–Dia do Casamento-

Maggie’s POV

Acordei com a doce voz de Glenn em meus ouvidos.

–Senhor, eu já disse, só temos mostarda.- Ele murmurava com um tom de voz sério.

Tapei minha própria boca para abafar meu riso. Ele ainda mantinha o hábito fofo de falar enquanto dormia.

Ele descansava sua mão em minha barriga e seu queixo em meu ombro, de modo que me abraçasse pelas costas.

Do jeito que estávamos abraçados, não havia nenhuma maneira de eu sair dali sem acordá-lo. E eu não queria fazê-lo, Glenn dormia tão bem...E isso era raro nos dias de hoje.

Virei meu rosto com cuidado para observar sua expressão facial. Ele franzia a testa e falava formalmente.

Não importa o que aconteça, eu sempre acharei adorável essa sua característica.

Não me contive e acabei pressionando com calma meus lábios contra os dele. Isso fez com que Glenn gemesse de preguiça.

–Maggie?- Ele perguntou sonolento, em seguida dando um bocejo.

–Bom dia.- Falei, arrumando seus cabelos.

–Bom dia...Ah, meu Deus, o que aconteceu ontem? Minha cabeça dói demais...- Ele pousou sua mão na própria testa.

Me sentei para analisá-lo melhor. Era engraçado o modo que ele reclamava.

–Despedida de solteiro.- Resumi, abrindo um sorrido.- Eu falei para você não beber.

–Eu queria poder beber sem ter ressaca...-Ele gemeu, reclamando.

Pousei um beijo em seu nariz.

–E eu queria que meu marido não reclamasse tanto.- Falei, brincando.

–Sério?- Ele perguntou, preocupado. Talvez não tivesse notado que era brincadeira.

–Claro que não. Eu amo tudo em você...Principalmente o fato de você falar enquanto dorme.- Soltei um riso.

–Oh, não..Eu continuo fazendo isso? – Glenn esfregou os olhos, envergonhado.

–Yeah, mas eu amo.- Plantei um beijo em seus lábios.- Vamos, levante. Teremos um dia cheio pela frente.

Ele abriu seu sorriso encantador e murmurou:

–Hmm...Nós vamos nos casar?

Mergulhei meus lábios nos dele por alguns segundos, depois quebrei beijo:

–Yeah, acertou Coreano.

***

Fui até a casa de Carol me arrumar. Ela havia se oferecido para ajudar a me arrumar.

Quando adentrei a casa, Beth, Michonne, Carol e Andrea aguardavam animadas.

–Finalmente você chegou! Só faltava você...- Carol exclamou, me guiando até a sala.

Coloquei o vestido em frente ao espelho. Não estava tão bem quanto estava na loja de noivas, porque eu estava grávida e o bebê insistia em crescer rapidamente.

–Você está linda.- Beth disse, com lágrimas de emoção nos olhos.

Puxei ela para um abraço forte.

–Eu não estou muito segura em me casar...Você acha que estou fazendo o certo?- Perguntei a ela.

–Maggie Greene, você encontrou o amor da sua vida em um mundo como este. Ele te pediu em casamento e você está em dúvida?- Ela arrumava meu cabelo com os dedos.- Você ama ele?

–Amo.- Afirmei, pois estava certa de que amava e nada iria mudar isso.

–Então você está fazendo a coisa certa. Agora você vai entrar por aquele altar e casar com o homem que você ama.-Beth disse. Adorava quando ela me apoiava e encorajava.

Respirei fundo. Não sabia o quão aquilo era difícil. Nunca me imaginei casando, muito menos em um mundo assim.

Beth prendeu meu cabelo em um coque, deixando alguns fios escaparem.

Michonne e Andrea tentavam atenciosamente fazer um bolo para o casamento. Eu avisei que não precisava ser enorme e cheio de camadas, mas elas insistiam em fazer o melhor bolo. Enquanto faziam o bolo, discutiam quem organizaria a cerimônia, o Padre Gabriel, que era o padre da comunidade, ou Hershel, o pai de Maggie.

