Quebrados escrita por Ellen Cravina


Capítulo 13
Cibele - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Avisando antecipadamente que eu vou demorar um pouquinho para postar os capítulos, porque a faculdade não me deixa ter um tempo livre, sabe como é né...
Então... já que eu vou demorar um pouco mais que o normal e esta parte já estava feita, vou deixar aqui para vocês como a PARTE 1. Tudo bem? Melhor que nada vai... ou melhor que esperar muito.
Espero que gostem e continuem mandando comentários, adoro saber que vocês estão lendo e apreciando o que leem xD... Até logo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/657738/chapter/13

Eu estava chorando e ainda nem tinha dado nenhum passo para dentro do quarto. A porta estava aberta e a primeira coisa que eu vi foi uma cama enorme bem feita, com o lençol branco e resplandecendo uma tranquilidade, paz e uma energia boa. A janela que cobria uma parede quase inteira, iluminava o local com o sol da tarde. Mas, não era isso, não era a cama ou a janela que me fez chorar... Era um porta-retratos do lado direito da cama, em cima de um criado-mudo retrô, que prendeu a minha respiração. Era eu. Eu e o Dante em um campo florido, abraçados apaixonadamente, sorrindo como nunca antes. Eu estava com os cabelos loiros, na minha cor natural. EU. Essa era eu, era o meu rosto, era o meu sorriso mais brilhante de todos os tempos e o meu relógio precioso no meu pulso, que ganhei da minha mãe. Eu estava nos braços dele, eu estava com ele.

—Por que...?- A minha voz não saía, eu entrei em choque e ele evitava o contato com os meus olhos. - Você e eu...?! Quem é Cibele então?!

—Você é, mamãe. Sofia Cibele Kannenberg. Papai estava cuidando de você. - O sorriso largo de Dyl fez meu coração amolecer. Eu tinha esquecido que ele ainda estava ali também, ao meu lado, nos observando . - Não é, papai?

Dante não disse nada, ele não queria me olhar de forma alguma, eu conseguia sentir a mudança nele de longe. Eram essas coisas que me tocavam nele. Eu percebia o que acontecia com ele, dentro dele, e eu me preocupava. Eu conhecia esse homem grande e com um passado obscuro . Ele nunca me disse, mas eu o conhecia, eu sabia que tudo mudaria à partir do momento em que ele levantou a cabeça e olhou para mim, no escritório, quando me contratou.

—Dante, por favor... - Tentei largar a mão dele, sentindo um desespero batendo no meu peito, mas os dedos que apertavam a minha carne ficaram cada vez mais firmes nos meus braços. Ele não ia me deixar ir. - Eu preciso ir, Dante... - Foi então que eu vi os olhos dele. Aquele olhar que me deixou preocupada, que me alfinetou mais uma vez. Ele estava se quebrando, apenas lentamente e em silêncio. As lágrimas mudas descendo lentamente e profundamente até a boca franzida, tremendo, querendo me dizer algo, contudo não podendo. Essa era a expressão mais terrível que eu já vi, era o medo mais temível de todos passando na minha frente. E ele fez eu me sentir horrível, cruel, desumana e insana. - Por favor, Dante, eu não posso. - Pedi, sentando no chão, arrastando ele comigo , fazendo-me ficar pior. Eu não queria descobrir o que iria vir depois, o que ele poderia significar para mim daqui para a frente. Eu não podia, eu não era forte o suficiente para isso... Para eles. Para o que eu fiz, para o que ele fez. Eu não queria saber de nada, eu só queria sumir dessa casa. Eu queria fugir.

—Mamãe, eu não quero que você vá. - A voz de Dyl fez os meus pensamentos desvanecerem e eu estava ali de novo, vendo ele chorar mais uma vez. Eu só fazia essa criança chorar...?

—Dyl, eu não posso...

