Submersa em ilusão escrita por Cardisplicente


Capítulo 6
Fugir?


Notas iniciais do capítulo

Hello, it's me...
Tá bom. Parei! Huahsuhas
Merlin queria um tempo sozinha e Nicolas finalmente tomou fôlego para revelar seu segredo a ela :O



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/656628/chapter/6

Já estava desencantando daquele beijo. Nada como virar a página depois de uma enorme borrada. Subi a outra escada. Eu estava totalmente em paz com aquela música, apesar daquela letra ser a mais desnecessária possível para aquele momento. Eu não deveria amá-lo por mais mil anos.

Nicolas vai ser sempre o meu melhor amigo. Eu não posso mudar isso. Eu até tentei e isso não bastou porque ninguém pode amar sozinho. Ninguém é capaz de amar por tanto tempo sem receber o mesmo amor de volta. Porque o amor é como uma fonte. Uma hora acaba, a menos que você encha de volta. E quando transborda não tem problema. O problema é quando seca. Quando acaba, demora muito para encher novamente.

Aquele salão era tinha uma decoração tão alegre que ficava até estranho assistir a dupla de pianista e violinista tocando ali. Sentei no sofá, sozinha. Era incrível como não havia mais ninguém naquele restaurante. A música acabou e eles deram uma pausa. Ficaram tomando água e trocando ideias.

Ele logo chegou. Sentou ao meu lado e segurou minha mão direita. Olhou para mim. Nada disse. Ficou apenas observando-me. Eu fiz o mesmo, não quis apressá-lo. Eu estava ciente que ele queria contar-me alguma coisa. Esperei. Ele colocou os fios de cabelo que estavam no meu rosto para trás da minha orelha. Finalmente, ele começou:

– Eu não trouxe você aqui a toa.

– Eu sei e estou esperando que me conte o porquê

– Eu quero te fazer um convite.

– Qual? – Perguntei pasma, sem pensar duas vezes.

– Quer fugir comigo?

– Você ficou louco? – Ri daquele absurdo.

– Não. Eu estou demasiadamente lúcido! – Negou com toda certeza que poderia ter.

– É sério, me conte o que está acontecendo? – Perguntei preocupada e ele só ficava mais cabisbaixo – Não sei se você se recorda, mas eu sou sua amiga... Pode confiar em mim – fiz um carinho materno em suas costas, como o da minha mãe faz quando tenta consolar.

– Eu não te contei algumas coisas, Merlin – olhou nos meus olhos, transmitindo tamanha tristeza.

– Não é tarde. Ainda estou aqui. – aproximei-me – Tem a ver com a universidade? – Ele fez sinal que sim. – Você não passou? – Busquei disfarçar meu espanto com essa ideia. Afinal de contas, se existe alguém na face da Terra que merecia aquela vaga era Nicolas! Ele era apaixonado por música. Eu não poderia imaginá-lo fazendo outra coisa senão isso.

– Eu também passei em Direito! – Contestou.

– Isso seria ótimo? – Questionei.

– Até você acha que seria? – Afastou-se.

– Sim, se você não tivesse nascido para brilhar sob a luz de milhares de holofotes. – Exagerei um pouco. Mas o que posso fazer se sou pisciana?

– Eu não brinquei quando pedi para você fugir comigo, Merlin.

– Nicolas, eu entendo que é uma decisão delicada a ser tomada, – refleti – no entanto, fugir dessa responsabilidade não lhe convêm. Aliás, nunca vi você fugir de nada quando garoto. Por que vai fazer isso agora que já é homem?

– Merlin, foge comigo! – Ele insistiu.

– Claro que não! Semana que vem tem matrícula, em seguida aulas na universidade! – Irritada com a inconveniente insistência, tentei deixá-lo ciente. Contudo, ele ainda estava com a cabeça bem longe da realidade.

– Merlin, a universidade de Direito fica no outro lado do país! – Explicou-me.

– Espera um pouco, Nico... Você está mesmo cogitando em cursar direito? – Perguntei desapontada.

– Só por um ano, eu prometo. Só por um ano, vamos viver pelo mundo afora.

– Quando você entrou nessa vibe Carpe Diem? – Debochei.

– Eu vou deixar você em casa, tudo bem? – Desistiu finalmente de insistir naquela ideia tola.

