Talvez Isso Seja um Novo Começo escrita por Capuccino


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Yey! Uma pessoa acompanhando :3



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Maggie's POV

Levaram o rapaz desacordado para o meu quarto. Foi tudo tão rápido que quase nem reparei nos integrantes do grupo... Meu pai ficava me dando ordens como se eu fosse sua assistente.
''Maggie faz isso ''. ''Maggie traz aquilo ''.

Ele era veterinário, e isso me preocupava um pouco... Mas ele provavelmente daria um jeito. Eu não gostaria que um desconhecido morresse em meu quarto, ou melhor, em minha cama.

Assim que colocaram o rapaz em meu quarto, meu pai começou a cirurgia, tentando retirar a bala enfiada em seu peito.

Algumas pessoas do grupo preferiam ficar na sala, mas outros ficaram assistindo, tensos, até meu pai ficar nervoso e pedir para que se retirarem.

—Maggie, você fica, vou precisar de você.
Assenti com a cabeça, mas realmente não compreendi o motivo. Enquanto meu pai retirava a bala do peito do rapaz, fiquei observando-o.

O rapaz era asiático...e bonito, do meu ponto de vista. Seu cabelo era preto como uma noite de verão e seus músculos estavam manchados de sangue seco. Suas mãos estavam suadas e sua testa estava suada.

Apesar de estar desacordado, pude ver ele se remexendo de dor. Não tínhamos anestesia.

—Maggie, segure ele!-Meu pai exclamou.

Tive que segurar ele pela sua barriga. Praticamente abracei dele. Assim que o fiz, ele parou de se mexer. Peguei um pano de cozinha e enxuguei sua testa, tentando ser útil.

—De raspão que a bala não acertou o pulmão...-Meu pai disse. Suspirei.

—Qual é o tipo sanguíneo dele? - Perguntei para meu pai, pois eu sabia que provavelmente precisaríamos de um doador.

—É B+. - Meu pai disse, e em seguida olhou pra mim. -Maggie, eu preciso urgente de um doador, você pode...?

—Doar sangue? Claro, claro. -Eu respondi, fazendo que sim com a cabeça.

—Ele perdeu muito sangue. Preciso que fique sentada aqui...Toda vida hoje em dia é preciosa.
Concordei com cabeça.

***

Depois de eu ter doado sangue ao rapaz - cujo o nome ainda era desconhecido pra mim - todos os sobreviventes, que eram compostos por cinco adultos e duas crianças, se reuniram na sala para discutir se ficariam na fazenda conosco.

É claro que eu não ouvi a apresentação de nomes, eu tinha que ficar no quarto doando sangue e, caso ele acordasse eu deveria chamar meu pai.
Seja ele morto, ou vivo.

Glenn's POV

Eu estava da floresta. Meu grupo e eu havíamos achado uma casa para morarmos temporariamente. Haviam mandado eu colher frutas.

Eu sei que isso não é algo que eu me orgulho...Quer dizer, eu tinha potencial para fazer coisas além de colher frutas.

Mas eu preferi não discutir. Às vezes eu acho que é mais fácil permanecer quieto do que criar uma discussão.

Mais ou menos meia dúzia de Walkers estava se aproximando da casa, Andrea e Rick estavam atirando contra eles, mas não viram que eu vinha logo atrás com um balde de pêssegos e que eu não era um dos atacantes.

Me acertaram.

Era tarde demais, eu fui baleado.Larguei a bacia de pêssegos no chão.
Coloquei a mão no meu peito e a ergui na altura dos olhos. Pude ver sangue.

Muito sangue.

Tudo começou a ficar escuro. Vi Rick e Andrea correndo em minha direção, desesperados. Tudo estava começando a ficar embaçado.

Olhei mais precisamente dessa vez para meu peito. Jorrava sangue dele, e quando eu me dei conta do que acontecera, eu apaguei.

***

Acordei tonto no banco de trás do carro. Pudia ver silhuetas desfocadas de Andrea e Rick discutindo nos bancos da frente. Pensamentos ligeiros me convenciam de que havia chegado a minha hora. Não havia mais nada pelo o que lutar.

Apaguei mais uma vez.

—___________________________

Maggie's POV

Me deixaram no quarto com o rapaz. Eu continuava doando sangue para ele através de um tubinho inserido em sua pele. Fiquei admirando ele. Seus traços eram perfeitos, delicados. E eu apostava comigo mesma de que seus olhos eram lindos. Meu pai disse que caso ele acordasse, eu deveria chamá-lo.

Eu temia que ele voltasse como um deles.
Reparei que no bolso de sua bermuda havia algo saindo. Algo como um cartão.

Eu sei que eu não deveria mexer, mas a curiosidade falou mais alto.

Em minhas mãos estava uma carteira de identidade.

Franzi o cenho, me perguntando o porque ele ainda carregava aquilo.

Seu nome era Glenn Rhee e ele tinha a minha idade. Vinte e dois anos.
Nunca imaginei que veria una foto boa como a dele. Fiquei admirada pela sua habilidade em sair bem em fotos de documentos.

Antes que eu terminasse de ler a identidade, o rapaz abriu os olhos. Em um sobressalto, ele tentou se levantar, sem sucesso. Talvez fosse por causa do choque de ter sido baleado.

