Trigger: voltando minhas memórias escrita por Hikari Asa


Capítulo 1
Trigger: voltando minhas memórias.


Notas iniciais do capítulo

Segunda fic que posto no Nyah! Vamos de Charlotte agora! Espero que gostem bastante! Ah, recomendo escutarem as músicas do ZHIEND enquanto leem! Só procurar no Youtube!



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“Meu nome é Otosaka Yu. Tenho 17 anos.”

“Tenho um irmão mais velho e uma irmã mais nova. Não temos pais.”

“Eu moro e cuido da minha irmã mais nova”

“Estou no segundo ano do ensino médio. Não tenho ideia da profissão que escolher”

“Sou atualmente o ser vivo mais poderoso do planeta.”

Solto um suspiro pesado e deito minha cabeça nos meus braços. Já repeti essas frases centenas de vezes e parece que só fico confuso a cada vez.

- Sabe, você deveria encarar isso com mais seriedade. Se você se concentrar bastante, ficará menos confuso.

- Falar é fácil, Nii-san.

- Pode ser, mas admita: já não está tão ruim quanto antes, não é mesmo?

Meu irmão mais velho, Otosaka Shunsuke, está sentado sobre minha cama, com os braços apoiados na sua bengala. Apesar de seus olhos acinzentados estarem voltados na minha direção, ele é completamente cego. É uma droga ser assim e eu entendo disso um bocado, já que não tenho mais visão no meu olho direito. Nesse momento, estamos sozinhos no meu quarto. Shunsuke raramente tem tempo para nos visitar, mas dedica o pouco tempo livre que tem para visitar sua família, que se resume a mim e a nossa irmã mais nova, Ayumi. A presença do meu irmão mais velho é ao mesmo tempo tensa e reconfortante. Reconfortante porque ele parece melhor do que ninguém a entender a minha condição. Tensa porque eu quase não me lembro dele. Eu perdi completamente a memória.

Minha mente é um turbilhão de imagens desconexas toda vez que fecho meus olhos. Eu vejo e escuto barulhos de explosões, tiros, gritos. Vejo pessoas fugindo de mim, me olhando assustadas e vejo também pessoas me perseguindo, com olhares de ódio. Em ambos os casos, elas me veem como um monstro. Vejo fumaça, prédios caindo, o chão tremer. E gritos. Muitos gritos. Muitos mesmo. E o pior grito é o que saí da minha boca, quando acordo desses pesadelos.

“Eu tenho a habilidade de entrar na mente das pessoas e roubar suas habilidades.”

“Eu passei meses andando pelo mundo roubando habilidades especiais.”

“Sou o ser vivo mais poderoso do planeta.”

Além de entrar na mente das pessoas, posso ler seus pensamentos e traduzir para meu idioma o que falam. Posso correr veloz, voar, criar um campo de força, tremer a terra, ter super força, levitar objetos, atravessar paredes. Posso curar e voltar no tempo. Tenho outras habilidades além dessas, mas não vou listar todas aqui. É trabalho demais e tento não pensar nisso, como se precisasse de mais motivos para ter dor de cabeça. Para resumir, eu sou o ser humano mais poderoso da Terra. Imagine algo extraordinário. Eu consigo fazer. E isso não é nem um pouco legal. Não mesmo. Talvez o meu antigo eu, o eu de bem antes da minha vida ter virado de ponta cabeça, gostasse de ser o todo poderoso. Mas o meu eu de agora odeia ter tanto poderes assim. Não é nem um pouco legal ter virado uma arma humana de destruição em massa. Não é nem um pouco legal ter perdido toda minha memória. Não saber quem sou eu.

“Eu me voluntariei em roubar todas as habilidades do mundo para impedir que mais novas surjam”

O cometa Charlotte ao cair na Terra afetou alguns jovens pelo mundo, como eu e meu irmão e minha irmã, nos dando habilidades especiais que se desenvolvem durante a adolescência e somem quando se vira adultos. O fenômeno não afeta todos os adolescentes do mundo, mas os poucos que são afetados viram alvos de cientistas sanguinários, que os capturam, fazem experiências com seus corpos e depois os matam quando terminam suas “pesquisas”. Foi para evitar isso que Shunsuke fundou o Sindicato, uma instituição disfarçada de escola que recolhe essas pessoas com habilidades e as mantem seguras do mundo, graças a sua habilidade. Isso lhe custou caro: perdeu a visão de seus olhos por usar seu poder demais e foi obrigado a apagar a memória de seus irmãos mais novos para protege-los de seus inimigos, mas graças a isso salvou um monte de crianças. Pelo menos, durante um tempo.

“Meu irmão mais velho se chama Otosaka Shunsuke.”

“Minha irmã mais nova se chama Otosaka Ayumi.”

“Eles são minha única família.”

