Estava ansioso não havia dormido direito. Estava em minha cozinha tomando leite de iaque, achei melhor não comer nada estava tão nervoso que havia uma grande chance de eu não manter nada no estômago. Tento varias vezes me acalmar lembrando a mim mesmo de que estava tudo certo: meu pai havia apoiado minha decisão, eu estava feliz com minha decisão e Perna-De-Peixe disse que tinha bolado um plano perfeito. Levanto-me e vou para o meu destino, se eu me enrolasse mais um pouco eles podem sair para trabalhar antes que eu chegue.

– Vem amigão, nós temos uma missão a cumprir.

Monto no Banguela e vamos para o nosso destino com o coração cada vez mais acelerado. Chegamos ao nosso destino desço da sela do Banguela e tento parar de tremer.

Minhas mãos ainda estavam suadas quando eu finalmente tomo coragem batendo na porta da casa dos Hofferson escutando passos logo em seguida. Consegui suspirar uma última vez antes de Walkyria Hofferson aparecer na porta

– Bom dia Soluço. Astrid não está ela foi para a Academia mais cedo

– Eu sei senhora Hofferson. Na verdade eu gostaria de falar com a senhora e com o seu marido, se não estiverem muito ocupados.

Eu falo coçando a nuca, gesto que sempre faço quando estou nervoso. Walkyria me olha com curiosidade e logo me convida para entrar. Assim que entro no ambiente já conhecido encontro o senhor Hofferson sentado no sofá

– Bom dia senhor Hofferson

Falo tentando reunir coragem para dizer o que eu vim dizer

– Bom dia Soluço o que o traz aqui?

Reviro os olhos diante da tradicional impaciência viking, mas tomo coragem, respiro fundo e começo a falar.

– Ahn... Então...

Coço a nuca entre as frases e respiro novamente

– Senhor e senhora Hofferson eu estou um pouco nervoso por estar aqui hoje. Ainda não tenho certeza do que vou dizer então me perdoem se eu tomar muito do seu tempo.

Eles assentem meio confusos e eu fico mais aliviado e, antes de prosseguir com o meu discurso pego o anel que estava em meu bolso aguardando seu momento.

– Vejam em minhas mãos há um anel para sua filha

Abro minha mão e revelo o delicado anel, eles continuam em silêncio, mas vejo a senhora Hofferson sorrir levemente o que me encoraja a prosseguir.

– Astrid é tudo para mim e seria um alívio saber que estamos na mesma página, pois muito em breve quero me casar com sua filha e torná-la minha esposa.

Olho para os meus futuros sogros, assim espero, e vejo um grande sorriso no rosto de Walkyria, mas parece que Lamont ainda não estava totalmente de acordo, afinal Astrid era sua única filha. Por sorte eu havia me preparado para uma possível rejeição e continuei

– Eu quero que ela seja a única mulher que eu ame pelo resto da minha vida e quero dar a ela o melhor de mim até o dia que eu morrer. Eu quero me casar com a sua princesa e fazer dela minha rainha. Então senhor e senhora Hofferson vocês me dariam a honra de pedir a Astrid em casamento?

O senhor e a senhora Hofferson trocam um olhar, aquele tipo de olhar que só duas pessoas que se amam entendem. Aguardo ansioso, os poucos segundos que se passam na conversa silenciosa dos dois até que o senhor Hofferson finalmente fala.

– Se Astrid lhe aceitar e, como nós conhecemos nossa filha, sabemos que ela irá, nós teremos o enorme prazer em aprovar a união.

Sorrio aliviado, a parte mais difícil eu já havia feito. Agora eu só precisava falar com a minha loirinha

– Muito obrigado senhor e senhora Hofferson, agora se me permitem irei falar com Astrid.

Eles assente ainda sorrindo e eu me retiro começando a planejar algo romântico para a dona do meu coração. Saio correndo da casa e encontro Banguela me encarando confuso

– Eles disseram sim amigão

Eu falo abraçando-o e quando o solto vejo que ele está me mostrando seu tradicional sorriso banguela

– Vem amigão temos que bolar alguma coisa. O pedido para a Astrid tem que ser perfeito.

