Não tão clichê escrita por Apaixonada por palavras


Capítulo 7
Seis.


Notas iniciais do capítulo

Ooie amores
Demorei um pouco dessa vez, né? Desculpa, Desculpa. A inspiração foi dar uns role em Nárnia, mas hoje ela voltou.
Olha, eu to fazendo muito suspense com vocês. Confesso. Mas as coisas a partir do próximo capítulo já vão aumentar muuuito.
Eu preciso da opinião de vocês. O próximo capítulo vai ser bem agitado. Então eu quero saber: Vocês gostam de capítulos bem longos? Porque eu sei que tem quem goste e tem quem não goste.
Vocês preferem um capítulo bem longo, que vai tudo de uma vez, mas vai demorar umas duas semanas ou preferem que eu divida em dois e poste um em cada uma das proximas duas semanas?
Aproveitem o capítulo. Espero que gostem!
Beijo Beijo ;)



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12 ANOS ATRÁS

1 de Dezembro de 2003, Terça-feira, 20:10

– A mãe grávida é um saco – reclamou Augusto, se jogando no sofá das salas. Suas irmãs, entretidas com algum desenho da Disney, apenas concordaram com a cabeça sem prestar muita atenção.

– Você acha que o Lucas vai ser o último? – Gustavo, gêmeo de Augusto, perguntou, se jogando no sofá do lado do irmão.

– Deus queira que sim! – Mariana falou alto, ainda olhando para a televisão.

Os meninos olharam para a televisão. Estava passando Branca de Neve. As meninas mais novas, Nina e Áurea, assistiam apenas a esse filme nos últimos dias. Já estava ficando irritante!

– É só o pai e a mãe pararem de fazer sexo sem usar camisinha – Augusto falou.

– Augusto! – Elisa reclamou, cobrindo as orelhas de Nina com as mãos.

– O que é sexo? – Nina perguntou , piscando os olhinhos pequenos e fofos várias vezes.

– Essa penca de filhos, eu acho que a coisa que o pai e a mãe menos gostam é camisinha – Mariana observou.

Os meninos concordaram. O ano de 2003 foi um dos poucos anos em que praticamente todos os irmãos moraram na mesma casa ao mesmo tempo. Lucas nasceu no final de 2003 e em 2006 os irmãos mais velhos Augusto e Gustavo já estavam indo para a faculdade.

– Elisa, o que é camisinha? – Nina perguntou baixinho para a irmã mais velha.

– Não é nada não, Nina – Elisa respondeu – E vocês, calem a boca!

– Camisinha intercepta o ciclo da vida, meus irmãos. As pessoas trepam, é a natureza. E disso, surgem os bebês. Se a natureza quer nos fornecer mais irmãos, teremos que aceitar suas vontades – comentou Áurea.

– Natureba estranha... – resmungou Gustavo, olhando torto para a irmã mais nova.

– Não dá pra acreditar que a gente saiu do mesmo útero, Áurea – alfinetou Mariana.

– Mas e a cegonha? Ela não existe, então? – Nina perguntou, com os olhos arregalados.

– Mas é claro que existe, Nina. Não escute eles! Por favor – Elisa implorava, sempre com seu senso de cuidar de todos os irmãos.

Nesse momento, os pais das crianças desceram.A mulher, apresentava uma barriga de quase 9 meses, mas sua beleza não era nada prejudicada. Era alta, com cabelos castanhos claros bem longos e olhos muito pretos.

O homem, era um pouco mais velho apenas. Apresentava uma leve barriga, mas ainda sim era muito bonito.

– Sobre o que vocês estão falando? – a mãe perguntou, sorrindo docemente.

– Sobre você e o papai treparem e uns negócios de camisinhas – Nina falou, docemente.

Os pais olharam para os filhos mais velhos com olhares bravos e acusadores.

– Puta que pariu, Nina! – repreendeu Augusto.

Nina começou a chorar.

Seus pais começaram a gritar.

Os irmãos começaram a acusar uns aos outros.

Nina chorava ainda mais alto.

Estava tudo uma bagunça

– CALEM A BOCA!

Todos se surpreenderam com a explosão repentina da mãe, a olhando com os olhos arregalados.

A mulher colocou a mãe sobre a barriga e sussurrou:

– A bolsa estourou.

10 de Novembro de 2015, Terça-feira, 7:40

Lívia dormiu comigo aquela noite.

O sentido literal de dormir, ok? Não o que a mente poluída de algum de vocês imaginou, Leitores.

Quando Lívia me falou que eu tinha beijado o noivo da minha irmã na frente de toda igreja no dia do casamento, eu pirei. De verdade. Deve ter sido até engraçado...ou assustador. Não sei direito. Lívia falou que eu deveria estar tendo algum “choque de realidade” e que conversaríamos no dia seguinte, com mais calma.