A habilidade do meu irmão mais velho é voltar no tempo. Com isso, ele corrigia as falhas que cometia ao formar o sindicato e as tantas voltas no tempo gastaram toda a sua visão. Mesmo cego, conseguiu construir o que pretendia, com a ajuda de seu melhor amigo, Kumagami. Mas a perda da visão o tornou incapaz de voltar no tempo e foi aí que as coisas começaram a desandar. Quero dizer, não foi apenas isso. Mas se meu irmão não podia mais voltar no tempo para corrigir falhas, alguém tinha que fazer isso. Foi quando eu e a minha habilidade de roubar habilidades entrou na história. E foi quando a minha vida virou um completo caos.

“Sou o ser vivo mais poderoso do planeta.”

Minha cabeça lateja e largo a caneta para massagear minha testa com as mãos. Desde que perdi a memória, dores de cabeça são constantes. Antes fosse só essas dores. Além da perda de memória, eu me feri muito enquanto andava pelo mundo. Os mais graves foram as flechadas que levei nas costas e uma na perna, que quase me tiraram a vida. Durante um bom tempo, precisei de cadeira de rodas para me locomover. Deixei de me apoiar em uma bengala faz alguns dias, mas ainda manco e sinto dores em várias partes do corpo. Fiquei com uma enorme vontade de tomar analgésicos e um pouco de morfina, mas é a Ayumi que agora toma conta dos meus frascos de remédios, para que eu não me vicie demais. Mas é difícil. Sinto tanta dor na cabeça que quase começo a berrar para implorar por uma pílula quando sinto o braço do meu irmão envolver meus ombros.

- Concentre-se, está bem? Vamos dar uma pausa e descansar um pouco.

A voz de Shunsuke é calma, mas firme. Ele está tão perto de mim que escuto as batidas de seu coração, o que me ajuda a manter a concentração e me acalmar um pouco. Fecho o caderno de anotações dando um suspiro de alívio. Os médicos me recomendaram a escrever essas frases para ajudar minha memória, mas escrever só me deixa mais confuso. Quando escuto sobre meu passado da boca de outras pessoas é como se aquela vida só tivesse existido em um mundo paralelo. Ao lado da minha escrivaninha, há uma caixa cheia de álbuns de fotos, DVD´s , jornais, cartas e um monte de outras coisa que meus irmãos e amigos reuniram ali para me ajudar a lembrar da minha antiga vida. Minha vida passada em uma caixa, uma concha de retalhos. Ás vezes, remexo aquele conteúdo todo como uma corda de salvação, mas tem outras vezes que queria mais era agarrar aquela caixa e tacar janela a baixo. Só tenho lembranças de um caos tão grande, tão exaustivo que tenho a impressão de nasci no meio daquilo tudo e fui criado assim. Um inferno.

- Onii-chan! Você não devia estar se arrumando?

Ayumi entra em meu quarto e para meu alívio, carrega a tiracolo uma bandeja com um copo com água e alguns dos meus comprimidos. Desconfio que minha irmãzinha esteja diminuindo a dose dos remédios, porque realmente estou viciado neles, mas tomo a dosagem com satisfação. Minhas dores diminuem um pouco e me sinto um pouco mais confortável. Apoio o copo vazio na mesa e sorrio para a Ayumi. Ela abre um enorme sorriso de volta e me abraça e me dá um beijo no rosto. Desde que voltei da minha “viagem”, minha irmãzinha tem sempre me abraçado em todas as oportunidades, como se quisesse se certificar que eu estava realmente ali, presente. Ela é carinhosa e virou praticamente a minha enfermeira, enquanto eu ainda me recuperava no hospital. Antes de partir, eu e Ayumi éramos bastante próximos. Meus amigos dizem que sou muito apegado a ela e que praticamente a criei sozinho. Ayumi cresceu um pouco enquanto estava fora. Pelas fotos que tenho dela, minha irmãzinha costumava usar presilhas nos cabelos, agora uma franja caí sobre sua testa. Ele cresceu uns centímetros também e posso ver um pequeno ar de amadurecimento em seu rosto, mas que continua muito alegre e cheio de vida. Ver o quanto ela mudou me deixa um pouquinho triste, mas também feliz por ver que ela ficou bem durante o tempo em que estive fora.

- Onii-chan, está tudo bem mesmo com você? Quer que eu avise a Nao-chan que...

- Não, Ayumi, eu estou bem. Sério. É que... ainda não sei direito o que vestir!

- Como não? Sua roupa está ali pendurada na porta do armário, Onii-chan!

- Ele ficou experimentando um monte de roupa uns minutos atrás. Liga não, Ayumi-chan! –disse Shunsuke fazendo um cafuné nos cabelos de Ayumi- Isso tudo é nervosismo! –e deu uma piscadela para minha irmã.

