Scream 2016 escrita por S Nostromo


Capítulo 8
Elemento surpresa




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Os vidros das janelas foram destruídos e os poucos móveis estavam sujos de folhas, galhos e terra. Havia algumas rachaduras também. Apesar de tudo, a república estava em pé, as paredes e o teto ainda estavam no lugar. Passei pela sala e fui até a cozinha. Algum lixo por cima do balcão vazio, vidros quebrados, nada fora do normal, apenas resultados de um furacão feroz. Vi Emily e Ross pelo buraco enorme da janela. Estavam parados olhando para o céu azul marinho. Era manhã, mas o clima ainda nublado fazia parecer madrugada.

– Ei – eu disse para eles.

Ambos olharam para mim. Ross tinha uma mancha de sangue no braço e Emily um corte no rosto. Tivemos maus momentos no porão, algo que assim como no posto de gasolina, eu prefiro não entrar em detalhes.

– Acabou – continuei. – Victor era o assassino.

Mas Ross recuou, puxando Emily para trás de si.

– Como sabe? – perguntou o repórter.

– Porque foi ele quem nos atacou – falei. – Ele pensou que vocês estavam mortos. Então eu fui o último, sobramos apenas ele eu. No final das contas ele acabou explicando seus motivos.

– Como assim? Por que ele fez tudo isso? – perguntou Emily.

– Pois é, é bom ter provas antes de se aproximar de nós.

– Ele só queria terminar a vingança maluca de César. Disse que um rapaz que sofreu tanto em nossas mãos merecia ter seu objetivo terminado. Que merecíamos mesmo morrer. Victor teve uma vida difícil quando adolescente, então entendia as dores de César, e achou justo terminar o que foi começado.

– É uma pena eu ter perdido meu gravador no porão – reclamou Ross.

– Você não é mesmo o assassino? – questionou Emily.

– Por que eu faria isso? – eu disse.

– Você sabe bem como funciona. É difícil confiar até mesmo nas pessoas em que amamos. Isso tudo mexe com a nossa cabeça.

– Estamos seguros, finalmente – falei, olhando nos olhos de cada um.

Aproximamos um do outro e nos abraçamos, seguido de um beijo. Ross permaneceu ali por perto, com as mãos na cintura, olhando para o céu.

Durante a madrugada no porão, algo atacou a todos. Algo não, alguém. Emily perdeu a faca em algum momento e depois fomos atacados um a um. Mesmo na escuridão. Emily e Ross fugiram do porão assim que o furacão se foi. Não vi quando isso aconteceu, estava mais focado em Victor.

– Como aconteceu? – Ross perguntou. – Como Victor morreu?

Já havia se passado algum tempo. Estávamos na cozinha. Ross apoiado na parede, Emily sentada no balcão. A polícia que Emily havia ligado durante a noite ia chegar logo.

– Eu o esfaqueei – expliquei diretamente. – Ele estava tentando me enforcar. Eu tentei agarrar algo por perto, e senti o cabo da faca em meus dedos. Então eu apenas fiz.

– Eu deixei a faca no chão – declarou Emily. – Eu sabia que não ia ter coragem de matar alguém, então achei melhor deixar por ali. No meio da escuridão, pensei que ninguém fosse encontrar.

– Você deu sorte – disse Ross.

– É – concordei. – Da mesma forma que dei sorte quando César me esfaqueou na noite da festa.

– Agora você tem bastante história para contar – disse Emily, lembrando-se das vezes em que eu dizia que achava minha vida parada e repetitiva.

– Falando em história, logo eu irei criar uma – falou Ross. – Já posso até imaginar. Irei ganhar milhões! Não preciso de testemunha alguma para detalhar o caso. E sabem o por quê? Porque eu sou a testemunha! Seria como julgar e ser julgado! Farei um documentário espetacular!

– E quem sabe um livro? – brinquei, lembrando o destino de Gale na série Scream. Coincidentemente Ross também era um repórter.

– Sim! – concordou Ross, animado. – Isso mesmo! Será inovador. Um livro, e depois um filme. Pode se chamar “O esfaqueamento”, ou algo parecido.

– Ou “A facada” – continuou Emily. – Bem, na verdade não é tão inovador assim.

– Não? – rebateu Ross.

– Não – respondi por Emily. – Nunca assistiu Scream?

– Na verdade não – respondeu o repórter.

– Em Scream têm uma repórter envolvida em toda a bagunça. Ela teve as mesmas ideias que você – explicou Emily.

– Ah... – foi tudo que Ross disse. – E você Emily? O que vai fazer quando a policia chegar e der o caso de Real Woodsboro como encerrado? – perguntou Ross.

– Vi sangue respingando nas paredes e tripas durante a minha festa. Vi mais sangue e mais violência no posto de gasolina. E por último vi algumas pessoas desconhecidas sendo assassinadas aqui na última noite. Qualquer lugar longe desta cidade está bom para mim. E você Abel?

– Cuidado! – alertou alguém.

Seguimos com os olhos. Era Victor, parado na porta da cozinha que levava para a sala de estar. Estava ensanguentado da cabeça aos pés. Caminhou mais para dentro do cômodo, apoiando nas paredes. Deixava manchas de sangue em qualquer lugar que tocava.

– Abel é o ghostface!

Olhamos todos uns para os outros. Ross foi o primeiro a falar:

– Então prove.

Victor sorriu. Levantou na altura do rosto um gravador, deduzi que era o gravador que Ross havia perdido. Respirei fundo, a espera do que viria a seguir. Era uma conversa entre Victor e eu, quando estávamos no porão, logo após Emily e Ross terem fugido.

– Por... por que você está fazendo isso?” – questionou Victor.

Seguiu-se o som de uma facada, e um gemido de dor do rapaz.

– Eu... eu mereço saber.”

“- Não, não merece. O máximo que você pode fazer agora é rezar para morrer logo, mas enquanto isso, eu vou enfiar essa maldita faca em você quantas vezes eu quiser.”

Os sons seguintes foram de Victor agonizando em dor enquanto eu o esfaqueava divertidamente. A gravação terminou. Ross e Emily olharam para mim.

– Surpresa! – eu disse.

Acertei um soco em Emily derrubando-a no chão. Puxei a faca do bolso de trás e enterrei na lateral da barriga de Ross.

– Sinto muito – eu disse para ele, - Gale Weathers não vai sobreviver desta vez.

Torci a faca dentro de Ross, suas pernas amoleceram e ele se pôs de joelhos. Esfaqueei-o nas costas duas vezes, e o sangue esguichou no balcão. A terceira e última facada foi logo depois Ross ter caído de bruços, apenas para garantir sua morte. Emily seguiu, desesperada, república adentro, mas não iria muito longe, eu já havia trancado todas as saídas. Victor no estado em que estava não sobreviveria por muito tempo.

Olhei para os cacos de vidro no chão da sala de estar. Vi o reflexo da máscara do ghostface. Pois é, mesmo que já soubessem que eu era o assassino, ainda era divertido usar aquela fantasia negra estranha.

Com faca em uma das mãos, voltei para a cozinha a procura de Emily ou Victor. Mas encontrei outra surpresa: o corpo de Ross não estava mais ali.

– E eu jurando que só Emily estaria viva há essas alturas – comentei comigo por baixo da máscara. – Sidney, Gale e Riley... Será que algum de vocês sobreviverá nesta versão?


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