Girl In Luv escrita por Pandora


Capítulo 16
Um Bom Rapaz


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal ^^
Tive um surto de inspiração e escrevi isto aqui. Espero que gostem.
Vou deixar aqui o link de uma fanfic de imagines que venho escrevendo com uma amiga: https://fanfiction.com.br/historia/663829/Imagines/capitulo/1/



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Para Jin, acordar naquela manhã era perturbadoramente parecido com a sensação de levar um golpe forte na cabeça e depois ser pisoteado por uma manada de búfalos – não que ele já tivesse passado por isso alguma vez antes. Tentou abrir os olhos e se arrependeu no mesmo instante. Mesmo com pouca luz parecia que sua vista queimava e provavelmente o fato de suas pálpebras estarem pesadas não ajudava nenhum um pouco no processo. Focou a sua mente em descobrir onde estava. Lembrava-se da bebida, ah se lembrava.  Ainda agora o cheiro de álcool em suas roupas invadia as suas narinas a cada vez que puxava ar para os pulmões. Na noite passada saiu com Hoseok e bebeu, mas, o que aconteceu depois? Pense Jin. Pense.

Sua testa latejou. Talvez pensar não fosse a melhor das ideias naquele momento.

 Uma situação parecida com essa já aconteceu antes. No último verão tivera a sua primeira experiência de levar um porre.

Como qualquer outro cara da sua idade, era óbvio que ele já havia bebido incontáveis vezes antes. Ás vezes, poucas coisas caíam melhor do que um copo de soju no fim da tarde. Ocasionalmente ficava um pouco trôpego quando passava da conta com os jogos que fazia com os amigos e virava mais copos do que o planejado em uma mesma noite. Ao que tudo indicava sempre seria fraco para o álcool.

Contudo, apenas uma única vez antes dessa fizera de propósito e então finalmente descobriu o real significado de levar um porre.

Ainda se lembrava daquele dia e dos motivos que o levaram àquilo. Sua mente queimava com a memória de Hana usando uma saia rosa curta demais para o seu gosto e uma blusa branca com pequenos botões dourados que se agarrava ao seu corpo com uma proximidade desnecessária. Ele notou os olhares. Ele sempre notava.

— Pensei que estivesse gripada. – falou com um sorriso. O sentimento no entanto era artificial e forçado. Seu professor de atuação estaria decepcionado.

— Foi alarme falso. – respondeu simplista. Ah, não Hana. Você mentia melhor no passado.

— Que bom. – as palavras saíram como uma velha frase há muito decorada, mas o seu real desejo era que a namorada estivesse mesmo doente. Isso o daria alguns dias para planejar como lidar com a situação. Apesar de tudo, ele gostava dela e sempre fora inibido a acreditar que a recíproca era verdadeira. Agora pagava o preço da ilusão.

— Jin, - ele segurou-se para não tapar as orelhas em frente a todos e começar a cantarolar como uma criança mimada – você é um cara legal, mas...

O resto todos sabiam formular por conta própria. Jin, o cara legal, recebia um fora da garota que tanto o “amava”.

 Desde criança as pessoas já diziam que ele seria um bom rapaz. Jin podia contar uma coisa ou duas a respeito de bons rapazes, mas em suma todas as histórias confirmavam o mesmo: ser um bom rapaz nunca é sinônimo de alegria.

  O resto daquela manhã havia passado voando e a tarde ele recebeu outra despensa, só que essa cortava mais fundo.

“Você não é qualificado o bastante para esse papel.” As palavras da assistente da peça foram gentis e complacentes. E não eram sempre? Se ele não fosse SeokJin, mas sim alguém como Yoongi certamente lhe diria o que fazer com toda aquela gentileza. Mas ele era quem era. Jin, o cara legal, sorriu e agradeceu a oportunidade do teste e, é claro, não mencionou o fato de aquele ser apenas mais um não em meio a outra dúzia, assim como não acrescentou o pequeno detalhe de que havia passado horas acordado decorando o maldito roteiro.

