...

Onde eu estou?

...

Está diferente. Esse não é o meu quarto.

Onde eu fui parar?

Ontem...

Eu...

Eu...

Eu não acredito que eu tô no...

...quarto do Yosaflame!!!

Puta que pariu....

O que aconteceu?

Derrepente eu tenho alguns flashebacks na minha mente.

Yosaflame e eu estavamos juntos.

Eu não acredito que...

Minha Etihw do céu!!!

Eu...

Eu...

Eu dormi com o Yosaflame!!!

...

— Se acalme. - disse ele com uma expressão séria tomando seu café em uma xícara.

— Eu... EU me acalmar? O que eu estava com a cabeça quando resolvi fazer isso?

— O quê? - me olhou de lado.

— Rá rá, muito engraçado.

— Realmente... - ele pousou delicadamente a sua xícara grossa de café na mesa e desfez a posição de pernas cruzadas. - você chama 'aquilo' de isso? - pegou um cubo de açucar rápido e jogou pelos ares.

— Não... Eu não disse isso.

— Então, aquilo poderia ser representado como uma simples palavra chamada 'aquilo' ?

— Talvez...

— Talvez? ....Você teria uma palavra melhor?

— Não.

— Ah, eu pensava que você poderia me dizer, o que foi 'aquilo', para você.

—... Não posso dizer isso.

— Então foi tão ruim assim?

— Não. Não foi.

— ... - Ele continuou me encarando esperando uma resposta.

— Fo...foi... Bom... - eu gaguejei de tanta vergonha.

Ele soltou um rápido sorriso no canto da boca e voltou a tomar o seu café.

Começei a reparar o grande quarto dele.

Era dividido por uma porta, do lado atrás de mim, o seu quarto e na minha frente, a sala.

Era preto, cinza e com alguns detalhes vermelhos nas bordas dos losangos desenhados.

Uma pequena cozinha. Um grande armário.

Uma lareira com chamas verdes, bem mais fracas que ontem...

Puta Que Pariu... Eu me lembro daquela porra...

Eu e Yosaflame, entramos escondidos no castelo.

Passamos pelos corredores no total silêncio.

Entramos em seu quarto e...

Quando entramos, eu acho que perdi a cabeça e avancei para cima dele.

Cara... Eu não sei o que ouve comigo...

Mas me lembro de quase tudo...

Seu corpo sobre o meu.

A trança de seu cabelo se desfez caindo sobre mim mostrando uma tonalidade de cor verde maçã e vermelho se misturando...

Suas asas se abrindo, que tinham as mesmas cores que seus cabelos.

Seu fogo laranja saindo de sua boca a cada vez que respirava quase tomando conta do meu corpo...

Eu nunca tinha visto ele soltar um fogo daquela cor.

E por mais incrível que fosse, ele não me queimava... Talvez o seu fogo tenha mudado por minha causa...

Mas eu poderia dizer uma coisa... Você realmente me levou a loucura ontem à noite.

Isso eu não posso negar.

— Você tá bem? - disse ele me olhando.

— Estou!!! - respondi rapidamente.

— Você está com vergonha até agora? - disse ele por fim dando uma gargalhada.

— Cale a boca... - resmungo.

— Você é muito estranho, Sherbet.

— ..... - fico fazendo barulho de resmungo.

— Porque ainda está com vergonha?

— ... Por nada não... - digo resmungando olhando para cima.

— Sherbet, é melhor colocar uma roupa mais apropriada para tomar café-da-manhã, não acha? - agora era ele que estava envergonhado...

Nesse exato momento me lembro que estou com um lençol enrolado no meu corpo...

Eu tinha saido da cama e aberto a porta sem me tocar no que estava vestindo.

Eu corri super envergonhado para o quarto novamente batendo a porta.

Só escutei ele rindo...

— Você realmente não tem jeito, não é mesmo? - disse se aproximando do quarto e abrindo a porta. - ontem mesmo quando estávamos correndo no castelo, você tropeçou no ar, cinco vezes!!! Inacreditável... Kkkk.

— ... Acabou?.... Me deixe colocar minhas roupas?

— Nossa, que chato você é... - disse me dando língua. - nem parece que ontem era você que...

— Chega... Não quero saber... Por favor, me deixe sozinho por um instante...

— ... Desculpa. - disse ele meio sem graça.

— Eu já sei o que houve ontem... Não precisa me lembrar...

— Sherby...

