Matéria Inacabada escrita por Yuna


Capítulo 1
único




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O sinal do colégio Nagareboshi soou, iniciando a quinta aula. Para a sorte de uns e azar de outros, era aula de Anko, química. Deixei que minha cabeça pendesse quando retirei o braço que a sustentava e bati a mesma no tampo da carteira. Respirei fundo e respondi abafadamente ao "bom-dia" da professora. Levantei a cabeça e fitei-a, morta de sono.

- É o seguinte pessoas infernais. -Anko bateu a régua na palma da mão, sorrindo maléficamente para todos os alunos, os quais mantinham-se parados. -Para o mês seguinte, eu quero um super trabalho, mwahahaha.

Todos franziram a sobrancelha diante o projeto de risada maléfica da professora. Era muito, repetindo para enfatizar, muito estranho. E de dar calafrios também. Permaneci calada com cara de quem comeu e não gostou. Ela tossiu levemente e prosseguiu.

- Separei a sala em grupos de dois. Para não ficar o clube do bolinha e da luluzinha, eu dei meu jeito. Tradução: será menino com menina. -olhou para cada aluno, esperando alguma reação. -Espero que todos entendam quando eu explicar, certo? Bom. Vocês irão utilizar de qualquer fórmula para criar uma nova, que dê um resultado inovado e legal. Irão apresentá-lo daqui exatamente um mês. Alguma pergunta?
- Ahn, professora? -todos olharam para atrás, fitando quem havia proferido as tais palavras. Naruto. -Se é um resultado inovado, isso significa que eu não terei chance com meus amados vulcões?


A sala inteira ficou em silêncio, Anko explodiu. É claro que os gritos dela para com Naruto demoraram cerca da metade da aula, o que fez com que ela ficasse ainda mais estressada. No final, ela terminou de dizer os nomes das duplas correndo, já que o sinal já havia batido. Acabei caindo com Uchiha Sasuke, o garoto mais quieto, frio, antisocial e bonito da escola. Detalhe: eu nunca havia trocado sequer uma palavra com ele.
Quando estava saindo da sala, depois da sexta aula, senti o toque de uma mão em meu ombro. Olhei para trás. Quase surtei, afinal, não é sempre que você é tocada por Uchiha Sasuke. Limpei a garganta para aliviar minha tensão. Acho que corei, quase certeza.

- Então... Sakura. Certo? -assenti. Ele me guiou para fora da sala, já que outros alunos estavam reclamando. -Prazer, U. Sasuke.
- Hum... Prazer.
- Posso passar na sua casa amanhã, pra gente combinar as fórmulas? -estava quase assentindo, quando lembrei de meu quarto levemente organizado.
- Não pode ser na sua? -perguntei, abrindo um sorriso amarelo.
- Ok. Sabe onde fica? -sem esperar eu responder, anotou o endereço em um papel que eu não sei onde veio e me entregou. Fez um gesto de cabeça e saiu andando pelo corredor.


                                                      ~•~


No dia seguinte, eu me arrumei bem cedo. Queria causar boa impressão pro Sasuke. De início, eu não estava pensando em merda nenhnuma, mas ei que à noite eu percebi que essa era a minha chance de tirar aquele garoto da frieza total. Vesti o jeans claro, calçei o all star preto e terminei colocando uma camiseta da banda Nightwish, adoro. Sai do meu quarto amarrando o cabelo em um rabo de cavalo e desci as escadas.
Avisei rapidamente para minha mãe e sai, diretamente para o meu destino, êêê. Ok, esquece. Fui andando distraída, cantando algumas músicas e estralandos os dedos. Demorei um pouco para chegar. Sabe como é, né? Primeira vez que vou pro lado chique do bairro, já que moro no lado mais pobre, oi. Bati em vários portões errados, chega foi cômico. Enfim, consegui chegar inteira em frente de uma casa de dois andares imensa.
Era branca e possuía várias janelas compridas e verdes foscas. Segurando-me para não deixar o queixo cair, caminhei até a porta e toquei a campainha. Juro que pensei que viria um daqueles mordomos super chiques atender e pá, mas não. Quem me atendeu foi o próprio Sasuke.

