Lady Rouge - Amor de uma Noite escrita por Anikenkai


Capítulo 8
Parte 7


Notas iniciais do capítulo

Feliz Ano Novo para todos os meus leitores! ♥ Que todos tenham um ótimo 2016! Aqui vamos para mais um capítulo.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/656112/chapter/8

Ela pisou em uma corda. Pisou em uma rede jogada. Katniss avistava, ainda um pouco longe em um céu escuro e estrelado; com um vento de frio cortante e congelado de alto-mar da noite, uma vela acesa que se destacava entre a escuridão.

Conforme se aproximava, via-se também uma mesa. Um forro bonito e bem costurado de cor perolado estava no pano que cobria uma mesa redonda, com três cadeiras de estufamento de veludo e de cor púrpuro, e a morena também avistou taças de vinho e mais taças de outras bebidas.

Um cheio delicioso de comida lhe atraíra ainda mais, como se a hipnotizasse. Katniss não almoçara bem. Apenas trabalhara o resto da tarde inteira, desejando ardentemente poder alimentar-se agora.

As velas eram altas e estavam em pedestais. Lady Ronnie estava ali, em uma das cadeiras forradas, com sempre sua formosura bela, e com um vestido sem agasalhamento para o frio, de cor vermelho como sangue, e bebericava uma das taças. Logo, Katniss congelou no lugar, achando que estava sendo uma penetra e não ter sido realmente convidada para entrar em sua presença.

— Ah, por favor! — A mulher ruiva brincava com seus longos brincos de diamantes, e pousou sua mão novamente no ventre enorme, voltando para a taça de volta para a mesa, e com um generoso gole de vinho em sua boca. — Pode se sentar! Estávamos esperando sua companhia, Srta. Everdeen. — Disse-lhe, quando finalmente engoliu o líquido.

— Bem... é que eu... eu não... bem, me perdoe, madame, mas Senhor Mellark é... meu companheiro de cabine esta noite, e ele me chamou para comer com el...

— Eu sei, querida — Lady Ronnie lhe interrompeu, passando novamente os lábios úmidos sobre as gotas ferventes daquela safra de vinho deliciosa. — Peeta me disse que chamou uma amiga para vir nos dar uma companhia.

E continuou:

— Não faz mal. Por causa desses "perigos" que, mulheres desacompanhadas não podem sair sozinhas das cabines, eu e minhas damas de companhia não vamos poder ficar tão juntas, então ter uma visitante é fantástico para mim. — Ronnie disse.

Fixava-se em Katniss. Seu sorriso era cínico, como se a julgasse por ter feito algum crime terrível.

— Obrigada por dividir a cabine com meu noivo. Bem... ele tem rasão quando disse que era muito bonita.

Logo após isso, Katniss se sentou desconfortável na cadeira, e sentiu um frio maior ainda. A luz da vela iluminavam seu frágil rosto coberto de maquiagem. Já não sabia o que pensar dali em diante.

Não demorou, e Peeta saiu de algum lugar indo em direção das moças que o aguardavam.

— Peeta! — Lady Ronnie tentou inutilmente se levantar quando a vistou o rapaz loiro, mas sua robusta barriga lhe imedia de ao menos se erguer, ou fazer qualquer coisa. Teimosa, novamente tentou se levantar, e Katniss precisou se deslocar da cadeira para ajudá-la e se manter em pé.

— Obrigada. Querido! Querido! — Ela o chamava, apaixonada.

Peeta Mellark vinha com os dourados fios penteados para o lado, e sua pele estava pálida devido ao frio, com os lábios rosados e franzidos devido ao mesmo. Ele usava um terno muito mais caro e bem arrumado que o tinha visto antes, e transparecia que sua gravata lhe apertava e o sufocava o pescoço. Ele murmurava algo nervoso, enquanto caminhava e apertava as abotoaduras.

Tudo aquilo era apenas para um jantar com as duas na parte de cima de um navio caindo aos pedaços? A morena não entendia. Mas Katniss não poderia mentir. Ele estava bonito. Muito bonito. Sua aparência lhe mostrava que parecia ser muito mais velho e sério, esmagando seu rosto jovial. Ele era realmente um homem feito, e Katniss corou, assim que ele virou seu rosto para ela após sua luta contra as abotoaduras.

Ele não podia acreditar em sua visão. Quase como se sua respiração parasse, ele não acreditou no que viu. Ela estava tão linda quando lady Ronnie jamais seria. Permaneceram se olhando novamente, novamente na batalha de seus olhares penetrantes, e levemente, o rosto de Peeta também corou com o dela.

