Uma Carta Para Nowaki escrita por Sophie Claire, LittleHobbit


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Junjou Egoist é uma das minhas paixões. Por grande sorte, ou graças ao destino é algo que compartilho com minha parceira de RP. Qual é a surpresa quando nos juntamos para escrever sobre este casal tão maravilhoso e algo tão fofo assim nasce? Pois é, surpresa nenhuma suhaushauhs
Esperamos que se divirtam e aproveitem nosso pequeno devaneio de fim de tarde :3



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Faxinas de final de semana o deixavam maluco. Era terrível ter que revirar o apartamento fazendo o pó se espalhar por todos os cantos mais difíceis de limpar. Se seus alunos pudessem vê-lo agora! O demônio Kamijou de cabelos presos e espanador em riste, como uma dona de casa dedicada. Bem, o que se podia fazer? Havia dividido as tarefas com Nowaki. Ele cuidava de tirar o pó dos móveis, enquanto o mais alto organizava as bagunças dos armários.

Uma semana estressante trabalhando no hospital cercado de crianças carinhosas e carentes de cuidados o deixavam menos triste já que mal tinha tempo de ver Hiro-san... Já que moravam juntos poderia considerá-lo seu namorado? Amante? Husbando??? Graças aos céus ele tinha um dia de folga que coincidia com o belo dia de faxina aonde seu amado arregaçava as mangas e virava o apartamento de cabeça pra baixo. Por ser mais alto, ele cuidaria de alcançar os lugares e sempre encontraria "surpresas" como teias de aranha e lixo que o mesmo acumulava.

Sentiu as bochechas esquentarem pouco a pouco, quando se lembrou daquela sensação de dividir um apartamento com o mais alto. Toda aquela rotina de limpar a casa aos finais de semana lhe dava uma sensação de estar casado com ele. Casado? Balançou a cabeça pra espantar os pensamentos. Ambos eram homens, afinal. Espanou uma pilha de livros sobre a mesa e se perguntou quando havia de fato percebido que não poderia viver sem aquele tufão em sua vida. Talvez, apenas talvez, tivesse sido quando o mais alto sumira por tanto tempo. E olhando pro rosto sorridente de Nowaki, ele apenas suspirou com as lembranças.

─ No que está pensando Hiro-san? - Nowaki não deixava de perceber o olhar sorrateiro do outro querendo bancar o durão, mas constrangido demais para confessar seus sentimentos àquela altura. Sua vontade era dar um beijo apaixonado de bom dia, mas Hiro sempre fugia ao seu romantismo.

─ Estou tentando decidir o que fazer com todos esses livros - desconversou. - Nada demais. Nunca conseguira entender como Nowaki sempre parecia ler seus pensamentos ou mesmo pressentir quando algo não estava certo com ele. Aquilo o irritava e confortava ao mesmo tempo. Ele era o adulto, quem deveria estar confortando alguém era ele, afinal.

─ Nah, eu posso ajudar? - o olhava hesitante. Nowaki limpava a camada de pó de objetos e começava a espirrar.

Hiro coçou o topo da cabeça enquanto pensava. Havia dito aquilo apenas pra mudar de assunto, mas de fato seus livros estavam começando a tomar conta do lugar novamente.

─ Acho que podemos colocar esses livros na parte de cima do armário - disse. - Ou será que já coloquei livros lá? Não consigo me lembrar...

─ Hai, vou ver se há espaço aonde terminei de limpar, há algumas caixas poeirentas - disse ficando na ponta dos pés, inclinado o bumbum desleixadamente.

Hiro não pode evitar olhar para o corpo inclinado e as nádegas empinadas do amante, mas se conteve com um olhar irritado. – Claro, claro - disse voltando o olhar pros livros, tentando escolher quais deles poderiam ir para o armário.

O que eram aquelas caixas mesmo? O que tinha nelas?

