Um Passo para o Amor escrita por LeticiaHeinzmann, Emilisluize


Capítulo 7
Será?




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—Aurora, eu posso explicar… Não é o que você está imaginando...— Diz Lucy, gaguejando e buscando uma forma boa o suficiente de se explicar. Na falta de palavras ela me olha com um olhar de desespero, mas não consigo fazer com que as palavras presas em minha garganta saiam para que eu possa acalmá-la. Não estava com raiva, apenas atônita demais para dizer qualquer coisa que pudesse melhorar a situação. Saindo de seu transe momentâneo o Sr. Allen finalmente resolve ir embora murmurando um pedido de desculpas envergonhado direcionado para nós duas e saindo vagarosamente pela porta, parecendo bastante perdido.

Depois de virar a chave e me certificar de que está realmente trancada, olho novamente para a minha amiga que permanece com a expressão de vergonha completamente inalterada. Não entendo ao certo porque está tão assustada, não é como se ela tivesse cometido um crime. Ela só estava beijando um cara. Um cara que é o meu professor, mas um cara.

—Me desculpe por isso… — Começa ela novamente, sem saber o que dizer ao certo e com medo de causar ainda mais estrago. — Você sabe que eu não sou assim, que eu nunca me envolveria com um professor, muito menos com um professor seu…

—Lucy, por favor, mantenha a calma. — Aproximo-me dela e seguro suas mãos trêmulas, envolvendo-as nas minhas e apertando levemente, tentando trazer um pouco de conforto para ela. — Por quê você está se desculpando? Qual é o problema?

—Eu beijei seu professor, não devia ter feito isso, foi um erro, eu sei, mas não pude controlar… Você pode ficar brava comigo se quiser, mas eu não pude evitar beijá-lo… — Sussurra como se fosse algo surpreendente e que iria me deixar muito zangada, mesmo que não fosse esse o caso da situação.

—Okay… E por quê está pedindo desculpas? — Insisto, mesmo que já tenha entendido o problema que a afligia, apenas para que ela entenda o que quero dizer: não estou chateada, zangada ou qualquer outra coisa. Minha estratégia funciona perfeitamente e faz com que ela me olhe nos olhos com dúvida transparecendo em seu rosto.

—Não está chateada comigo por isso? Não vai me dizer que sou louca? Não vai me xingar, dizer que ele é muito velho pra mim e que isso é um erro? Que ele só está se aproveitando de mim? Me usando para um pouco de diversão própria?

—E porque eu diria isso, Lucy?! — Indago, surpreendida por ela acreditar que eu, como sua amiga, diria algo tão ruim assim.

—Foi o que ela me disse quando contei hoje de manhã.

—Ela quem?

—Minha mãe, Aurora! Minha própria mãe! — Me responde com as lágrimas abrindo caminho por seu rosto fragilizado pela tristeza e escorrendo pelas bochechas rosadas.

—Você gosta dele? — Pergunto com delicadeza, mas ao mesmo tempo seriamente, deixando claro a importância daquilo e que deveria ser respondida com sinceridade.

—Sim… Não sei... Eu estou com medo, Aurora. Tenho medo de sentir algo verdadeiro por ele e acabar me iludindo e sofrendo e chorando por gostar de alguém que não posso ter só por causa do que as pessoas ao meu redor vão pensar. Ele nunca vai querer ficar comigo, pode até perder o emprego porque na visão dos seus superiores ele está “abusando de sua superioridade em sala de aula”, segundo o que ele me explicou. — Fala-me ela com os olhos chorando cada vez mais e mais. Sorrio o mais docemente que minha preocupação me permite para tentar amenizar a sua agonia. Amo Lucy de uma forma fraterna, parte-me o coração vê-la tão desesperada. Tudo o que eu quero é que ela seja feliz sem precisar se preocupar com a sociedade e suas implicâncias.

—Se ele gosta de você também, e pelo jeito gosta mesmo, é claro que podem ficar juntos!

—Mas as pessoas vão nos julgar. Todos acham isso errado.

—E o que importa? Não ligue para os outros, você não precisa de nenhum deles pra te fazer feliz. Mas se o Sr. Allen...

—Gaspard. Chame-o de Gaspard.

—...Se o Gaspard te faz feliz vocês vão vencer qualquer preconceito. Vão vencer isso juntos e serão muito felizes. No início será muito difícil, mas as pessoas se acostumarão com a visão de vocês dois juntos e logo vocês vão poder viver em paz, sem mais julgamentos.

—Okay. Obrigada mesmo por me ouvir, Aurora. — Ela abre um pequeno mas sincero sorriso e me abraça ternamente. Permanecemos assim por alguns instantes, apenas aproveitando um pouco do conforto que nos resta.

***

Lucy acaba decidindo mais tarde que vai conversar com o Sr. Allen — Gaspard — assim que tiver a oportunidade para decidirem se querem ficar mesmo juntos, provavelmente pela manhã de segunda-feira, quando os dois têm períodos livres e podem se encontrar em segredo.

Depois de conversarmos sem parar por quase uma hora a fio decido tomar um banho e preparar-me para dormir. Afinal, temos aula amanhã cedo. Ao trancar-me no banheiro, porém, percebo o quão distraída dos meus próprios problemas eu estava enquanto ouvia as lamentações da minha amiga, pois eles voltam com o dobro da intensidade anterior, lançando ondas de dor pelo que entranham-se pelo meu corpo.

Estava tão preocupada aconselhando Lucy em um momento de angústia, mas ninguém se preocupou ou importou-se se eu estava bem. Ninguém me ouviu quanto aos meus problemas. Ninguém me envolveu em seus braços enquanto eu chorava e contava minhas angústias. John fazia isso. E agora eu não o tenho para fazer isso por causa de mais uma crise de ciúmes boba ocasionada pelo Ethan. Parece que ele entrou na minha vida apenas para estragar tudo, afastar-me de todos.

Entro no boxe do chuveiro e lavo-me, passando o sabonete delicadamente pelo corpo, enxaguando o cabelo e relaxando todo o meu corpo, mas conforme a tristeza aumenta, as lágrimas que guardei durante o dia inteiro iniciam e deixo o corpo escorregar pela parede até me encontrar sentada no chão abraçando meu próprio corpo e com a água do chuveiro misturando-se ao choro de meus olhos.


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