Imperador Negro escrita por Mrs Fox


Capítulo 14
Capítulo XIII


Notas iniciais do capítulo

Olá meu povo, estou de volta!
Bom, essa capítulo era pra ter sido postado mês passado, mas graças ao drive que não marcou as datas de modificação eu fiquei esperando minha beta betar, sendo que na verdade ela já tinha betado.

Eu deveria ter perguntado pra ela antes? Deveria sim, mas quem disse que em lembrei? hahahaha

PARA MELHOR ENTENDIMENTO DA LEITURA:
oji sosofu: tio avô
sofubo: avós
ane-chan: irmã mais velha

LEIAM AS NOTAS FINAIS, TEM UMA EXPLICAÇÃO IMPORTANTE SOBRE A HISTÓRIA!

Boa leitura!



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— Como você tem tanta certeza de que a tachi do Príncipe foi sabotada? - Kakashi perguntou, olhando incomodado para os cabelos róseos que se afastava.

— Não tenho certeza, mas pela forma que as folhas de aço se desprenderam do cabo, esta arma não foi bem feita propositalmente. Porém, prefiro que meu sensei avalie isso, se o Uchiha-sama permitir, é claro. - os olhos de Tetsuo voaram para Sasuke, levantando-se devagar enquanto segurava o braço ferido.

— Quem é seu sensei? - perguntou, encarando o rosto apreensivo do garoto.

— Meu oji sosofu, Haruno Tobirama, porém você deve ter o conhecido por Senju Tobirama.

 

A surpresa tirou o fôlego de Kakashi, que voltou-se para seu pupilo, vendo confusão em suas sobrancelhas negras franzidas.

 

—Senju Tobirama? Aquele que fez as melhores armas para a guarda imperial durante o governo de meus sofubo? - Naruto foi o porta voz, buscando entender aquela nova revelação, recebendo um aceno positivo em resposta. - Por que essa mudança de sobrenome?

— Não me é permitido falar sobre isso, somente meu chichi e Sakura podem lhe explicar.

— E como tem tanta certeza que esta arma foi adulterada e não mal feita? - Sasuke perguntou, dando um passo para se por mais próximo ao jovem. - Sabe que usar sabotagem pode trazer uma série de desconfianças, inclusive com as pessoas que aqui habitam.

— Sei que sim, Uchiha-sama, mas não há outro termo a ser usado. Essa tachi foi feita desleixadamente de propósito. Nenhum ferreiro que se preze cometeria um erro tão grosseiro e deixaria passar despercebido. O erro veio da fabricação, nada que fizessem depois de pronta daria esse efeito que vimos hoje. - um suspiro saiu dos lábios, estava nervoso sobre o que acontecia ali, temendo que as desconfianças sobre sua família e todos moradores do vilarejo aflorassem. Passou a língua sobre os lábios, reunindo palavras para continuar. - Não me considero apto para dar certeza sobre isso, meus conhecimentos na confecção de armas é recente, porém creio que meu oji sosofu terá a credibilidade de dar a melhor explicação a vocês. Peço licença, terei de informar meu pai sobre o que houve aqui, e por favor, siga as instruções dadas por minha one-san, Uchiha-sama, para o bem de sua própria saúde.

 

Curvando-se antes de deixar a varanda, Tetsuo saiu apressado para dentro de casa, correndo para encontrar seu pai. Na varanda, Naruto segurava a lâmina e o cabo da tachi olhando atento para as marcas da arma. Mesmo não tendo grandes conhecimentos sobre ferragem, Kakashi, ao lado, passou o olho rapidamente sobre os objetos, antes de olhar Sasuke, que encarava os campos de arroz com um olhar vago.

 

— Sabe que isso pode ter sido feito aqui? - começou, aproximando-se de seu aluno - Não conhecemos estas pessoas. Os Haruno são misteriosos e provaram esconder diversos segredos.

— Mas Kakashi-sensei, - Naruto elevou a voz - o próprio Tetsuo falou que isso era uma sabotagem, não teria sido mais inteligente manter isso em silêncio caso fosse algo planejado aqui dentro?

— Não podemos nos assegurar disso, Naruto. - o homem suspirou - A fidelidade dessas pessoas que moram aqui é desconhecida; nem sabemos o quão sincera é a hospitalidade da família principal para conosco. Falar da sabotagem pode ser um modo de despistar nossa atenção e ganhar nossa confiança.