Kusama viu que tinha um bom espaço, só estava desorganizado. Até lembrar-se que seus papeis da universidade estavam espalhados aos montes e ele não deixava de encontrar antigas xerox sem relevância e materiais que tinha dó de jogar fora. Bem como os cartões-postais que outrora quis enviar a Kamijou, mas sua força de vontade (e talvez estupidez) falou mais alto. Por um momento ficou encarando as caixas retangulares, em especial uma de tampa violeta com listras brancas, era magnético o jeito que ela parecia estar escrita ABRA-ME.

Como em um lampejo branco Hiro lembrou-se do que havia naquelas caixas. Em uma em especial que fez com que seu estômago se apertasse e suas bochechas corassem quentes. Assim que voltou sua atenção para onde o mais alto remexia no armário pode ver que aquela bendita caixa estava quase nas mãos de Nowaki. Em um impulso, Kamijou se jogou na direção do outro, exclamando apenas "Não!".

O moreno de cabelos escuros assustou-se com a expressão repentina de pânico do outro. ─ Hãh??? - deu um grito assustado - Se eu estivesse em uma escada teria caído! - disse dramaticamente, mas sem sair do lugar. Que diabos teriam naquelas caixas para deixar Hiro tão alarmado?

─ Hãh... é que... eu só... Tirou os braços de ao redor do mais alto e olhou pro chão dando um suspiro pesado, se achando um idiota. -Você disse que estava espirrando e eu só achei que seria melhor se eu mesmo fizesse isso - disse de maneira animada se recompondo. Mesmo que a diferença de altura entre os dois fosse gritante ele esperava que Nowaki não dissesse nada.

─ O que esconde Hiro-san? - perguntou lhe dando um olhar sugestivo em partes brincando em partes desconfiado. Segurava a caixa em uma das enormes mãos que estavam a metros de distância do outro

─ Não estou escondendo nada! - disse meio irritado. - Deixe essas caixas pra lá! Inclinou-se todo na ponte dos pés, tentando alcançar a bendita caixa nas mãos de Nowaki. Por que ele tinha que ser tão mais alto?

Era engraçado como ele inutilmente tentava pegar e ao mesmo tempo adorável.

─ Só se você me beijar! Vamos lá apenas um! - Nowaki se divertia como Hiro era uma gracinha e terrível para o resto do mundo.

Hiro parou com seus esforços por alguns segundos, processando o que o mais alto lhe dissera. O olhou irritado e se sentindo idiota por sentir as bochechas esquentarem ainda mais. Deveria acreditar que ele realmente devolveria a caixa se o beijasse? Ele não tinha escolha, tinha? Ele até mesmo podia imaginar o que o mais novo diria se visse o conteúdo de dentro daquela caixa. Não! Não! Hiro baixou a cabeça apenas pra tomar fôlego e depois subir mais uma vez, selando seus lábios com os do outro de maneira abrupta.

Não era como se beijá-lo fosse um sacrifício, mas ser tratado como uma garotinha apaixonada o irritava.

Nowaki foi surpreendido pela atitude, afinal ele sempre tomava a iniciativa. E aproveitou a oportunidade segurando em sua nuca. Durou uns poucos segundos, o que foi suficiente para deixá-lo meio zonzo e de borboletas no estômago. Após esses anos juntos isso ainda acontecia! Mas havia algo errado, se Hiro cedeu tão facilmente ao impor essa condição significava que o conteúdo era top secret o que o deixou ainda mais curioso.

Depois que o beijo foi iniciado Hiro podia esquecer tudo e apenas deixar-se derreter nos braços do outro. A mão e sua nunca e a quentura nos seus lábios o levavam ao céu com tanta facilidade que era quase assustador. Nunca se sentira assim antes. Com mais ninguém.

- Hm - gemeu de encontro aos lábios finos e macios de seu amado. Percebeu que ele amoleceu para o beijo e isso era maravilhoso. Hiroki Kamijou, o professor mais temido e respeitado, quatro anos mais velho, que naqueles momentos compartilhados revelava ser mais doce que alguém já teve oportunidade de conhecer. E era seu. Queria que durasse mais tempo, queria mais contato, sem querer parecer uma criança carente.

