Beber, lutar, navegar escrita por HinaYagami


Capítulo 29
Vai ficar tudo bem


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura a todos



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Stiles Stilinski

Quando Stiles acordou, admitiu que estranhou bastante o comportamento do namorado, ele parecia abatido, mas insistia em dizer-lhe que estava bem. Quando indagou sobre como estavam todos e, perguntou sobre Isaac, notou que novamente Derek tornou-se distante, dizendo que ele estava com a tripulação de Laura.

— Vou refazer seus curativos, ainda bem que você acordou para me dizer o que fazer. - comentou Derek pegando a maleta de Stiles, que logo pegou a pasta adquirida da erva dos indígenas e passou sobre a ferida limpa, antes de começar a mostrar a Derek como deveria fazer os curativos.

Foi assim durante pouco mais de uma semana, simplesmente acordava, comia alguma coisa e tinha seus ferimentos limpos e trocados, algumas vezes, na verdade, acordava já com ataduras limpas e a face de um adormecido Derek deitado na cama ao seu lado. Aquele dia, entretanto, fora uma exceção. Acordara antes do sol nascer, o movimento suave lhe dizia que estavam atracados em algum lugar, e estava sozinho na cama.

Levantando-se com cuidado, vestiu uma camiseta que certamente era grande demais para lhe pertencer, e saiu da cabine com cuidado, notando o convés praticamente vazio. Estavam ancorados em uma praia, ao longe somente as árvores, não havia indício de civilização. E lá estava Derek, de pé no meio da praia, de costas para si, encarando a floresta como se fosse algo interessante em demasia.

Stiles tentou caminhar em silêncio até ele, mas seus passos na prancha não haviam sido tão suaves quanto imaginara, pois mal havia dado dois e Derek se virara para o encarar. O sorriso que ele lhe lançou, enquanto era iluminado pelos primeiros raios de sol, fizeram seu coração acelerar.

Espere, primeiros raios de sol?

— Derek, mas você... Então aquela poção estranha funcionou? - indagou o rapaz verdadeiramente surpreso, recebendo um aceno positivo. Isso pareceu ter dado forças para Stiles, que correu para Derek o envolvendo em um forte abraço, do qual somente depois se arrependera, devido o doloroso roçar de suas vestes nas bandagens, imaginou que as cascas de feridas acabariam saindo desta vez.

Eles permaneceram alguns minutos em silêncio, somente envolvidos em um abraço daquele modo. Sentaram-se em um tronco de arvore caído ali, um dos braços de Derek em torno dos ombros de Stiles, enquanto observavam o movimento suave das ondas.

— Onde nós estamos? - indagou Stiles, se deixando levar pela curiosidade. Na verdade era meio impossível ele permanecer muito tempo quieto, ao menos quando estava bem.

— Em Nova Iorque, um pouco ao sul da cidade, é claro, não queria chamar atenção desnecessária.  - disse Derek, podia sentir a brisa agradável que trazia o cheiro do mar contra seu rosto, apesar de amar o mar, estava feliz por finalmente saber que poderia pisar em terra firme. - Achei que seria bom recomeçarmos, afinal estamos no Novo Mundo. Em dois dias de viagem fica Boston, poderíamos visitar seu pai. - comentou casualmente.

— Você estava falando sério então? Vai largar a pirataria e ter uma vida normal aqui? - indagou Stiles, recebendo um aceno afirmativo. Apesar de receoso, não se conteve com a pergunta a seguir. - E... eu estou incluso nessa vida normal? - indagou receoso.

Aquela pergunta pegou Derek de surpresa, apenas para lhe irritar no momento seguinte. Bufando, o mais velho segurou seu queixo, virando o rosto para si de modo que seus olhos verdes ficaram presos nos do mais jovem. Ele se inclinou, colando suas testas, a respiração quente atingindo a face um do outro.

— Pirralho idiota, por qual outro motivo eu viria para o novo mundo? Iria para uma cidade perto de onde seu pai vive? Agora com a maldição quebrada, poderemos ter uma vida normal juntos, sem riscos de morte. - garantiu Derek, se inclinando e selando seus lábios. - Mudemos nossos nomes e jamais saberão quem fomos um dia.