- Entra ai, fica à vontade. -ele estava um Deus, sério.

Parecia que estava mais sério que nunca, o cabelo estava molhado e ele se encontrava descalço, com uma calça jeans escura e camiseta preta lisa. Muito lindo, babei. Acho que ele percebeu isso, já que me olhou e sorriu de canto, chamando-me para subir. O segui até seu quarto, que diferente do meu, estava tão organizado que chega dava medo. Legal. Sentei-me em sua cama com medo de bagunçar, e ele foi até um ármario pegar uns cadernos.

- Alguma sugestão para fórmulas? -acho que fiquei mais branca do que já sou. Ele permaneceu me encarando com cara de espectativa.
- Na verdade, eu não sei nada sobre essas coisas.

Cinco minutos de silêncio. Ele continuou me olhando, dessa vez com cara de bunda. Juro que pensei que ele ia pular em mim, me esganar e coisa e tal. Mas não, me surpreendi.

- Fu... -segurou-se na metade da palavra.
- O que? -arqueei uma sobrancelha.
- Eu também não sei. -capotei, rolei a escada, cai no meio da rua e fui atropelada.
- Não sabe... -respirei fundo. -Não sabe!  E agora, ó meu senhor lindo que estás no céu?
- Vamos estudar. Temos um mês.
- Ah, claro... Um mês. -abaixei a cabeça, estava quase chorando de desgosto. Passaria um mês estudando. Com Sasuke... Menos mal.


                                                     ~•~


Na semana seguinte, depois de pesquisarmos bastante na internet - na dele, é claro. A minha é um cú -, conseguimos descobrir H2O. Isso nem valeria de nada, valeria? Claro que não. Decidimos continuar pesquisando. Eu ia todos os dias pra casa dele depois da aula. Estava extremamente difícil. Discutiamos sempre, não tinha jeito. Ele me chamava de irritante, sabe? Eu não conseguia me segurar e virava uma leoa, no sentido figurado.
Em uma dessas vezes, nós rolamos escada abaixo e Itachi, irmão de Sasuke, apladiu. Quase bati nesse também. Perdemos umas boas horas de estudo e pesquisa por causa disso, já que tivemos de ir na farmácia fazer curativos. Voltamos para a casa dele. Ele permaneceu emburrado o restante do dia, chega deu medo.

- Sakura. -olhei-o. -Vamos tentar misturar essas coisas estranhas.

Levantou dois vidrinhos, um com líquido verde e outro com líquido amarelo. Ótimo, coisa boa não ia dar. Descemos para a garagem de seu pai, a qual nós transformamos em laboratório. Vestimos os roupões que serviam de jaleco e colocamos os óculos de sol. Tentamos misturar os dois. Deu certo. Mais uma gota. Nada demais. Na terceira gota, subiu uma fumacinha e um líquido começou a se sobrepor ao outro. O vidro começou a ficar cheio do nada, até que explodiu.

- Hahahahahaha, que legal. -choraminguei, olhando para meu corpo. Eu estava... verde. Hoho.
- Sem ironia, por favor. Isso vai demorar de sair. -constatou, depois de esfregar o braço.
- Nem me diga. -assoprei uma mecha de meu cabelo que caiu sobre minha testa. Nem ele escapou dessa confusão.
- Vamos tentar outro.

Olhei para o rosto dele alarmada. Ele segurava dois vidros com líquidos de outra cor - vermelho e azul - e sorria maléficamente. Jogou de uma vez o conteúdo de ambos em um recipiente e virou o rosto. Uma fumaça, um "boom" básico e elas se fudiram. Roxo. Esperamos para ver se algo acontecia. Dez minutos depois...