Ao perceber que sua tentativa resultou em uma dor insuportável, voltou para sua antiga posição. Parecia assustado, confuso. Seus olhos primeiro analisaram a agulha enfiada em sua pele para receber sangue. Seu olhar seguiu a agulha que acabava em minha pele. Foi aí que ele reparou minha presença.

Eu estava certa. Seus olhos eram intensos e agradáveis. Seu olhar era doce e ingênuo.

—Não se mexa muito, você acabou de levar três pontos no peito.- Eu aconselhei, mas creio que foi tarde de mais.

Ele olhou para sua própria cicatriz, e seguidamente para mim. Acho que ele notou que eu estava olhando para seus músculos. Desviei o olhar, com vergonha por não ter sido discreta.

—Onde...Onde eu estou?- Ele murmurou com voz rouca, franzindo o cenho. O modo que questionava lhe deixava simpático, mas ele parecia assustado no momento.

Deve ser estranho acordar em um ambiente desconhecido depois de ter sofrido um acidente.

Confesso que eu meio que me esqueci de chamar meu pai, mas para ser sincera...eu realmente não pretendia obedecê-lo.

—Como você se chama? - Perguntei, mesmo já sabendo a resposta.

—Glenn Rhee...-Ele sorriu. Seu sorriso era incrível. Seus dentes eram brancos como a neve. - E você deve ser..?

—Maggie Greene.- Sorrio para ele. Ele pareceu feliz em me ver, apesar de não nos conhecermos.

—Maggie Greene...-Ele repetiu meu nome. Parecia encantado.

—Então, Glenn Rhee...Como você sofreu esse...Acidente?

Ele sorriu.

—Não me chame pelo nome completo, é estranho.-Ele brincou.- Bem...Me confundiram com um errante.

—Ah, eu já ia me esquecendo, eu tenho que chamar meu pai. - Eu lembrei de repente, me levantando do banco.

—Por favor, não chame eles.- Seu sorriso se desmanchou, balançando a cabeça negativamente.

—Por quê?- Perguntei, assustada com o pedido.

—Eu quero hm...descansar...-Ele olha para seu braço e seu olhar segue até o meu braço novamente. Estávamos ligados de algum modo, literalmente estávamos ligados por aquele tubo.

Ele fechou os olhos devagar. Mas depois de alguns segundos abriu-os novamente.

—O..oh, você quer que eu o deixe sozinho?- Perguntei, aflita.

—Claro que não, sua presença não me incomoda - Ele sorri. - Eu só queria agradecer.

—Agradecer o quê?- Perguntei.

—Por vocês terem nos recebido -Ele olha para a porta, bocejando. - e por você estar doando sangue para mim. - Ele disse, dessa vez olhando para mim.

Não Glenn. Eu é que lhe agradeço. Agradeço por entrar na minha vida.

Alguns minutos depois ele permaneceu em silêncio. Concluí que estivesse dormindo...Mas eu me precipite.

—Hmmm...Por que você esta segurando minha identidade?- Ele perguntou, sorrindo. Ah, com eu amava aquele sorriso. Ele permanecia de olhos fechados, mas sabia que eu segurava seu pertence.
Fiquei com vergonha. Ótimo. Agora ele acharia que eu estava a fim dele, sendo que eu só estava começando a me interessar...

—Ah, desculpa, eu...Eu queria saber seu nome...- Falei, vermelha com a situação.
Pleno apocalipse e eu preocupada com a minha reputação.
Ele balançou a cabeça, rindo.

—Não precisa pedir desculpas, mas se quiser se desculpar com um beijo, eu não vou reclamar.- Glenn falou. Era o efeito do remédio que meu pai aplicara. Fazia a pessoa falar bobagens. Mesmo sabendo que ele estava zonzo, sorri.

—Por que você carrega sua carteira?- Perguntei, mas não obtive resposta.

Ele havia pego no sono com o efeito do remédio.

Ele era lindo dormindo. Seu peito subia e descia repetidas vezes, demonstrando que estava respirando com certa dificuldade, podia ouvir o ecoar de sua respiração.

Dei um beijo de leve em sua bochecha, apesar de não conhecê-lo e sermos praticamente estranhos.

—Ele já acordou? - Meu pai entrou no quarto, me dando um susto que eu logo disfarcei.

—Bem...

—Por que não me chamou?- Meu pai me encara sério.

—Ele disse que estava muito cansado e pediu para não chamar ninguém - Falei. Era de fato verdade...E eu também queria falar com ele. Mas não admitiria isso. Nunca.

Meu pai afirmou com a cabeça, tirando o cano que mandava sangue à Glenn.

—Bem, se ele acordou...Acho que já está bom o suficiente de sangue por hoje. - Ele sorriu.- A propósito... Eles vão ficar conosco.

Meu coração bateu mais forte.

Teríamos todo o tempo do mundo para nos conhecermos. Meu pai se retirou, e antes de sair do cômodo, ouvi Glenn murmurar:
—...Porque eu tenho medo de esquecer quem eu sou. Esse Mundo muda as pessoas...

Apenas abri um sorriso, me aproximei dele e lhe dei um selinho rápido. Mesmo que ele não se lembrasse por causa do remédio, eu ainda tinha o gosto dos seus lábios nos meus.


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Notas finais do capítulo

Comentem, opinem, falem.
Já postarei o terceiro :D
Foi atualizado....