A Sleepless Ghost escrita por Izzy Aguecheek


Capítulo 1
Is like forgetting the words to your favorite song


Notas iniciais do capítulo

De novo, eu postando na categoria flopada! Uma coisa bem curtinha mesmo, dessa vez. Não tem realmente um plot, é mais uma cena solta, mas eu imagino que seja em algum momento entre Ladrões de Sonhos e Lírio Azul, Azul Lírio.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/657336/chapter/1

“It occurred to me that if I were a ghost, this ambiance was what I'd miss most: the ordinary, day-to-day bustle of the living. Ghosts long, I'm sure, for the stupidest, most unremarkable things.”

(Ocorreu-me que, se eu fosse um fantasma, essa atmosfera seria do que eu mais sentiria falta: o normal, dia-a-dia alvoroço de viver. Fantasmas anseiam, eu tenho certeza, pelas mais estúpidas, fáceis de esquecer coisas.)

– Banana Yoshimoto, The Lake

–--

"Toda cidade é um fantasma"

– Libba Bray, Lair of Dreams

–--

No prédio da Indústria Monmouth, dificilmente havia alguém dormindo, e era por isso que Noah não precisava se preocupar em acordar Gansey quando decidiu procurá-lo naquela noite. Mesmo assim, ele andava com cuidado e tentando não fazer barulho, por puro hábito. Não que Noah ainda fizesse muito barulho. Ou que as pessoas notassem a presença dele o suficiente para se incomodar se ele fazia barulho.

Gansey estava ajoelhado ao lado da maquete de Henrietta, os óculos pendurados na ponta do nariz enquanto ele colava cuidadosamente um dos prédios de papelão no lugar. Havia algo sobre aquele Gansey, o Gansey das madrugadas de insônia, que dava certo conforto a Noah. Aquele Gansey não era como Ronan, permanecendo acordado para fugir de alguma coisa. Ele era um pouco como Noah. Um pouco perdido. Permanecendo acordado simplesmente porque não podia dormir.

Gansey não ergueu os olhos quando Noah entrou. Noah disse:

– Oi.

O olhar que Gansey lhe dirigiu exibia surpresa, mas era o mesmo tipo de surpresa que exibiria se fosse Adam ou Ronan, embora Noah suspeitasse que Blue causaria uma surpresa especial.

– Noah – disse ele, com suavidade. Ele indicou a maquete parcialmente restaurada. – Eu estava tentando consertar isso.

Noah assentiu e se ajoelhou ao lado dele, em silêncio. Gansey analisou o edifício que havia acabado de colocar no lugar e suspirou, se sentando de pernas cruzadas no chão.

– Tenho a impressão de que nunca vou terminar – admitiu. Noah olhou para ele, curioso.

– De consertar a maquete?

– A própria maquete – Gansey deu de ombros e ajeitou os óculos no nariz. – Mesmo se não tivesse sido quebrada, eu acho que não teria terminado.

– Eu acho que você não quer terminá-la.

Eles ficaram em silêncio por alguns minutos. Noah se cansou de observar Gansey observar a maquete e começou a dar voltas pelo quarto, parando aqui e ali para analisar lombadas de livros e esboços de mapas. Blue adoraria catalogar todos, se tivesse a chance. Por fim, ele parou junto à janela e admirou a vista de Henrietta à noite.

Ele se lembrava de como Henrietta tinha sido, e era por isso que não tinha ficado surpreso com o que ela se tornara; as coisas importantes permaneciam iguais. Luzes noturnas, poeira, histórias. Corridas noturnas e fogos de artifício ilegais. Uma escola com aulas de latim. Corvos e magia. Garotos ricos em carros caros. Às vezes, em noites como aquela, Noah sentia falta de seu Mustang, de dirigi-lo em alta velocidade pelas ruas silenciosas, com o calor do verão entrando pela janela e o de Barrington Whelk ao seu lado.

Era um luxo que ele raramente se permitia, pensar em como as coisas costumavam ser. Mas, ali, com o Gansey das noites insones, Noah achava aquilo libertador. Ele deveria odiar Gansey, como Whelk odiara, e o fato de não odiar fazia com que se sentisse mais humano. Menos como um fantasma.

Gansey finalmente rompeu o silêncio:

– O que eu vou fazer quando não conseguir dormir, se eu terminar a maquete?

Noah se jogou no colchão vazio no meio da sala e fechou os olhos. Quando respondeu, sua voz estava abafada pelo travesseiro:

– Ligar para a Blue?

Gansey suspirou. Ele sabia que era inútil negar; nem fazia sentido, àquela altura.

– É. Acho que sim.

Noah não respondeu, nem abriu os olhos, nem se levantou; estava fingindo que tinha adormecido. Da mesma forma como reencenava sua morte, ele gostava de reencenar pequenas partes de sua vida - e as pequenas partes eram tudo o que havia sobrado, de qualquer jeito, com o Mustang perdido e Whelk morto. Com Noah morto.

Ele ainda não tinha se movido quando Gansey deixou a maquete de lado e se deitou ao lado dele no colchão. Noah tinha plena consciência de que era frio, e não teria culpado o outro por se afastar, mas Gansey permaneceu próximo mesmo assim. Grato, Noah esperou até que ele adormecesse para desaparecer outra vez.

Noah nunca conseguiria odiar Gansey, ou Ronan, ou Adam, ou mesmo Blue. Ele não conseguia nem odiar Whelk, que havia tirado sua vida. Não poderia odiar aqueles que lhe deram uma nova oportunidade – uma segunda vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Meio aleatório, eu sei, mas fiquei realmente entretida escrevendo isso. Alguma opinião? Esse fandom ainda existe? :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Sleepless Ghost" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.