E apesar daquele não ter sido o pedido mais carinhoso do mundo, afinal desde quando Derek era muito carinhoso com palavras? Stiles sentia-se extremamente feliz, pois havia sido um pedido para ficarem juntos.

— Eu te amo, capitão Hale. - murmurou Stiles sorrindo para o agora ex-pirata.

— Eu também te amo, doutor Stilinski. - respondeu Derek lhe acariciando a face.

—x-

Isaac Lahey

No momento em que eu voltei ao navio e vi as roupas de Peter cobertas de sangue, eu simplesmente não sabia o que faria. Me ajoelhei ao lado de seu corpo, puxando sua cabeça para que repousasse sobre minhas pernas e tudo que sabia fazer era pedir para que ele ficasse bem. Caso eu o perdesse, simplesmente não saberia o que fazer.

E daí que nós vivíamos brigando? Peter tinha aquele modo arrogante, manipulador e irritante que seria capaz até de irritar uma freira! No entanto, eu o havia conhecido o suficiente para ver abaixo de toda aquela máscara de arrogância e manipulação, seus olhos tinham um brilho carinhoso e amoroso, ele se importava, por mais que não demonstrasse.

Infelizmente a única pessoa que saberia com certeza como lhe ajudar ali, Stiles, estava bastante ferido, havia desmaiado e provavelmente não seria de grande ajuda ali. O tiro havia pegado em seu ombro e saído, e por mais que tivesse a voz de Laura me tranquilizando, afirmando que ele ia ficar bem, eu simplesmente não conseguia reagir. Afinal, como ele poderia ficar bem estando tão pálido e tendo tanto sangue em sua camisa branca?

Eu me limitei a abraçar seu corpo e chorar baixo, enquanto fazia algo que há muito deixara de fazer. Pela primeira vez desde a morte de meu pai, eu rezei. Pois era a minha última alternativa, apenas por não ter mais o que fazer ali naquele estado.

— Vou levá-lo para meu navio, podemos não ter um Stiles, mas Sheng sabe como usar algumas ervas em curativos. - ouvi Laura dizer, enquanto a sentia tocar meu ombro.

— D-Derek... C-Capitão, p-permissão... - até mesmo articular uma frase se mostrava difícil no momento, meu emocional estava destroçado, eu esperava que meu capitão não tentasse me afastar de Peter neste momento.

— Cuide bem do meu tio, Isaac, e quando estiverem prontos, me encontrarão em Nova Iorque. - respondeu-me Derek, e eu apenas assenti em resposta.

Quando os navios finalmente ficaram lado a lado, Boyd ajudou a carregar Peter até a cabine do mesmo, enquanto Laura chamava Sheng para ajudar a fazer o curativo. Ele agia parecido com Stiles, passando pomadas estranhas e depois fazendo curativo, afirmando que provavelmente ele demoraria a acordar.

De fato, foram preciso dois dias inteiros até que esse maldito imbecil despertasse. Havia adormecido em algum momento com a cabeça sobre a cama de Peter, e despertei sentindo uma carícia agradável sobre meus cabelos. Ele sorria fraco enquanto brincava com os cachos de minha nuca, uma maldita mania que Peter possuía e eu simplesmente amava.

— Você acordou... Está sentindo muita dor? Quer que eu pegue algo? - indaguei preocupado, recebendo um aceno negativo como resposta.

— Não sinto dor nem nada assim, exceto se mover meu ombro, mas queria água. - comentou, e logo levantei pegando um copo de água e estendendo a si. Peter bebeu e eu fiquei apenas lhe encarando, não sei o que, mas talvez algo em minha expressão o tenha feito tirar aquele sorriso idiota e me encarar sério. - Isaac, se aproxime, deite aqui. - pediu indicando seu peitoral, no lado oposto ao ferido.

