...

Faltava muito pouco para terminar a "nossa" casa.

Eu estava animado...

Mas ele continuava com aquela cara para baixo.

Eu tenho que anima-lo!!!

Sem querer eu acho que me empolguei com meus pensamentos que ele ficou me olhando como se eu tivesse algum problema mental.

– Você está bem?

– estou... Estou... - voltei à varrer.

...

Me deixa triste a forma que ele anda meio para baixo.

Não sei se deveria anima-lo...

...

Olhei para ele um instante.

Ele parecia um pouco cambaleante.

– Sherbet? - ele ia desmaiar.

Corri e o segurei antes que caísse.

– Sherbet! Você está bem? Está?

Inconsciente.

Eu o carreguei e o coloquei na cama que trouxemos.

Uma cama que parecia velha, mas a arrumamos.

Ele dormia tranquilo.

Estava cansado ao extremo.

Resolvi deixá-lo ali em paz e terminar as tarefas da arrumação da casa.

Mas antes de eu sequer levantar, Eu sinto sua presença antes mesmo de me avisar.

– Miauuu... - um gato preto.

Olho por um momento a criatura de olhos vermelhos.

– diga.

– Kcalb irá acabar com Etihw amanhã. Ele está decidido. Você tem que sair daqui. Ele vai destruir tudo.

– Eu não irei.

– Sua teimosia será a sua ruína. Volte... Por favor.

– Eu não irei.

– ... Yosaflame, estou lhe implorando para voltar. Por favor... Volte.

– Eu não irei. - me mantive firme sobre minha escolha.

– Yosaflame!! Por favor! - sua voz tremia.

– E repito, eu não irei.

– ... Se é assim que você deseja... Você irá morrer e eu não irei mais me intrometer.

– ... - virei para o lado tentando não me comover com aquela simples despedida.

– Adeus, Yosaflame.

Ela se virou e foi embora.

...

Eu senti sua tristeza, mas eu não iria voltar.

...

Eu ficarei com ele até o fim. Não importa o que aconteça.

...

Me levantei da cama e voltei a varrer.

Incrivelmente algumas gotas que caiam no chão, não seriam suficientes para inundar aquele lugar.

Mas, os sentimentos contidos nelas seriam suficientes para destruir tudo.

...

Depois de vários " limpa aqui, limpa ali... "

Pronto.

Tudo arrumado...

Olhando ao redor dava até orgulho...

...

Mas o Kcalb vai destruir tudo...

...

Sherbet não sabia disso ainda.

Achei melhor eu não contar e morrer na hora sem saber...

... De nada.

...

Ele ainda dorme.

Acho melhor eu preparar algo para comermos hoje.

...

Vamos cozinhar!!! - preparei o avental e peguei uma colher de pau.

...

Mas eu não sei cozinhar...

Tirei o avental e coloquei a colher no lugar.

Estava cansado.

Tentei descansar sentando na cama.

Sentei do lado da cama no qual ele estava.

Sherbet...

Fiquei olhando ele dormir...

Parecia o mesmo garotinho que conheci naquela época...

– Você é um anjo lindo e doce... Sabia? - disse bem baixo.

Eu podia ficar adimirando sua pequena luz eternamente...

...

Fiz um pequeno carinho em seus cabelos loiros.

Ele realmente era a pessoa mais bonita que tinha visto em toda a minha vida.

...

Ele meio que sonhava com o carinho que estava fazendo.

Até que abriu os olhos.

Azuis como o oceano.

Olhou ao redor até para-los em mim.

– Yosaf... Bom dia?

– Hahahaha... Você acordou no mesmo dia duas vezes!

– humph... Não precisa me perturbar... - ele virou o rosto corado.

– A culpa não é minha se você dorme muito... - apoiei as mãos na cintura.

– Eu sei, mas não faça piadas sobre isso... É um pouco constrangedor...

– O que passa na sua cabeça? Você ultimamente anda muito diferente... Sabe?