Carol se ausentou por alguns minutos, com a justificativa que estava tentando obrigar Daryl Dixon a tomar um banho. Ela vai precisar de sorte. Muita sorte.

***

Glenn’s POV

Eu estava nervoso. Muito nervoso.

Meu sonho nunca foi casar. Para ser honesto, nunca cogitei a ideia de me casar.

Mas quando se tratava dela, eu mudava de ideia.

Maggie era simplesmente incrível. Não há palavras bonitas o suficiente para descrevê-la.

E toda a vez que eu a olhava, me lembrava o quão sortudo eu era em tê-la só pra mim.

Vesti o meu smoking com cuidado. Tentava insistidas vezes fazer uma gravata, se sucesso. O mundo preferiu me preparar para um apocalipse, não para um casamento.

Daryl entrou na minha sala, me dando um susto.

–Quer ajuda?- Ele perguntou, mas antes que eu tivesse chance de responder, ele fez uma gravata perfeita.

–Mas como... ?

–Há muitas coisas que vocês não sabem sobre mim.- O que era verdade, Daryl era um grande ponto de interrogação.

Dei de ombros. Não era da minha conta.

–O que você faz aqui?- Perguntei, enquanto analisava incrédulo a gravata.

–Carol estava tentando me fazer tomar banho.- Daryl disse.- Então eu resolvi fugir e vir aqui me esconder.

Não me contive eu soltei um riso.

Antes que pudéssemos dizer algo, alguém bateu na porta.

–É melhor eu ir...Se você ver Carol, diga que não me viu.- Daryl disse, e assim que completou a frase, saiu correndo em direção á porta dos fundos.

–Pode entrar.- Gritei, de modo que a pessoa atrás da porta entrasse.

Era Hershel Greene, o pai de Maggie.

–Oi.- Falei, tenso.

–Oi.- Ele sorriu. Sua barba comprida o deixava mais simpático.

Virei minha atenção para ele, que me olhava de modo alegre.

–Um dia, você será pai, e verá que nenhum homem é bom o bastante para a sua garotinha...-Ele disse.- Até que um dia aparece o certo.

Abri um sorriso.

–Cuide bem de Maggie, eu sei que você a ama tanto quanto ela faz.-Ele completou, me estendendo um relógio de bolso.-Está na geração da minha família há anos...E eu prometi que só o daria para o homem que realmente merecesse o amor dela.

Hershel colocou o relógio em minha mão, sorrindo.

–Obrigado, senhor.-Falei, ganhando tapinhas leves no ombro.

***

Maggie’s POV

O casamento ocorreria em uma parte de Alexandria, onde havia bastante grama e árvores. Meu coração batia acelerado. Eu estava ansiosa e alegre.

Meu pai me levava até o altar, parecia orgulho e feliz por mim.

Analisei a decoração. Estava perfeita. Haviam flores no chão, cadeiras organizadas, mesas com comida.

O dia também estava colaborando. Não havia vento e o sol não era muito forte.

Observei os convidados. Eles sentavam nas cadeiras, como pessoas normais. Por alguns instantes até me esqueci que o mundo estava devastado de errantes.

Rick segurava sua filha no colo. Estava sentado ao lado de Michonne e ao lado de seu Carl. Pela primeira vez ele mantinha em seu rosto um sorriso.

Daryl e Carol estavam um ao lado do outro. Segurei um riso ao notar que ele usava um terno. De algum modo Carol havia feito um milagre.

Daryl não parecia muito contente. Ele estava com a cara amarrada e parecia praguejar baixinho, enquanto Carol dava cotoveladas para reprimi-lo.

Andrea estava tendo um caso com o filho de Douglas e Mary, Aiden. Eles pareciam rir e conversar, mas desviaram seu olhar quando eu cheguei.

Avistei Glenn no altar, junto ao Padre Gabriel. Glenn estava lindo, simpático. Eu não conseguia tirar os olhos dele.

Ele usava o terno que eu havia escolhido e parecia muito nervoso.

Quando chegamos ao altar, Glenn cochichou para mim, ignorando o discurso do Padre:

–Você está linda.