— Eu posso colocar minha roupa em paz?

— .....Claro.

Simplesmente disse bem baixo e em seguida fechou a porta.

Poxa, eu só quero ficar um pouco sozinho com os meus pensamentos... E refletir sobre meus atos de ontem...

Talvez eu tenha sido muito duro com ele.

...

...

Já vesti tudo... Falta uma coisa, mas não está aqui...

....

Cadê meu cachecol????

Começo a revirar o quarto procurando...

Cadê...

Cadê...

...

Arff...

— Yosaflame, você sabe onde está meu cachecol cinza? - digo em voz alta.

Sem resposta.

— Yosaflame???

Abro devagar a porta... Ele não está mais sentado na mesa...

Ele foi embora?

Abri totalmente a porta.

— Yosaflame, onde você?...

Chego perto da mesa e lá está ele, o cachecol junto com um bilhete.

" A culpa é minha por ter feito aquilo com você ontem, eu não sabia o que estava fazendo. Me desculpe, Sherbet.
Obs: Achei melhor te deixar sozinho para poder pensar. Fui sair para comprar mais café. Acabou. "

...

Aff...

Acho melhor eu ficar aqui dentro, se eu sair pode ser um problema. Se alguém chegar eu me escondo debaixo da cama.

...

Tá calor!!

Sinceramente eu terei que usar meu poder para gelar esse lugar...

Realmente aquele lugar começou a ficar quente...

Eu to no inferno... O quê mais esperaria?

Como ele consegue ficar em um lugar desses?

Nossa senhora...

Desabotoei um pouco meu sobretudo branco...

Eu realmente não estou afim de usar meu poder para gelar esse lugar, senão eu vou congelar tudo...

Arff...

Me encostei na parede perto da mesa.

O chão era gelado, menos mal !

...

Destrancaram a porta.

Eu nem sabia que ele tinha trancado.

— Sherbet? Eu já chegu... - ele ficou me encarando novamente daquele jeito.

— O que foi?

— ... Sherbet, por favor... Ajeite suas roupas, é torturante para mim vê-lo desse jeito. - ele parecia triste.

— O que tem de mais nisso? Não sou uma mulher para ficar escondendo meu corpo para outro homem.

— Sério?... - disse andando até a cozinha.

— ... Não entendi o motivo da pergunta...

— Sabe que é perigoso né? ficar assim...

— Bem, para mim não há nada de perigoso. Além do mais, se alguém for nos atacar, você pode muito bem nos defender. - disse me levantando.

— Acho que não... - disse olhando para trás sobre o ombro.

— E eu acho que sim. A não ser que você esteja insinuado alguma coisa... - disse com ironia.

Ele parou o que estava fazendo e veio até mim. Ficou parado ali me olhando.

— O que foi? Ficou com raiva?

— Não... Apenas acho que se eu fizesse tudo que você mandasse... eu estaria no mesmo lugar que agora?

— Talvez...

— Talvez? Sherbet, as vezes sua ironia é estressante.

— E eu com isso?

— Sherbet....

— O que foi?

...

...

Esse foi o tempo em que ele se moveu rápido até mim e me beijou.

Deveria ser um beijo leve, mas fui eu que dei o impulso para nos beijarmos um pouco mais... Só um pouco mais forte... Forcei ele a abrir a boca com apenas um movimento, ele já sabia o que eu queria.

Eu mantive meus braços entre nós, mas me segurei nos seus ombros, perto do pescoço tentando impedir que ele se distância-se. Suas mãos que se antes me segurava pela cabeça, se apertavam, me fechando, me impedindo de sair também.

Interrompi o beijo buscando ar, eu estava ofegante, assim como ele, que estava soltando o mesmo fogo laranja de ontem.

Ele me olhava com uma intensidade, que demonstrava que queria mais.

Muito mais.

Eu não conseguiria resistir a àqueles olhos demoníacos transmitindo aquele olhar de desejo à mim.

Tampei um pouco minha boca... Estava saindo ar gelado dela...

Não sabíamos o que dizer. Ficamos um tempo nos olhando.

— ... Yosa...

— Sshhiii... - disse ele pegando em minha mão e a entrelaçando na sua e me beijando novamente.

Palavras não poderiam ser ditas naquele momento.

Não precisaríamos delas, só nossos olhares já diziam o que realmente queríamos.

Nós queríamos repetir a dose da tentação.

E repetimos, sem pestanejar.

