Imperador Negro escrita por Mrs Fox


Capítulo 18
Capítulo XVII


Notas iniciais do capítulo

Olha só, segundo capítulo do mês, o negócio tá ficando mais agil!

PARA MELHOR ENTENDIMENTO DA LEITURA:
Dansu no kūki - dança do ar



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— Por Kami. - Sasuke murmurou, olhando impressionado os movimentos das crianças.

— Sua reação foi melhor do que a minha. - Tobirama comentou, soltando uma breve risada. - Incrível, não? Foi Sakura que criou esse estilo, sua provação para poder se tornar líder da Shapu. - os olhos negros desviaram rapidamente, estreitos num pedido silencioso por uma explicação - Isso é história para outro dia, meu jovem.

 

Sasuke não precisou responder, os olhos negros brilhando por entender de onde vinha aquele estilo de luta tão furtivo. Em algum lugar de sua mente tinha consciência que provavelmente não poderia estar ali, presenciando o treino do que deveria ser uma técnica secreta dos Haruno, entretanto preferiu manter em silêncio sua curiosidade de porquê tinha sido trazido, apreciando algo que talvez não pudesse apreciar em outras oportunidades.

 

— Meu jovem, - a mão enrugada deu dois tapinhas em seu ombro, chamando rapidamente sua atenção - fique aqui o tempo que precisar.

 

De longe, Sakura observou seu avô sair do dojo, deixando o Herdeiro para trás. Observando atentamente como seus pequenos alunos mudavam os passos, e arriscava dizer que por suas expressões, já estava tentando entender como cada um poderia ser usado em uma luta. Entretanto, ela não estava contente. Não era pra ninguém entrar naquele dojo sem sua autorização, pelo menos não quando se tratava desse treinamento, por isso encerrou a aula antes do normal, querendo ir logo atrás do ancião da família. Uma por uma, as crianças se curvaram na frente de Sasuke, umas tão nervosas que saíam correndo logo em seguida. Quando levantou, levando junto sua biwa, caminhou em direção ao Príncipe que fez menção de se levantar também, mas parou com um sinal de mão.

 

— Gostaria de olhar como está seu braço, Uchiha-sama.

 

Ele assentiu, puxando a manga de sua roupa para deixar a ferida exposta. Ela se abaixou, passando os dedos calejados pela prática com o instrumento e com armas na linha onde a pele começava a se fechar.

 

— Creio que dentro de cinco dias a cicatriz tenha fechado completamente.

— Foi essa técnica que você usou naquele dia na floresta. - a sinceridade dele assustou Sakura.

— Sim, foi. - de sobrancelhas franzidas, ela voltou a ficar em pé - Peço que não faça nenhum esforço até a cicatrização se concluir, e caso precise, nossos dojos estão a sua disposição. Com licença.

 

Nem houve uma reverência antes de sair do dojo, deixando-o sozinho para trás. Sua cabeça fervilhava com a irritação que sentia pela atitude de seu tio avô. Atravessou o corredor da sede como um raio, sentia seu rosto se contorcer enquanto poderia queimar aquela porta só com a força do olhar. Não pediu autorização, puxou o shouji com força, fazendo um barulho alto na madeira se arrastando. Os olhos afiados do senhor, que analisavam um pedaço de madeira, foram diretamente para seus olhos sabendo que ouviria alguma reclamação.

 

— Dentro do dojo quem manda é o sensei. - ela falou, fechando a porta - Aprendi essa lição nas minhas primeiras semanas de treinamento aqui na Shapu, foram palavras que saíram de sua boca. No entanto, mesmo sabendo que proibo a presença de pessoas de fora da Shapu quando estou dando aula, levou o Uchiha.

— Sakura…

— Não, sofu-san. Meus alunos viram um estranho entrando sem autorização, levado pelo senhor, isso é uma afronta a minha autoridade. - a voz foi ficando mais grave, mostrando a raiva que sentia.

— Não esqueça que eu fui seu sensei, Sakura! Você me deve respeito. - a voz dele trovejou. - Sabe que eu não faço nada em vão.