—Mas papai disse que você ia ficar aqui para sempre com a gente, mamãe! - Eu olhei para o pai, antes de pensar em qualquer outra coisa. Dante disse...? Quando ou como? Eu não tinha como argumentar nada agora, porque ele não estava comigo. Ele não estava mentalmente bem, não estava presente como eu gostaria que estivesse. Não, ele tinha abaixado a cabeça e não me olhava. A imagem dele assim era lamentável. Ele estava se culpando, era assim que ele se redimia comigo. Eu, Cibele, eu o deixava fraco por algum motivo, deixando todas as barreiras expostas para mim. Era assim que ele lidava comigo e eu sabia disso, eu sentia isso... Eu só não sabia o porquê.

Dylan continuava chorando, envolvendo os seus pequenos bracinhos contra a minha barriga. Ele também não iria me deixar ir.

—Meu amor, eu não posso ficar... - Sussurrei para ele, tentando conseguir forças para afastá-lo, para não abraçá-lo novamente.

—Por favor, Cibele. - Dante pronunciou aquele nome dolorosamente para mim, soando estranho, depois apertou o meu rosto entre as suas mãos. - Você não pode deixar Dylan mais uma vez, meu amor... Por favor? Não por mim, mas por ele. Eu estou pedindo que você fique por ele, por favor.

—Eu nunca deixei ele, Dante. Eu não me lembro de nada. Eu não te conheço além de ser o meu chefe, eu não conheço Dyl além de ser o seu filho. Eu não posso. Eu não sei quem vocês são... - Eu o machuquei de novo, com as últimas palavras, eu sabia, eu o vi apertar os olhos e me soltar. A culpa me consumiu e eu levei um tapa na cara dela, quando Dyl me fitou com os mais adoráveis e límpidos olhos de todos.

—Você pode, mamãe. Eu não me importo se você não se lembra de mim, papai disse que você estava doente e não se lembrava de mim, mesmo. Tudo bem, não é papai? - Dyl tentou sorrir, mas eu sabia que ele também tinha se machucado com o que eu disse. - Eu não preciso que você se lembre, mamãe, eu estou bem. Eu só não quero que você vai embora, ok? - Ele levantou o mindinho de novo e eu hesitei. Eu não sabia o que fazer. - Eu vou para a escola todos os dias, sem reclamar e nunca mais vou bater em ninguém. Eu prometo. só não vai embora, por favor, mamãe? - O garotinho pegou a minha mão e ergueu o meu mindinho, entrelaçando com o dele. Ele estava sorrindo, tentando mostrar que estava tudo bem, mas não estava.

—Dyl, eu não sou a sua...

—Eu posso te chamar de "tia Sofi" se você não quer que eu te chame de "mamãe"... Eu só nunca chamei ninguém de mamãe, mas eu posso fazer isso, tia Sofi. - Ele sorriu meio complacente, dando-me mais um tapa na cara com as palavras fortes demais para uma criança da idade dele.
Como um garotinho conseguia fazer isso se nem eu ou o Dante estávamos sendo adultos o bastante para falarmos um com o outro? Como ele conseguia dizer essas coisas, as coisas que doíam?

—Você é a criança mais forte que eu já conheci em todos os tempos, sabia disso Dyl? - Puxei ele para um abraço e um beijo na testa.

—É porque eu sou o seu filho, mamãe. - Falou orgulhoso e essa resposta me doeu o coração. Como eu poderia abandonar essa criança ou ter abandonado?! 

—Você é filho do seu pai também, meu garotinho. - Eu sorri, encarando o homem que possivelmente era o meu marido. Ele ainda estava quebrado, olhando frágil para mim, assim como eu o olhava triste. No entanto, a criança em meus braços me mostrou que nem tudo estava perdido... Que nós ainda poderíamos nos consertar. Era o que eu tinha aprendido agora, com os meus erros de um passado vago. - Eu não vou fugir, não vou embora, Dante. - Estendi o braço e toquei gentilmente a mão dele, alisando a pele do meu marido, da pessoa que eu esqueci por completo. - Eu preciso da sua ajuda e você precisa da minha, mas eu quero as respostas também. As verdadeiras respostas. - Ele fechou os olhos, mais uma vez me evitando.

— Eu sei. - Foi apenas o que disse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não sei se ficou bom ou não Hahahaha...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quebrados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.