Época: Um mês após os acontecimentos do Star Fox Adventures.

Conforme aumentava o que Krystal sentia por Fox, também crescia nela a curiosidade de saber sobre o passado amoroso dele, já que eles ainda não haviam conversado sobre isso. Como ela não se considerava íntima o suficiente do líder do Star Fox para perguntar a ele sobre isso, a raposa preferiu conversar primeiro com algum amigo dele, mais especificamente com Falco, já que Peppy agora cuidava da Great Fox e Slippy era próximo demais de Fox, o que dificultaria falar com eles.

Após mais um treino realizado dentro da Great Fox, todos foram para a cozinha da nave-mãe beber água e discutir sobre o treino. Quando Falco saiu da cozinha e foi para seu quarto, Krystal esperou um pouco e foi tentar falar com ele. Chegando na frente da porta do quarto dele, ela olhou para os lados e, vendo que não havia ninguém por perto, bateu em sua porta.

— Quem é? — perguntou o falcão.

— Sou eu, Krystal. Posso falar com você um pouco?

— Deixa só eu vestir uma camiseta aqui... Pronto, pode entrar!

Krystal deu outra olhada para os lados e entrou. Após fechar a porta, ela disse:

— Então, Falco, nesses últimos dias eu comecei a pensar em um assunto que me deixou curiosa, mas... — e começou a olhar para o chão, demonstrando timidez. — Ah, não queria falar sobre isso com o Fox agora, então achei melhor vir falar com você primeiro... — e voltando a olhar para Falco, a raposa perguntou:

— Você sabe se o Fox já namorou alguma vez?

Nesse momento Falco ficou com uma expressão mais séria, ao mesmo tempo em que ele parecia pensar em algo. Olhando para baixo e coçando a cabeça, o falcão perguntou:

— Você ainda não falou com o Fox sobre isso, certo?

— Certo.

Falco, fazendo um sinal com a asa para Krystal esperar um pouco, abriu a porta e deu uma espiada no corredor para ver se havia alguém por perto. Como não havia ninguém, ele fechou a porta e sentou em sua cama.

— Sente-se na cadeira da minha escrivaninha — disse o falcão.

Enquanto a raposa obedecia e se sentava, Falco continuou:

— Krystal, ainda bem que você preferiu falar sobre isso com alguém antes de ir falar com o Fox... Tudo bem que eu sou o pior de todos daqui para falar de amor, eu sei, mas pelo menos posso te contar a história...

— História?

— É... — confirmou Falco, pensando em algo. — Eu acho que nem é uma boa falar disso aqui e agora. Amanhã é o dia que o Fox vai ter que ir para Corneria City gravar uma entrevista para um programa de televisão, certo?

— Acho que sim — respondeu Krystal, um pouco em dúvida.

— Perfeito! Vamos com ele, o esperamos no quartel de Corneria City e lá eu te explico tudo.

— Por mim tudo bem.

Falco se levantou, abriu a porta e mais uma vez espiou para ver se alguém estava por ali. Como estava tudo calmo, ele chamou Krystal para fora e, enquanto ela saia, continuou:

— Eu vou procurar o Fox para avisá-lo que enquanto ele estiver na entrevista, vou te dar um treino extra de como pilotar a Arwing, portanto aja naturalmente até amanhã.

No dia seguinte, após o almoço:

— Vamos, Falco, não é porque eu não queria ter que dar essa entrevista que vou chegar atrasado... — disse Fox, impaciente.

— Calma, Fox, você não espera nem eu calçar minhas botas direito! — exclamou Falco, enquanto vinha correndo na direção de Fox.

— É, Fox, esse é o preço de ficarmos salvando o Sistema Lylat sempre... — comentou Peppy, sorrindo.

— É, eu sei... Então você já sabe: Vou fazer a entrevista enquanto Falco e Krystal vão ficar treinando.

Após olhar para os lados e não encontrar Slippy, a raposa continuou:

— Não sei onde o Slippy se meteu, então diga para ele que eu disse tchau. Fique cuidando de tudo aqui.

— Pode deixar, e não fale nenhuma bobagem na entrevista, ok? — brincou Peppy.

Fox riu e os três foram até suas Arwings para irem em direção à Corneria. Chegando no quartel de Corneria City, o líder do Star Fox avisou:

— Podem treinar no quartel o quanto vocês quiserem, pois quando terminar minha entrevista eu volto para cá e, dependendo do horário, ainda treino um pouco com vocês.

— Tudo bem, divirta-se lá! — falou Krystal.

— Vou tentar... — disse Fox, não parecendo muito animado para a entrevista.

Após o líder do Star Fox sair do quartel, Falco levou Krystal até um local onde havia uma grande placa de bronze cheia de nomes e escrito em letras grandes na parte superior: "Em memória de...". Neste momento, a raposa entendeu do que a tal história se tratava e, em tom de tristeza, falou:

— Falco, não me diga que...