Eu não hesitei em me acomodar na cama, deitando o rosto contra seu peitoral e respirando fundo inalando o seu cheiro, dizendo repetidamente para mim mesmo que ele estava bem agora. Senti um suave movimento e seus lábios depositando um beijo em minha testa. Caramba, ele estava tao carinhoso que pensei que tipo de bala mágica havia naquela arma.

— Me desculpe por te preocupar. - e ainda pediu desculpas, mágica de fato. - Eu prometi que ia cuidar de você filhote, não foi? Então não ache que vou te deixar sozinho. - afirmou usando seu braço bom para acariciar meus cabelos.

Sim, ele era o babaca  que levara um tiro, e no entanto, eu era o babaca chorando em seu colo ao invés de prestar ajuda. Mas não importa o que pareça aos demais, ou o que digam, esse é simplesmente o nosso jeito. Apesar de tudo, eu amo Peter Hale, e sei que mesmo que ele não admita em voz alta, ele também me ama. E isso para mim é mais do que o suficiente.

—x-

Scott McCall

Scott estava entretido brincando com a criança de dois anos em seu colo, de cabelos e olhos castanhos, o pequeno Liam estava um tanto quanto alegre por finalmente ter o seu pai em casa brincando consigo. Seu nome havia sido dado por um dos marinheiros que estavam sob seu comando, um rapaz que possuía o mesmo nome, e que Scott também considerava como filho, de certo modo.

John havia ido embora no dia anterior, entretanto havia lhe deixado um envelope amarelado pelos anos, com o pedido de que só lesse uma vez que o homem tivesse ido embora. Como não havia custado nada, aceitou e agora lá estava ele, segurando em seu colo o pequeno Liam enquanto com a outra mão desdobrava a carta. Seu coração parou ao reconhecer a caligrafia, pois não importava quanto tempo passasse, jamais esqueceria a letra de seu pai.

 

"Caro John

Você me conhece bem o suficiente para saber que quando eu coloco uma ideia na cabeça, eu simplesmente não a tiro, portanto, eu acabei seguindo em frente com, como você diria, o meu "sonho estúpido". Conheci um pirata de quem tornei-me amigo, e decidi que juntaria-me a sua tripulação.

Tomamos posse do navio da marinha que eu comandava, infelizmente aqueles que não se aliaram a nós foram mortos, entretanto, a maioria de nós permaneceu bem. Estou ansioso para ver se as histórias são verdadeiras! Espero pelo tesouro, pelas sereias, tenho certeza de que até um chato como você gostaria de viver estas aventuras.

Eu gostaria de lhe pedir ainda um último favor, meu querido amigo. Cuide de minha família, receio que tão cedo não poderei voltar, e sei que você e Melissa se dão muito bem. Cuide dela e do meu pequeno Scotty, sei que um dia eu poderei voltar para eles.

Se necessário, diga-lhes que morri, mas não conte a verdade, jamais iria querer que me olhassem como o traidor que sei que me tornarei. Como sempre, confio plenamente em você, sei que fará o que é certo.

Rafael McCall"

 

De todo modo, Scott se limitou a amassar a carta e jogar fora. Anos antes poderia até se importar de verdade com aquilo, mas já fazia muito tempo que o tópico sobre seu pai não incomodava. Seu pai era John Stilinski e aquilo bastava, prender-se ao passado apenas faria com que no futuro doesse ainda mais.

— Está tudo bem? - indagou Allison se aproximando, sentando-se ao seu lado e segurando uma de suas mãos.

— Não poderia estar melhor. - afirmou em um tom suave, se inclinando e unindo seus lábios em um selinho, antes de voltar a brincar com o pequeno. Sim, deveria apenas focar-se no melhor para seu pequeno Liam e para sua esposa, não ir perseguir um fantasma de seu passado.


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Notas finais do capítulo

E acabooou criançada! Espero que tenham gostado da fanfic! Levou algum tempo, mas ela foi oficialmente concluída agora.

Muito obrigada a todos por terem lido até aqui e terem acompanhado as aventuras de nossa amada tripulação Hale. Estou imensamente grata a todos vocês, e espero que curtam, recomendem aos coleguinhas essa estória.

Um grande beijo, Yagami Hina



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