...

Ele ficou muito quieto.

...

– Yosaf...

– Hum, diga...

– Você sabe que eu tenho como minha essência o gelo e a oração, certo?

– Sim...

– Então... a oração não está funcionando muito com você... Eu acho que isso...

– diga..

– ... Significa que você vai morrer logo...

Eu me assustei.

– Ou talvez eu esteja porque eu esteja me sentindo vulnerável...

– hum... Talvez seja... Mas só digo uma coisa, eu sou muito forte para ser morto. E prometo que nenhum anjo irá me matar!! - tentei anima-lo.

– entendo... - ele virou para o lado.

Ele reparou que eu tinha terminado de arrumar o grande quarto...

– Ficou legal. - ele disse meio sem jeito.

– Sério?!? - Eu dei um sorriso largo.

...

A porta bate.

Eu já preparo minha espada e já faço uma corrente de fogo...

– quem está aí?

– ... Arg...h... Sou... Eu... Los...t...

Abro a porta imediatamente.

Ele caí sobre o chão ensangüentado cheio de marcas de espadas.

– Lost! O que?- tento pegá-lo e apoia-lo no meu colo.

– Ciel... Ciel... Ciel está aqui... - ele estava olhando para o nada com um rio de sangue saindo de sua boca.

– Quem fez isso com você?

– U..m... Anjo.... Chama...do... - ele estava ficando inconsciente.

– Diga logo!!!

– Wodahs... - Ele perdeu sua áurea vermelha toda de uma vez só.

Eu senti sua essência a nossa volta.

– Ele... - Sherbet começou a falar.

Eu acenti.

Sim, ele...

Ele morreu.

...

Seus olhos que estavam laranjas, ficaram vermelhos e logo em seguida ficaram pretos como a noite.

E sua pele ficou mais pálida do que já estava.

A dor de perder um irmão que sempre esteve ao seu lado, mesmo você sendo um traidor... É horrível.

– Yosaf? - Sherbet tentou apoiar sua mão em meu ombro, mas eu desviei.

– Tenho uma coisa para fazer... - me levantei deixando o corpo de meu irmão...

– Pode ir Yosaf, eu irei preparar seu funeral. - Sherbet me olhou com uma expressão séria e obscura. - Pode ir de vingar!

Eu me retirei pegando  e segui o rastro de sangue.

Abri minhas asas e segui por um longo caminho.

...

* primeira gota *

...

Chegando à um penhasco. Onde havia dois anjos.

Uma anjo pequena com um tapa-olho e um anjo maior.

– O demônio de antes... Quem foi o responsável?

– Eu - disse o anjo maior. - Alela, saia daqui agora. - terminou se colocando à frente dela.

– Mas... Wod...

– Agora!! - ele disse e ela voou para longe.

...

Eu encarei o anjo de cabelo cinza.

E ele se virou para mim.

Eu só conseguia ver um de seus olhos o resto estava debaixo dos cabelos.

Ele tinha cinco katanas presas na cintura e um cetro com pontas de losangulos cheios de sangue.

Lost.

– O que foi demônio? Veio de vingar do seu amiguinho? Vocês acham que vão nos enganar com esses sentimentalismos falsos? - ele parecia bravo.

– Que sentimentalismos? Eu apenas estarei vingando meu irmão.

– Haha, vocês são bem diferentes... Por acaso a mãe de vocês não pulou a cerca?

– Eu não conheci a minha mãe.

– Hahaha, então ela abandonou você?

– Ela morreu pelas mãos de vocês.

– Ela tem um nome?

– ...

– Você não sabe? - ele esbanjou um sorriso

– Cale a BOCA!! - meu fogo ficou Verde-florescente criando uma barreira imensa atrás de mim.

– pode vir... - ele fechou os olhos fez seu cetro losangular desaparecer e pegou duas de suas katanas.

Eu corri até ele queimando o resto de neve que tinha no chão e destruindo três árvores em volta.

