Left Behind escrita por Khaleesi


Capítulo 3
Capítulo 3 - All My Days


Notas iniciais do capítulo

Heey!
Como vocês estão? Férias chegando, amém, vou ter mais tempo para dedicar a fanfic.
O que estão achando de TWD? Cara, eu não aguento esperar uma semana pra cada episódio, é um absurdo! Já to com abstinência hahahha'
Enfim, eu gostaria de agradecer quem vem acompanhando a fanfic. Fantasminhas, apareçam, eu não mordo!
Sem mais enrolação, vamos ao capítulo.

Enjoy ♥



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Capítulo 3 - All My Days

S A M

Ainda amanhecia quando me levantei. Tentei fazer o máximo de silêncio para não acordar Ellie na cama ao lado. Calcei as botas e joguei a mochila nas costas. Não fazia muito tempo que eu ouvira meu pai saindo pela porta, provavelmente não estaria muito longe.

Deixei o quarto também, e assim que meus pés tocaram a calçada, o ar fresco da manhã soprou meus cabelos, e no horizonte, um resquício do sol começou a surgir.

Passara-se algumas semanas desde que havíamos chegado à Woodbury. Nesse meio tempo, acabamos nos acostumando demais a comodidade, e aquilo de certa forma nos enfraquecia… Nos fazia esquecer do que havia lá fora.

Corri pela rua vazia até avistar os portões, e lá estava ele, parado diante do Governador. Pareceu frustrado quando me viu.

— Sam… — começou.

— Esqueceu de me acordar — fingi um sorriso.

— Eu insisto que pensem bem nisso — pediu o Governador. — É muito perigoso lá fora, nunca se sabe o que pode acontecer. Esperem mais alguns dias, e eu mesmo irei com vocês.

— Já esperamos demais — falei, cruzando os braços.

Meu pai suspirou.

— Ela tem razão, temos que ir antes que seja tarde demais para a minha… Esposa.

Antes que algo mais pudesse ser dito, um carro se aproximou e parou diante do portão. Merle desceu, deixando a passagem livre para nós.

— A loirinha vai também? — perguntou ele, e eu o fitei. Parecia querer dizer mais alguma coisa, algum tipo de sacanagem, mas não disse, talvez por respeito ao meu pai. Como se um homem como aquele pudesse ter respeito por alguém...

— Espero que saibam o que estão fazendo — disse o Governador, por fim.

— Nós sabemos, não se preocupe. — Meu pai dirigiu-se para o banco do motorista. — Voltaremos antes do anoitecer.

Adentrei o veículo, e com um último aceno de cabeça do Governador, os portões foram abertos e meu pai avançou com o carro. Havia alguns corpos de errantes próximos à entrada, e outros automóveis quebrados. Continuei olhando para a cidade através do espelho retrovisor até que ela sumisse, quando meu pai fez a primeira curva.

— Achou mesmo que ia me deixar para trás? — perguntei. Eu estava ali contra a sua vontade, ele tentara de todas as formas me convencer a ficar, eu só não imaginava que faria algo tão baixo como “esquecer” de me acordar. Mas no fim das contas, eu venci.

— Eu queria você cuidando da sua irmã, sabe disso.

— Corta essa, nem você acredita! Ellie vai se virar muito bem sozinha. E são só por algumas horas.

Ele balançou a cabeça.

— Certo, você conseguiu, está feliz? — perguntou, eu podia sentir um tom de irritação em sua voz. — Agora vamos nos concentrar no que realmente interessa.

— Ótimo, já é um avanço. Por onde quer começar? — perguntei.

— Eu estive olhando um dos mapas de Woodbury... Havia uma zona segura à Oeste de Macon. Ainda não procuramos por lá.

— E você acha que ela estaria em uma dessas zonas? Não sobrou nenhuma alma viva nesses lugares, você sabe disso.

— Tem uma ideia melhor?

— Na verdade, tenho sim. — Ele me olhou. — Podíamos voltar na casa dela.

Meu pai riu, como se eu tivesse contado uma piada ruim.

— Acha mesmo que vai encontrá-la em casa?