- Já era, isso ai só vai ficar roxo mesmo. -ele assentiu. Retirou outros dois frascos e voltou a jogá-los ao mesmo tempo. Mais fumaça.

Dessa vez, só a fumaça e acabou. Então, ele misturou todos os outros que nós haviamos usado. Acabei tendo um ataque de riso depois do resultado. Imagine, a mistura cresceu, ficou roxa, borbulhou, saiu fumaça e explodiu. Ficamos multicolor, realmente, muito engraçado. Não sei como ele largou sua calma aparente e mandou alguém enfiar algo em algum lugar. Não sei o que e onde, não presto atenção nessas coisas.
Passou-se outra semana, a cor colorida (?) ainda custava a sair de nossos corpos. Por isso que só íamos a escola de roupa comprida e pó, muito pó. Nessa semana, nós continuamos essas nossas experiências, todas explodindo ou nos deixando de outra cor. Chegou a hora que nós não aguentavamos mais. Sentei derrotada na calçada e ele imitou-me. Respiramos fundos duas vezes, juntos. Eramos vítimas dos olhares de todos que passavam por lá.

- Esse amor jovem está cada vez pior. -olhamos um para o outro quando uma senhora bem velhinha passou em nossa frente e soltou aquela pérola.

Um minuto depois ainda não haviamos processado. Dois minutos depois, olhamos para o chão. Cinco minutos depois, começamos a rir. Até Sasuke riu, riu alto. Medão. Depois de três minutos, processando melhor a informação, paramos de rir e eu corei. Ele somente olhou para o outro lado. Situação tensa.

- Sabe, Sakura? -olhei-o, rápido demais.
- Hum?
- O que ela disse tem razão. -como é?
- Tem?
- É, mais ou menos... Depende, sei lá. -calei. -Tipo. Eu to estranho depois que te conheci e...
- Sorveeete. -berrei, cortando-o e sai correndo pelo meio da rua quando vi um moço com um carrinho de sorvete, buzinando.

Qualé, é sorvete, não veneno. Sou viciadona em um sorvete, mano. Fatão. Sasuke me seguiu. Acho que estava fazendo criancisse demais, mas nem liguei. Parei o cara gesticulando igual a louca. Ele me olhou confuso, uma mistura de medo com... com... sei lá. Isso daria uma boa fórmula, hum.

- Ei tio, me vê um sorvete de flocos. -ele me deu o sorvete muito rápido, acho que querendo fugir dali. Sasuke pagou, mesmo que eu não quisesse deixar, já que ele insistiu. Voltamos ao nosso lugar. - Sasuke-kun?
- Hum.
- Quer? -estendi o sorvete na direção dele, que negou. -Então, o que você ia me dizer?
- Que... Esquece. -ele ficou vermelho. Cara, ganhei o dia.
- Por quê...?
- Porque sim. -sorriu cínico, aquele pequeno sorriso de canto que me fazia gamar e babar. Pura sedução.
- Chato... -ri baixinho.

Depois que eu terminei de tomar o sorvete, voltamos para a garagem. Continuamos a tentar criar alguma fórmula, mas nada dava resultado. Escureceu bem rápido, então ele me levou até em casa e pá. Despedi-me dele e depois entrei.


                                                  ~•~


Era nossa última semana e nós não havíamos conseguido nada. Último dia, para falar a verdade, e nada. Estava tendo tique-nervoso. Sasuke tentava me acalmar.

- Sakura... Sakura... A gente vai conseguir, ainda temos esperança. -olhei para ele com a mão na testa. -Ta bom, não temos. Mas, algo nós vamos conseguir, você vai ver.