Ayumi riu e também piscou, como ela e meu irmão soubessem de algo e fossem cúmplices. Ayumi deu um abraço no nosso irmão e senti um pouco, mais só um pouquinho mesmo de ciúmes...

- Ei, eu não estou nervoso! Quero dizer, não é a primeira vez que saio com uma garota! Tipo, eu tive outros encontros, certo?

Meus irmãos se entreolharam e deram sorrisos que eram uma misturada de solidariedade e pena, o que havia se tornado um hábito irritante toda vez que eu tentava lembrar do meu passado. Minha cara não devia estar uma das melhores e Shunsuke pressentido isso me deu um tapinha nas costas:

- Vai dar tudo certo, maninho. –disse com uma vez firme.

- Vai sim, onii-chan! Estamos aqui sempre torcendo para tudo dar certo! –disse Ayumi abraçando a minha cintura.

Esse momento de união familiar era lindo e fofinho, mas todo aquele carinho ás vezes chegava a ser sufocante. Não quero parecer ingrato, mas eu preciso de um tempo para a minha cabeça arejar.

- Tudo bem, gente. Agora, preciso me arrumar!

Meus irmãos assentiram e saíram do quarto para me dar privacidade. Tomei um bom banho para me refrescar e fui vestir o conjunto que havia arrumado para sair: calça jeans, sapato social, camiseta branca e um paletó esportivo de cor azul claro. Enquanto me penteava, examinei meu visual no espelho, me dando por satisfeito com a minha aparência, porem, achando que eu podia melhorar algo.

Se tem algo que eu não havia mudado era isso: continuava um maldito narcisista vaidoso.

Eu ainda tinha tempo até o meu compromisso, mas preferi continuar no meu quarto. Sentei na cama e olhei o mural de fotos que montei com a ajuda de Ayumi e mais outra pessoa. Era uma colagem que misturava fotos antigas e fotos mais recentes. Boa parte era de mim e Ayumi: em nossa casa, passeando num parque, no nosso primeiro dia de aula na escola nova. Nessas fotos, meu olho direito ainda estava inteiro e eu parecia ser um rapaz sério e mais tranquilo do que sou hoje, com um ar presunçoso e arrogante no rosto. Há uma foto da sala do conselho estudantil, no qual eu fazia parte. Nela está o meu melhor amigo Jojirô Takajo, um cara que a primeira vista aparece ser um nerd com sua expressão séria e seus óculos. Mas era fachada. Takajo é um dos caras mais doidos que já vi. Seus gestos e piadas são exagerados e sem noção, me constrangendo e me fazendo rir ao mesmo tempo. Foi ele que me atualizou de tudo o que acontecia na escola e como era a nossa rotina no conselho estudantil antes de eu partir. E também levava para mim uma porção de curry com bife de língua de boi, que era meu prato preferido e dele também. Takajo perde totalmente a linha quando se trata na segunda pessoa na foto, minha amiga Nishimori Yusa, que não é nada mais, nada menos que a idol mais popular do Japão. É uma garota alegre e de personalidade infantil, mas é uma grande amiga minha, que me visitava várias quando estive hospitalizado. E enquanto eu estive fora, Yusa e Takajo começaram a namorar, o que tornou meu amigo um dos caras mais invejados e odiados do país. Até ameaça de morte de alguns fãs ele recebeu, mas nem liga para isso. Sério, o cara parece andar sobre as nuvens quando está de mãos dadas com Yusa, chegando até a ser cômico. Mas apesar de serem o casal mais louco que já vi, eu realmente estou feliz por eles, de verdade mesmo.

E, no centro da foto, sentada na mesa de presidente estudantil está à pessoa que ajudou minha irmã a montar todo aquele mural de fotos: Tomori Nao. A minha namorada.

“Eu tenho uma namorada. Ela se chama Tomori Nao.”

De todas. De todas as minhas memórias perdidas, as lembranças que envolvem Tomori Nao são as que mais me frustram por ter perdido. Eu tenho lampejos de memória que em que me lembro vagamente de ter uma irmã mais nova, de ter um irmão mais velho e ter amigos, mas da garota que se tornou minha namorada, nem um único lampejo, para meu desespero. Ela foi a primeira pessoa que vi ao acordar no hospital. Seu rosto era desconhecido, mas ela se apresentou como minha namorada. E pude ver a tristeza em seu rosto quando contei que não me lembrava dela. E fiquei triste também. Muito mesmo.