— Com certeza não vai ser em uma zona abandonada — ralhei. — Bem… Eu não sei, mas ela deve ter deixado algo pra traz, uma pista, qualquer coisa!

Ele suspirou enquanto girava o volante para desviar de alguns errantes na beira da estrada.

— Seria perda de tempo — tentou insistir. — Não sabemos se ela voltou pra casa depois que tudo aconteceu.

— Bem, acho que só há uma maneira de descobrir, não é?

Ele me encarou como quem diz “não acredito que vou mesmo fazer isso”, e alguns minutos mais tarde estávamos a caminho do bairro onde minha mãe morava.

A viagem começou a ficar tediosa quando a conversa acabou, e o silêncio tomou conta do veículo pelo que pareceram horas.Espreguicei-me e bocejei, acordar cedo com certeza não era o meu forte. Apertei os botões do rádio, mudando as estações, mas não havia sinal algum. Meu pai não deu muita atenção, já havia desistido de procurar notícias nos rádios, que nunca funcionavam. Vasculhei o porta-luvas, em busca de algo que pudesse me distrair, e acabei encontrando alguns CDs de música Country. Não era o melhor tipo de música, mas era o único que tínhamos, então coloquei-o para tocar e aumentei o volume. Era uma música calma e antiga, mas que me fez lembrar das tardes de Domingo, em que eu me sentava na varanda com o papai e tocava violão até meus dedos se renderem.

Ele olhou para mim e riu, ao ouvir o refrão da música. Eu apenas me acomodei no banco, jogando os pés para cima e batucando na perna ao ritmo da batida.

— Isso não é tão ruim — comentei.

***

Quando enfim chegamos, o sol já brilhava alto no céu, e as nuvens haviam desaparecido, o que me desanimou um pouco. Nada contra o sol, eu apenas preferia os dias frios e chuvosos, me trazia uma sensação de nostalgia ao me lembrar de quando ficava encolhida no sofá com a mamãe, debaixo das cobertas, assistindo filmes e tomando chocolate quente. Agora parecia algo tão distante e impossível...

Balancei a cabeça para afastar as lembranças, e desci do carro. Meu pai havia estacionado em frente ao prédio onde morava minha mãe. Uma simples construção de tijolos, pequena e compacta, para o tipo de pessoa que não passa muito tempo em casa. Era um bairro de classe média, onde as crianças brincavam nos jardins, e os vizinhos se cumprimentavam, mas agora havia apenas cadáveres vagando ao longe. Era estranho voltar ali depois de tanto tempo e ver que a vida, antes tão presente naquele lugar, se esvaíra tão rápido como ar em um balão furado. A cidade estava completamente abandonada, tudo o que restara eram os vestígios da tragédia.

Olhei para trás e percebi que meu pai ainda estava no carro, parecia refletir se deveria mesmo continuar com a busca, então balançou a cabeça e desceu do veículo.

Paramos em frente à entrada do prédio, e ele me estendeu minha pistola.

— Use com cuidado.

Ergui uma sobrancelha, enquanto destravava a arma e verificava o pente. Meu pai era o tipo superprotetor, mas às vezes ele esquecia que eu não era mais uma criança, e que ele mesmo havia me ensinado a atirar.

Adentramos o prédio, apontando as armas para todas as direções, e prontos para qualquer movimento suspeito, mas nada aconteceu. Subimos as escadas para o terceiro andar, onde um errante andava pelo corredor. Meu pai o eliminou com a faca rapidamente, e então ficamos de frente à porta de acesso ao apartamento da mamãe. Ele me olhou com receio, eu também não podia negar que estava nervosa… Não fazia ideia do que encontraria do outro lado.

Tentei girar a maçaneta, mas a porta estava trancada. Meu pai resolveu o pequeno problema com um belo chute, que destruiu o tranco, e a porta abriu-se deixando cair alguns pedaços da madeira branca. Adentramos, alarmados, mas pelo barulho do arrombamento, todos os errantes naquele andar teriam se manifestado, mas não havia nada e ninguém além de nós no pequeno apartamento. Mas continuava da mesma forma como sempre esteve. Todos os móveis se encontravam nos devidos lugares, assim como as revistas sobre a mesinha de centro, os livros na estante e os enfeites no aparador. Não fosse pelas grossas camadas de pó, eu diria que minha mãe continuara vivendo ali desde o princípio.