— Então me explique o porquê daquilo.

— Precisamos da confiança do príncipe, Sakura. Kizashi já ofereceu ajuda do clã, não me surpreenderia se dessa vez os Haruno fossem para a batalha. - ele puxou um banco, sentando-se, parecendo cansado aos olhos de Sakura - E todos esses segredos que carregamos podem ser prejudiciais futuramente. Se não formos inteligentes o suficiente para sermos um ponto de segurança, depois poderemos ser alvos de uma injustiça.

— Mesmo depois de toda ajuda que estamos prestando, isso não seria o suficiente para eliminar dúvidas passadas?

— Não, minha flor. Imagine-se sendo traída por Tetsuo, como isso mudaria sua forma de ver as pessoas e os interesses delas por trás de cada ação.

— Entendo seu ponto, mas não como isso tem a ver com o que aconteceu hoje. - cruzou os braços, ansiosa pela explicação.

— Precisamos nos abrir para ganhar a confiança de Sasuke, - ele lhe encarou de volta - nos deixarmos expostos para que entrando em nossos segredos ele se sinta seguro para confiar. Sua técnica do Dansu no kūki é só uma das várias que nós temos, e não é nossa base, não há mal em nosso futuro Imperador conhecê-la.

— O senhor realmente gostou dele. - Sakura suspirou, imaginando as dores de cabeça que aquilo poderia causar.

— Sim, ele me parece ser apto para o trono. - ele observou sua sobrinha, balançando a cabeça quando essa o encarou de volta - Porém, você não parece contente com isso.

— Não estou descontente por suas preferências, só me sinto irritada pela constante avaliação que ele tem sobre mim.

— Nunca lhe vi afetada por esse tipo de olhar.

— Claro, porque nunca veio de alguém que pode por algum decreto retirar-me do posto que consegui. - se ter mais nada ela caminhou até a porta, parando por uns instantes para ouvir as últimas palavras de seu avô com atenção.

— Então convide-o para assistir suas aulas com as turmas mais avançadas. Prove-o que não é um erro tê-la onde está, assim como provou para mim.

***

Japão Imperial, Período Heian, Clã Nara.

 

Andando pelos corredores, nem poderia dizer que estavam com uma guerra iminente. As mulheres continuavam trabalhando em suas atividades domésticas cuidando de suas casas ou prestando seus serviços para a família principal, realizando as tarefas que usavam como pagamento para a proteção dos Nara. Retrato bem diferente do que tinha encontrado nos homens, os mais jovens corriam com seus treinamentos ou eram mandados para as terras do campo recolher maiores sacas nas.coletas para o estoque de alimentos. Sozinho, Shikamaru estava coordenando essas e outras tarefas, além de participar das reuniões com seu pai e Inochi, que ficavam maquinando maneiras de esconder do Imperador Madara suas alianças com o Príncipe Sasuke, enquanto ele ainda não revelava seu paradeiro.

 

Para ser sincero, ele estava insatisfeito com aquela situação. Seu pai e o representante da Tríade estavam muito confiantes que aquela mensagem pertencia mesmo ao Herdeiro, e ainda aceitavam a proposta de um destronado. Sabia que o Império afundaria se fosse comandado por Madara, via o terror que ele causava nas famílias de camponeses, em como algumas aldeias estavam sendo destruídas pelas suas tropas, porém tinha suas dúvidas sobre depositar sua aposta em um sujeito com altos risco de derrota.

 

Além do mais aquela, era uma grande chance. Com certeza outros clãs estariam vendo a situação da mesma forma, como o momento ideal de sair do poder dos Uchiha. Fugaku não tinha sido um mau governante, mas ao seu ver, eles possuíam o sangue de guerreiros, sempre se envolvendo em conflitos, internos ou externos, pelo ímpeto natural. O Japão não precisava de caldeirões de água fervendo o liderando, mas sim a visão sábia de pessoas que priorizavam a razão na hora de suas escolhas.

