número de pessoas parava próximo dos três para que pudesse ouvir a discussão e tentar entender o que estava havendo. Acabaram por arranjar uma plateia.

Bruno ainda encarava o casal, antes de perceber que quanto mais gritasse com a filha e com Dylan, mais furiosos eles ficariam.

— Por favor, Julia — pediu abaixando o tom de voz a quase um sussurro — vai para o carro. Eu converso com você em casa — a ruiva balançou a cabeça negativamente, enquanto se aproximava mais de Dylan. Bruno o olhou por um tempo e então o rapaz a puxou para olhá-la nos olhos.

— Vai Julia — incentivou — Ninguém vai ganhar nada se continuarmos aqui, só estamos nos expondo. Eu levo a sua bicicleta e a gente conversa depois — A garota assentiu, antes de o abraçar. O rapaz beijou o topo da sua cabeça, sentindo o cheiro dos cabelos vermelhos, e a afastou. Julia seguiu, sem olhar para o pai, e entrou no carro que estava estacionado mais à frente.

— Não vai ter próxima conversa, garoto — rebateu. — A partir de hoje você está proibido de se aproximar da minha filha. Eu tentei te alertar da melhor maneira possível, mas se for precisar usar a força para que isso aconteça, Deus me ajude, mas eu farei sem pensar duas vezes.

— Eu a amo, Bruno — rebateu. — Não a tire de mim.

— Isso já aconteceu há muito tempo, Dylan. Foi tirada de você há mais de duzentos anos. Por isso deixe-a — suspirou — Ela não é a Elizabeth e nunca vai ser. Coloque isso de vez em sua cabeça e deixe minha família em paz. É a última vez que falo: Desapareça da vida de Julia.


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Notas finais do capítulo

É isso amores! Espero que tenham gostado das primeiras revelações!
Um beijão para todos e vou indo responder os comentários!
Inté, meu povo!!