Annabele Vermont escrita por Annabele


Capítulo 16
O silêncio que consome.




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Depois de alguns minutos todos deixam a cozinha e sentam-se á roda. Bella senta ao lado do Jake quase que na minha frente. Eu posso perceber seu desconforto. Billy também está irritado. Bebo mais uma cerveja, Quil está realmente preocupado.

As pessoas conversam coisas, nas quais não consigo prestar atenção. Estou inquieta. Meus pés ficam batendo na terra. Abaixo minha cabeça e fixo os olhos no chão.

Ouço alguém falar alguma coisa.

–Anna. Anna? – Olho para o lado e o Embry está me falando comigo. – Seu celular está tocando no seu bolso!

Me espanto e demoro aperceber. Pego o celular e atendo.

–Anna?

–Oi

–É a Marta que você ligou para contratar para fazer as diárias de faxina na sua casa.

Demoro a me localizar.

–Ah sim Marta, será que você pode me ligar durante a tarde, eu estou meio ocupada agora.

–Claro, eu retorno então.

Desligo o celular, Quil não tira os olhos de mim. Jacob também não.

–Está tudo bem? – Quil sussurra

Aceno positivamente com a cabeça e respiro fundo. Eu tenho que me controlar, não é assim que eu sou. Depois da transformação eu fiquei muito mais explosiva e isso não está ajudando.

Fecho minhas mão e respiro fundo. Concentro-me na minha respiração. Mas quando me concentro eu consigo ouvir a voz da Bella, que se separa do restante do barulho. Ela coloca o braço entrelaçado ao braço de Jacob e pergunta.

–Eu descobri um restaurante muito legal aqui, se chama Cabana’s . Será que você não quer me levar lá essa noite?

Abaixo meu olhar. Quil se levanta. Minha respiração acelera e todo o controle vai para o espaço, minhas mãos querem começar a tremer, então cerro meus punhos, tão forte que minhas unhas ferem minha mão. Quando sinto cheiro de sangue, me levanto sem chamar a atenção e vou para dentro da casa. Quil me segue.

Quando ele chega eu já estou com as mãos embaixo da água e alguns pequenos ferimentos deixam o sangue sair.

–Anna... -Ele fala segurando minhas mãos.

Respiro fundo. Ele pega um guardanapo e coloca sobre a palma das minhas mãos.

Seu olhos tem um profundo pesar.

Jacob entra na cozinha.

–Eu só não sei controlar direito toda essa força... – falo.

Jake se aproxima e pega minhas mãos, levanta o guardanapo. Seu coração está acelerado. Ele não consegue me olhar e nem eu consigo olhá-lo.

–Eu vou pra casa.

–Espera Anna, você ainda não comeu.- Quil

–Anna... – Jacob fala com uma angustia jamais vista na usa voz.

–Diga tchau para seu pai Jacob. – Eu pego minha bolsa e saio pela sala, quase correndo. Eles não tentam me impedir. Entro no meu carro e seguro o guardanapo nas mãos. O sangue já está parando. Meus olhos já estão marejados. Eu não podia ter deixado isso acontecer, não podia me deixar influenciar tanto assim por ela.

Mas agora não tem volta. Ligo o carro e acelero, só paro ao chegar na minha garagem. Meus lábios tremem, e não seguro o choro. Ao chegar, o ferimento já está se fechando, lavo mais uma vez e enrolo uma faixa. Sento no sofá com a televisão ligada e fico olhando para o centro da sala, perdida em meus pensamentos. Algumas lágrimas insistem em cair. Respiro fundo. Fecho os olhos e limpo meu rosto com as costas das minhas mãos. Me encosto no sofá e olho para o teto. Os olhos dele vêm direto em minha mente, angustiados, preocupados. Fecho os olhos novamente e me deixo levar pelas emoções que sempre foram contidas, a vida inteira. E agora estão aqui em toda a parte.

Depois de algum tempo eu me acalmo. Peço comida pelo telefone. Quil me manda várias mensagens e eu só respondo que estou bem. Depois de comer, tomo um banho, coloco um baby doll e deito no sofá, ligo a TV em um programa qualquer e torço para conseguir dormir até amanha cedo. São 15 horas da tarde e eu pego no sono.

–Anna? – Sinto um toque no meu braço.

Desperto. Está escuro, sinto o seu cheiro. O melhor cheiro do mundo, sua voz é calma e rouca.

–Desculpa entrar assim, mas eu te chamei lá de fora e você não respondeu. – ele dá um passo pra trás. Olho pra ele sem intender. – Meu pai quis vir te buscar para jantarmos juntos, afinal você fez toda a comida e não comeu nada. – seus olhos ainda estão angustiados.

Sento-me no sofá, percebo seus olhos no meu corpo, afinal não era um baby doll muito comportado. Hesito por alguns minutos.

–Ta bem... eu só vou trocar de roupa.

Ele volta os olhos para o meu rosto. E acena positivamente com a cabeça.

