Quarto de Tony era uma bagunça, digo, o nosso quarto é uma bagunça graças ao Tony.
Já estava completando três semanas que nada importante acontecia para os vingadores resolverem. Eu estava entediado, porque naquela torre não tinha nada para fazer alem de salvar o mundo, mas se o mundo não precisa ser salvo, nós morremos de tedio.
Então estava chegando outro fim de semana e eu resolvera organizar o quarto de- nosso quarto.
Eu tinha descido para comer algo antes de começar a limpeza, então quando eu voltei e acendi a luz o quarto parecia pior do que antes.
Tinha meia, cueca e calça espalhados pelo chão, eram tantos que tentei me lembrar quantas peças de roupas Tony tinha, provavelmente ele estava comprando mais à medida que as roupas limpas acabavam, revirei os olhos. Fiquei surpreso por não ter tropeçado em nada ali quando saía do quarto.
Comecei a catar aquelas roupas e joguei no cesto de de roupa suja, que se encheu na hora. Então abri o guarda-roupa e entendi o porquê de Tony dizer que não tinha espaço para minhas coisas ali, não tinha espaço nem para respirar.
Aquele guarda-roupa estava com poeira, tinha um monte de lixo e coisa velha, sem falar que tudo era simplesmente jogado ali e, para meu desespero completo, não tinha nenhuma gaveta arrumada, nem mesmo uma mísera blusa dobrada.
Ok, penso tentando não desanimar, vamos fazer isso.
Começo tirando as embalagens de sabe-se lá o que, fico pensando se ele deixava a empregada arrumar ou ao menos entrar em seu- nosso quarto. Então separo as roupas ali e deixo perto do cesto de roupa suja, porque não cabia mais roupa nenhuma ali dentro.
Ali dentro tinha vários papeis com desenhos de projetos que resolvi não jogar fora para Tony não brigar comigo, separei-os em um canto para guarda-los de novo mais tarde, então encontrei uma caixinha de papelão que tinha num canto, no chão do guarda-roupa, era quase como se estivesse escondido. Eu pego com cuidado, sempre há a possibilidade de ter algo sensível para alguma bomba ou para a armadura, já que Tony inventava aquelas coisas e não tinha nenhum senso de onde guardar as coisas perigosas de seus projetos. Então eu abro, para checar o que tinha ali, e vejo vários cartões, tipo esses de empresas que as pessoas distribuem, com endereço, nome e telefone.
Acho interessante e pego um, acreditando ser um cartão das Indunstrias Stark, mas não poderia estar mais enganado.
-Bastardo!- digo. O que Tony fazia com aqueles cartões ridículos? Quer dizer, eu sabia que Tony já tinha sido um cafageste, mulherengo de cara dura, mas eles estavam juntos há um bom tempo. Porque Tony não tinha jogado aquilos fora?
Fiquei meio que sem saber o que fazer, a foto que ele usara no cartão era tão deslavada e suja, que me dava ânsia e me atrapalhava a pensar direito no que fazer a seguir.
Eu deveria procurá-lo pessoalmente e pedir uma explicação? Deveria ligar e dizer que estava decepcionado? Que queria conversar? Devia esperar ele chegar e falar com ele? Ou devia esperar e deixá-lo descobrir o que tinha acontecido sozinho?
Resolvi esperar e cobrar explicações, mas se ele hesitasse o mínimo que seja, terminaria com ele, porque eu o amava muito, mas eu não precisava passar por aquilo, eu me valorizava.
Juntei o lixo e embrulhei num saco e joguei onde a empregada pudesse jogar fora, peguei o cesto de roupas e coloquei na lavanderia e fechei o guarda-roupa, eu não iria nem arrumar nada mais, não tinha mais cabeça para aquilo.
Então uma possibilidade passou por minha cabeça, Tony guardava aquilo e, parecia que, estava escondendo de mim. Tony estava me traindo com uma mulher? UMA MULHER?
Não que eu odeie as mulheres só porque não PREFIRA ficar com uma, uma prova disso é minha amizade com Natasha, mas aquilo não vinha ao caso.
Espera, Natasha!
"Vou ligar para ela, ela vai saber o que eu deva fazer!" Penso, pegando meu celular e discando.
-Oi?
-Nat, é o Steve.
-Oi, Steve. O que foi?- ela fala, simpática.
-Não sei o que eu faço. Por acaso Tony esta aí?
-Não, porque? Aconteceu alguma coisa?
-Acho que Tony esta me traindo com uma mulher.
-O quê? Você viu?
-Não, mas eu vi uns cartões estranhos que ele tem até hoje e acho que ele ainda usa.
-Como sabe?
-Porque ele teria uma caixa cheia desse negócio? Porque me esconderia?
-Estava escondido?- ela fez uma voz chocada.
-Estava.- ele concorda, triste.
-Eu não sei o que dizer, Steve.- ela confessa.- Você vai terminar?
-Não sei, vou conversar com ele.
-Olha, não cai em mentiras, ok? Se perceber que ele esta mentindo, se tiver um furo na história dele, não se faça de bobo.- ela aconselhou. Eu concordo e desligo. Será que eu devia ligar para Pepper? Ela conhecia Tony a mais tempo do que ninguém.
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Tony chega em casa depois de séculos. Eu nem sabia onde ele estava, Tony nem ligara para avisar que demoraria.
Ele estava com alguma!
Tony chega no quarto devagar, pensando que eu estava dormindo e se surpreende por eu estar acordado.
-Oi, Steve.- ele sorri, mas hesita depois de perceber minha cara.- O que foi? Desculpa eu não ter ligado.
-Tony, o que é aquela caixa com aqueles cartões?- aponto o guarda-roupa com a cabeça. Ele para, com medo do que estava por vir, então ele vai até o lugar e abre a caixa. Depois ele dá uma risada. Oi? Perdi alguma coisa?
-Porque esta rindo, posso saber?- controlo minha voz e minha vontade de estrangulá-lo.
-Steve, isso são cartões tão antigos.- ele responde despreocupado.
-E então que são antigos?
-Amor, o que esta pensando?- ele fala calmamente.
-Você continua guardando esse lixo!- acuso.
-Steve, eu guardo um montão de lixo aqui. Eu nem lembrava que ainda tinha aquilo.- ele explica.
-Então porque estava escondido?
-Escondido?- ele repete e eu fico nervoso outra vez.
-É, Tony, escondido. Porque estava escondido?
-Não estava. Digo, não estava escondendo de você, se é o que esta pensando.
-Então porque estava num cantinho que quase não dá para ver?
-Porque... sei lá, Steve. Eu só deixo as coisas lá dentro, ok? Talvez seja por isso que eu tenha esquecido de jogar fora.- ele dá de ombros. Fico calado, estou envergonhado por desconfiar tanto. Aquilo parecia verdade. Tony me olhava.- Steve, acha mesmo que eu te trairia?- ele pergunta, mas eu não respondo.- Olha, eu era um idiota, mas não faço mais esse tipo de coisa. Não preciso, nem quero mulher alguma.
-Eu sei...
-Então! Não precisa ficar assim só por causa de cartões bobos.- ele diz, se aproximando, então ele segura minha mão e termina de falar tocando a ponta do meu nariz com o dedo.
-Desculpa.- digo constrangido. Ele não diz nada, apenas me beija.
-Estou com saudade.- ele diz.
-Devia estar, ficou o dia todo fora.- retruco.
-Vou tomar um banho e já volto, pode deitar, que já venho.- ele se afasta um pouco.- Mas se quiser vir comigo, vai ser melhor.- eu reviro os olhos, mas acabo seguindo ele e fomos dormir mais tarde ainda.