— Boa noite, Srta Everdeen. — Ele disse, beijando com aqueles lábios macios em sua mão.

— Boa noite, Senhor Mellark. — Ela lhe respondeu, e sentiu a respiração falha de Peeta.

Como se quisesse desviar dali, Peeta se curvou e trouxe uma bandeja com vários pratos de entrada para o tão aguardado jantar sem delongas: Filé de carneiro com puré doce de batatas; e pôs em um prato de porcelana na frente das moças. Katniss se sentiu ainda mais deslocada, nunca havia comido algo naquele jeito estranho, e não sabia qual garfo pegar para comer. Mas o cheio que lhe amanava era tão inebriante, e ela estava tão faminta, que por pouco quase atacou com os próprios dedos a comida. Peeta despejava o líquido rubro alcoólico em uma taça para a menina, e ela ficou ainda mais apreensiva.

O que diria se dissesse que não bebia? Será que ele a achou à caráter para o jantar? Será que ele ficaria decepcionado por ela não conhecer as boas maneiras ao comer à mesa?

— Não vai comer, querida? — Lady Ronnie lhe perguntou, assim que Peeta sentou-se ao seu lado com um rosto encolhido e desconfortável. A moça não sabia o por que ele estaria tão apreensivo quanto ela, mas precisou lhes contar a verdade:

— E-eu... não sei.. eu não sei o que fazer... - Ela tentou dizer, gaguejando e encarando os talheres. — Me perdoem ter vindo. Estou desconfortável com isso... Eu não deveria ter vindo. Por favor se me deem licença...

— Não! Espera! — Peeta se manifestou, agarrando seu braço com uma força que lhe deu medo. — Não! Você não vai!

— Senhor...

Só quando viu o rosto da menina adquirir uma expressão assustadora, ele percebeu o que havia feito. Tentando se recuperar, abaixou o punho, e desencravou os dedos da pele pálida da jovem, que deixara uma marca ali. Ele abaixou a cabeça.

Será que ela não estava vendo? Ele estava desconfortável com lady Ronnie, queria sua companhia de qualquer maneira! Mas não poderia lhe forçar à nada.

Um silêncio constrangedor apertou o tempo. Logo, nada poderia se lhe dizer ali.

Comeram. Katniss pegava o primeiro garfo que via para espetar a carne, e não se importava com o que eles achariam da sua má educação. Apenas se ouvia o murmúrio de mastigação e e do tilintar dos talheres nos pratos, passando-se de mãos e mãos os copos. Ela se encolhia ainda mais, quando sentia o olhar de Peeta lhe queimar de cima à baixo. Era como se ele ignorasse a noiva para observá-la comer.

Realmente, Katniss era divertida, pois ela não sabia que comia o arroz com uma colher mediana para sobremesa. Quase riu engasgando quando viu isso.

— Bem... agora que estamos terminando a entrada... porque não nos conta aonde vai descer? Soube que está indo para o distrito 2... mas, o que exatamente, querida?

Ronnie já tentava uma nova tentativa de conversa, cruzando os dedos para apoiar o queixo. Uma nova tentativa de descongelar o clima estranho que se formava. Mesmo se sentindo invadida, a moça queria dizer alguma coisa. Suspirando profundamente, tentou; realmente tentou.

— Bem... — A jovem se concentrou, tentando em sua mente já simplificar sua vida sem muitas aventuras. — Eu moro no orfanato da Mrs. Alma Coin, quero dizer, morava. Eu trabalhava como assistente de enfermarias, mas fugi quando recebi um fax anônimo da White Star Line.

Como tudo de valor guardava para si, enfiou sua mão dentro do bolso, e seus dedos se chocaram com o pingente de Glimmer.

— Aqui... leiam.

O papel fino datilografado do fax ficou parado na sua mão estendida. Senhor Mellark puxou o papel, e começara a ler, lentamente engolindo o gole de vinho que havia em sua boca.

— Ora, porque você receberia um fax de uma grande companhia de navios de Alta Classe, querida?

Sabendo que a jovem não era de alto padrão de Sociedade da Elite; Katniss sentiu a preocupação da ruiva tão interessada nela, que alisava seu ventre, e a menina ficou ainda mais receosa à contar mais. Virou-se e encontrou com o rosto de Sir Mellark.

Sua cara ficava cada vez mais branca conforme terminava de ler o papel.

— Lembra-se do ano de 1912; ano passado, minha senhora...? Qual foi a maior tragédia que aconteceu? — Katniss lhe preguntou. A mulher pensou um pouco, lembrando-se.