— Vou verificar o quarto — anunciei e meu pai assentiu.

Ele se dirigiu à cozinha e começou a vasculhar os armários. Com uma rápida olhada, notei que todos os mantimentos encontravam-se no mesmo lugar.

Cruzei o corredor em direção ao quarto, onde me sentei na cama e suspirei imaginando onde ela estaria. Peguei seu travesseiro e senti o doce aroma de seu perfume, o que me trouxe um agudo aperto no peito. Abracei-o e meus olhos arderam levemente e preencheram-se de água. Enxuguei-os antes que as lágrimas caíssem e tentei me acalmar. O que eu realmente queria era deitar ali, agarrada ao travesseiro, e chorar até ficar desidratada. Mas havia uma clara razão para eu estar ali, e não era hora de fraquejar. Reuni minhas forças, e busquei me concentrar em encontrar qualquer coisa que pudesse indicar onde estaria a mamãe. Olhei ao redor e notei que nunca havia mexido em suas coisas antes… Era uma bela oportunidade.

Abri o guarda-roupa e olhei curiosamente algumas peças. Todas penduradas nos cabides, em perfeito estado. Toquei em uma blusa, o tecido macio parecia seda nos meus dedos ressecados. Era delicada, e me fez lembrar de alguns momentos de quando eu era pequena, e me vestia com suas roupas, sapatos, colares, brincos e desfilava pela casa. A breve lembrança me provocou um sorriso, então soltei a peça e continuei a busca.

No canto do armário, em uma das prateleiras, notei uma pequena caixa preta. Abria-a e me surpreendi com o que havia dentro: Desenhos. As folhas de papéis estavam um pouco velhas e amassadas, mas eu podia reconhecer perfeitamente as “obras de arte” feitas por Ellie e por mim quando éramos crianças. Os traços tortos e coloridos, retratando casinhas, o sol, e na maioria das vezes, nossa família. Eu não fazia ideia de que minha mãe ainda os guardava. No fundo da caixa, embaixo de todos os papéis estava um pequeno relicário de prata. Oval, e achatado com alguns detalhes delicados. Abri-o e deparei-me com uma foto em que minha mãe, jovem e sorrindo, abraçava a mim e Ellie quando pequenas. Sem que percebesse, uma lágrima caiu involuntariamente, e rolou por minha bochecha. Aquilo já estava começando a me deixar irritada, eu não podia me permitir chorar, ou logo estaria desistindo de tudo. Eu tinha que ser forte pelo papai, por Ellie… E pela mamãe. Sequei a lágrima com manga da blusa e coloquei o relicário no pescoço, em seguida fechei a caixa e a devolvi ao seu devido lugar.

Voltei à cozinha, onde meu pai terminava de guardar os suprimentos na mochila. Todos os armários e gavetas estavam abertos, sinal de que ele havia revirado tudo, mas parecia não ter encontrado nada além dos suprimentos. Sentei-me diante do balcão, com o semblante aparentemente triste, pois ele prendeu sua atenção em mim, com um olhar reconfortante.

— Ela nunca esteve aqui — notei que minha voz estava rouca e cabisbaixa.

— Sinto muito, querida — consolou ele.

— Eu é que sinto muito. Pensei que iríamos conseguir… Mas acho… Que nunca vamos encontrá-la. — Baixei a cabeça, suspirando. — Não depois de tudo isso. — Me doía muito dizer aquela verdade, mas era algo que estava dentro de mim há muito tempo, eu só não queria admitir em voz alta.

Ele encarou o chão, sem saber o que dizer. Eu me sentia grata pelo fato de meu pai saber que tentar encontrar minha mãe era como procurar uma agulha no palheiro, mas mesmo assim ele insistia. Por nós.

— Não precisa se sentir culpada — disse ele. — Estamos tentando, e vamos continuar tentando. — Ele procurou meu olhar — Nunca desista de quem você ama.

Balancei a cabeça e forcei um mínimo sorriso.

