~ P. O. V. Kian - casa de Thath, 19:30 ~

–Kian... Vou ser bem sincera. Estou preocupada com você. – Thath me disse, séria.

–Fale-me o que te preocupa. – respondi, continuando a observar a lua.

Ok, vamos começar do começo.

Eu estava sentada em uma das camas do quarto de hóspedes da casa da Thath. A reunião acabou meio tarde, e seria perigoso até mesmo para um player de rank GS voltar para casa a partir das 19. Esse é o horário no qual as guildas de assassinos saem para “caçar”. Como eu sei disso? Posso dizer que já fiz parte de uma. Então, resolvemos dormir todos na casa de Thath; era a mais próxima e iríamos ficar lá de graça (tá difícil arrumar um trabalho atualmente, assassinos não nadam em dinheiro).

Agora, podemos voltar ao início.

–Kian... Vou ser bem sincera. Estou preocupada com você. – Thath me disse, séria.

–Fale-me o que te preocupa. – respondi, continuando a observar a lua.

–Você tem estado muito distraída ultimamente. Depois da reunião, só ficou olhando para o horizonte enquanto todos conversavam. – Ela comentou. – Não me diga que... – Ela deu um leve sorriso.

–Dizer o que?- perguntei, alheia ao seu sorriso meio malicioso.

–Você arrumou um novo trabalho superdifícil e está pensando como vai realizá-lo! Que legal, Kian! Se precisar da minha ajuda, estou aqui, okay!?- ela exclamou, animada.

–Não viaja, Thath! Um trabalho é o que eu mais estou precisando agora. Se você conhecer alguém que esteja interessado, me fale, por favor. – minha fala acabou com a alegria dela. Seu sorriso de alegria deu lugar a uma face meio preocupada.

–Pois é. Eu também estou sem muitos trabalhos... Acho que não tá fácil para ninguém. – Thath concordou, com um sorriso meio sério.

–Hey, girls! Sobre o que vocês tão conversando?- Jids se intrometeu (de novo) na conversa.

–Olá, Jids. – falei, séria, continuando a olhar para a lua.

–A Raposinha continua matando por diversão ou a fase psicopata já passou? – Jids perguntou, dando um sorriso sarcástico.

–Isso não te interessa, Jids. – Thath me defendeu. Eu sorri para ela, agradecendo.

–Não me interessa, é? Bom saber... Aliás, quem é aquele guerreiro rank A que está hospedado em sua casa? Uma nova vítima? Um novo brinquedo? Ou será que... A Raposinha arranjou um namorado?

Sério, eu não sei o que deu em mim, mas ataquei-o sem pensar. Quando percebi, minha 3ª cauda tinha servido como algemas para seus pulsos, a 1ª estava erguendo-o de cabeça para baixo e eu estava apontando uma faca em direção ao seu coração.

–Era melhor ter me deixado em paz. – disse, com um olhar psicopata. Soltei-o e andei em direção à porta. – Cuidado com o que diz. Sua boca grande pode te matar um dia. – saí do quarto, deixando Thath sozinha com aquele idiota.

~ P. O. V. Nikarel – 2 dias depois da saída de Kian~

Eu fiquei tão triste com a saída de Kian que não percebi que podia finalmente sair daqui – eu ainda era um prisioneiro dela, até já tínhamos esquecido isso. Então, dei uma escapada (resumindo: andei em uma direção aleatória até chegar a algum lugar), mas logo começou a anoitecer.

Essa foi a hora que eu pensei: “cara... Andei o dia inteiro e não vi um player sequer por aqui. Qual será a extensão do território de Kian?”. Foi só pensar que já surgiu uma menina meio perdida. Ela me perguntou algo como “para qual direção fica a cidade de Roth?”. Eu fui sincero e respondi que também estava perdido.

Eu deveria ter achado meio estranho na hora. Tipo... Uma pessoa aparecendo do nada em uma floresta. Se não é doida, só pode ser de uma guilda de assassinos! Mas eu fui lerdo o suficiente para não pensar nisso na hora, e, quando vi, estava cercado.

Shit. Holy shit.

“Merdamerdamerdamerdamerdamerdamerda!”, esse foi o meu pensamento. “Kian me odiaria se eu morresse agora. Preciso... Matá-los.”.

Puxei minha espada e me preparei para o combate. Meus inimigos tinham um level abaixo do meu, mas eram numerosos. Um veio em minha direção; esquivei de seu golpe e soquei-o na barriga. Outro veio depois; chutei-o, e, em seguida, cravei minha espada em seu peito. Não importa quantos viessem, teria que dar meu jeito e sobreviver a essa situação.

Quase todos estavam mortos quando eu vi... Não. Não pode ser. Estou ficando doido. Eu vi... Três caudas. Brancas.

Era Kian.

– O que diabos você está fazendo aqui?- perguntei, surpreso.

–Eu que te pergunto! – ela exclamou. Obviamente, estava brava comigo. – Bem, que seja. Pelo menos, você está vivo. – completou, dando uma punhalada em um carinha que estava se aproximando.

–Então... Vamos? Você deve estar cansada. – disse, indo em direção à nossa casa.