Quebrou o beijo em busca de ar e encontrou aqueles olhos calmos e gentis. Enrubesceu como uma garotinha, mas não se importou dessa vez. Esquecera-se até mesmo da caixa que ainda estava em posse do outro.

- Você é lindo, Hiro-san! - exclamou baixinho, com os olhos brilhantes. Ficou emocionado com a beleza e doçura dele. Com o pensamento ainda na caixa.

- Não seja bobo - resmungou envergonhado.

Seus olhos dançaram na caixa empoeirada e ele se lembrou do porque de tudo aquilo. Tossiu pra recobrar a seriedade e disse muito sóbrio. – A caixa.

Nowaki arregalou os olhos com a lembrança. Queria saber o que continha sem ser abusado e violar a privacidade. Ergueu-a ainda mais alto para ganhar tempo. Se abrisse do nada, ele teria quebrado sua promessa e o deixaria desapontado, com raiva pelas próximas semanas.

─ Não tem nada demais ai dentro! - exclamou Kamijou.

─ Então por que ficou tão preocupado? - perguntou sarcasticamente inocente. Sua mente começou viajar. Será que Hiro o estava traindo ou o traiu quando eles ficaram longe um do outro?

─ Ora, não é da sua conta - disse começando a ficar irritado, pulando o mais alto que podia tentando alcançar a caixa. - São só uns papéis idiotas.

─ Oh, tudo bem Hiro-san, a caixa é sua - entregou a ele. Hiro estranhou a atitude vinda do mais alto. Sabia o quão ele era teimoso e como ele podia ser determinado quando queria algo. Fitou a caixa em suas mãos e ficou quieto com os próprios pensamentos. Esconder algo do mais novo valia tudo aquilo?

─ Não quero que fique chateado. - voltou a limpar, calado. Porém sua mente martelava como desejo de saber qual era o segredo. Planejou mais tarde embebedar Hiro e poder fuçar à vontade. Riu da própria curiosidade.

Bem, agora já estava feito, suspirou. Colocou a caixa no fundo do seu lado do guarda-roupa e esperou que Nowaki tivesse mesmo esquecido aquela história. Sabia que mais alto não faria nada pra deixá-lo chateado. Mesmo que aquilo fosse bobo demais pra deixá-lo assim. E voltou a espanar o apartamento.

Passaram o dia como dois japoneses sérios e disciplinados arrumando a bagunça. Imagina se tivessem filhos?! De tardinha o apartamento estava "impecável", Nowaki se permitiu tirar a camisa e se deitar no chão antes de tomar uma ducha. Aquela noite deveria valer a pena.

Hiro permitiu que o corpo caísse no sofá confortável. Estava cansado de tanto espanar aquele apartamento e agora só pensava em comer alguma coisa.

Ficaram imersos naquele silêncio profundo. Até Nowaki sugerir de olhos fechados com voz rouca: - Vem pro chuveiro comigo?

─ Quê? - perguntou embora tivesse entendido perfeitamente. Não fora a primeira vez que o mais novo propusera aquilo, mas Hiro nunca havia aceitado. Não podia. Adultos não faziam esse tipo de coisa.

Nowaki poderia dizer "sumimasen" e se fingir de desentendido, mas ele estava tentando ser natural, eles dividiam um apartamento, uma vida e não queria dizer que iria "estuprar" seu companheiro somente pelo fato de tomarem banho juntos. Bem, a não ser que ele concordasse, poderia ser prazeroso. Mas era difícil entender que esse era um momento que Nowaki queria passar ao lado de Hiro?

─ O que ouviu Hiro-san. Terei de carregá-lo? Ou me concede a honra? Logo cozinho algo pra nós - falou com voz suave.

─ Você me carregaria até o banheiro? - foi irônico enquanto fitava o teto do apartamento.

─ Hai - respondeu, usando de sua força combinada de delicadeza e ergueu o adulto como se fosse um garotinho. Ficou com Hiroki em seus braços como uma cena de romance BL.