Eu falo e Banguela começa a me seguir enquanto eu penso em alguma coisa.

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Depois de muito pensar eu finalmente tenho um plano perfeito e, como eu demorei muito para elaborá-lo, vou contar com a ajuda do pôr-do-sol que vai acontecer dentro de vinte minutos.

Encontro minha loirinha saindo da academia e vou até ela com o Banguela me seguindo.

– Olá Milady

– Oi Soluço

– Como foi seu dia??

– Cansativo. Perna-de-Peixe quer escrever um livro de cada classe dos dragões e hoje ele escolheu a classe afiada.

– Que tal um voo no Banguela para relaxar?

Torço para que ela aceite, meu plano inteiro dependia disso.

– Claro, por que não.

Ela sorri e nós montamos no Banguela

– Vamos devagar amigão

Faço carinho no Banguela enquanto eu falo e ele me obedece. Subimos calmamente com Astrid segurando minha cintura e apoiando a cabeça em meu ombro. Vamos até as nuvens onde Astrid se solta e começa a tocar as nuvens rosadas como ela sempre fazia como ela fez no nosso primeiro voo juntos.

Vejo uma oportunidade de colocar a próxima parte do meu plano em prática. Travo a cauda do Banguela para que ele possa voar sozinho e, como ele já sabia do plano ele não reclama, cuidadosamente me viro encarando o olhar curioso da minha loirinha e sorrio fazendo com que ela também sorrisse. Respiro fundo e começo a botar em palavras meu sentimento

– Astrid eu não sei por onde começar, um simples eu te amo não é o suficiente para expressar o meu amor por você. Desde a primeira vez que eu te vi, quando éramos apenas crianças eu me apaixonei, logicamente que naquela época eu não sabia o porquê minhas mãos suavam e meu coração batia mais forte quando eu ficava perto de você, mas hoje eu sei, sei que Vili plantou esse sentimento em mim e sei que isso era e é amor. Fomos crescendo e você tornou-se a melhor jovem guerreira da tribo, enquanto eu era só uma espinha de peixe falante. Nunca achei que você me notaria, mas um dia sobre as nuvens e com os seus braços ao meu redor eu soube que você me notou, eu soube que eu teria uma chance, parecia que as Nornas estavam finalmente sorrindo para mim. Foi um dos melhores momentos da minha vida e agora sobre as mesmas nuvens e sobre o mesmo céu eu quero fazer uma pergunta

Faço uma pequena pausa enquanto pego o anel sem nunca desviar os olhos da minha loirinha que estava com um sorriso radiante nos lábios. Mostro o anel que eu havia feito, um anel de ouro com uma pedra turquesa da cor dos olhos da minha guerreira

– Astrid você aceita ser minha amiga e companheira para todo o sempre? Aguentar minhas loucuras e me acompanhar em nossas aventuras? Astrid você aceita se casar comigo?

Termino de falar com o coração acelerado e vejo minha loirinha com os olhos marejados, mas ainda sorrindo.

– Claro que eu aceito

Meu sorriso se alarga e meu coração bate mais forte. Coloco o anel em sua mão enquanto observo seu sorriso aumentar e sei que não estou muito diferente. Ficamos alguns segundos nos encarando nos assegurando de que era real até que eu a beijo, um beijo calmo, doce e apaixonado. Quando nos separamos ainda sorriamos como os dois bobos apaixonados que éramos.

– Eu te amo Astrid Hofferson

– Eu também te amo Soluço Spantosicus Strondus III

Ficamos com as nossas testas coladas aproveitando o pôr-do-sol que já estava quase acabando. Estávamos em um silêncio confortável até que Astrid o quebra

– Temos que contar para os meus pais

– Não se preocupe com isso, eu já falei com eles. Na verdade o culpado por você ter saído tão cedo fui eu, eu que pedi ao Perna De Peixe para te distrair para que eu pudesse conversar com seus pais. Eu queria fazer as coisas da maneira certa

Eu falo sorrindo enquanto ela me olha de forma enigmática e, depois de alguns segundos me encarando, dá-me um de seus tradicionais socos no braço

– Isso é por me ter feito trabalhar dobrado

– Hey! Mas eu precisava fal...

