Encontre-me escrita por Milna Nunes


Capítulo 2
Art.150


Notas iniciais do capítulo

Se houver erro (claro que tem), por favor me perdoem.
Se gostaram ou não,eu ficaria muito feliz de saber,então,comentem por favor.
Espero que gostem,beijinhos.



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Tarcisio Barreto, era um prestigiado advogado no estado do Rio de Janeiro. Estava sempre compromissado com seu trabalho, e não media esforços para ganhar uma causa. Além disso, nunca deixava sua família em segundo lugar. Nada,era mais importante que a família. Ele sempre ensinou a seus filhos que se qualquer coisa acontecesse, nunca esquecesse “a palavrinha mágica”.

— Só falo com a presença do meu advogado.

E foi tal frase que Alex proferiu ao chegar na delegacia aquela noite. Seu pai já havia perdido a conta de quantas vezes o havia tirado de enrascadas daquele tipo. O estava esperando na sala de visitas, com sua maleta preta brilhante, com apenas um simples fecho. O garoto algemado entrou na sala acompanhado de um policial. Olhou para o pai, e em seguida para a pasta, e engoliu a seco.

— Senta.– A expressão de Tarcisio comparava-se a uma pedra de gelo no Ártico. Sua raiva estava estampada em seus olhos, porém, não perdia a compostura.
— Quando vou poder sair?
— Amanhã.– falou abrindo a maleta
—Amanhã?! Por quê não me tira hoje?– O advogado olhou para o jovem sentado em sua frente, e respirou.
— Você cometeu um crime.
— Não foi nada demais– falou Alex dando de ombros. Um estrondo abateu a sala. O punho do advogado foi de encontro com a mesa.
— Nada demais? – ele entrelaçou as mãos e as colocou em cima da mesa fria de metal– de acordo com o Código Penal, Art. 150, entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências, acarretará em detenção de dois a três meses. Porém, se o crime for cometido durante a noite, a pena será de seis meses à dois anos de detenção, ou multa.
— Simples, é só pagar a multa.
— Você fará serviço comunitário.
— O que?!– Alex se levantou – Não mesmo, o senhor vai pagar a multa!
— Não vou.– seu pai era simples e sucinto
— Então eu pago.– ele havia voltado a se sentar
— Eu suspendi seus cartões de crédito e sua mesada. Sua conta bancária está bloqueada e seu carro será vendido. Você começa na segunda-feira.– Ele fechou a maleta e se levantou em caminho da porta. Alex não sabia como reagir, havia sido pego de surpresa.
— Pai, o senhor não pode me deixar aqui!
— Por que não pensou nisso antes de fazer o que fez?– ficou em silencio – é apenas uma noite, irá sobreviver.- antes de sair, abaixou a cabeça e olhou para o filho que continuava perplexo. – Não posso sempre alisar sua cabeça, filho. Eu te amo, mas você precisa crescer. – deu uma pequena pausa - Eu queria seu antigo eu de volta.
— E eu queria muitas coisas de volta. Mas não podemos ter tudo que queremos, não é? – e assim, seu pai saio.

Alex foi levado a uma cela, onde havia simplesmente mais três presos. O lugar tinha diferentes odores no ar. O chão estava todo molhado. Havia duas camas de concreto: uma sem e a outra com um lençol bastante usado. Um dos homens devia ter mais ou menos a idade dele, e os outros deveriam ter uns quarenta anos.Apenas um usava camisa, os outros estavam somente de bermuda. Suas unhas não disfarçavam a imundice do lugar. Uma pequena janela ficava ao fundo da sala onde mau se dava para entrar vento. A noite iria ser longa. Contudo, ele sabia que aquele local havia sido seu pai que o conseguira. De outro modo, estaria num cubículo, misturado a mais de vinte homens desconhecidos, sem saber se amanheceria vivo.
Não conseguiu dormir. Havia ficado a noite toda em pé ao lado da grade. Conseguira ouvir o rádio de longe, de um policial que estava escutando a estação da madrugada. Alex fechou os olhos e deixou o som lhe levar.
“Tento te encontrar
Tanto pra dizer
Meu amor, tudo bem.
Mesmo sem te ver
Não chegou ao fim
Seu amor, tudo em mim.”

O amanhecer chegou com muita dificuldade. Para aqueles homens ali, a noite não acabaria tão cedo. O garoto ouviu seu nome ser chamado por um dos policiais, e esperou ansiosamente que o guarda abrisse logo a grade e ele pudesse ir para sua casa, onde tudo estaria no lugar, e devidamente limpo. Ao lado de fora estavam a sua espera, seus pais, seguido de seu irmão mais novo. A pobre Vitória correu até seu filho e o abraçou forte. Colocou suas duas mãos em seu rosto e algumas lágrimas escorreram de seus olhos preocupados.

— Eles lhe machucaram meu bebê?
— Não mãe, foi tudo bem – ele lhe ofereceu um sorriso tranqüilizador.
— Eu disse a seu pai para não fazer isso! – ela olhou para o marido com olhar de desaprovação. – Te fazer passar por tal coisa. Que absurdo! Você sabe quando ele coloca algo na cabeça, ninguém consegue mudar. Mas não se preocupe, ele dormiu no sofá ontem.
— Mas temos quartos de hóspedes.
— Ontem não – ela deu um sorriso travesso.
— Oi pai– Tarcisio o abraçou e lhe deu duas tapas nas costas, o cumprimentando.
— Como foi a noite?
— Melhor hotel que já me hospedei. Infelizmente a camareira não quis me trazer o menu do jantar, então eu não lhe dei gorjeta.
— Muito bem, sempre justo. – eles sorriram
— Alex! – o irmão estava puxando sua camisa para chamar sua atenção – o que você trouxe pra mim? – ele tinha apenas cinco anos.
— Desculpa Pedrinho, fiquei pouco tempo fora. – ele abaixou a cabeça, cruzou os braços e fez cara de emburrado– Mas da próxima vou lhe trazer um brinquedo enorme. – o garotinho sorriu e o abraçou.
— Por favor, vamos embora, esse cheiro de esgoto está me fazendo mau.
— Desculpa mãe, sou eu. Não tinha água. Só daqui a um mês.

O carro foi tomado pelo cheiro da delegacia.

— Aproveite seus últimos dias Alexandre. A Biblioteca Nacional lhe espera ansiosamente.


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Notas finais do capítulo

E ai ? Ficou muito chato?



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