— Sim... — confirmou o falcão, enquanto caminhava na direção da placa. — Deixe-me ver se eu acho aqui... Cadê a letra P... Aqui!

Enquanto Krystal também se aproximava da placa, Falco continuou:

— Fara Phoenix, esse era o nome do primeiro amor do Fox...

Nisso Falco parou de falar, apenas ficou com os olhos fixos no nome da garota. Krystal até pensou em usar seus poderes para saber o que ele pensava naquele momento, mas achou melhor não fazer isso ao perceber que cada vez mais o falcão ia ficando com uma expressão de tristeza. Ele, passando a olhar para o céu, respirou fundo e, com um tom de voz triste, continuou:

— Todo mundo gostava dela, lógico que só o Fox como namorada, mas ainda assim ela era querida por todos...

Falco fez um breve silêncio e continuou:

— Ela não merecia ter o fim que teve, com certeza não...

— Posso saber o que aconteceu?

— Sim — respondeu Falco, olhando para Krystal. — Lógico que não dá para contar tudo agora porque não iria dar tempo, mas indo ao que interessa, a Fara foi o quinto membro do Star Fox bem no começo do time... Ela até participou de duas missões: Uma em que fomos até Venom derrotar pela primeira vez Andross, na forma dele de amplificador telecinético, e depois na resposta dele a isso quando ele invadiu Papetoon, o problema foi na terceira missão nossa juntos... Os militares nos mandaram investigar uma atividade suspeita em Sector Y, e chegando lá tinha um grande robô que na hora nós não tínhamos nenhuma ideia do que se tratava, só dias depois ficamos sabendo que ele era um protótipo do Shogun, que enfrentamos alguns meses depois quando derrotamos o Andross de verdade mesmo... Durante o combate, Fox e eu atacamos o protótipo sem nenhum problema, mas quando ela o atacou ele explodiu, não sei porquê...

Outra vez o falcão fez um breve silêncio antes de continuar:

— Foi tudo rápido demais: Ela o atacou, o Shogun explodiu e a Arwing dela bateu violentamente na base onde ele estava... Na hora ficamos totalmente desesperados, principalmente o Fox que imediatamente gritou para o Peppy e o Slippy ficarem por lá e avisarem o quartel. Depois que ele arrumou um espaço para pousar a Arwing dele e pegar a Fara, ele gritou para que eu fosse abrindo caminho até o principal hospital de Corneria City...

Mais um breve silêncio se fez antes que Falco retornasse a contar a história:

— Como o estado dela era crítico, a colocaram em coma para ver se ela melhorava, e para piorar o General Pepper entrou na história acusando publicamente Andross de ter feito isso propositalmente. O cientista se defendeu dizendo não imaginar que o protótipo iria causar isso, e depois de várias acusações dos dois lados, Andross decidiu declarar guerra contra Corneria, dando início a nossa primeira grande missão... A Fara até foi melhorando aos poucos, tanto é que ela chegou a sair do estado crítico e os médicos começaram a ter esperança na recuperação total dela, porém mais ou menos um mês depois de voltarmos vitoriosos da guerra, ela voltou a piorar, se eu não me engano por ter parado de responder à medicação, e alguns dias depois ela acabou morrendo...

Nesse momento fez-se um silêncio bem maior que das outras vezes. Falco, já visivelmente abalado, se virou, abaixou a cabeça e passou uma das asas em seus olhos. Virou-se novamente para Krystal, que também já estava com os olhos cheios de lagrimas, e continuou:

— Foram tempos bem complicados... Para complicar, tivemos que passar uma imagem de força não só para todo o Sistema Lylat, que também sentiu o golpe, mas principalmente para as duas novatas que estavam estagiando no time naquela época, mas pelo visto não deu certo, pois elas não ficaram no Star Fox...

Após um breve silêncio, Falco finalizou, tentando quebrar um pouco do clima tenso que estava ali:

— Pode falar alguma coisa também, Krystal, já não aguento mais apenas eu falando aqui!

— Nem sei o que falar... — respondeu a raposa, também abalada. — No fim a explosão foi culpa do Andross mesmo?

— Até fizeram uma perícia no que sobrou do protótipo, mas nunca chegaram a uma conclusão... Mais algum comentário?

— Não.

— Então vamos dar uma lavada nos nossos rostos e fingir que essa conversa não aconteceu, para podermos treinar antes que o Fox chegue! — sugeriu Falco.

Após ambos se recomporem, o falcão disse, antes de começar o treino:

— Só para finalizar, desde quando tudo isso aconteceu falar da Fara é praticamente proibido no Star Fox, mas estou te passando essas informações porque sei que você pode ajudar o Fox a superar isso completamente... Qualquer dia tente falar sobre isso com ele, deixe ele se abrir com você, porque isso pode até ajudar vocês dois terem um relacionamento algum dia, e não adianta negar, porque sei que vocês se gostam! Também não fique chateada caso ele desconverse sobre esse assunto ou até mesmo fale que você vai ser a primeira namorada dele, é que o Fox odeia falar da morte de alguém próximo...