Yosaflame retirando minhas roupas, me beijando, me tocando com aquelas mãos sutis e quentes, repetindo em sussurros o meu nome...

E eu retribuindo os beijos, me agarrando em seus longos cabelos e olhando fixamente em seus olhos cheios de paixão.

Eu me entreguei.

Ele tentou ser gentil comigo, mas seu corpo e sua mente não queriam esperar por nem mais um minuto as minhas vontades.

Ele usou a parede como apoio, não me deixando resistir à seu corpo perto do meu.

Eu suspirei por tantas vezes que a cada vez eu suspirava meu ar se misturava com o seu fogo e fazia fumaça entre nós.

Estava tão quente e que me fez vontade de querer explodir de tão bom que era toca-lo.

— Sherbet... Sherbet...

E dizia várias vezes em meu ouvido... Respirando com fogo me fazendo tremer a cada respiração.

Por um instante eu quis me segurar com mais força em seu corpo, mas sem querer eu acabei machucando uma das suas asas, eu já estava me segurando nelas e acabei quase às arranhando...

— D...ói... Sherbet...

— Me..Me desculpe...

Ele nem respondeu, foi na minha asa direita e a mordeu com força, me fazendo gritar e tremer...

— Masoquista... - disse em um tom mais safado e me encarou, esperando que eu o olha-se.

Eu o olhei me segurando em seus chifres, ele veio até mim, com um pouco de sangue escorrendo do lado da boca, da mesma cor que seus olhos... Meus braços subiram com o movimento, eu os coloquei no seu ombro novamente e tremi, porque sua pele estava pegando fogo, mas do que tudo, somente ali nos ombros...

— Porque ... Está tão quent...

Mas logo me interrompeu com um beijo forte e desesperado.

Eu tinha me esquecido completamente do que tinha sentido ontem.

Por estranho que fosse, era amor.

Eu poderia dizer que é paixão, mas é um sentimento tão mais profundo, que eu não consigo suportar dentro de mim...

— Yosa... Eu te... Amo...— só consegui dizer isso, as palavras fugiam em meus suspiros.

Ele me abraçou com o seu corpo de uma forma que eu não conseguia nem me ligar nos meus próprios pensamentos.

— Sherbet... Sherb...et...

Sua voz me deixava doido, era tão triste e cheia de desejo.

Eu queria mais... Dele. Apenas dele. Somente dele.

Meu demônio, somente você seria capaz de me fazer sofrer e ao mesmo tempo me fazer amá-lo...

Não saia de perto de mim... Nunca mais.

— Me... Prome...ta... Fique comigo...

— Para sempre...— disse no mesmo instante em que terminei de falar.

Quando disse isso eu começei a chorar em seu ombro e ele me apertou em seus braços com mais força.

Eu chorei de amor.

Eu não aguentei aquele sentimento dentro de mim por muito tempo...

— Y..osaflame! .... Yo...saflame!!

Ele me agarrou com força, eu não controlava mais nada, era ele que comandava meu corpo...

Eu não disse mais cedo, mas a outra palavra que substituiria o que estamos fazendo... Não existe.

Não há nenhuma palavra que possa dizer o quanto é bom fazer isso com você, meu demônio.

Nenhuma palavra se iguala à isso.

Nenhuma.

...

...

( sensurado )

...

...

Acordo com algo me fazendo carinho.

Yosaflame.

Estavamos sentados no chão com apenas uma capa preta-vemelha escondendo nossa nudez.

Eu estava com a minha cabeça apoiada um pouco abaixo do seu ombro.

— Por quanto tempo eu dormi? - disse finalmente para quebrar o silêncio.

— Hum... Talvez... 5 mim? - disse um pouco vermelho.

— Quê?

— É você dormiu um pouco...

— ... - ele continuava vermelho, parecia inquieto.

— ... - ele percebeu que eu estava olhando para ele e olhou para outro lado escondendo sua timidez.

— O que foi? Porque está tão tímido, Yosaflame?

— Quem? Eu?

— Não, minha vó... Claro que é você!!

— É estranho...

— O quê?

— Você desse jeito... Me deixa encabulado... Sei lá...

— Então é você que fica envergonhado o tempo todo... E depois vem falar que sou eu...

— Sherbet!! - agora ficou que nem um tomate.

— Que foi? Estou errado?

— Não... Não está... - resmungou.

— ... Vamos ver quanto tempo você aguenta...

— Por favor!!! Coloque uma roupa e saia de cima de mim...