Quando saiu do edifício onde fez o teste esbarrou o ombro em um velho conhecido. Pena que sempre esquecia o seu nome e o reconhecia apenas pela reputação. Lee Ky alguma coisa era famoso no ramo da atuação por comprar todos os papéis que interpretava. Vez por outra se viam propagandas com o seu rosto.

Jin olhou uma única vez para o sorriso cínico de satisfação no rosto dele para ter certeza que mais uma vez ele havia feito jus a fama que levava.

Depois disso foi para um bar. Havia muitos em Busan, de modo que não precisou andar muito para achar um que o agradasse. Largou-se em uma cadeira em frente ao balcão e pediu a primeira dose que anteciparia tantas outras. Por um momento pensou em chamar alguém. Normalmente ele fazia programas assim com Yoongi, mas mesmo ele, o cara descolado, não aprovaria a sua atitude. Bebeu sozinho naquela noite. A cada vez que o barmen erguia uma sobrancelha em questionamento ele apenas levantava o copo vazio em resposta. Jin, o cara legal, aluno dedicado, o filho exemplar e neto querido queria apenas encher a cara e soltar todos os palavrões que conhecia. Afinal, parece que o mundo não sabia como retribuir devidamente bons rapazes.

Não sabia explicar o milagre de ter conseguido dar seu endereço ao motorista de um táxi qualquer e muito menos sabia dizer a razão de não ter sido assaltado. A avó havia feito um escândalo quando o viu quase se espatifar na calçada ao abrir a porta do veículo. Mas, surpreendentemente, ela fizera a bondade de deixar o assunto entre eles. Não seria bom ter que aturar a preocupação mesquinha da mãe que o abandonara há tantos anos atrás.

Quando a velha senhora Kim fez a tão famosa pergunta do ‘por que’ ele até considerou responder com sinceridade. Talvez fosse bom esvaziar toda aquela indignação que tinha dentro de si. Mas a noite já tinha chegado ao fim, o tempo de beber acabou e com o fim da ressaca o Jin cara legal que sempre se preocupava com o bem estar alheio voltou.

Prometo que não vai se repetir”. Foram as suas exatas palavras. A avó fingiu acreditar. No fundo ambos sabiam que ela queria acreditar tanto quanto Jin queria cumprir a promessa. Deitado em um lugar que certamente era desconfortável demais para ser a sua cama e com dores por todo o corpo ele lamentou o fato de ter faltado com a palavra.

Tentou começar a mover lentamente a mão esquerda. Seria melhor se despertasse o seu corpo aos poucos e sem movimentos bruscos. Esse foi o único plano que conseguiu formular com a cabeça latejando, depois pensaria no resto. Infelizmente o esforço para se mover devagar e com calma foi por água abaixo quando deu um pulo ao sentir uma cartela de comprimidos ser jogada na sua cara.

— É aspirina.

Mesmo de ressaca a voz ranzinza de SunHee era inconfundível. Pelo menos estou em casa.

— Quando decidir que já é capaz de voltar à humanidade pode ir tomar um banho. Não quero esse cheiro impregnando o meu sofá por mais tempo. – agora era a avó que falava.

Isso explicava o mau jeito nas suas costas. Seria pedir demais que as duas o tivessem levado até o seu colchão confortável no segundo andar.

Quando saiu do chuveiro sentia-se um pouco mais desperto e as memórias voltaram com tudo. Lembrou perfeitamente do seu punho afundando no rosto de Yoongi assim como lembrou do olhar de pouco caso que o mesmo o lançou. Mesmo com toda a raiva que pudesse sentir jamais faria aquilo com ele. Mas naquela noite de sábado ele não havia sido SeokJin, o pacifista, e sim outra pessoa. Uma versão errada de si mesmo que fazia coisas que quando sóbrio jamais cogitaria. Ele sabia que devia considerar seriamente a possibilidade de não voltar a tocar em álcool.

Assim que abriu a porta do banheiro deparou-se com a primeira incriminadora.

— Idiota.

SunHee quis soar como a fachada de garota durona que pintava para si desde os treze anos, ao invés disso deixou transparecer o quão magoada estava. É claro, os dois têm um caso. Pensou recordando da pequena discussão que teve com a irmã antes dela sair. Por pelo menos dois anos. E nenhum deles pensou em contar pra você. Bela porcaria de irmão cuidadoso você é Jin. Por que não muda seu nome para Kim Seok Tapado?