— Titanic afundado! — Ela mencionou, já curiosa. — Por quê, menina? O que aconteceu com você?

— Não foi com ela, foi com a mãe dela — Peeta anunciava na mesa, novamente com aquele velho hábito de esfregar sua cabeleira loira com as mãos, nervosamente, desmanchando seu penteado sério que havia feito para a noite. — Aqui diz, que sua mãe morreu de hipotermia enquanto tentava nadar nas águas geladas do mar, na madrugada do afundamento do Titanic. Katniss... isso é verdade?

A pele da jovem novamente se arrepiou ao ouvir ele chamá-la novamente. O que será isso? De qualquer forma, já estava nervosa por ter compartilhado algo tão pessoal, e com raiva por ele achar que sua mãe estava mesmo morta.

— Claro que não é, ela não está morta! — Sibilou como se bradasse um grito de guerra para eles recuarem, se levantando da cadeira, e Senhor Mellark se levantou também.

— Katniss.

A pele da jovem novamente se arrepiou ao ouvir ele chamá-la novamente. O que será isso? De qualquer forma, já estava nervosa por ter compartilhado algo tão pessoal, e com raiva por ele achar que sua mãe estava mesmo morta.

— Eu sei que ela não está morta, ela não está morta! — Sua voz falhava, e Katniss lutava para que não fraquejasse ali. — Esse fax mente, é um engano! Estou indo ao distrito 2, justamente para desmentir essa informação e procurar minha mãe! Ela está lá em algum lugar! É isso!

Mesmo agora ela ter rosto transformado e belo como uma lady, seu jeito pirracento ainda era maior, como se ainda fosse uma criança zangada que fora magoada. A moça colocava muita fé em seus instintos, e se recusava em algo tivesse acontecido com ela.

— Me... perdoe... — Peeta apenas pôde dizer isso para acalmá-la. — Mas o fato de sua mãe ter sumido como diz, e ter recebido esta mensagem de uma empresa tão importante... me desculpe, mas talvez ela esteja mesmo morta.

— Então, vai confiar mais em um pedaço de papel; numa droga de empresa mentirosa aliada aos que cobram impostos absurdos,do que em mim, Senhor Mellark? — Ela apenas se exaltava mais.

— Sim. Sim, eu vou, Srta Everdeen — Peeta lhe devolvia ainda mais alto ,e com os punhos cerrados.

— POR FAVOR! Não vamos nos exaltar, modos, estamos come... — Lady Ronnie tentou lhes interromper, mas outra fortíssima contração lhe apertou, e fraquejou no mesmo instante, sentindo uma dor terrível lhe machucar. — Aaaaaaaawwwnnnnnn....

— Ronnie! — Peeta a chamou, correndo ao seu lado e acariciando seu a barriga dela, e tirando a taça de vinho de sua mão rapidamente, e apertando sua ou mão com força, enquanto a lady murmurava que estava tudo bem com ela. — Não! Você não está bem! Vou levá-la agora de volta para a cabine!

— Ora Peeta... por favor... você teve tanto trabalho para cozinhar o jantar, e também não vou morrer! É só uma dorzinha incômoda, não é nada demais... — Mas assim que ela terminou a explicação, novamente a dor retornou, e ela não deixou que um gemido não escapasse.

— Viu? Não vai beber mais nada, vamos te levar para a cama! Vocês dois — Disse-lhe rebatendo o loiro, com os olhos brilhando ao sentir seu primogênito chutar bem aonde sua mão pairava na barriga da lady.

Katniss já não existia neste mundo para ele. A criança o cegou completamente naquele momento, de felicidade.

Levantando-a no colo, Peeta apesar de ser musculoso e viril atrás daquele terno, sentia o peso do enorme ventre de Ronnie, então grunhiu pelo esforço que levantá-la, e a cadeira da moça se arrastou no chão. Caminhou devagar, abrindo as portas com as costas, e levando-a para a sua cabine, sempre calmamente com ela.

[...]

Ao chegar no quarto, a pô delicadamente na cama a descarregando ali, e arfou novamente de alívio por soltá-la. Tentando novamente se levantar, Peeta percebeu que a lady ainda estava com os braços ao redor do seu pescoço, o prendendo próxima ao seu rosto. Não conseguia se libertar. Ela não o permitia.

— Ronnie... eu vou reacender as velas para você... — Mas mesmo assim no escuro, ela fungava, e afundava seu rosto em seu pescoço, inspirando aquele cheiro inebriante que apenas Peeta tinha. Ela o queria mais próximo. Não queria que ele subisse de volta.

— Ah, Peeta, eu te amo tanto.

