A Fairy Tail sempre foi agitada e barulhenta, entretanto, repentinamente, todo o burburinho pareceu se concentrar em um canto da guilda. Até Natsu e Gray pararam a briga habitual para verificar o que fez todo mundo convergir para um único ponto. Chegaram no meio de uma conversa, que mais parecia ser um interrogatório, tendo como o centro das atenções Erza e Jellal.

– Que lindo! Então quer dizer que vocês estão namorando? - Pergunta Juvia, com os olhos brilhando nitidamente.

– Estamos sim! - Uma Erza sorridente responde, segurando a mão de Jellal.

– Aff, já não era sem tempo. Pensei que vocês nunca assumiriam que se gostam. - Opina Lucy.

– Ah, Lucy, até parece que você e o Natsu são muito diferentes. - Erza rebate prontamente.

– O que tem eu e a Lucy? Não entendi... - Interrompe Natsu, juntando-se à conversa. Lucy ficou imediatamente vermelha e se condenou por não ter mantido sua boca fechada.

– O que estou querendo dizer Natsu, é que você e a Lucy se gostam e não admitem. - Explica Erza, pacientemente.

– Mas é claro que eu gosto da Lucy, todo mundo sabe disso, ela é muito legal. - Diz ele, inocentemente.

– Não é isso, Natsu. O que quero dizer é que vocês ainda não estão namorando. - Tenta ela, novamente.

– Grande coisa! Qual a diferença de estar namorando ou não? - Perguntou com as sobrancelhas franzidas.

– Tem coisas que só namorados fazem, Natsu. Como se beijar, por exemplo. - Erza respira fundo, tentando conter a impaciência. Coitada da Lucy, Natsu realmente era um tapado.

– Ah, é só isso? Mas eu já beijei a Lucy. Não sabia que tinha que namorar pra isso. - Diz ele, dando um leve beijo na bochecha da loira ao seu lado para exemplificar, deixando-a mais vermelha que um tomate.

– Seu baka! - Interveio Gray, exasperado. - Não é desse tipo de beijo que a Erza está falando.

– De que tipo, então? - Natsu responde no mesmo tom irritado do amigo.

– Deste! - Diz Gray, puxando Juvia.

Quando puxou Juvia para si, Gray agiu por impulso, irritado com a burrice do amigo. Entretanto, no momento em que colou seus lábios nos dela, uma corrente elétrica percorreu sua pele. Esqueceu-se de Natsu e da platéia que assistia boquiaberta. Havia só ele e Juvia. Os lábios dela eram mornos e macios. O corpo dela logo perdeu a rigidez inicial do choque e ela pareceu derreter-se como a água, moldando-se a ele. Aprofundou o beijo, sentindo o coração pulsar alucinadamente. Ele sempre tentou fugir dos sentimentos que nutria por ela, mas não o faria mais, assim que saíssem dali ele confessaria o seu amor. Cessou o beijo, mas não deixou que ela se afastasse, virou-a para frente e passou os braços possessivamente pela sua cintura, as costas dela estavam confortavelmente apoiadas no seu peito.

Tentou ignorar os olhares dos amigos e o rubor que sentia queimando suas bochechas, sabia intuitivamente que Juvia devia estar corada também. Achou que a melhor alternativa agora era tirar o foco deles:

– Faça melhor! - Disse com um sorriso enviesado e como planejado todos se viraram imediatamente, curiosos com a reação do rosado.

Vários pensamentos passaram pela cabeça de Natsu enquanto via Gray beijando Juvia. Obviamente já tinha visto um casal se beijando antes, mas nunca havia pensado em Lucy dessa forma. Ele sabia que sentia coisas estranhas pela loira. Tinha noção de que o seu coração só acelerava dessa forma ao lado dela, as mãos suadas, a preocupação excessiva, a presença constante em seus pensamentos, tudo indicava que o sentimento por ela era especial. Mesmo assim, por algum motivo, nunca pensou na possibilidade de ficarem juntos como um casal. Também nunca havia se perguntado o que ela sentia por ele, mas agora era tarde, não poderia deixar Gray passar na sua frente.

Natsu não se dignou a responder, puxou Lucy para si e tocou seus lábios nos dela. Esperou um tapa ou algo parecido, mas surpreendeu-se ao perceber Lucy relaxar aos poucos em seus braços. Pediu passagem, exatamente como viu Gray fazer com Juvia, e sentiu Lucy se render completamente.

Realmente, a sensação era maravilhosa, o gosto viciante de Lucy parecia despertar todos os seus sentidos. Um calor agradável espalhou-se por seu corpo, que parecia se encaixar perfeitamente ao dela. Enroscou os dedos nos fios sedosos do cabelo dourado como o sol e com a outra mão enlaçou sua cintura, colando ainda mais seus corpos. O beijo foi lento e profundo, suas respirações quentes e aceleradas fundiam-se. Somente agora percebia o quanto queria aquele beijo e embora quisesse prolongar este momento, sabia que não era a hora certa, pois alguma parte longínqua da sua mente insistia em mantê-lo consciente da plateia que assistia a cena. Separou-se relutantemente, acariciando com o polegar a bochecha dela, levemente avermelhada pela timidez.

– Isso foi muito bom, Lucy. - Disse, com o largo sorriso tão característico dele.

– N-Natsu, v-você não devia…

– Por quê? Ah, é verdade! Só namorados podem fazer isso, não é? Então, Lucy, quer namorar comigo?

– É claro que eu quero, baka!

E um sorriso ainda maior, se é que era possível, por fim tomou o rosto de Natsu.