Pegamos o necessário antes de deixar o apartamento. Ainda haviam muitas horas de sol, mas não o necessário para ir até a zona segura em Macon, e voltar antes do anoitecer. Muitos imprevistos poderiam acontecer, e era melhor não passar a noite na estrada.

Descemos as escadas e voltamos à entrada do prédio. Meu pai tomou a frente e caminhou com passos leves até a porta, então fez sinal para que eu voltasse.

— Fique aqui.

— O que foi? — sussurrei, mas ele não respondeu.

Escondi-me atrás da parede, segurando a pistola, enquanto meu pai avançou para a rua lentamente. Ele olhou para os lados, procurando algum sinal de perigo, mas tudo o que havia sobre o asfalto eram os errantes ao longe. Olhei através da janela quebrada e pensei em ir para fora no exato momento em que uma bala atingiu meu pai. O estouro do tiro ecoou pela vizinhança, e eu senti-me paralisada, entrando em estado de choque por alguns segundos. Gritei seu nome quando ele caiu ao chão, sangrando. Sem pensar duas vezes, corri para fora e me abaixei ao seu lado.

— P-pai… — minhas mãos tremiam, e eu já chorava em desespero. Com certo alívio notei que o tiro havia atingido seu ombro, então coloquei minhas mãos sobre o ferimento, tentando conter o sangramento. Meu pai segurou meu braço, tentando dizer alguma coisa, mas as palavras não saíam de sua boca.

Olhei para todos os lados procurando o dono da arma, ignorando completamente o risco de ser atingida também. Milhões de perguntas passavam por minha mente, e a adrenalina percorria minhas veias freneticamente, assim como o medo.

— Droga, o que foi que você fez? — gritou uma voz familiar ao longe. — Eu disse para esperar!

Um homem vinha correndo, acompanhado por mais dois, armados até os dentes.

— Aguente firme — pedi ao meu pai, em desespero.

— Se esconda — disse ele, com a voz fraca. Balancei a cabeça negativamente. Eu não o deixaria ali sozinho em hipótese alguma.

Antes que os homens se aproximassem mais, carreguei a pistola e apontei para o primeiro deles, que parou instintivamente e ergueu as mãos, ou melhor, a mão.

Merle me encarava com um semblante sombrio, e pequenas gotículas de suor escorriam pela lateral de seu rosto carrancudo. Atrás deles, os outros dois homens que reconheci serem de Woodbury, também pararam.

— Abaixe isso, princesa — pediu ele, em um tom de aviso.

— Por que diabos você atirou nele?! — minha voz saiu trêmula. — Eu vou matar você, seu...

— Não seja idiota! — ele baixou as mãos e se aproximou mais. — Vamos levar seu pai para Woodbury.

Parte de mim queria puxar o gatilho, e vê-lo sangrando no chão, mas a outra parte sabia que eu não tinha escolha a não ser confiar que ele nos levaria de volta para a cidade. Mas mesmo assim, não baixei a arma.

— Por que está nos seguindo?

— Droga garota, não temos tempo pra isso! — gritou ele. — Coloquem ele no carro.

Os dois homens se entreolharam, com receio.

— Agora! — ordenou Merle. Eles se movimentaram para carregar meu pai para dentro do veículo parado diante da calçada. Deitaram meu pai no banco de trás, e eu me sentei, colocando sua cabeça sobre o meu colo. Tirei o casaco e o amarrei em volta de seu ombro, em uma tentativa desesperada de conter o sangue de se espalhar. Ele não tinha muito tempo.

Merle e os dois homens subiram no veículo e dispararam pelas ruas de Atlanta.


Well, I have been searching all of my days

All of my days

Many a road, you know

I''ve been walking on

All of my days

And I''ve been trying to find

What''s been in my mind

As the days keep turning into night


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Notas finais do capítulo

Não me matem hahahaha'

A música que eles estavam ouvindo no carro --> https://www.youtube.com/watch?v=vciPaw6u22Q

E a tradução desse trechinho:

Bem, eu venho procurando todos os meus dias
Todos os meus dias
Em uma das estradas, você sabe
Eu estive caminhando
Todos os meus dias
E eu venho tentando encontrar
O que tem estado em minha mente
Enquanto os dias se transformam em noites

Até o próximo, xoxo!



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