Vestiu roupas confortáveis sem botões ou zíperes e desceu relutante até a cozinha. Queria adiar ao máximo aquele momento. Por isso demorou vinte minutos no banho e mais dez vestindo-se. Não conseguia deixar de lado o sentimento de que se encaminhava para uma inquisição de bruxaria. A avó e SunHee eram respectivamente juiz e advogado de acusação enquanto ele era um praticante de magia negra que estava prestes a ser executado. Talvez corredor da morte fosse um termo mais apropriado para se referir aquele trecho que ia da sala até a cozinha.

Como o previsto as duas estavam sentadas lado a lado na pequena mesa de madeira. Com as expressões igualmente carrancudas e desaprovadoras ficava claro o parentesco. Senhora Kim também mantinha conservada uma língua afiada tal como a neta.

— Senta.

Ele claramente não estava em posição de desobedecer.

— E a ressaca?

— Forte. – respondeu com voz seca. Encarar o olhar acusatório da avó consumia muita energia de sua parte. Era impossível não se sentir envergonhado sendo ele o Jin calmo e bom neto com o qual ele mesmo estava habituado. SunHee que sempre levava broncas não ele.

— Ótimo!

— Vovó! – intercedeu a irmã. Era parecia estar mais preocupada com ele do que brava. De certa forma isso era pior. Ela tinha todo o direito de brigar com ele se assim quisesse. Não se orgulhava nenhum um pouco de perder o controle.

— Tem ideia de como eu estou decepcionada com você?

—Eu sei que agi errado.

Silêncio.

— Pois não parece nenhum pouco. – disse senhora Kim fazendo Jin se encolher na cadeira com os olhos baixos.

— Vovó! A senhora disse que não ia ser cruel.

— Não é minha culpa se a verdade dói. - e ela não estava errada – Vai nos contar o motivo dessa vergonha ou quer se fazer de inabalável de novo? E nem pense em mentir pra mim. Estou farta de mentiras. E isso serve pra vocês dois.

SunHee levou um segundo a mais para compreender a palavra “dois”.

— O quê?

— Isso mesmo que a senhorita ouviu. Os dois têm escondido coisas de mim. Jin problemas da profissão e você um namorado.

Para defesa de SunHee ela manteve o olhar da avó, mas Jin notou que ela evitou o seu. Namorado. A palavra lhe deu enjoou. Ainda ontem ela brincava no balanço do parque.

— E têm isso aqui. – acrescentou a velha ao colocar dois pedaços de papel em cima da mesa. Ele reconheceu o primeiro como sendo a carta que a irmã lia com tanta avidez ao final de cada dia. Era a carta que a falecida amiga de SunHee lhe escrevera e seu conteúdo ainda era um mistério para ele. O segundo papel se parecia muito com um bilhete amassado e obviamente acusatório. Seriam mensagens de Yoongi?— Talvez saiba me dizer por que isso estava no bolso do seu uniforme.

 Dessa vez a postura da irmã mudou. Ela estava perturbada. A cor fugiu de seu rosto e as palavras ‘tudo menos isso’ pareciam estar escritas na sua testa. Os olhos dela permaneciam grudados na carta.

A cabeça de Jin voltou a doer com a percepção de que aquela seria uma longa manhã cheia de intrigas na residência da família Kim.

— Quem quer ser o primeiro a prestar explicações?


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Notas finais do capítulo

Talvez vcs se lembrem que a SunHee tem essa carta perturbadora e de vez enquanto ela fica lendo isso e tal. Vêm toda aquela história da culpa que ela sente e blábláblá... Enfim, no próximo capítulo eu (finalmente) vou contar o conteúdo desse pedaço de papel maligno. Quem sabe isso ajude a entender a SunHee e por que dela não estar com o Yoongi. E num futuro muito próximo vai ter um shipper aqui, então só posso dizer: me aguardem.
Um dia a história deve terminar kkk
~kasamida



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