Subo para o meu quarto, troco as roupas, escovo os dentes e lavo o rosto. Retiro a faixa das minhas mãos. O ferimento já está fechado, mas está vermelho, como se fossem pequenas queimaduras.

Desço novamente, ele está me esperando em pé na sala. Quando chego perto, ele entra na minha frente e pega minhas mãos. Seus olhos ficam nelas, com um semblante pesaroso. Fecho-as logo em seguida. Sem solta-las, mas sem olhar nos meus olhos ele fala.

–Eu sinto muito. Não era pra tudo isso ter acontecido.

Abaixo minhas mãos e sem dizer nada passo por ele em direção a porta. Ele me segue. Billy está no carro. Assim que entramos ele começa a falar.

–Mas o que aconteceu com você? O Quil falou que você sentiu um mal estar e foi embora. Por que não foi me pedir um remédio? Fez toda aquela comida sozinha e não fica pra comer, e além do mais, a festa era pra você. – ele fala irritado gesticulando.

–Eu sinto muito. Só que não estava me sentindo bem realmente.

Jacob não tira os olhos da estrada, seus dentes estão serrados o tempo todo.

Billy continua falando mais algumas coisas até chegarmos em sua casa, ele ficou realmente muito chateado. Queria até me levar ao posto médico pra saber o que eu tinha, eu insisti que já estava bem e ele cedeu. Entramos na casa e sentamos á mesa. Enquanto a lasanha que havia sobrado era esquentada no forno, Billy começou a olhar par mim e para Jacob simultaneamente. Cruzou as mãos sobre a mesa e olhou seriamente para o Jake.

–Por que você não a levou para casa? Uma pessoa que está passando mal não pode dirigir.

Jacob estava inquieto, com a respiração acelerada. O interrompi antes que ele começasse a falar.

–Eu insisti em ir sozinha. A culpa não foi de ninguém, foi apenas um contratempo. Mas agora estou aqui e vamos comer do mesmo jeito. Então deixa isso pra lá Billy, não precisa ficar chateado.

Jake me olhou por algum tempo. Depois se levantou e tirou a lasanha do forno colocando-a sobre a mesa. Ele serviu cada um de nós sem nos olhar. Então sentou-se e começou a comer. Comemos também, sem trocar muitas palavras. Billy nos olhava frequentemente. Depois de comer Jacob arrumou tudo sozinho enquanto me sentei na varanda da frente com o Billy. A brisa do mar e o céu estrelado me acalmaram por completo.

–Você escolheu muito bem onde construir sua casa. – Brinquei.

–Foi a mãe do Jake que escolheu na verdade, ela gostou daqui assim que pisou seus pés na praia. Então eu disse: ”vamos morar aqui então” – ele riu – começamos a construir no dia seguinte... -Ele se perde nas lembranças olhando o mar.

Também volto a olhar para frente. Jacob se senta do outro lado do seu pai e em silencio ficamos uns 10 minutos.

–Vocês tem que se acertar... esse clima entre vocês está me deixando injuriado. - Billy fala sem tirar os olhos do mar. Olho para o chão por alguns segundo.

–Na verdade vou até dormir. Tenham uma boa noite. – ele fala movimentando a cadeira. Ao passar pelo meu lado ele dá uma parada e coloca a mão sobre a minha e então entra na casa sem falar mais nada.

Ficamos Jake e eu olhando pro mar. Sem falar nada. Minha vontade era de levantar, caminhar até ele e beijar sua boca como se nada tivesse mudado. Mas havia um abismo enorme entre nós dois.

Ele respirou fundo, apoiou os cotovelos nos joelhos e colocou as mãos na cabeça. Ainda olhando para o chão ele falou baixinho.

–Eu realmente não queria que nada disso estivesse acontecendo...

Não pude decifrar se ele estava só falando das minhas mãos machucadas ou se falava de tudo o que acontecia, também não tive a ousadia de perguntar. Apenas respirei fundo também e encostei-me à cadeira.

Ficamos imóveis por mais algum tempo, olhando para o mar.

–Acho melhor eu ir pra casa. – falei me levantando.

–Vou te levar – ele se levantou também. Parando na minha frente.

–Se quiser eu posso me transformar e ir, sem problemas..

–Eu vou te levar Anna. – Seus olhos estavam dentro dos meus, me impedindo de me movimentar, eles me prendiam.

Ele entrou na casa e pegou a chave. Então entramos no carro e em silencio ficamos o caminho todo. Quando o carro parou na frente da minha casa, aquele silencio estava me consumindo.

–Boa noite Jacob – Falei abrindo a porta e descendo do carro.

–Anna, você sabe que se precisar de qualquer coisa pode me ligar, não sabe? – ele falou baixo.

Sem levantar os olhos e fechei a porta e caminhai até minha casa. Entrei e fiquei parada atrás da porta até não conseguir ouvir mais seu carro. E mais uma vez, houve silêncio ao meu redor.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer a todos que tem lido o que escrevo. Fico muito feliz em ler os comentários. Beijo!



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