Maldita dor de cabeça! A dor volta e eu trinco os dentes, mas não chamo ninguém. Preciso resistir a essas dores sozinho, não quero preocupar mais as pessoas do que já preocupei. Me esforço para ignorar a dor latejante no meu cérebro e vou terminar de me preparar para sair. Prendo meu relógio de pulso no meu braço e coloco meu celular e carteira no bolso do paletó. Falta algo. Vou até o criado mundo ao lado da minha cama e pego um objeto que está bastante sujo e puído, mas que parece pertencer ao meu corpo: um pequeno bloquinho de notas, com frases simples, mais úteis em inglês, para se usar em viagens. Enquanto eu caminhava pelo mundo a fora roubando a habilidades e sendo caçado, esse pequeno bloco de notas era como se fosse a minha âncora na realidade, me salvando por pouco de não perder completamente a sanidade. O bloco fora feito pelas mãos de Nao. Minha mente apagou as imagens dela, mas não me deixou me livrar do bloquinho, que virou uma espécie de amuleto de sorte. Sempre o mantenho por perto, me ajuda a manter o foco. Mas não deixa de ser irônico, para não dizer trágico: eu carrego como um amuleto precioso um bloco de notas, mas me esqueci completamente da garota que o fez para mim.

Droga de vida.

O som da campainha toca e enquanto meu estômago dava um looping dentro de mim, Ayumi anunciou lá da sala de estar:

- Nao-chan chegou!

Com o coração aos pulos, corro para a sala a de estar e lá está ela, entrando pela porta. Nao está vestindo uma camiseta rosa bebe e uma saia branca, com sua inseparável filmadora nas mãos. Seu cabelo branco está preso em um rabo de cavalo e uma franja caí delicadamente sobre seus olhos, que são o que há de mais belo em seu rosto: eles são dois pares de azul profundo, não um azul simples, como a cor do céu de um dia de verão. O azul dos olhos dela é azul mais profundo e belo, como céu no crepúsculo, o pano de fundo de um por do sol. Ela está simplesmente linda.

Cara, como eu posso ter esquecido de ter uma namorada assim?!

- Olá, pessoas! Oi, Yu! –cumprimenta ela enquanto vai entrando na sala.

- Nao-chan, você está muito linda! –diz Ayumi, que adora a Nao.

- Obrigada, Ayumi-chan! Mas você que está uma gracinha! –retruca afagando os cabelos da minha irmã.

- A Nao-chan sempre está linda, isso nunca muda...

- Shunsuke-san! Não sabia que viria aqui hoje!

- Só vim fazer uma visitinha. Vou ficar com a Ayumi-chan enquanto vocês vão ao show.

- Ei, Shunsuke-Onii-chan, eu sou uma mocinha, não preciso de cuidados! –protestou Ayumi fazendo beicinho.

- Claro que não precisa! Quem precisa sou eu! –retruca o Nii-san agitando a bengala para enfatizar.

Todos riem e Nao se aproxima de mim, fazendo meu coração bater descompassado. Ela guarda a filmadora na sua bolsa e segura minhas mãos. Sua pele é macia ao toque.

- Está tudo bem, Yu?

- Agora está.

Ela dá um meio sorriso típico, que a deixa mais linda ainda.

- Yuu! Yuu! Yuu! –diz Ayumi para nos provocar, o que o Nii-san gargalhar.

Eu e Nao trocamos um sorrido constrangido. Dou um pigarro para quebrar o clima:

- Então... vamos?

- Claro! Não quero pegar muita fila!

- Tenham um ótimo show! –deseja Ayumi vindo se despedir e dando um abraço em cada um de nós. – Me contem como foi quando chegarem!

- Tenham uma ótima noite e não precisam se comportar, viram? A noite é uma criança! –diz meu irmão dando um sorriso malicioso e piscando para nós dois.

- Nii-san!! –digo sentindo meu rosto ficar vermelho.

Nao dá uma risada, mas seu rosto também ficou vermelho, embora não tanto quanto o meu.

- Ué, como assim, “não se comportarem”? –pergunta Ayumi confusa.

- Deixa pra lá! –dissemos eu, Nao e Nii-san ao mesmo tempo.

- Bom show! Vai ser tranquilo.

E com isso, eu soube que meu irmão provavelmente colocou uma escolta para vigiar a mim e a minha namorada. Sei que ele faz isso para minha segurança e porque se importa comigo, mas essa vigilância toda está me incomodando muito. Eles ficam de longe, me monitorando por câmeras e afins, mas como passei um bom tempo sendo perseguido, desenvolvi um sexto sentido para detectar quando estão me vigiando de longe. Tento não demonstrar o quanto aquilo me incomoda, mas é difícil. É como se a minha vida não pertencesse mais a mim.

Nao notou a minha expressão de desagrado, pois apertou minha mão e encostou a cabeça no ombro, enquanto esperávamos o elevador chegar:

- Relaxe. Vamos só... fingir que eles não existem, está bem?

- Hum... certo.

Ela com certeza deve estar tão incomodada quanto eu com essa situação, afinal, é o nosso encontro, mas Nao entende que é necessário. Não apenas por seu namorado ser praticamente uma ogiva nuclear pronta a explodir a qualquer descuido, mas também porque ainda há pessoas que adorariam me dissecar em uma mesa de laboratório e caçadores de recompensa que receberiam fortunas pela minha cabeça. Porém, eu tenho capacidade para detonar um exército apenas estalando os dedos, de modo que qualquer cidadão mal intencionado tenha que pensar dez vezes antes de tentar algo. Mas, para o Nii-san, cuidado nunca é demais e melhor colocar alguns agentes para vigiar o irmãozinho do que um cataclismo acontecer.