Ela se deitou no meu lado naquela cama enorme e adormeceu em alguns segundos. Parece que foi um dia bem cansativo para todo mundo.

Mas eu não preguei o olho a noite inteira. Fiquei pensando em tudo o que havia acontecido. Pensei em como eu parecia vazia e perdida naquele momento, em como aquela cama era mais macia que o necessário e aquele quarto estranho demais para ser meu. Pensei em toda a realidade que me cercava.

E o primeiro choque de realidade que passou pela minha cabeça foi: Aqueles desejos e aquela moça tinham sido reais. Completamente verdadeiros, e a minha vida agora estava diferente da que eu conhecia. Até eu estava diferente, pelo amor de Deus. Beijar o noivo da minha irmã?

Que tipo de vadia faz isso?

Hum, eu, pelo jeito. Mas esse não é o ponto no momento.

Minha mãe era rica. Meus tios estavam vivos. Eu não conhecia o Matheus.

Quais consequências será que essas coisas trariam?

(...)

– Me conta de novo.

– Nina, eu já repeti tudo isso três vezes. Ficar contando não vai mudar o que aconteceu, querida.

Balancei a cabeça.

– Eu sei,só fala de novo, por favor – pedi, juntando as mãos como se estivesse implorando.

Lívia suspirou e cruzou as pernas.

– Tá bem.

Lívia acordou umas dez e pouco da manhã. Ela quis descer para tomar café, mas implorei para conversarmos primeiro. Eu tinha que entender direitinho o que diabos tinha acontecido naquele casamento de verdade. E talvez ela pudesse me dar os fatos verídicos e detalhados.

E ela deu os fatos. Três vezes. Mas eu ainda não conseguia acreditar.

– Tá. Foi assim: O casamento tava rolando. Eles já tinham dito o “Aceito”, feito os votos e toda essa porra louca. Aí na hora que o padre Antônio disse o famoso “ fale agora ou cale-se para sempre” você levantou do banco da igreja e falou “ Obrigada pelo convite”. Foi bem engraçado, aliás. A cara da sua irmã, do padre Antônio, da sua mãe...estavam impagáveis. Morri de rir. Mas, enfim, você levantou do banco e meio que foi desfilando pelo tapete vermelho até o altar. Aí você chegou lá. Ah, ninguém na igreja disse um “pio” também porque, né, todo mundo tava chocada e na sua família só tem barraqueiro e nossa, Nina, aquelas suas tias fofocam mais...falando nas suas tias, eu ouvi dizer que aquela sua prima deu uns pega no Rodrigo antes da cerimônia.

– Lívia, foco.

– Okay. Desculpa. Me empolguei. Enfim, você chegou no altar, lançou um olhar para a Elisa do tipo “TOMA ESSA, SUA VADIA”, chegou perto do Henry e tascou o maior beijo nele. Até rolou aperto de bunda naquele beijo. E, para esclarecer, foi você que apertou a bunda dele.

– Quanto tempo o beijo durou? – perguntei.

– Uns bons 10 segundos. O Rodrigo meio que te tirou de cima do Henry.

Fiquei alguns segundos processando pela quarta vez toda aquela história. E eu só cheguei em uma conclusão lógica.

– Eu sou uma vadia – falei

Ela sorriu sarcasticamente.

– Finalmente se assumiu, então?

– Mas, Lívia...por que eu fiz isso? – perguntei, frustrada.

Ela me olhou de um jeito engraçado e perguntou:

– Sério, Nina, tem certeza que você tá bem?

Nesse momento, eu comecei a pensar.

Deve ter tido algum motivo para eu beijar o noivo da minha irmã. Não justificável, provavelmente, mas alguma coisa. E eu precisava saber o que era. E se alguém fosse saber o motivo, esse alguém seria a Lívia.

Mas, supostamente, eu tinha que saber o motivo. Mas eu não sabia. Porque aquela não era a realidade. Não antes, pelo menos e...Jesus, aquilo era tudo tão confuso para a minha cabeça associar!

Bufei de frustração e massageei minhas têmporas. Só de pensar em como eu iria lidar com toda aquela situação futuramente já me dava dor de cabeça.

– Foco, Nina – mandei, baixinho.

Eu precisava pensar. Como fazer a Lívia me contar quais eram meus motivos sem fazer ela achar que eu estava ficando louca? Ou melhor, ficando ainda mais louca?

Afinal, uma pessoa que faz o que eu fiz não bate 100% bem da cabeça e isso é um fato.

Mas que desculpa eu iria usar para descobrir?

– Livia...o motorista... – comecei a falar

– O Larry? – ela me interrompeu.

Fiquei um pouco surpresa. O quão próxima eu era daquele motorista que eu não tinha nem ideia de quem ele fosse direito?

– Você sabe o nome dele? – perguntei.