─ N-Nowaki! - exclamou surpreso. Nunca imaginaria que o mais alto fizesse mesmo isso. -Eu não sou uma criança!

─ Sei que não é, mas você precisa de cuidados! - disse lhe dando um cheiro no pescoço - e de um banho - disse espirrando

Nowaki além de mais alto era mais forte que Hiro, e mesmo que quisesse não conseguiria sair dos braços dele. Mas como disse, não era como se ele quisesse sair dali. Mas não conseguia deixar de ficar emburrado como uma criança birrenta.

O mais novo devia ser a única pessoa problemática que gostava daquela maneira arisca que era tratado.

O banho fora bem vindo. Havia sido um dia particularmente quente de verão e ambos estavam grudentos e suados. Levou o maior ao banho, desceu ele de seus braços em seguida acabando de se despir, retirando a calça jeans escura, ficando de boxers com carinha de inocente.

Hiro olhou pro corpo quase desnudo do amante e sentiu todo o corpo esquentar só com o pensamento do que estavam fazendo. Tomar banho juntos parecia coisa de casados e isso o deixava ainda mais ansioso.

─ Como estamos cansados e famintos acho que uma ducha seria melhor que banheira, né? - estendeu a mão para o outro se despir e entrar no box - Se estiver envergonhado, ficamos de cueca mesmo, só quero sua companhia

─ Envergonhado? - disse com ironia. - Não sou uma garotinha. Hiro tirou as próprias roupas e entrou no box, ligando a água logo em seguida.

Nowaki pegou a esponja e o sabonete passando nas costas de Hiroki em movimentos circulares quase o abraçando, sem fazer muita pressão.

Enquanto sentia a pele se arrepiar com o pouco contato com o outro, Hiro lavava seus próprios cabelos de maneira um tanto encabulada, sem olhar o mais alto.

Nowaki não sabia como superar aquela barreira entre os dois, passaram tanto tempo e ainda persistia vergonha. Nowaki o queria por inteiro, mas se conteve e focou na tarefa de LAVÁ-LO.

─ Hiro-san, pode esfregar minhas costas?- sussurrou em seu ouvido

Hiro não pronunciou uma palavra, apenas pegou a esponja das mãos do mais alto e se concentrou em esfregar as costas largas de Nowaki de maneira delicada.

Quando terminou de esfregar suas costas o menor deu um beijo no local onde esfregava a pouco. Um beijo por impulso e sem motivo algum além de carinho.

Nowaki sentiu a pele arrepiar com o contato e olhou se virou para abraça-lo debaixo do chuveiro ainda ligado, o cheiro no ar era muito bom. Beijou seu queixo, respondendo um "obrigado".

Hiro apenas correspondeu ao abraço molhado enquanto descansava a cabeça no peito do outro.

─ Vou preparar algo para o jantar, acho que estamos bem limpos. - disse acariciando o topo de sua cabeça. Dali a pouco saía de toalha enrolada no quadril, para vestir seu quimono. Agora Hiro estava fresco e levemente sonolento. Fora um dia cansativo.

─ Eu estou mesmo com fome - disse enquanto secava os cabelos castanhos com a toalha branca. - Vou ler um pouco enquanto isso. Iria ler, mas fez questão de sentar-se a mesa da cozinha, apenas pra ficar mais perto do outro.

Nowaki sentia-se feliz com sua companhia, amava aquele homem. Decidiu fazer um prato rápido e gostoso. Sua mente ainda lembrava da maldita caixa. Ele estava decidido a encontrar e descobrir o que havia de errado. Mas no fundo de seu coração tinha medo que estragasse tudo

Lembrou-se da caixa no fundo de seu guarda-roupa e até mesmo pensou em contar o que havia dentro pro mais novo, mas logo mudou de ideia. O assunto já havia sido encerrado e o cheiro da comida o distraía.

─ Aqui está, sirva-se ou quer que te dê na boca? - Nowaki sorriu docemente

─ Se alguém deveria dar comida na boca de alguém, deveria ser eu - disse enquanto pegava a tigela que lhe era servida.