— kkkk, porque não colocou antes?

— Eu... Não queria te acordar...

— Boa desculpa...

— É sério... Rs, não sei como que você conseguiria dormir tão facilmente...

— Me desculpe por minhas manias... Vai pedir o divórcio?

— kkkkkkk.

Sem perceber começamos a rir com algo tão bobo.

Ainda um pouco felizes, colocamos as roupas um no outro, claro, com várias críticas de vestuário...

— Um terno? E uma capa? E rasgada ainda por cima...

— Que foi? Eu gosto dessa capa... Meu fogo que deu esse efeito nela...

— Tá explicado o porquê...

— Não é legal? - ele sorriu feito criança.

— Parece um mendigo... - seu sorriso sumiu...

— Rs, cala a boca... E você?

— O que tem eu?

— Esse sobretudo chamativo demais?

— É cinza claro, só isso.

— Muito chamativo...

— Claro, não é uma cor que você está acostumado...

...

Rimos novamente...

...

No meio do riso ele me deu um beijo na testa e um em minha auréola.

Eu fiquei com o meu rosto quente quando chegou perto de mim novamente.

— Yo...saf?

— Eu te amo, muito...

— ... Eu sei...

— Eu não sei o que seria de mim se eu não tivesse te conhecido...

— Eu também não...

Nos beijamos carinhosamente, até que...

...

Tumk. Tumk.

Duas batidas fortes na porta.

— Yosaflame!!! Atenda a porta!!! É uma ordem!!

...

Yosaflame me olhou e sussurou algumas palavras e eu corri para o armário.

Eu só escutei ele abrir a porta e uma voz muito reconhecida do meu passado começou a falar :

— Onde você esteve esse tempo todo? - parecia zangado.

— Eu estava aqui, pensando em como pegar o inimigo de surpresa...

— ... Porquê não me avisou que Lost estava no hospital?

— Pensei que Arbus e Ater já o tinha avisado.

— Elas disseram-me que você saiu do hospital com uma cara que parecia ter visto um fantasma.

— Elas devem estar pensando coisas... Eu só estava cansado... O dia foi longo ontem.

— Eu sei... São muitas perdas, principalmente de Cranber... Ah... Ela queria se casar com você não era? Me desculpe ter te incomodado. Eu pensei que você estava doente.

— Tudo bem, Kcalb. Espero que entenda o meu luto.

— Vou te deixar em paz por um dia, pode ficar de luto.

— Obrigada, mestre.

Kcalb fechou a porta e Yosaflame correu e a trancou.

Uffa... Agora eu posso sair...

— Ainda não... - sussurou baixo o suficiente para que eu conseguisse escutar.

Ele andou pela casa, parou, sentou-se na mesa e fingiu que estava chorando.

Era estranho mas senti que alguém estava do lado de fora, pois em menos de 2 minutos eu escutei passos se distanciando...

Agora foi embora...

...

Yosaflame ainda chorando foi para seu quarto e fechou a porta.

...

Eu senti... Pela primeira vez alguém olhando a janela da porta...

Era somente um homem da mesma idade que Yosaf, mas seu cabelo era totalmente branco, sem falar que seus olhos eram totalmente negros, com apenas a íris branca... Que medo...

Por quanto tempo ele vai ficar al...

Ele suspirou, se virou e foi embora, meio tiste.

Eu esperei mais três minutos...

Yosaflame abriu a porta do quarto, foi até a porta da frente, à abriu, fumou um pouco e fez uma barreira em volta da porta, na janela, para ser mais específico...

Fechou a porta e veio até mim. Me tirou de dentro do armário do lado da cozinha, de frente para a porta.

— Coloquei um feitiço muito forte na porta, as pessoas que olharem pela janelinha não vão ver nada aqui dentro... E eu vou saber quem está chegando...

— Que bom...

— Sherbet, é perigoso você ficar aqui...

— Eu sei, mas... Eu quero...

— Eu também quero... Mas não quero que você morra.

— Eu não vou morrer tão facilmente, você sabe disso.

— É claro que sei. - ele me abraçou fazendo com que eu apoiasse em seu ombro...

— ... Yosaf?

— Hum...o quê foi?

— Posso ir manhã?

— Claro.

...

Aqueles dois amantes permaneceram ali, por um bom tempo...

Sem se importarem com suas diferenças ou nem mesmo com a palavra " inimigo ".

Para eles o suficiente era que estavam...

Juntos.