 

— Oh, Shikamaru-kun! - assustou-se com a voz fina um pouco atrás dele. Virando-se, viu Ino saindo por uma das portas que davam para a extensa varanda da casa, ornamentada de joias e uma veste de pura e cara seda de tons claros.

— Ino-chan, o que está fazendo por aqui? - observou ela caminhar para seu lado, sorrindo calma.

— Minha haha veio fazer uma visita para Yoshino-san, aproveitei para vê-la também, já que não conversamos desde o que aconteceu no palácio.

— E no entanto está passeando pelos corredores, ao invés de estar degustando de um chá em meio a conversas sobre seus quimonos.

— O calor estava me deixando um pouco cansada de ficar em locais fechados, então pedi licença para uma caminhada. E não seja tão simplório, nossos assuntos não são tão restritos quanto você pensa. - as sobrancelhas se afiaram, afastando a inocência que o rosto jovem costumava carregar - Ainda mais quando se pode ser a próxima Imperatriz, não é você que tantas vezes me fala como conhecimento pode ser útil?

— Então já sabe de seu compromisso, espero que Chouji não faça grande caso disso. - ele mudou sua rota, seguindo para um canto mais afastado no jardim.

— E por que ele faria?

— Não finja falsa inocência, Ino-chan, - olhou de relance para trás, continuando seu caminho - sabe muito bem da vontade que ele nutria em te ter como esposa.

— Não seja tolo, Shikamaru-kun, pouco lhe cai bem. Sabe que isso era vontade passada de nossas infância, hoje os interesses de nossos pais é o que prevalence. - ela caminhou até um banco de madeira simples, sentando enquanto o sol iluminava seus cabelos - Veja seu casamento com Sabaku no Temari, mais um acordo fechado para o bem do Clã Nara. Apesar de ser incerto o futuro, já que existe uma possibilidade da Sabaku-san está sendo mandada de volta para sua casa pelos riscos.

— Deveria ter cuidado com essa tua língua, lembre que você não é mais uma menina a ser bajulada, agora já tem dezesseis anos, uma mulher. - ele curvou-se até os rostos estavam em alturas próximas, por mais que ainda estivesse em pé - E mulheres devem manter a boca fechada para evitar constrangimentos, principalmente em público.

— Não seja tão triste, foi por sua influência que me tornei tão perspicaz assim.

— Você é muito confiante do que fala, pouco no que ouve, e nada no que pensa. - ele olhou-a de canto - Isso não é ser perspicaz, terá que fazer melhor que isso para sobreviver como Imperatriz.

— Terei tempo para aprender, e você para ajudar. - com um novo sorriso ela se levantou, tocando de leve seu ombro - Meu braço direito desde os tempos de travessuras.

— Com sempre sou eu a te encobrir. - ele pegou sua mão apertando de leve - O que seria de mim sem isso para alegrar meus dias?

 

***

 

Japão Imperial, Período Heian, Clã Akimichi.

 

O chá de jasmin tinha um gosto leve quando passava pela boca, o doce permanecia por um tempo na língua, um pouco acentuado pela temperatura. Do outro lado, Shikaku parecia estar tão satisfeito com o chá quanto Chouji, olhando distraído para os desenhos que circulavam as paredes de papel da Sala Memorial, parando no mais novos entre todos eles, o de Chouza.

 

— Você deve chamar um desenhista. - comentou depois de mais um gole - Agora que assumiu o Clã, seu rosto também deve estampar essas paredes.

— Não preciso de orientação sobre os costumes da minha família, Shikaku-san. Até mesmo porque este não é o momento para termos esse tipo de preocupação.

— Está certo, vim aqui conversar sobre a ajuda que a Tríade irá oferecer para Uchiha Sasuke.

— Shikamaru me contou sobre isso, porém não recebi detalhes. - os olhos cansados piscaram devagar - Ainda sim mandei que intensifiquem a produção nas plantações. Madara tem aterrorizado pequenas vilas, tenho que assegurar que as pessoas sobre minha proteção não passarão necessidade até que tudo isso acabe.

