- Olá. Meu nome é Sebastian.
- Oi, Sebastian!
- Eu estou viciado em gatos há mais de mil anos e só tive coragem de falar sobre esse assunto há pouco tempo. Toda vez que eu via um gato na rua, eu parava para acariciar suas patas macias. Não importava o quanto o Jovem Mestre me repreendesse por isso, eu continuava. Eu não tinha a mínima noção de que meu vício poderia ser prejudicial à minha vida profissional e ao meu relacionamento com o Jovem Mestre, até que um dia ele espirrou e eu disse: "que Deus lhe dê saúde", sendo que eu sou um demônio e que nós temos um pacto. Por que eu tinha falado de Deus? E foi aí que meu Jovem Mestre falou uma frase que abriu os meus olhos: "Pare de cheirar os gatos que você encontra na rua, Sebastian". Desde esse momento eu comecei a refletir sobre minhas atitudes com relação aos gatinhos, decidi ler sobre o assunto, procurar por depoimentos de pessoas que já passaram pela mesma aflição que eu estou passando. No caminho para cá eu vi um gato e ele miou para mim, podia ter miado para qualquer um, mas aquele miado havia sido feito para mim. Eu queria miar de volta para ele. Ah, era tudo o que eu queria! Então eu me lembrei do Jovem Mestre e pensei no que ele diria caso visse essa cena. Embora tenha sido muito difícil de resistir, eu consegui. Dei meia volta e o ignorei. Eu nem me lembro mais daquele gatinho de pelos pretos e olhos heterocromáticos, cujo esquerdo era verde e o direito possuía uma tonalidade âmbar incrível, tal qual apenas o olho de um gato poderia ter. É com este depoimento que eu venho pedir ajuda aos profissionais dessa clínica de renome internacional, por obséquio.