- Ei, não fica assim! –disse Nao sorrindo tentando me animar – Essa é a nossa noite, ok? Nada vai dar errado, confie em mim!

Geralmente, quando se diz “Nada vai dar errado” é porque algo vai dar errado, mas não quero ser pessimista hoje. Nao tem razão. Essa noite é nossa.

- Cara, eu tou muito ansiosa! Esperei por esse show a um tempão mesmo! O show atrasou em um ano por problemas técnicos!

- Eu também! Acho que nunca fui a um show ao vivo! Err... eu fui?

- Que eu saiba, não. Pelo menos não comigo.

- Então, esse é o meu primeiro show!

- Isso aí! E vai do ZHIEND, não tem como estrear melhor que isso!

Nao começa a falar animadamente da banda e ver sua empolgação me deixa bastante feliz e empolgado. Ela adora o ZHIEND e me contou que seu sonho é gravar clipes perfeitos para fazer jus a qualidade das músicas da banda, que realmente tem um som fantástico, pois Nao me presenteou com um MP3 com uma playlist com as melhores músicas da banda. Gostei tanto do presente que quero comprar algo realmente legal para a minha namorada hoje.

- Caramba, que fila! –exclamei assim que chegamos no local do show.

- O ZHIEND é uma banda bastante famosa mundialmente, é normal atrair muita gente assim. –disse orgulhosa. – Mas, realmente, está muito cheio. E olha que chegamos cedo, viu?

- E por que você quis chegar tão cedo?

- Para podemos passar na loja e comprar alguma lembrança do show, oras! Droga, também tá com fila... e nem adianta ir depois do show, vai acabar tudo!

Uma ideia pipocou na minha cabeça de repente. Só faltou fazer “plin”!

- Olha, por que não fazemos assim? Você compra umas bebidas para nós e eu fico na fila da loja!

- Ei, mas a fila da comida também tá imensa!

- Sim, mas tá indo mais rápido! –estava nada, mas eu precisava ganhar mais tempo.

- Hum... –Nao apertou os olhos, desconfiada.

- Sério, confia em mim! –disse cruzando os dedos atrás das minhas costas.

Nao continuou a me encarar com os olhos semicerrados e fazendo “hum” com a boca fechada. Ai, caramba, se eu piscar ela vai ficar mas desconfiada ainda. Mas para meu alívio, ela suspirou e assentiu.

- Ok, certo, vou pegar umas bebidas para nós. Tá calor e você não pode ficar desidratado por muito tempo...

- Pois é!

- E tenho que cuidar bem do meu namorado, se não a minha cunhada me mata! –disse dando que aquele meio sorriso e piscando os olhos, uma expressão arteira que nela conseguia ficar muito sexy.

Escutar Nao se referindo a mim como namorado mexia comigo, podia sentia minha paixão por essa garota jorrar em meu íntimo. Ela acenou e se afastou para comprar as bebidas, enquanto fui correndo para a fila. Estava realmente bastante cheia, mas usei meus poderes para confundir as pessoas e fazer com elas saíssem da fila. Manipulei também a mente dos vendedores para que não estranhassem porque tantas pessoas saíram de repente. Ok, isso é desonesto e com certeza os agentes do meu irmão vão me cagoetar e vou levar a maior bronca, mas era por uma boa causa. Ao chegar no balcão, fiquei examinando os produtos, me perguntando o que mais agradaria Nao. Tinha camisetas, bonés, canecas, estojos e bolsas com o logo do ZHIEND, mas acho que ela não iria curtir muito essas coisas. São do tipo que boa parte das pessoas compram num show, nada de especial. O que me chamou a atenção foi uma capinha para celular de cor preta, escrito o nome da banda em letras brancas. Era bonita, mas não era apenas isso que havia me chamado a minha atenção: o case vinha embutido uma bateria e um gravador PCM, segundo o que dizia o anuncio. Não entendo nada dessas coisas, mas a Nao adora tecnologia, então esse seria o presente prefeito para ela. Paguei e voltei para onde havia me separado da minha namorada. Ela não demorou muito para voltar, vinha carregando uma sacola com garrafas de chá e pacote de salgadinhos.

- Ué, já voltou?!

- Aham.

- Mas eu queria também comprar algo e... peraí!! O case para celular do ZHIEND!! Eu estava querendo isso, como adivinhou?! –disse pegando a capinha e olhando para ela admirada.

- Bom... acho que foi intuição, sabe? –respondi contente ao ver que ela havia gostado de verdade do presente.