— Seu otou-san lhe ensinou muito bem, ele ficaria orgulhoso. - Shikaku sorriu brevemente - Madara está fazendo um império de terror, a nação não durará muito tempo se continuar assim.

— Eu não entendo, por que Uchiha Itachi entregaria o trono para um homem desses?

— Para tomar depois, sem dúvida. Provavelmente ele pretendia fazer isso durante aquela noite, e ficar como o herói que salvou o povo do tirano, porém agora ele não poderá construir essa imagem, o povo já o detesta por todas vezes que o vê cumprindo ordens de Madara. Nossa esperança é que a fama construída em cima de Sasuke-sama enquanto ele estava em batalhas seja o suficiente para apagar o medo do sobrenome Uchiha.

— Será. - a certeza que ele tinha despontou uma curiosidade na expressão passiva de Shukaku - Naquela noite, enquanto Shikamaru e eu tentávamos fugir com Ino, ele veio nos ajudar. Foi tão rápido, mas causou uma impressão difícil de esquecer.

— Isso é bom. Levar Sasuke-sama ao trono trará muitas vantagens às nossas famílias, o casamento com Ino-chan nos fará irmos além dos nossos deveres com o exército, sem entrámos diretamente naquele palácio.

— A não ser a própria Ino.

 

Cabisbaixo ele desviou o olhar, como se algo no chão fosse mais interessante do que a verdadeira atenção à conversa. Shikaku se mexeu, desconfortável em sua almofada, sabia das pretensões que Chouji tinha de pedir para que um acordo de casamento, graças uma conversa que teve com o falecido Chouza. O que não chegava a ser uma surpresa, observando bem o comportamento que eles tinham na infância, deixava claro que agora, na adolescência a jovem se tornaria alvo se seus sentimentos e sua escolha.

 

— Sei se suas antigas pretensões, - os olhos amendoados lhe voltaram com atenção - Chouza me contou sobre suas pretensões de pedir para Inoichi autorização para se casar com Ino-chan. Porém as circunstâncias mudaram, e você deve entender isso.

— Como eu já disse, - ele respondeu, se levantando - não preciso de orientação sobre os costumes.

 

Com um pequeno balançar de cabeça, Chouji deixou a sala, pouco se importando se pelas regras usuais somente ninguém que não fosse um Akimichi poderia permanecer sozinho naquela sala. No meio de suas vestes tirou uma caixa de madeira entalhada, dentro um adereço dourado de cabelo em formato de flor, com várias pedrinhas azuis penduradas em pequenos cordões, trazendo o sorriso de Ino outra vez em sua cabeça.

 

***

 

Japão Imperial, Período Heian, Clã Yamanaka.

 

Duas leves batidas na madeira simples despertaram Inoichi para o que acontecia ao seu redor. Estava na biblioteca que mantinha em sua casa, analisando antigos registros sobre a primeira tentativa de tomada do poder de Madara. Eram relatos de seu pai sobre o período em que Fugaku tornou-se Imperador e o que tinha acontecido com as famílias que apoiaram o Traidor.

 

— Entre.

— Achou o que procurava? - Shikaku perguntou atravessando a sala.

— Sim, e isso chegou chegou do palácio para a Tríade.

 

Shikaku pegou o pergaminho estendido, o selo imperial tinha sido rompido, a mensagem era curta, deixando um prazo para que os três líderes dos clãs fossem até o palácio declarar sua lealdade ao novo Imperador, e no caso de não comparecerem seriam vistos como conspiradores contra a nação.

 

— Temos pouco tempo para organizar tudo. - comentou, recolocando o pergaminho sobre a mesa.

— Sim. A conversa com Chouji foi produtiva?

—  Posso dizer que sim, - respondeu encarando os olhos frios do amigo - ele não irá contra nossa vontade.

 


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Notas finais do capítulo

Para quem sempre me pede SasuSaku na fic, vou deixar o link de uma shot UA que postei recentemente, essa sim é uma história amorzinho:
https://fanfiction.com.br/historia/721175/Paralelos/

Até próximo o capítulo!



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