─ Me dê, Hiro-san! - pediu o olhando nos olhos.

Deveria mesmo estar muito calor pra que Hiro estivesse fazendo todos os caprichos do mais novo. Mas era como se ele lhe devesse isso. Nowaki sempre fora doce e compreensivo com ele, e não era como se Hiro não soubesse como sua personalidade era terrível na maior parte do tempo. Respirou fundo e deu de comer ao mais novo, com seus próprios rachis.

Nowaki ficou pela segunda vez surpreso naquele dia. Hiro se fazia de durão, mas era amoroso, do jeito dele. Compartilharam aquela refeição em perfeita harmonia, esquecendo por um instante de seus compromissos, trabalhos e coisas chatas.

Hiro bocejou longamente enquanto, pela segunda vez, jogava-se no sofá da sala de maneira preguiçosa. Estava tão cansado que cochilaria ali mesmo com facilidade.

O moreno viu a linda cena e desejou se enrolar junto dele, ficar agarradinho. Voltando a realidade, fez o mínimo de barulho possível para caçar o que denominava A Caixa, algo como um filme de suspense ruim.

De fato, adormeceu, mas permanecia semiacordado. Como aquele estado de dormência que ainda assim se percebe o ambiente ao seu redor.

Nowaki entrou em seu quarto como um criminoso, vira quando Hiro escondeu a caixa, na verdade guardou, mas depois de quase violar o conteúdo, o primeiro termo seria o mais preciso.

Olhou nas gavetas, debaixo da cama, até abrir com todo cuidado o guarda-roupa de correr.

Após alguns minutos de busca se deparou com um objeto retangular que fez seu coração gelar. A CAIXA!

O desejo de não magoar seu amado e a curiosidade o estavam matando de tensão psicológica. Fez uma promessa a si mesmo que fosse o que fosse não surtaria, caso encontrasse algo suspeito. De qualquer modo ele estava invadindo a privacidade de alguém que respeitava muito.

Escutou barulhos vindos do quarto, mas a vontade de permanecer deitado não o deixou checar o que estava acontecendo.

Finalmente reuniu toda a coragem e decidiu abri-la. Quando o fez encontrou cartões e envelopes religiosamente dobrados, intocados com um leve cheiro de mofo que o fez espirrar. Deduziu que eram antigos suficientes para estarem guardados por um bom tempo, mas não suficiente que estivessem amarelados ou rotos.

Em especial notou uma carta, endereçada a Nowaki Kusama o que fez seu coração acelerar. Seria uma carta como as que ele fez e nunca enviou? Então este era o motivo de tanto medo de Hiro?

Pegou o envelope e abriu sem se importar se seria pego. Sim, era a caligrafia de Hiro! De pensar que ele dedicou tempo escrevendo isso à mão o deixou emocionado.

"Nowaki, seu idiota. Você entrou na minha vida sem pedir ao menos permissão. Entrou e virou tudo de cabeça pra baixo. Bagunçou-me tanto por dentro quanto por fora. Como um tufão. Eu não queria, mas te deixei ficar. Você me incomoda me trata como uma criança mimada e não se importa com a minha opinião. Mas você também é inteligente, determinado e gentil. Queria poder te dizer todas essas coisas, mas você foi embora e não sei se algum dia vou poder voltar a ver você. Seu sorriso idiota e seus olhos tão gentis. Você não pediu permissão pra entrar na minha vida e nem pra sair dela. Eu não teria te deixado ir. Mesmo que eu saiba que talvez seja melhor se as coisas forem assim. Ao meu Nowaki, onde quer que esteja, volte pra casa."

Os olhos dele se encheram de lágrimas silenciosas. Quem iria imaginar que o mal humorado professor confessaria desta forma seus sentimentos? Que seriam palavras sinceras e tocantes? Nowaki se lembrou das várias cartas que escreveu e guardou. A dor no peito de saudade que queimava cada vez que se lembrou de seu amado a quilômetros de distância e uma separação para o seu bem, seu futuro.