Sentia meu rosto ficar vermelho.

–E você está charmoso.-Falei, me segurando para não rir do meu próprio comentário.

O Padre falou um longo discurso, até que finalmente ele chegou na única parte que realmente importava.

–...Então pode beijar a noiva.

–Até que enfim.-Glenn murmurou, inclinando o meu corpo e me dando um beijo apaixonado na frente de todos.

Senti um flash de luz temporário na nossa direção. Assim que o beijo foi quebrado, vi Aaron com uma câmera na mão. Ele havia ficado encaminhado de tirar fotos para o casamento.

Sentamos em uma mesa. Sentei na mesma cadeira que Glenn, em seu colo. Na mesa estavam Carol, Daryl, Andrea e Aiden.

–E então, qual é a do terno?- Provoco Daryl, que parecia mais mal-humorado do que nunca.

–Ah, vê se não enche Greene.- Ele retruca.

–Greve de sexo.- Murmurei no ouvido de Glenn, fazendo-o rir.

Aiden e Andrea resolveram ir à um lugar mais preservado...Claro que ninguém ousou perguntar detalhes.

–Então, quem você acha que será a primeira a parir?- Carol se dirigiu à mim.

Era uma pergunta difícil e intrigante. Eu não fazia ideia de quem seria a primeira a ter um bebê...

–Bem, eu acho que...Michonne.- Chutei, mas realmente era uma resposta bem provável, já que em comparação a mim e Carol, Mich tinha uma barriga relativamente maior.

–Hmmm...Maggie?- Beth apareceu atrás de mim, chamando a minha atenção com um toque no ombro.

Me virei e vi ela com um olhar aflito.

–O que há Beth?- Perguntei, preocupada.

–Eu, eu..Posso falar contigo?

–Claro, claro que pode!- Falei, pronta pra me retirar.

–Eu já volto.- Murmurei, mas antes de sair Glenn roçou seus lábios nos meus, dizendo:

–Volte logo.

Fui com Beth até um banquinho de madeira próximo, onde ninguém nos ouviria.

–Maggie, eu estou gostando de um garoto...-Ela disse, tímida.

–É Noah?- Sorrio.

–O quê? Como você sabe?- Ela começa a ficar vermelha e constrangida.

Noah era um morador de Alexandria. Ele tinha a mesma idade de Beth e no pouco que permanecemos na comunidade, eles se tornaram grandes amigos.

–Eu sou sua irmã e vejo que quando você está com ele você fica contente...-Abro um sorriso, me lembrando quando eu me apaixonei por Glenn.

–Droga!- Ela pragueja pra si mesma.

–Tá, mas por que você me chamou aqui?- Questionei.

–Bem, eu tenho medo que papai não aprove...-Ela murmurou.-Eu tenho medo também que Noah não goste de mim.

Revirei os olhos e suspirei. Ela estava tendo uma crise de adolescente e eu como irmã mais velha deveria lhe aconselhar.

–Beth, você é uma Greene. Você pode ter o rapaz que quiser.- Falei.- E Noah gosta de você sim, eu vejo a maneira que ele te olha. E em relação ao papai...Se Noah te faz feliz, ele não pode te impedir. O pai pode até ser conservador e exigente...Mas ele não tem tanto poder sobre a gente como ele tinha antes.

A loira sorriu, feliz.

–Obrigada Maggs.- Ela me abraçou.

–De nada Beth.

Beth analisou minha barriga. Ela ainda não havia acreditado que eu seria mãe e que ela seria tia.

–Você já pensou em um nome?- Ela perguntou, curiosa.

–Ainda não...-Olhei para a minha barriga.

–Ah, depois eu te ajudo a escolher um nome bom. Finalmente eu não vou ser a Greene mais nova.- Ela comemorou, me fazendo rir.-Agora volte lá para o seu marido...Ah, e aproveite a lua de mel.- Ela sorriu, maliciosa. Eu adorava minha irmã, e fico feliz que o apocalipse não a tenha afetado.

Quando voltei até a mesa, só havia Glenn sentado, olhando eu caminhar até ele.