O rapaz respirou aquelas palavras, e se deliciou ouvindo aquilo. Sempre fora seu sonho ouvir aquilo de uma mulher, alguém se declarar para ele, chamando-o pelo nome... mas ele nunca poderia retribuir aquele sentimento para Ronnie. Como ele queria, jurava que queria, retribuir o que ela sentia, mas ele só cuidava de lady Ronnie por causa do seu filho que ela carregava. Ele nunca poderia lhe amar de volta.

Não seria justo com ela. Ela já havia o traído sentimentalmente antes. E aquilo foi inesperado demais. Será que ela fingiu a contração apenas para levá-lo novamente... para cama?

— Peeta... — Ela só o soltaria se ele revidasse a frase de amor. Mas ele não iria.

— Desculpe, Ronnie... mas não posso lhe dar o que você quer. Você mentiu mim, junto com a minha mãe, e não posso ser injusto com você... apesar de ter sido comigo. Não posso mentir. Não posso amar você de volta. Já lhe expliquei que só iremos nos casar por motivos mais importantes, mas você precisa se libertar dessa paixão platônica comigo... eu sinto muito, lady Ronnie.

Ele finalmente, confessou tudo d euma vez, com o coração acelerado.

Era o suficiente para ele ter dito. Ronnie precisava crescer. Não poderia viver se iludindo com seu noivado forçado. Não daquele jeito.

— Mas... é Dia dos Namorados... — A voz dela saía sibilando raiva... raiva... veneno e decepção.

Poderia ter ganhado seu casamento, mas nunca ganharia nada além do corpo de Peeta... Fora então pela primeira vez que ela percebeu isso lhe socar pela verdade, e de repente, uma fúria animalesca lhe possuiu.

— SEU GRANDE FILHO DA PUTA! Seu maldito! Foda-se você, idiota! Está me ouvindo?! Eu não preciso da sua misericórdia, seu filho da puta! Você não pode me rejeitar, eu comprei você com muito dinheiro, seu imbecil, não pode não me amar! Seu maldito!

E ela começou a perder qualquer moderação para aquilo. Ronnie o estapeou, o socou e unhou seu rosto; encravando suas presas ali, enquanto o amaldiçoava por ele está ali, a rejeitando.

Chorava agora, enquanto sentia a dor da criança lhe chutar também, todas as vezes que se movimentava. Ela então começou a xingar o próprio filho, pelo sofrimento que estava lhe causando ali.

— Ronnie, você está bêbada! — Peeta sibilava, segurando com força seus punhos, tanto que até lhe machucava. — Quer matar nosso filho? Acalme-se! Está querendo morrer?! — Gritou, agora sacudindo-a nervoso. — Estou farto de você e suas brincadeiras! Assim que atracarmos em Pentos, tratarei de desmanchar esse nosso maldito noivado!

Peeta finalmente pôde lhe gritar aquilo. Não se importaria mais com a Effie e a dívida de ambos, não sofreria pelo resto da vida. Queria acabar com aquela farsa de uma vez por todas, e assim, antes que abrisse novamente a porta para sair dali, controlando a fera dentro de si.

Ronnie sentou-se na cama.

Ela o encarou com repugnância. O loiro só pôde sentir medo e mais raiva dela.

— Se você me deixar e não me amar como deve, ou ter a audácia de desmanchar nosso maravilhoso noivado, pode ter certeza Peeta, que eu vou me suicidar, morrendo comigo essa criança.

Os olhos de Peeta agoram se escureciam de pânico, queria lhe responder alguma coisa para impedi-la, mas nada de verdade saía de sua garganta.

— Uma bala — O lobo rosnava sem pudor, e o loiro sentia toda sua esperança se esvair de sua alma. — É isso o que você realmente quer...?

Novamente, ele estava sendo traído pela própria noiva.

— Não — Ele respondeu em um fio de voz.

— Bom garoto. Então trate de fazer meu Dia dos Namorados o melhor possível — Não era a primeira vez que a máscara de Ronnie caíra, mas com certeza, estava mais sádica e friamente desumana e extremamente masoquista do que antes. — Nós nunca tivemos esta briga — Ele confirmou, tombando a cabeça novamente em seu travesseiro. — Quero vinho. — Anunciou, se deitando, indiferente.

Peeta ainda estava chocado com tudo aquilo, arquejando e com a camisa embaixo do paletó encharcada de suor pelo pânico da ameaça de morte de seu filho. Sua mão encontrava-se na maçaneta redonda agora, a apertando com força e trêmulo, a soltou. Ele já sabia. Não poderia competir com aquilo.