– Okay, Nicolas.

Ao sairmos do restaurante, despedi-me do simpático porteiro. Ele parecia incansável. Ainda estava sorridente. Nicolas abriu a porta do carro para eu entrar. Eu estava totalmente tranquila em saber que todo aquele clima e comportamento dele eram resultados dessa escolha complicada.

No fundo, eu sentia muito por justo ele ter de passar por isso. Ele foi quem mais incentivou-me a cursar Psicologia. Estudou comigo todas as vezes que eu ligava reclamando daquelas fórmulas imemoriáveis. Ele era bom em todas as matérias, exceto nas de humanas e agora está cogitando entre seu sonho e Direito, ou melhor, dinheiro – porque é isso que deve estar pesando na decisão. Todavia, isso não era do feitio dele, certamente estava sendo pressionado pelos pais.

Ele dirigia com cautela, estava visível sua preocupação. Eu pensei que eu poderia ir lá, conversar com os pais dele. Não custava tentar abrir a cabeça deles um pouco. No entanto, ele acharia uma péssima ideia. Portanto ele não deve nem cogitar na possibilidade de eu tomar essa atitude. Irei sozinha. Pela manhã, quando ele estiver na autoescola. Ironicamente, o bom moço dirigia sem carteira e isso não era problema para seus pais judeus. Mas namorar uma garota divergente de sua religião era.

Enfim, um sinal vermelho. Nicolas aproveitou para procurar alguma coisa na porta ao lado.

– O que você está procurando? – Perguntei curiosa.

– O CD que você gravou.

– Está no porta-luvas. Eu pego.

– Pode colocar para tocar? – Olhou-me carinhoso. Odiava quando fazia isso. Isso fazia meu estômago borbulhar – Pensando bem, eu prefiro ouvir com você.

– Ótimo – respondi contente enquanto tornava meus sentimentos irrelevantes.

Assim que a primeira música tocou, estranhei a batida. Não trouxe o CD certo! Droga! Era a música “Eu vou ficar” da Anitta e não poderia ter sido pior! Olhei imediatamente para o semblante dele. Ele estava com as sobrancelhas franzidas.

– Merlin? – Chamou-me.

– Esse CD não é meu! – Fui colocando o dedo prestes a apertar o botão para retirar o CD.

– Deixa aí! – Sorriu com o canto da boca – Ou você acha que eu não curto um batidão?

– É óbvio que você não curte! Você é pianista! – Sorrimos com tal ironia.

– É verdade. Eu não costumo ouvir esse tipo de música. Mas deixa aí. – Pediu. – Ela canta bem.

– Sério? – Estava impressionada como Nicolas parecia ter gostado do meu CD de funk que coloco para tocar quando pretendo perder calorias sozinha no meu quarto.

– Quando você fizer 18 anos, vou te levar num baile funk pra você dançar com a galera! – Deu uma gargalhada boa.

– Nem pensar! – Dispensei. – Não que funk não seja legal, mas a galera do funk costuma ser muito suada e a sensual.

– E você não? – Fitou-me pelo retrovisor, louco para ver-me vermelha de tão sem graça.

– Não costumo ser – foi a melhor resposta que consegui na hora. A verdade era que eu não costumava suar e muito menos sensualizar.

Não demorou muito para chegarmos em casa. Meu pai estava sentando lá na frente com um cigarro na mão. Estranhei aquela cena e desci do carro antes que Nicolas pudesse abrir a porta.

– O que você está fazendo? – Indaguei brava.

– O que os adultos fazem. – Respondeu ignorando a autoridade que eu sequer tinha.

– Minha mãe odiaria ver isso! – Justifiquei a minha fúria.

– E, por isso, não contará a ela.

Além de odor insuportável da fumaça que ele soprava, ele também estava com um terrível cheiro de álcool.

– Você também bebeu? – Perguntei pasma.

– Eu não lhe devo satisfações, Merlin! – Gritou enquanto apontava o dedo para mim.

– Eu sabia que uma hora a sua máscara cairia e foi você mesmo quem a derrubou!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E agora? Será que Merlin foge com Nicolas? Façam suas apostas! Beijinhos de trevas porque sou maléfica MUAHAHAHA. É brincs, tá gente? Mas deixem aí nos comentários suas apostas :P



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Submersa em ilusão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.