–Oi.- Beijei seus lábios. Acho que ele havia bebido, pois ele sempre fazia aquele mesmo sorriso bobo quando o fazia.

–Oi.- Ele se levantou e colocou as mãos em minha cintura, me dando um beijo lento e caloroso.

Sim, ele havia bebido. E o problema disso é que ele ficava brincalhão quando o fazia. Glenn tinha fantasias sexuais quando ficava bêbado, e isso sempre me fez rir.

–Maggie, vamos para a nossa casa.- Ele murmurou em meus ouvidos, ele parecia estar sem fôlego.

–Glenn, não podemos, estamos no meio da festa.- Sorri, rindo da cara que ele fez para implorar.-Você vai ter que esperar até a lua de mel.-Encostei meu nariz no dele, balançando minha cabeça.

–Ah Maggie, por favor.- Ele gemeu, reclamando.- Eu nunca te pedi nada.

Eu ri. Não sabia se Glenn estava realmente fazendo palhaçada ou se agia assim porque estava bêbado.

–Ninguém vai reparar se a gente sair secretamente da festa.-Ele disse.

–Claro, nem vão notar se a noiva e o noivo sumirem.-Falei, sarcástica.-Glenn eles vão ficar preocupados.

Descansei minha cabeça em seu peito, ouvindo a batida acelerada de seu coração. M

Meus braços envolviam seu pescoço e suas mãos estavam em minhas costas.

–Ok, mas já vou avisando que de noite você não vai poder me controlar.-Ele riu.

–Eu sei, mas de noite vai ser outra coisa...-Falei em resposta.

–Nossa, eu já te disse como você está linda?- Ele disse, como pergunta retórica.

–Já.- Sorri, apesar de ele não conseguir ver minha expressão.-Você vai conseguir transar mesmo comigo grávida?

–Claro que sim. Maggie eu nunca perderei minha tração por você.-Glenn deu um leve beijo na minha cabeça.

–Eu te amo, Glenn.

–Eu também te amo, Maggie. E Eu quero dizer que eu me sinto o homem mais sortudo do Mundo em tê-la só pra mim.

–E eu queria dizer que eu me sinto a mulher mais sortuda em ter te encontrado.

Carol’s POV

Assim que Maggie saiu da mesa, percebi que era minha deixa para coversar a sós com Daryl.

Puxei Daryl pelo braço e o levei até um lugar com menos gente. Glenn não protestou nem nada. Pelo o contrário, ele sorriu maliciosamente enquanto se servia um copo de cerveja. Levei Daryl até uma macieira. Queria conversas apenas com ele.

–Por que me trouxe até aqui? Eu fiz algo de errado? Olha, eu tomei um banho e estou vestindo o terno que você mandou e...- Ele justificava, com uma mistura de confusão e dúvida em seu rosto.

–Eu quero conversar sobre o bebê.-Afirmei, indo direto ao assunto.

–Ahh...O bebê.-Ele disse como resposta, então prossegui.

–Sabe, eu não quero que aconteça a ele o mesmo que Sophia...-Abaixei os olhos.- Então eu estava pensando em ensiná-lo desde cedo a como se defender.

–Aulas de autodefesa?-Ele perguntou, parecia impressionado com minha ideia.- Eu acho uma boa ideia.

–Sim!-Afirmei, contente.-Podemos ensinar a todas as crianças da comunidade como se defenderem...Assim caso um dia precise, eles conseguirão sobreviver.

–Confesso que é uma boa ideia...Mas temos que ver com Rick e os outros.-Daryl disse, sorrindo.

Ele estava muito charmoso com aquela gravata e com aquele smoking. Parecia aqueles garçons sexys que você vê em restaurantes chiques.

Não resistindo, puxei ele pela gravata e lhe dei um beijo. Daryl não recuou nem nada, ele inclusive investiu no beijo, prolongando ele e o deixando mais apaixonado.

Assim que o beijo foi quebrado, ele pegou da árvore uma linda flor branca e arrumou em meu cabelo, me fazendo sorrir mais do que eu já estava.