- Mas a fila estava enorme! Ahá! Você usou seus poderes, não foi, espertinho?

Encolhi os ombros, desconcertado.

- É, usei sim. Mas eu queria muito te dar um presente...

Experimente olhar para Nao e vi que ela não estava braba, menos mal. Estava ligeiramente preocupada por eu ter usado meus poderes, mas ela deu um suspiro e sacudiu levemente a cabeça e sorriu.

- Muito obrigada pelo presente, Yu, mas não precisa ter usado seus poderes assim. Lembre-se, pode ser perigoso, estão te monitorando.

- Eu sei. –disse me sentindo um pouco culpado.

- Mas eu realmente adorei o presente! Obrigada mesmo!

Agora Nao sorria e colocou a capa no seu celular, depois o ergue com as mãos para admirá-lo. Ela estava tão contente que chegava a rir e rodopiar. Geralmente, Nao era uma garota séria e irônica, mas também era engraçada e chegava a se soltar assim, em momentos como esse. Nao estava tão fofinha assim que me deu vontade de abraça-la.

- Você não se atreveria em usar seus poderes em mim, não? –perguntou de repente, num misto de seriedade e brincadeira.

- Claro que não! –retruquei um pouco ofendido. – Eu nunca faria isso com você!

E era sério. Que tipo de monstro seria eu usando meus poderes para controlar minha própria namorada? E algo me dizia que eu iriar me arrepender amargamente de controlar Tomori Nao um dia...

Nem percebi quando ela me cutucou com um pouco de força na testa.

- Só para você ficar esperto. –disse brincando, mas com um tanto de seriedade também. – Nada de usar seus poderes por aí, levianamente. Ainda mais em mim, na Ayumi-chan, Shunsuke-san ou em qualquer um dos nossos amigos, beleza?

- Beleza pura! –levantando a palma da mão num gesto de juramento.

- Ei, vamos para fila, já vai começar!

- Ok!

Enquanto esperávamos os portões abrir, fiquei contemplando os cartazes do show, distraído. Tinha uma estranha sensação de dejá vu desde que havia chegado ali. Sei lá, eu sempre tenho essas sensações, mas agora estava mais forte. Eu estava com um estranho pressentimento. Parecia que algo estava prestes a acontecer e eu não gostava nada daquilo.

- Eeei! Terra chamando Yu, Terra chamando Yu! –chamou Nao passando as mãos diante dos meus olhos. – Ei! Você está bem?

- Hein? Ah, sim, eu estou bem!

- Tem certeza? –disse fazendo aquela expressão desconfiada novamente. – Se estiver passando mal, podemos ir embora e...

- Não, não, eu estou bem! É sério!

- Yu...

- Sério, Nao, estou bem! Você esperou muito para esse show, não podemos ir embora agora!

- Sim, mas...

- Eu estou bem. É a nossa noite, lembra? Vai estar tudo bem. –disse sorrindo para tranquiliza-la.

Nao apertava os lábios preocupada e por um momento temi que ela me levasse realmente embora ou ligasse para meu irmão. Mas ela se aproximou e se encostou no meu peito, me surpreendendo:

- Sei lá... quando você faz essa cara, tenho a sensação que você vai se perder de novo.

Comovido com aquela declaração, a envolvi em meus braços e senti o perfume vindo de seus cabelos.

- Eu... eu não vou sumir. É que... ainda está tudo tão confuso na minha cabeça...

- Eu imagino...

- Mas eu não vou me perder de novo... nunca mais.

- Ás vezes, sinto que você ainda está longe.

Aquilo formou um nó na minha garganta. Sei que dói bastante para a Nao o fato de a ter esquecido. Segundo ela, nós havíamos feito uma promessa antes de eu partir e quando voltei, minha mente apagou até mesmo o seu rosto. Deve ter sido difícil esperar por alguém e ver esse alguém esquecer de você assim que retorna. É difícil para mim também. Eu a esqueci, mas me sinto bem quando estou perto dela. Consegui me apaixonar por ela novamente, mas como eu queria tanto lembrar dela novamente, de tudo o que vivemos, o que me fez ficar apaixonado por Toneri Nao primeiramente...

- Eu estou aqui agora.

- Sim, é isso o que mais importa.

Já ia dizer mais alguma coisa, quando os portões abriram e fomos entrando. O humor de Nao melhorou enquanto ela nos guiava para as primeiras fileiras. A empolgação dela me contagiava, mas eu ainda sentia aquela sensação de dejá vu que me incomodava muito.

- Olha, vai começar! –exclamou Nao animada.

“Esqueça seus problemas pelo menos hoje, ok?!” me censurei mentalmente.

As luzes se apagaram e apenas o palco ficou iluminado. Os membros da banda foram entrando um por um sob aplausos e gritos e foram ocupando seus lugares e instrumentos musicais. Nao gritou quase mais alto do que todo mundo ali quando apareceu Sara Shane, a vocalista ruiva de olhos azuis do ZHIEND subiu ao palco por último.