 

Naruto abriu a boca para uma resposta, porém teve sua atenção voltada a Sasuke, que tomara os objetos de sua mão, saindo silenciosamente para dentro da casa. O sol já se punha no horizonte, deixando os corredores mais escuros com a falta de velas. Não encontrou ninguém pelo caminho, enquanto devagar, pela tontura que sentia, foi até o seu quarto. Sentou-se no futon sentindo uma fraqueza tomar seu corpo, mesmo com o saquê no seu sistema sentia a pele queimar onde a linha tinha passado, a visão estava um pouco embaçada, forçando-o a apoiar o peso do tronco na parede de madeira de olhos fechados, esperando que assim tudo parasse de girar ao seu redor.

 

—Uchiha-sama, - a voz fina lhe chamou atenção alguns minutos depois que tinha se acomodado - gomenasai por lhe incomodar, estou trazendo algumas coisas para aliviar o incômodo em seu braço.

 

Ele abriu os olhos, encarando a porta antes de dar permissão para a entrada da visitante. Mais uma vez, Sakura estava em vestes negras, o cabelo agora completamente coberto pelo tecido preto deixando somente seu rosto a mostra. Sasuke reparou no tecido pendurado em seu pescoço, o mesmo que abafava sua voz escondendo seu verdadeiro gênero. Suavemente ela se curvou, sem derramar nada da bandeja que trazia em mãos, mostrando dois cabos de tachi preso em suas costas. Não desgrudou os olhos da mulher movendo-se em seu quarto, ela não o olhava para baixo como aconteceria se fosse de qualquer outro clã, trazia uma mensagem de auto suficiência nos olhos que os diferenciava dos analíticos de seu irmão.

 

—Esta sopa tem algumas ervas que acelerarão o processo de cicatrização, e este chá ajudará a diminuir o incômodo da linha na pele e evitará que sinta dores no meio da noite.

— Arigatou - ele respondeu baixo, acompanhando mais uma reverência sendo feita antes de Sakura voltar-se à saída. - Você é uma descente de Senju Tobirama.

 

Ela estancou no meio do caminho, antes de voltar-se mais uma vez para o homem sentado no futon, ele olhou para seus olhos vendo uma aura de cautela tomar as expressões femininas, antes de virar o rosto, focando o olhar em um ponto qualquer.

 

—Que na verdade chama-se Haruno Tobirama, e serviu ao Imperador Uzumaki quando o clã assumiu o trono do Império, usando nome falso. -respirou fundo, focando seu rosto mais uma vez em suas reações - Seu clã guarda mais segredos do que se permite demonstrar.

— Sim, somos um clã pequeno, as histórias e as mentiras se tornaram a maior ferramenta que os líderes anteriores usaram para nós manterem na paz.

— Não foi só os Uchiha que vocês inebriaram, os Uzumakis e quantas mais famílias que passaram pelo trono desde que sua linhagem existe, uma herança fundamentada em ilusões. Todos parecem extremamente leais ao que a Família Imperial representa, porém não parecem entender as relações de confiança que devem existir para que isso aconteça. - o peito de Sakura movia-se lento, sentindo claramente o peso que aquelas palavras traziam a imagem de sua família - É dever do Imperador proteger e zelar pelo seu povo, mas por decisões irracionais e egoístas os Haruno privaram a todos que já estiveram no comando do cumprimento de seu dever em não solicitar segurança.

— O orgulho é o maior perigo que minha família teve Uchiha-sama, - ela falou suave, ainda que seu coração batesse forte no peito - foi por ele que nenhum líder deste clã queixou-se uma vez sequer nos ouvidos do Imperador sobre segurança. A vontade de se provar forte, ainda que um clã pequeno, fez os antigos tomarem decisões que levaram a montar um sistema baseado em mentir para se proteger. E ainda que não possa falar em nome daqueles que já se foram, peço perdão por todas decisões que possam ter enfraquecido a confiança que nos poderia ser depositada. - ela se curvou, sentia vergonha de todas as verdades ditas sobre o seu clã, a sua família. Como poderiam se dizer leais ao Japão mentindo e escondendo verdades àqueles que prometeram ser fiéis.

— E o que acontecerá quando se tornar a líder desse Clã? - os olhos verdes se alargaram para o piso de madeira - Iria continuar carregando o orgulho de sua família ou revelaria ao Império o que acontece aqui?

 

Um longo suspiro foi ouvido antes do silêncio tomar o quarto. Sakura estava ereta, vendo que cada reação sua estava sendo observada e, pela primeira vez, entendia a imponência que tantas vezes ouvira dizer possuir Uchiha Sasuke. A expressão dele era o que mais a surpreendia: não a recriminava, não tinha tom de deboche em suas palavras, somente a curiosidade de alguém que agora pisava cauteloso em cada passo por não saber em quem confiar. Não poderia dizer como ele descobrira sobre sua futura ascensão como chefe daquela família, porém temia mais no momento a sua falta de resposta para a pergunta do que a posição que ele poderia tomar em relação as tradições pouco convencionais dos Haruno.