Fez sinal de "joinha" para mim. Voltei ao meu teatro. Claro que depois de um tempo fui obrigada a parar e a voltar a tentar criar algo, isso todo mundo sabe. Estava andando de um lado a outro e Sasuke misturava as fórmulas. Pelo menos mais nenhuma havia explodido. Parei um pouco de andar e fui até seu lado, olhando pelo ombro do mesmo, que olhou-me de lado como se estivesse desconfiado. Depois relaxou e continuou o que fazia.
A fórmula verde misturou-se perfeitamente com a amarela, que ficou bem feita com a azul e a roxa. Borbulhou e soltou uma pequena fumaçinha. Sorri. Ele pegou uma pequena caixinha cheia de terra e jogou ali dentro. O que raios ele estava tentando fazer? Algumas gotinhas cairam sobre a terra e ela amoleceu, logo virando grãos de pedra. Desanimei. Pelo visto ele também.
Tomei as fórmulas da mão dele e comecei a fazer outra mistura. Ela ficou rosa, cara. Rosa! A fumaça saiu e o vidro estourou. Ácido. Soltei um grito de indignação e Sasuke riu.

- Nem teve graça. -disse. Ele me abraçou como se tentasse me consolar, ainda rindo. Fiquei quente, Deus.
-Sakura. -olhei-o.

Não pude parar para processar as informações quando senti os lábios dele sobre o meu. Derreti e deixei que a língua dele invadisse minha boca, abraçando-o forte. As mãos dele desceram até minha cintura, apertando-a. Continuamos com aquele momento mágico pela tarde toda. Desperdiçamos nosso último dia de trabalho, é. Mas, desperdiçamos por um motivo delicioso, então conta.


                                                     ~•~


Assim que chegou a segunda, eu fui para a escola tremendo. De tanto medo que tinha da aula de química, esqueci até de me maquiar para esconder a cor de minha pele. Acho que o mesmo aconteceu com Sasuke, já que ele estava colorido igual a mim. Na sala, tentavamos nos ignorar pelo máximo de tempo, até a quinta aula chegar e Anko entrar animada na sala. Sua atenção partiu para nós dois de imediato, rindo baixinho. Revoltei.

- Bom-dia. Hoje vocês irão apresentar os trabalhos. Legal, né? Hehe. -pausou. -Bom, pelo menos pra mim é.

Depois de gargalhar alto para todo o colégio ouvir, ela relaxou e sentou em cima de sua mesa. Foi chamando duplas para apresentar os trabalhos. Era cada um mais legal que o nosso, sabe? Estava até com vergonha de chegar lá na frente e dizer que não havia conseguido. Foi quando Sasuke me cutucou, sentando ao meu lado e sorriu, fazendo sinal de "joinha". Mordi o lábio inferior. Não que aquilo fosse ma ajudar, mas conta. Chegou nossa vez. Eu respirei fundo e me levantei, Sasuke segurou firme em minha mão.

- Muito bem, garotos. Comecem por como vocês fizeram a fórmula. -a professora sorriu, Sasuke imitou-a.
- No começo, não conhecíamos nenhum tipo de fórmula. Então, pesquisamos na internet e conseguimos algumas. -pausou, olhando para o teto e coçou o queixo. -Todas as nossas tentivas de mistura falharam, explodiram ou causaram algum grito na minha casa.

A sala inteira estava em silêncio. Isso até explodir em uma enorme gargalhada e Anko pedir silêncio.

- Ficamos um mês explodindo a garagem da minha casa. Mas, consegui uma fórmula. -conseguiu? Como? - Misture uma fórmula qualquer que seja verde com outra que seja roxa e adicione algumas gotas de vermelho.
- Claro, claro. E o resultado? -olhei-o apreensiva. Não estava entendendo nada.
- Amor. -boiei.
- Como? -Anko perguntou. É, todo mundo 'tava boiando.
- Assim, olha professora. -virou pra mim, sorrindo abertamente. -Te amo Sakura-san, namora comigo?

Depois disso não vi mais nada. Não, ele não me beijou e eu não respondi. Só desmaiei. É, só. Eu acho... Bom, não é isso que me importa. O que realmente faz diferença, é que agora eu namoro com quem eu amo, recebemos aplausos e nota por nossa matéria inacabada.


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Notas finais do capítulo

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