Badlands escrita por patty


Capítulo 12
Hold Me Down




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Ronan Lynch e seus segredos. As palavras queriam sair. Se alguém perguntasse, ele diria a verdade. Afinal, Ronan Lynch nunca mentia.

Eles estavam almoçando, apreciando aquele momento de pausa na loucura/aventura deles. Blue estava sentada ao lado de Adam, Noah estava na frente dos dois, perto de Gansey. Ronan estava na ponta da mesa, no meio de Blue e Noah.

— Amor, me passa o sal? — Ronan Lynch disse, mas demorou para entender o que estava fazendo. Noah suspirou, parecendo aliviado. Gansey estava com os olhos arregalados, sem entender o que acabara de acontecer. “Com quem ele está falando?”, Gansey se perguntava. Blue, que tomava seu refrigerante, notou o silêncio repentino. Olhou em volta e notou um Adam Parrish muito envergonhado, um Gansey muito confuso, um Noah parecendo esperar um vulcão explodir e por último Ronan Lynch, que encarava seu prato na sua frente, como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

Ela encarou Gansey, que parecia ser o único surpreso e perguntou:

— O que? Você não sabia?

Ronan levantou a cabeça e encarou Blue. Por alguns segundos se perguntou desde quando ela sabia. Depois, voltando a ser o Ronan Lynch que era, disse:

— Fica na sua, verme.

E tudo acabou do mesmo jeito que começou: rápido e sem perguntas. Não é que nenhum deles estava pensando algo, é só que Ronan Lynch era ameaçador, os olhos querendo fulminar qualquer um que falasse algo e sua boca, pronta para devorar quem falasse algo que não deveria.

Adam Parrish encarou Ronan Lynch enquanto todos estavam em silêncio, ainda tentando processar o que acabara de acontecer. Ele não sabia o que Ronan sentia. Tinha uma certa ideia, mas com apenas uma palavra, dita sem querer, ele deduziu tudo.

E como Blue sabia? Adam imaginava o quanto ela era observadora e notava mais do que dizia, mas não era algo que estava evidente. Gansey estava com o cenho franzido. Não saberia dizer se estava pensando em Glendower ou em Ronan e Adam.

Depois daquele almoço atípico cada um foi para o seu quarto de hotel e descansaram para mais uma tarde na estrada.

Blue e Gansey não estavam no mesmo quarto, mas o garoto resolveu bater na sua porta mesmo assim. Não sabia se queria que ela estivesse acordada ou dormindo, estava com medo do que estavam prestes a fazer, mas também estava ansioso.

— Jane. — Ele sorriu ao vê-la do outro lado da porta. Noah estava deitado na cama, encarando os dois. — E Noah. — Gansey sorriu ao entrar no quarto.

— O que aconteceu? Quer que eu chame Ronan e Adam? — Gansey encarou Blue por alguns segundos enquanto ela sugeria aquilo. Ela achava que era uma reunião para saber quais seriam os próximos passos? E então lembrou do almoço. Da cena. De Ronan Lynch, que nunca parecia abalado, genuinamente sem ação.

— Acho melhor deixarem os dois em paz. — Noah disse, por fim. Agora parecia real. Todos sabiam. “Como isso afetaria a todos?”, Gansey se perguntava.

— E então... — Blue começou. Gansey suspirou. O que diria?

— Eu estava pensando... vocês acham que estamos no caminho certo? — Ele queria falar sobre aquilo, embora não fosse o assunto mais urgente no momento.

— Acho que sim. — Noah respondeu por Blue. Ele sabia mais sobre isso.

— Não quero que isso tudo seja perda de tempo. — Gansey sentou-se na cama e Noah se mexeu para ficar ao seu lado. Blue estava na frente dos dois, os encarando. Gansey estava falando da viagem ou de outra coisa?

— Não é. — Ela respondeu mesmo assim.

Ronan estava mexendo nos seus braceletes de couro, não conseguia encarar Adam.

— Está tudo bem. — Adam conseguiu dizer, estava deitado na cama do quarto que estava destinado apenas a ele, e Ronan estava sentado no chão, encostado na porta. Talvez fosse seu jeito de não deixar ninguém atrapalhar aquele momento.

Embora ninguém tivesse dito mais nada, Ronan continuou pensando no que havia acontecido na hora do almoço. “Como fui dar uma mancada dessas?”, ele se perguntava.

— Não está tudo bem. — Conseguiu dizer. — Eu não queria que tivesse acontecido daquele jeito. — Ele suspirou e encarou Adam, que agora estava na sua frente, sentado.

— Não temos que controlar tudo. — Ele disse, sorrindo, e segurou a mão de Ronan.