— Ninguém gosta de falar sobre isso... — completou Krystal. — Muito obrigada mesmo, Falco, nem sei como te agradecer por tudo isso...

— Honre o lugar que era do Peppy no Star Fox e ajude esse time melhorar a cada dia, assim você vai estar me retribuindo... — respondeu Falco, enquanto montava em sua Arwing. — Agora vamos logo para o treino, pois eu não aguento mais todo esse nosso falatório!

Ao retornar da entrevista, Fox não aguentou apenas olhar seus companheiros de time treinando e decidiu participar também, até dar um horário próximo do jantar. Após o treino e a janta, como Falco e Slippy se ofereceram para cuidar da louça suja, o líder do Star Fox foi para seu quarto, e como Krystal queria resolver esse assunto o mais rápido possível, foi até o quarto dele para conversarem.

— Quem é? — perguntou Fox, ao ouvir batidas na porta do seu quarto.

— Sou eu — respondeu Krystal. — Posso entrar?

— Sim, a porta está destrancada.

Krystal entrou, fechou a porta, se aproximou de Fox e, um pouco tímida, disse:

— Fox, eu... Eu queria te fazer uma pergunta...

— Pode perguntar, Krystal, sem problemas.

— É que com tudo o que aconteceu no último mês, nós nos aproximando cada vez mais, eu acabei ficando com essa curiosidade. Você já namorou alguma vez? — perguntou a raposa, claramente envergonhada.

Neste momento, o leve sorriso tímido que Fox possuía por estar próximo de Krystal se transformou em uma expressão séria. Após um instante de silêncio, ele sentou em sua cama e, olhando para a parede, perguntou com um tom de voz tenso:

— Você já namorou alguma vez?

— Não. Nem tinha como, quando ocorreu em Cerinia tudo o que eu já te disse eu ainda era bem nova, então cresci com os dinossauros em Sauria...

Fox continuava olhando para a parede, enquanto apertava com força o lençol de sua cama com suas patas. Após um longo silêncio, Krystal, levemente chateada, decidiu falar:

— Bom, me desculpe se te perguntei algo que não deveria... Vou indo então, am...

— Não, espere... — interrompeu Fox, enquanto voltava a olhar para a raposa. — Eu acho que uma hora ou outra vou ter que te contar essa história, então sente-se aqui comigo.

Após Krystal sentar em sua cama, o líder do Star Fox continuou:

— Faz bastante tempo, oito anos... Ela se chamava Fara, Fara Phoenix, e era muito linda, bem parecida com minha mãe...

A partir daí a raposa passou a contar com um pouco mais de detalhes a mesma história que Falco havia contado à tarde, até o ponto onde ele também havia parado referente a morte da Fara... Nessa hora, após ter feito um grande esforço para não chorar durante a história, Fox deu um forte soco em sua cama e começou a chorar como uma criança. Krystal, novamente comovida pela história, deu um forte abraço no líder do Star Fox, que retribuiu abraçando-a forte também e mantendo-a em seus braços por alguns minutos, enquanto chorava no ombro dela. Após o longo abraço, Fox, já bem mais calmo e enxugando algumas lágrimas com sua pata, continuou:

— Infelizmente nós dois sabemos bem que perder alguém tão próximo de nós deixa algumas feridas que nunca param de doer, não é?

— Nem me fale... — confirmou Krystal, enquanto olhava para o alto e suspirava.

Quando a raposa voltou a olhar para Fox, ela percebeu que ele a olhava com um olhar bem suave, pouco aparentando que minutos antes ele chorava dolorosamente. Fazendo um carinho no rosto de Krystal, o líder do Star Fox carinhosamente falou:

— Mas ao menos um dia encontrei alguém que está me ajudando bem a cicatrizar uma dessas feridas... Você não imagina o quão bem você me faz...

— Você também me faz muito bem... — respondeu a raposa, envergonhada.

Após trocarem um beijo e um "eu te amo", os dois ficaram se olhando por alguns minutos, com uma das patas dadas e um leve sorriso em seus rostos, até que Krystal falou:

— Eu vou para meu quarto agora, preciso descansar depois do treino de hoje...

— Já? — perguntou Fox, chateado, mas logo após, demonstrando um pouco mais de conformismo, ele continuou:

— Tudo bem, várias vezes já treinei individualmente com Falco e sei o quanto ele exige nesses treinos... Boa noite e bom descanso!

— Para você também!

Ao chegar em seu quarto, Krystal fez uma oração sauriana pela alma de Fara e depois ficou pensando em Fox, principalmente no fato de querer passar o resto da sua vida ao lado dele.