Ele impediu o ataque da minha espada com as duas que tinha, mesmo meu fogo tomando conta de suas mãos.

Ele não se impressionou nenhuma vez com meu ataques.

E isso começou a me preocupar.

...

* segunda gota *

...

Nos distanciamos com a força dos nossos golpes, mas usei o impacto para voltar a ataca-lo.

Foi um belo duelo de espadas, mesmo eu estando em desvantagem com apenas uma de esgrima.

Mas ela era forte. Ela não era uma espada que envergava, ela é era feita da minha essência.

E ele era fraco, com apenas suas katanas e algumas pedras flutuantes à sua volta, mas algo naquela luta me deixava um pouco apreensivo, como a sua expressão séria e calma e sua boa dominação com suas katanas.

Ele era um bom estrategista, eu que não tinha percebido.

Ele me atacou pela primeira vez, foi difícil segurar o seu golpe com minha espada, suas espadas também eram resistentes e ele conseguiu me ferir, me jogando à uns 100 metros de distância.

Ele trocou suas espadas pelo cetro. O que me surpreendeu, porque talvez ele queira usar magia ao invés de uma luta de espadas.

Mas o que ele não sabia era que o meu cetro de essência está aqui, nas minhas mãos.

Igual ao martelo de Sherbet.

Me levantei do chão e me preparei para voltar a ataca-lo, mas... Estranhamente eu senti meu corpo perder as forças...

O que ele usou para me atacar?

Quando olho para o meu corpo, vejo vários riscos e feridas de espadas.

Ele é rápido.

Ele começou a vir na minha direção e eu fechei meus olhos usando tudo que tinha para me defender.

Eu sinto minha barreira de fogo sendo ultrapassada e espero o meu fim.

...

Bangh!!

...

* terceira gota *

...

Ainda estou vivo.

Abro os olhos assustado e vejo seu martelo à minha frente.

Sem querer escorre uma lágrima do canto do meu olho direito.

" Eu não vou deixar você morrer, nunca! "

O anjo se assustou com o martelo e se afastou retornando a sua posição.

– Sherbet! Não atrapalhe essa luta! Você por acaso que se rebelar contra Etihw? - o anjo de cabelos cinza falava alto.

" Cale a boca, Wodahs! Eu não posso deixar que você o mate "

– Então, você perderá a sua essência para sempre! - Wodahs fez com que o martelo desaparecesse e quando ia fazer algo à mais, ele foi interrompido por dois raios.

Um Branco e um Preto.

Arbus e Ater.

– Não tão cedo, senhor! - Arbus disse.

– Senhor, cedo ainda não! - Ater disse.

E as duas se colocaram na minha frente.

Wodahs ao parar com o que estava fazendo, fez com que elas fossem atiradas para longe.

Mas elas voltaram imediatamente para a minha frente, com galhos de árvores perfurados nos seus corpos de criança.

Arbus vomitava sangue.

...

Eu não posso deixa-las morrer por minha causa.

Ele é um anjo muito forte.

Eu me levantei cambaleante, peguei minha espada e disse para as duas:

– Saibam que eu vou voltar... Agora fujam daqui!! - disse fazendo medo nelas emanando o meu poder.

Elas acentiram e se foram.

– agora, você!!! Seu anjo chato! Eu nunca vou deixar você me matar!!! Porque eu prometi para uma pessoa que eu nunca morreria nas mãos de um anjo!! - disse bem alto, me aproximando dele, perto do penhasco.

Quando cheguei perto ele voou para a direção oposta.

E eu fiquei à beira do abismo.

Quando saquei minha espada e a coloquei perto do meu pescoço, vi pela primeira vez sua expressão de terror e surpresa.

Eu peguei um pedaço de fogo e enviei o mais rápido que podia para Sherbet.

" Obrigado, por tudo. "

...

* Quarta gota *

...

Eu apenas senti a lâmina passar pelo meu pescoço.

E escutei o seu grito ao longe.