Ronan, em alguns segundos de impulsividade, pegou a mão de Adam e lhe deu um singelo beijo ali. Sentiu seu rosto ficar vermelho, mas não se importou, ninguém os veria ali.

— Uma floresta? Como se já não tivéssemos uma em casa. — Ronan murmurou, quase rosnando, enquanto Gansey parava o carro na frente da floresta. Ela era tão grande que poderiam se perder lá dentro, mas, de acordo com o mapa, era aquele o destino. Gansey se surpreendeu, mas então percebeu que, sim, fazia muito sentido. Ele queria agradecer a Cabeswater e quem mais fosse o envolvido nisso, mas então notou que todos no carro, inclusive Noah, estavam incertos quanto aquilo.

— Por que nos mandariam aqui? — Blue resolveu perguntar. Eles não queriam sair do carro, mas também não queriam ficar parados.

— Acho que faz sentido, pensando bem. — Gansey começou a argumentar, tentando encontrar alguma resposta para a dúvida de todos, inclusiva as suas. — Acho que Cabeswater nos mandou até sua outra extensão. Não deve ser só o que vimos.

Adam queria argumentar, dizer que aquilo não parecia Cabeswater. Queria dizer que ele sentiria se fosse, mas ele já não tinha certeza. Talvez nem tinha como sentir Cabeswater mais, por causa da distância que percorreram.

Todos assentiram, fingindo que Gansey estava certo. E talvez estivesse, mas eles estavam tão certos que o destino seria outro que estavam surpresos.

Eles saíram do carro, Blue ficou um tempo encarando tudo. As árvores eram gigantes, as folhas caíam aos seus pés. E foi quando ela notou que eles estavam no lugar certo. Parecia mágico, parecia que estavam em Henrietta novamente e estavam diante da floresta que conheciam tão bem.

Os lírios azuis estavam no chão, parecendo recebê-los enquanto adentravam a floresta. Ronan estava por último, ao lado de Noah. Adam e Gansey iam na frente, eram os que mais sabiam, fazia sentido serem eles a liderar o grupo. Blue estava distraída, olhava e apreciava tudo.

As folhas caíam na cabeça deles, mesmo não sendo outono, e eles pisavam nelas e até o barulho das folhas quebrando parecia ser bem-vindo naquele silêncio.

— Onde deveríamos ir? — Ronan perguntou, desviando de um galho. — Não me digam que iremos a outra caverna.

— Espero que não. — Noah murmurou. Ele estava certo em querer manter distância de qualquer caverna, mesmo já estando morto. Gansey não demonstrava medo, nem quando alguns insetos os circulavam. Ele estava determinado a seguir em frente.

Tudo aconteceu muito rápido. Em um minuto, Ronan Lynch estava ao lado deles, explorando aquela floresta imensa, e no outro ele estava quase se afogando dentro de um lago.

— Cabeswater. — Ele conseguiu gritar, mas queria dizer “Adam”, as bolhas se formando na sua frente, a água entrando na sua garganta e sentia que se continuasse com a boca aberta, logo se afogaria. Seu corpo continuava indo para baixo, mesmo ele lutando para subir. Não enxergava nada lá de baixo, mas pôde ver Adam o encarando, confuso, como se não soubesse o que fazer. “Me salva, Adam”, ele tentava dizer, mas as palavras estavam presas. Alguma coisa calou Ronan Lynch enquanto ele se afogada aos pés de Adam Parrish.

A água parecia ser sugada para algum lugar. O que estava acontecendo ali era impossível ser descrito, mas em alguns segundos Ronan estava ali com eles novamente. Encharcado, mas vivo. Adam queria abraçá-lo e falar do medo que sentiu quando ouviu Cabeswater sussurrar no seu ouvido. As palavras que não queria lembrar, não queria dizer em voz alta, mas Adam apenas deu um tapinha nas costas de Ronan, que, surpreso, sorriu para o garoto. Não parecia que há menos de cinco minutos ele estava quase se afogando em um lago sem fim.

O tempo não parecia prosseguir. Já era para a noite invadir a floresta, mas tudo estava tão claro que eles podiam ver tudo com aquela claridade. Ronan ainda estava molhado, a água pingando da sua camiseta. Adam, quando ninguém estava olhando, segurava sua mão gelada. Gansey continuava a frente, esperando que o destino os chamasse e eles finalmente chegassem até o rei adormecido. Blue jogava pequenas flores em Noah, que ria de felicidade. Uma pausa na seriedade só para os dois.

Gansey desviava vagarosamente de alguns insetos, torcendo para não o perseguirem. As folhas continuavam quebrando aos seus pés e as flores florescendo enquanto passavam. “Primavera e outono em um só lugar”, Blue pensava. “Mágica”, Ronan queria dizer, mas apenas olhou para Adam. “Mágico”.


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