- Yo, Japão! –disse pelo microfone.

A plateia ficou mais agitada e me juntei a aquela animação toda. Sala apresentou sua banda e começou a cantar, com aquela voz marcante:

Looking up high found a steel tower.

(Olhando para o alto, encontro uma torre de aço)

Wondering how i would feel if I fall down.

(Queria saber como eu me sentiria se eu caísse)

Was it a dream?

(Isso foi um sonho?)

I saw deep red.

(Eu vi um vermelho profundo)

Looking down below ground top of the tower

(Olhando para baixo, abaixo da torre)

Fear takes over my heart

(O medo toma conta do meu coração)

and my knees won't stop shaking

(e meus joelhos não param de tremer)

Then I realize, I'm falling down

(Então eu percebo, estou caindo)

Quanto mais eu ouvia, mas aquela sensação de dejá vu aumentava, como se espalhasse por todo o meu corpo. Eu tinha visto esse show. Sabia exatamente qual música ia tocar. Eu começava a hiperventilar e quando achava que ia ter mais um surto, Sara anunciou no seu microfone:

- E para homenagear esse país maravilhoso que é o Japão, aqui vai uma música inédita para os fãs: TRIGGER!

- WOOOOOOOW! –gritou Nao.

- O QUÊ?! –gritei sentindo minha cabeça estourar.

Come now

Heading to the oblivion

(Venha,

Direto para o esquecimento)

To the darkness sink me

(Para a escuridão que me cobre)

Future is lonely as it seems to be

(O futuro é solitário quanto parece ser)

And I am reaching from there

(E estou alcançando aquele)”

“- Oi, eu sou a Toneri, do conselho estudantil... só que outra escola.”

My mind is clear now

(Minha mente está limpa agora)

I feel like I can do anything when

(Sinto como se pudesse fazer tudo)

I want to do it, yeah

(Quando eu quiser fazer

Sim!)”

“- Também não sabemos o que o amanhã nos reserva.

- Ei, não diga essas coisas assustadoras!

- Que tal você escolher melhor suas palavras?

...

-Está com pena? Pare. Você é só um trapaceiro”

“I feel I'm notorious

(Sinto que sou notada)

Do you know what you can handle?

(Você sabe quais são os seus limites?)

Do you know me?

(Você sabe quem eu sou?)

“- Espera... você... quando foi que-

- O tempo todo.

...

- Se continuasse assim, jamais voltaria a ser humano. Por isso, te parei.

...

- Eu me sinto responsável pela Ayumi-chan também... Por isso, eu decidi que ficaria com você, até voltar ao normal.”

Spinning round and round going back and forth

(Girando em torno, ao redor, indo e vindo)

Will be here as an angel, that's fallen deep

(Estará aqui um anjo caído)

“- Desta vez, eu quero ser quem te salva. É por isso.

- Por isso?

- Porque eu amo você.

- Hã? Em que sentido? Romance ou o quê?

- Isso, romance.

...

- Eu direi que estarei te esperando.

- Pelo o que?

- Porque, quando eu te ver novamente e você ter salvado a todos, então poderemos namorar.

...

- Então me prometa que vai voltar, que nos encontraremos de novo.”

See, there's the dark side waiting for me

(Veja, há um lado escuro me esperando)

Never end forever

(Nunca é sempre)

Out on the rim no need to breathe even I'm an angel

(Eu nunca precisei respirar mesmo... Eu sou o anjo)”

Caio de joelhos.

Eu lembro.

Lembro de tudo.

Está tudo claro como água na minha mente.

Tudo entrou em ordem agora.

Me lembro de tudo.

- Yu!

Nao está ajoelhada ao meu lado. Ela tem uma expressão assustada e preocupada no rosto, seus braços envolvem meus ombros. Ela me sacode, tentando me trazer de volta para a realidade.

- Yu! Por favor, acorde! Voltei a si! Está me escudando?! YU!

Nao está tão desesperada que enquanto olho esse rosto tão conhecido, começo a rir, mesmo que a situação não tenha graça nenhuma.

- Tá rindo do que, seu idiota?! Pirou de vez?! Vamos sair daqui e...?!