Beijou a carta. Beijou diversas vezes, molhando o papel. Inalando o ar, tentando se acalmar. Queria mais que tudo beijar Hiro-san sem pressa, fazer amor com ele e ser mais presente.

─ Nowaki? - chamou assim que acordou do cochilo breve.

Nowaki enxugou as lágrimas e suspirou, fechou a caixa com cuidado e guardou o envelope consigo.

─ Sim, estou aqui- respondeu com a voz fraca, indo á sala.

─ O que estava fazendo? - pergunto coçando os olhos.

─ Lendo umas coisas, amor - respondeu tentando soar natural.

─ Bem, acho que eu já estou indo pra cama.

Quer que eu acompanhe? Você parece bem cansado, daí faço uma massagem até você pegar no sono. - adulou correndo a mão pelos seus cabelos

Ele apenas assentiu com um menear de cabeça enquanto aproveitava o carinho.

Com a ponta do nariz roçou na pele macia de sua bochecha, dando beijinhos ao longo de seu rosto e pescoço.

-Ah, Hiro-san, eu te amo tanto!

Nowaki sempre fora carinhoso, mas Hiro não pode deixar de se surpreender com o carinho tão repentino.

─ Aconteceu alguma coisa?

─ Erm... não, na verdade... - ele não queria se auto sabotar, mas não queria mentir.

─ O que é? - perguntou estreitando os olhos.

─ Eu... li a carta que você me escreveu! - falou num impulso, fechando os olhos, esperando uns tapas.

Demorou alguns segundos pra que Hiro entendesse o que o outro queria dizer, mas quando entende sentiu o rosto esquentar como nunca. Ele lera aquela bendita carta. Verdade seja dita que ele mesmo mal se lembrava do que escrevera, mas lembrava-se de ser constrangedor e meloso.

Não conseguiu dizer uma palavra. Só o encarou esperando que ele o questionasse por ser tão infantil e não querer ter mostrado a carta mais cedo.

─ Não vai me bater? - perguntou, confuso.

─ Eu deveria! - exclamou envergonhado. -, mas estou com sono demais pra isso...

─ De qualquer forma o que você leu não é nada demais - disse indo em direção ao quarto.

Ergueu-se, o seguindo, tomando seu pulso. Com sua vantagem natural de altura o enlaçou com seus braços.

─ Não fale isso, foi a coisa mais bela que já li. Eu amei e me encheu de nostalgia. Eu nunca quis te magoar. - disse comprimindo o menor em um abraço apertado.

─ Você não me magoou - sussurrou. - Eu só não queria que soubesse...

─ Eu só senti muita falta sua, do seu cheiro, do seu gosto, dos seus foras, da sua companhia. Sinto muito. - inalou o cheiro de shampoo fechando os olhos.

Hiro o abraçou. Abraçou como nunca tinha feito antes. Com tanta saudade e com tanto amor que se sentiu sufocado.

─ Nunca mais vá embora...

─ Eu precisei na época e querendo ou não eu avisei. Mas não importa. Eu quem peço que não me abandone, eu te amo, viu? Você é único em meu coração - pegou em sua mão e colocou no peito que batia acelerado

─ Eu também amo você - murmurou corando com o coração que batia em sua mão. Tão rápido quanto o próprio.

Nowaki queria gravar pra ter certeza que não havia ficado louco. Ouvir isso foi a melhor parte, seu amor por Hiro era tão grande que doía. Acariciou o seu rosto, tomando seus lábios devagar.

Correspondeu ao beijo com a certeza que nunca mais iriam se separar. Mesmo que tivessem que ir pra longe um do outro, suas almas e corações sempre estariam ligados.


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Notas finais do capítulo

Mds que emoção! Essa fic foi feita com amor e carinho. Just for fun que se transformou em algo maior, promovendo o amor desse casal lindo. A fofura de Nowaki (Sophie Claire) e a imprevisibilidade de Hiro-san (LittleHobbit)
Pra todos verem: amo você Re-san ♥
Beijos de luz o/