“Ninguém é perfeito”. Não é o que todos dizem por aí?

Eu, com certeza, não sou perfeito. Você não é perfeito. Seu computador não é perfeito. O mundo não é perfeito. Tudo precisa de um dedo meu.

Olá, eu sou o Defeito. Tenho muitos outros nomes, cada um com seu uso em situações específicas: Imperfeição, Falha, Deformidade, Fraqueza, Erro, etc. Sou a mancha na capa da perfeição. O incômodo nos piores momentos. A maldição lançada por criaturas maquiavélicas para que você e os outros não sejam do jeito que seriam em um mundo ideal.

Sinto-me ofendido por algumas dessas definições. Não sou maldição nenhuma. E, sinceramente, não existo para estragar a sua vida. Só sou incompreendido. Explicarei melhor mais tarde. Antes, falarei sobre minhas diversas derivações e classificações.

Inicialmente, posso ser um defeito fixo ou um defeito não-fixo. Os defeitos fixos são aqueles que você simplesmente não pode jogar fora. São aqueles em que nenhuma área do conhecimento conseguiu encontrar uma “cura” ou solução. Esses defeitos podem surgir desde o seu nascimento, como algum problema genético, ou podem surgir em algum momento da vida e continuar até a morte, como a perda de um órgão insubstituível (ou que possa ser substituído, mas com imperfeições, como uma prótese).

Talvez, o que mais é presente em nossas vidas é o defeito não-fixo. Isso porque, apesar de ser possível nos livrar deles, nós não o fazemos. Talvez porque não termos condições financeiras para melhorar, talvez por não nos esforçarmos o bastante para mudar isso, talvez por não nos darmos conta de que esse defeito sequer existe ou talvez por não ser necessário nos livrarmos desse “defeito”.

Nem todos podem pagar uma quantia milionária para ajeitar um nariz torto. Muitos têm preguiça de ir a uma academia e entrar em forma. Às vezes, você tem alergia a um alimento que nunca provou, ou medo de uma experiência pela qual nunca passou. E, de vez em quando, você nem tenta consertar o defeito, pois ele não é um defeito para você, é só o que os outros dizem que é.

Então... O que é um defeito e o que não é? Tudo depende do ponto de vista. Alguns veem cicatrizes como uma deformação no corpo, outros enxergam como uma marca de bravura e sobrevivência. Alguns pensam que emoções são para os fracos, outros dizem que elas são para os mais humanos. Agora tudo depende de você.

Mas e quanto aos outros? Saiba que você não é o único ser que possui defeitos. Então como devemos lidar com os defeitos deles?

Primeiro passo: não comece uma guerra. Você não vai passar a odiar algum só porque essa pessoa tem um péssimo gosto para filmes, vai?

Segundo passo: veja se a pessoa está disposta a excluir esse defeito. Não insista demais. Se a pessoa não quer, deixe-a. O que fazer então, caso ela não esteja disposta?

Terceiro passo: Aceite a pessoa como ela é. Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas se você procura somente pela perfeição... Meu amigo, não desperdice sua vida.

Adapte-se ao que vier. Tente encontrar um meio de contornar os defeitos dos outros. Não curte o estilo literário do outro? Veja se vocês não possuem a mesma preferência quando se fala de filmes ou séries de TV.

Tudo isso não se aplica somente aos seres humanos, mas também aos animais, objetos, lugares, alimentos e tudo o que se puder imaginar.

Talvez o problema não seja ver defeitos em excesso, mas, sim, esquecer-se das qualidades que as coisas possuem. Esse é um dos piores defeitos que se pode ter.

Agora eu lhe pergunto: existe pessoa mais perfeita do que aquela que vê seus defeitos e permanece ao seu lado mesmo assim?