Não teria escolha...

— Você... não mataria mesmo meu filho, mataria? — Perguntou-lhe já pálido, querendo confirmar a crueldade da lady uma última vez.

— Se fosse preciso, sim. Faria qualquer coisa para desafiar o que eu quero, Peeta, querido. Agora, vá buscar meu vinho... por favorzinho.

...ou será que teria?

— Lady — Peeta se curvou, mantendo-se rígido para controlar a sua fera e sua raiva, para não agredir sua noiva ali mesmo pela aquela ameaça a vida da criança, mas de qualquer forma, isso também colocaria em risco a gravidez. Estava sem argumento para impedir aquele mostro em forma de mulher.

A porta foi fechada com um ronco alto de arranhamento no chão, e isso irritou Ronnie, que gritou "eu te odeio", já zonza pela bebida. Peeta mais uma vez passou nervosamente os dedos nos cabelos e os esfregou, coçando sua barba rala em seguida. Suspirou.

Precisava pensar. Se acalmar. Gritar...

Culpava a bebida pelo calor do momento, quando Ronnie pecou ao ter dito tais palavras sangrentas. Aquilo...? Era desumano. Mas era culpa da bebida. Era tudo culpa da bebida. Só podia se conformar assim.

Subindo as escadas de volta para cima, ele evitou as lágrimas. Sentiu o vento congelante bater em seu corpo assim que chegou lá. Como não havia sentido aquele frio antes? Mesmo se sentindo desconfortável e pretendendo quebrar a garrafa de vinho que botaria nas mãos, se dirigiu até a mesa do jantar.

Não se importando em nenhum momento em arrumá-la, sentou-se na cadeira de qualquer jeito, e encheu um grande copo, enfiando garganta abaixo com um só gole, e bufou.

Sentiu o líquido queimar em todo seu corpo, e adorou. Só queria se castigar e sentir qualquer coisa, que não fosse o sofrimento imposta pela lady e pela família. Não saberia mais o que fazer. Foi só então que ele sentiu aquele par de olhos cinzentos lhe encararem, como se o desafiasse novamente pelo olhar, e Peeta se arrepiou; novamente ao se lembrar dela.

— Ela está bem? Foi apenas uma contração...? — Katniss lhe perguntava preocupada, estava ali sentada e desafiando o frio do vento sozinha, do jeito que Peeta a deixara.

— Ah... Sim. Apenas... contrações...

Ele assentiu confirmando para a moça. Ela tinha um rosto tão sereno e belo, e tudo nela parecia ser puro comparado ás outras mulheres e ladys. Peeta se sentiu amargurado por esquecê-la por um instante quando sentiu seu bebê chutar para ele, mas não podia evitar. Ele também havia deixado a menina sozinha, e preocupada no gelo da superfície do navio, o que lhe deixou severamente arrependido.

Retirando seu paletó, e deixando à mostra aquela sua camisa de mangas grudada ao corpo, levou-o até a jovem, e a pôs em seus ombros nus.

— Vista agora. Está fazendo muito frio aqui em cima. Por que não pegou um casaco com alguém?

— Não sabia que iria precisar — Ela falou com sua voz quase sumindo, virando-se para encarar seu prato intocável desde que Mellark se retirou, já esfriado pelo clima. — Isso significa que o jantar acabou?

Ele negou com a cabeça, estranhamente sorrindo.

Com o sorrido de Peeta, Katniss se encantou da mesma ridícula forma. Por um instante, tudo novamente havia desaparecido e a fera novamente adormeceu. Algo naquela moça o deixava inebriantemente calmo, e nem Effie, nem Ronnie existiam mais ali.

É claro, sabia que teria que dividir sua vida conjugal ao lado da lady que nunca amou, mas pelo menos, naquela noite de Dia dos Namorados, queria se sentir amado pelo menos uma só vez, para sentir como era. Queria experimentá-la, e saber se era realmente tão doce como seus irmãos diziam ser...

Queria se apaixonar por Katniss aquela única noite, para saber como se sente.

— Ainda não comemos a massa caseira que eu mesmo fiz. O capitão me cedeu sua cozinha por duas horas. Está no forno. Não vamos desperdiçá-lo, certo? — Ela assentiu, realmente faminta e grata pelo paletó em seus ombros. — Vou buscá-la então. E então, vamos poder depois ir para o quarto e dormir.

Mas não a forçaria à nada.

[...]


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

"Será que você deixará um review para a autora? Por favor, deixe. Ou então será bicado por um pombo. Cuidado."



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lady Rouge - Amor de uma Noite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.