 

— Me parece que não sabe responder a minha pergunta. - as sobrancelhas se estreitaram com a face pasma.

— Gomenasai, Uchiha-sama, mas até esse nosso diálogo nunca teria notado a verdadeira gravidade da situação. A verdade é que esta é a primeira vez que vejo esse orgulho que temos na nossa capacidade de nos defendermos sozinhos como um erro, tal coisa nunca tomou minha mente então deixa-me com um pouco de dificuldade em lhe responder. - Sakura encheu os pulmões, soltando o ar devagar antes de continuar. - Mas pelo o que acabo de perceber, algumas mudanças terão de ser feitas.

 

No corredor, a madeira rangeu, interrompendo a conversa. Tetsuo apareceu na porta, ofegando levemente por mais uma vez ter saído correndo pelos corredores da casa.

 

— Com licença, - ele olhou para sua irmã antes de prosseguir - está tudo pronto.

— Entendo. Uchiha-sama, - ela se curvou antes de prosseguir - terei de me ausentar das sedes do Clã, mas lhe garanto que deixei membros da Shapu preparados para a segurança. Com licença.

 

Sakura não esperou uma resposta, seguiu até Tetsuo e juntos foram andando lado a lado até a entrada da casa, onde os dois guerreiros Haruno esperavam-na para poderem, então, ir buscar Tobirama. Antes de chegar a saída, o braço de Sakura se esticou, interrompendo o caminhar do irmão. Ele virou o rosto, vendo o rosto pequeno encarrar as duas figuras de preto antes de abaixar o braço, virando para ficar de frente pra si.

 

— Avisou chichi sobre a minha saída?

— Sim, ele está segurando haha em algum lugar antes que ela pense em vir lhe impedir. - ela sorriu vendo a forma travessa que o irmão descrevia.

— Ótimo, estarei chegando no meio da noite, então fique atento e cuide de tudo por aqui. - ele acenou, cruzando os braços nas costas para voltar andando para dentro de casa, - Tetsuo, tem algo me incomodando. - o caminho foi interrompido, mas antes que ele pudesse se virar ela prosseguiu - O Príncipe já sabia que serei eu a assumir este Clã, o que você tem a dizer sobre isso?

— Bem, ane-chan, as notícias correm. - ele deu de ombros, um ar debochado no rosto, entretanto vendo aqueles olhos, Sakura sabia que ele escondia algo por trás.

— Não mais rápido que a velocidade que a sua língua trabalha. - ela passou a mão no rosto, levantando o pano pendurado em seu pescoço até cobrir-lhe a boca, abafando a sua voz. - Só espero que você saiba quando deve parar de intrometer-se.

 

Sakura foi até a varanda, os dois homens envoltos de uma roupa igual à sua estavam ajoelhados na grama, mas bastou um aceno para se colocarem de pé, seguindo correndo por entre as plantações até o limite da vila, onde o plantio começava a se confundir com as plantas da floresta. Continuaram mantendo a mesma velocidade até chegarem numa parte mais fechada, passando a tomar mais cuidado e optando por caminhar. Ela pouco mais a frente, orientando o grupo pelo caminho que já havia feito tantas vezes.

 

— Kiba estava animado para assumir o comando de segurança? - ela pergunto para nenhum dos dois, certa que alguma resposta viria.

— Tanto que se tremia. - um som de escárnio saiu pela máscara - Não me surpreenderia se ao voltarmos recebessemos a notícia de que Kiba-san passou mal, Sakura-sama.

— Isso é bom. - o som de espanto tomou seus ouvidos, e logo explicou - Isso significa que ele não será tolo em superestimar suas habilidades e neglicenciar a segurança do futuro Imperador.

Era esse o sentimento que ela estava carregando desde que descobrira quem era o seu inimigo na floresta. O estado deplorável do grupo a assustou, ainda mais por notar que o maior samurai que habitava aquelas terras tinha sido facilmente subjugado, dando até uma ponta de desapontamento em seu peito, que logo se transformou em arrogância. Se Uchiha Sasuke, o melhor guerreiro de todo exército japonês, futuro general do Império, poderia ser derrotado com alguns movimentos de uma de suas técnicas, sua capacidade e competência estavam muito além do que qualquer um poderia acompanhar.