Ela me olhou como se eu tivesse dito que achava que Harry Potter fosse um lixo ou que eu matava filhotinhos de gatos nas minhas horas vagas.

– Pô, Nina, é o Larry. A gente adora o Larry!

Balancei a cabeça.

– Enfim...o Larry...contou que eu me machuquei?

– Não...você tá legal?

Eu não tenho nenhuma noção do que diabos tá acontecendo. E sim, tô ótima, amiga.

– Tô legal, mas...eu acabei caindo, me machucando, batendo a cabeça. Nada demais, sabe como é, vaso ruim não quebra amiga. Só que...refresque minha memória, por favor.Por que eu beijei o noivo da minha irmã no dia do casamento deles, mesmo?

No mesmo segundo ela respondeu:

– Primeiro: A Elisa é uma vadia. Segundo: Você é apaixonada pelo Henry.

Nesse segundo, alguém bateu na porta. E isso foi ótimo, porque eu estava prestes a me jogar da janelo do meu quarto.

(...)

– MARIA! – gritei, correndo para cima da mulher.

Ela cambaleou um pouco quando dei um abraço de urso enquanto tentava equilibrar a bandeja em uma só das mãos. Ela retribuiu o abraço do melhor jeito que pôde.

Maria me soltou e cumprimentou Lívia.

A observando, ela estava igualzinha a Maria que eu vi naquela manhã, antes de toda a confusão começar. Antes do Matheus se declarar para Lívia ou antes da minha Fada Madrinha aparecer com os meus três desejos. Uma senhora de uns 70 anos de idade, baixinha e meio corcunda, com cabelos claros e um óculos pendurado no pescoço.

Ela estava igualzinha. Fiquei extremamente feliz por isso. Mais do que o normal, Leitor. Tendo Maria, eu teria um pouco de casa e normalidade com isso.

Mas ela me bateu com o pano de prato no momento que colocou a bandeja da comida na mesa perto da cama.

– Ai, Maria – reclamei – Que diab...

– Isso foi pelo que aconteceu ontem, menina. Não é da minha conta a vida de vocês, mas te conheço desde pirralha, desde antes da vida tua família virar essa nova toda, desde quando você e a menina Elisa eram amigas e o que aconteceu ontem...tu me deixou decepcionada, menina. O que foi aquilo?

Ai.

Me sentei na cama com força, fazendo o colchão estremecer.

– Vou ir no banheiro enquanto vocês duas conversam – Lívia falou suavemente e foi embora para o banheiro logo em seguida.

Levantei os olhos. Maria usava um uniforme de empregada tradicional. Estranhei isso. Minha mãe nunca faria alguém usar um uniforme daqueles. Maria também estava com as mãos na cintura e me encarando intensamente.

– Não vai me responder, Nina?

– Maria, eu não sei. Desculpa. Eu realmente não sei o que dizer, não sei quais foram meus motivos, não sei o que eu to sentindo... eu mal sei o que eu fiz!

Ela me lançou um olhar entristecido.

– Você estragou o casamento da sua irmã, Nina.

Eu desabei a chorar.

Chorar por não saber o que estava acontecendo. Chorar por não saber o que iria acontecer. Chorar por ter estragado o casamento da minha irmã. Chorar por não ter lembrado de estragar o casamento da minha irmã. Chorar por estar, supostamente, apaixonada por um cara e nem saber a idade dele.

Chorar porque a vida é uma merda.

Tá que eu era rica pra cacete e eu tinha meus tios de volta mas...ah, tava uma merda também a situação geral. Você não concorda comigo, Leitor?

Maria me abraçou com força. Ela sempre foi uma segunda mãe para mim, trabalhando com a minha família desde pequena. Ela cuidou de mim, gravou o vídeo dos meus primeiros passos, cozinhou os bolos de todos os meus aniversários e me levou para todos os cantos.

E eu a decepcionei.

Ou outra versão minha.

Eu, de todo jeito.

(...)

Maria tinha ido embora, Lívia ainda estava no banheiro.

Eu não tinha nada para fazer no momento além de chorar ainda mais, então comecei a arrumar a minha cama, enquanto minha amiga ainda estava no banheiro.

– Nina, que saudade de você – ouvi uma voz masculina e arrastada, quase sussurrada, atrás de mim. Uma voz bonita, mas com um sotaque enorme, como se a pessoa falasse outra língua na realidade. Me virei, curiosa.

Reconheci imediatamente o rosto da pessoa. Henry. O tal noivo da Elisa que eu beijei no casamento.

Arregalei os olhos e mal tive tempo de fazer qualquer movimento, ele agiu mais rapidamente:Henry agarrou meu pescoço, me puxou para perto dele e tascou um beijo na minha boca.

Esse foi o momento que eu me perguntei que porra estava acontecendo na minha vida.


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