Eu a abraço com força e começo a gargalhar de felicidade. Minha memória está recuperada, eu lembro de tudo o que aconteceu desde que Shunsuke voltou no tempo e nos tirou daquele inferno. Lembro de como usei meu principal poder para tirar vantagens. Lembro quando conheci Toneri Nao. Que conheci meus melhores amigos, Takajo e Yusa. Das nossas missões no conselho estudantil. Quando minha adorável Ayumi morreu ao despertar seus poderes e entrei numa depressão tão profunda que somente Nao conseguiu me tirar do fundo do poço. De como eu passei uma tarde louca com a Sara Shane e como ela conseguiu dar, usando sua voz, um momento de lucidez para o irmão de Nao. De como descobri que estava apaixonado por essa garota. De como recuperei pela primeira vez partes da minha memória nesse mesmo show que estou agora. Como reencontrei meu irmão mais velho e roubei sua habilidade de voltar no tempo e consegui salvar a vida da minha irmãzinha. E quando Kumagami foi morto e tive o olho direito mutilado. Quando parti para tomar todas as habilidades especiais do mundo. E a promessa que fiz com Nao: eu retornaria vivo e começaríamos a namorar.

Ah, por Kami-sama! Eu me lembro de tudo!

Eu abraçava minha namorada, ria e chorava. O pesadelo havia terminado finalmente!

- Yu...?

- Nao... eu me lembro! Lembro de tudo!

Senti ela ficando rígida nos meus braços. Eu a abraço com mais força.

- Tá tudo aqui... recuperei minhas memórias totalmente!

Ela se afastou brevemente de mim e segurou o meu rosto entre suas mãos. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas eu via esperança neles também.

- É... verdade? Você se lembra de tudo? De mim...?

- Sim! Eu lembro de tudo agora!

Nao engoliu em seco, fungando, dando vazão a suas lágrimas. Mas era de felicidade e alívio. Deuses, ela é tão linda!

- DEMOROU! SEU IDIOTA!

Aquela súbita explosão dela me assustou a princípio, mas me fez rir depois.

- Eu sei... me desculpe.

- Tá se desculpando por que? Trouxa...

- Hahaha... eu sinto muito mesmo...

- Você... você não tem jeito mesmo... Aaah, Yu! Isso é tão bom! Bom mesmo...

Sinto as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, emocionado. Encosto minha testa na dela.

- Eu cumpri a minha promessa. E você cumpriu a sua, não?

- É... –disse ela fungando e dando o sorrido mais lindo que já vi. – Cumprimos.

- Estamos namorando, não é? De verdade, certo?

- É claro que estamos namorando, seu bobo! Acho que eu fiquei esperando aqui porque, hein?

- Eu te amo, Toneri Nao.

Nossos rostos se aproximaram e nos beijamos pela primeira vez. Ah, como eu precisa desse beijo, de poder ficar perto dela, abraçando a sua cintura e sentindo os braços dela envolvendo minha nuca. Passar minha mão naqueles cabelos brancos e macios, me sentir vivo como nunca estive.

Quando a falta de ar nos separou, reparamos que havíamos chamado a atenção um bocado. Mal tivemos tempo de ficarmos constrangidos quando a vocalista do ZHIEND disse com a voz ecoando por todo o lugar:

- Uau, isso sim que é um beijo inspirador! Ei, ZHIEND, Let´s Feel Good para esse casal lindo aqui!

There is a rainbow across the sky

(Há um arco-íris no céu)

And today, I feel like I can go far away

(E hoje, eu sinto que posso ir longe)

Passing through across the river on bare foot

(Passando pelo outro lado do rio, com os pés descalços)

Let's hurry going over the hills

(Vamos nos apressar, passando por cima das colinas)

I knew it

(Eu sabia)

Everything is just a dream

(Tudo é apenas um sonho)

But it's alright cause right now

(Mas está tudo bem agora)

I am exceptional

(Eu sou excepcional)

- Cara... –suspirou Nao repousando sua cabeça em meu ombro. –A Sara é simplesmente incrível.

- Ela é sim. Mas eu conheço outra garota mais incrível ainda...

E tornei a beijar intensamente minha namorada.

Saindo do show, eu mal podia esperar para reencontrar Ayumi, Shunsuke-Nii-San, Takajo, Yusa e todos os meus amigos. O pesadelo havia acabado e eu mal podia esperar para completar a maioridade para me livrar de vez daqueles poderes e me tornar um cara normal. Agora, como Nao havia dito quando acordei no hospital, iriamos construir juntos com nossos amigos mais lembranças felizes daqui para frente.

Mas agora, nesse momento, tudo o que eu quero é curtir é um show da melhor banda de pós-rock que existe, ao lado da pessoa que mais amo nesse planeta.

Let's laugh aloud to silly things, it's alright

(Vamos rir em voz alta para coisas bobas, está tudo bem)

That is the one and only thing

(Essa é a única coisa)

I can do best that's me

(Eu posso fazer o melhor de mim)

Let's feel good and live it out

(Vamos nos sentir bem e viver lá fora)

FIM.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Espero ter feito uma história digna desse anime tão incrível que é Charlotte! Anime do ano, com certeza! Se gostaram, compartilhem a fic com seus amigos que curtem Charlotte e favoritem também. Elogios e críticas são muito bem vindas, mas tudo com educação, galera! Terei o prazer de responder!

Beijos! *^^*



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