 

Até que em pé do telhado do prédio onde Mikoto tinha sido levada as pressas, ela percebeu o estado que o homem se encontrava. Quando ele levantou o rosto, a observando por alguns segundos, viu o cansaço, o medo e a fome estampados. A Imperatriz estava para morrer, e ele sabia; o Japão na mão de dois traidores, o povo caindo em desgraça, Uchiha Fugaku morto. E quando ele se afastou, indo até sua casa junto de seu pai, ainda com um andar altivo e simples, assim como seu tio bisavô lhe ensinara a perceber, viu a confiança que um grande guerreiro deveria ter. Ele não era fraco, e sim ela, que por uma mísera vitória em batalha, já se julgou superior.

 

Foi naquele momento que realmente tomou noção do que acontecia, eles estavam escondendo um grupo procurado por aqueles que agora estavam no poder. Escondê-los e oferecer qualquer tipo de assistência seria não uma afronta, mas traição para aqueles que usurparam o trono. E por mais que eles fossem desconhecidos nas terras ao norte de onde viviam, o que tornava improvável qualquer encontro com os homens de Madara e Itachi dentro de suas terras, poderia haver rastros do trajeto percorrido até chegarem ali, pelo desgaste que aparentavam não seria difícil que tivessem nem sequer lembrado de verificar que não haveria marcas no caminho. Eles poderiam ser atacados e assassinados, e do alto vendo todas casas, lembrando dos membros de cada família que ali habitava, ela jurou dar o melhor de si para proteger a todos, usado do medo que tomou seu coração como combustível para não cometer erros com ninguém de quem a vida lhe fosse responsabilidade.

 

— Chegamos. - ela anunciou depois de horas de caminhada, batendo de leve na porta para chamar a atenção de seu morador.

 

O som de passos e resmungos levavam imediatamente conforto para o seu corpo. Tobirama foi quem a treinara para as lutas e lideranças da Shapu depois de muita insistência de sua parte. O velho ranzinza desaprovava duramente que uma mulher da família principal se expusesse aos perigos de uma vida de batalhas, e ela sempre o afrontando por achar que sua posição privilegiada a privasse de entrar para Shapu. No final, quando atingiu dez anos, Sakura conseguiu a aprovação do então ancião da vila, podendo integrar oficialmente a força de guerreiros com a condição de passar por um treinamento a mais do que os que já executava. Foram cinco anos passando mais naquela casa simples dentro das matas do que na sua, se revesando entre a sede da Shapu, alguns poucos trabalhos de cura e lições sobre o comando do Clã com Kizashi. E no final, o próprio Tobirama a nomeara Líder da organização quando deixou o posto, justificando a escolha por não ter opção melhor e a idade avançada para treinar outro alguém. Mas Sakura não esquecia o abraço carinhoso que recebeu quando ele se despedia para finalmente passar o resto dos seus dias na mata.

 

— Sakura-chan, o que aconteceu para você vir aqui?

 

O idoso se escorava na porta, os cabelos brancos e o kimono azul desgrenhados, marcas de quem dormia e foi arrancado de seu sono.

 

— É o Imperador, oji sosofu, ele precisa de seus serviços como ferreiro.

 


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Notas finais do capítulo

[ATUALIZAÇÃO] Tô explicando a fabricação da katana, mas de uma tachi é basicamente o mesmo modo

Algumas pessoas no capítulo anterior estavam achando que a tachi tinha sido sabotada dentro do Clã Haruno porque o Sasuke tinha lutado com ela, mas isso não é uma lógica que pode ser usada com armas japonesas.
Bom, as katanas são armas feitas de maneira extremamente delicada, a lâmina é feita de aço e rica em carbono, o que faz o metal ser extremamente maleável e quebradiço. Pra deixar a lâmina mais resistente usa uma técnica especial de dobradura do metal e golpes, porém ainda é uma arma frágil mesmo que sendo bem feita. A verdade é que um katana é inútil na mão de quem não sabe manejar uma, você pode chacolhar demais e o aço se partir, até tem um certo angulo na hora de resfriar o metal pela última vez para sair perfeita, uma verdadeira arte.
O que aconteceu aqui foi: Sasuke é o samurai mais habilidoso do exercito, Sakura está certíssima em dizer isso, não é só história contada. Ele é tão bom que mesmo com uma tachi feita de maneira porca conseguiu lutar sem danos, a adrenalina do momento da batalha o ajudou com movimentos perfeitos e nenhum problema na arma, mas depois quando ele acordou pra realidade estava lutando muito mal e a arma se quebrou.

No próximo capitulo vai ter uma explicação curta sobre isso, mas preferi falar logo aqui pra vocês entenderem direitinho, caso queiram saber melhor o processo de fabricação da katana entrem aqui: > https://www.oficinadanet.com.br/post/13749-como-eram-feitas-as-katanas



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