Ela me cala com um beijo, um simples roçar de lábios.

– E isso é por todo o resto

– Eu definitivamente ainda não me acostumei com isso

Ela sorri docemente e, antes que eu possa fazer alguma coisa, Banguela ronrona para lembrar que ele estava ali, que ele estava voando por um bom tempo e que ele estava cansado.

– Parece que o nosso passeio chegou ao fim Milady

Digo enquanto me viro

– Não tem problema. Esse foi com certeza o melhor passeio que já fizemos

Ela fala envolvendo minha cintura enquanto descíamos lentamente. Paramos na porta de sua casa e nos despedimos com um beijo

– Boa noite Milady

– Boa noite senhor Strondus

Monto novamente no Banguela e voamos para casa onde meu pai me esperava para saber como eu havia me saído

– E então filho como foi?

Reviro os olhos diante de sua pergunta, eu mal havia entrado em casa. Vikings sempre são tão impacientes.

– Ela disse sim!

Eu falo animado e meu pai me dá um de seus animados e tradicional abraço esmaga ossos

– Que notícia maravilhosa filho. Presumo, então, que os Hofferson também concordaram.

– Sim eles estão de acordo

– Ótimo! Então amanhã vocês irão falar coma à anciã para saber a opinião das Nornas

Meu sangue gelou na hora, as Nornas são as senhoras do destino e caso não estivesse escrito em meu destino o meu casamento com Astrid nos não poderíamos nos casar, pelo menos não em Berk, não com a aceitação de nossas famílias. Meu pai deve ter percebido que eu estava ficando pálido e tenta me acalmar

– Filho você acredita no amor de vocês?

– Com todo meu coração e com todas as minhas forças

Afirmo com confiança

– Então não há o que temer Vili não te abençoaria com um sentimento tão lindo e tão puro se ficar unidos não estivesse em seus destinos

Sorrio me sentindo mais calmo, sabendo que meu pai tinha razão.

– O senhor está certo pai, obrigado.

– Sempre que precisar de um conselho filho eu vou estar aqui

– Obrigado pai. Venha Banguela vamos dormir

Falo subindo as escadas e quando já estou no topo meu pai grita

– Não se esqueça de que depois de amanha tem a corrida

– Eu não esquecerei. Boa noite pai

–Boa noite Soluço

Eu e Banguela entramos em meu quarto e eu me jogo na cama

– Amanhã amigão é o dia que eu vou descobrir se a Astrid faz parte do meu destino

Banguela me olha com curiosidade enquanto deita em sua “cama” recém-aquecida

– Boa noite amigão

Deito-me na cama e depois de me remexer por longos minutos adormeço.

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Acordo assim que sinto o sol em meu rosto. Estava tão ansioso ontem que eu me esqueci de fechar a janela. Assim que a sonolência passa levanto-me e vou comer alguma coisa encontrando meu pai na cozinha que estava surpreso por me ver em pé tão cedo.

– Ansioso para falar com a anciã?

– Bastante. O que tem para comer?

– Peixe e pão

Pego um pedaço da coisa dura que meu pai chama de pão e um pouco de leite de iaque comendo com uma velocidade excessiva até para um viking. Quando termino de comer Banguela desce as escadas pedindo seu café, lhe entrego vários peixes e aguardo ansioso, ele terminar de comer.

– Vamos amigão?

Pergunto depois que Banguela havia se empanturrado de peixes ele assente e nós corremos para fora, grito um tchau para o meu pai, mas não fiquei tempo suficiente para ouvir sua resposta, pois fomos voando, literalmente, para a casa de Astrid.

Assim que chegamos desmonto de Banguela e ficamos em silêncio alguns segundos para descobrir se havia alguém acordado afinal não é nada agradável acordar um viking. Quando escuto passos na casa me dirijo à porta e bato na mesma aguardando.

– Olha se não é o meu futuro genro. Bom dia Soluço

– Bom dia senhor Lamont

Eu falo tentando me recuperar do tapa nas costas que eu havia recebido

– A Astrid já acordoou?

Eu pergunto coçando a nuca, pois eu estava ficando nervoso.

– Já acordou sim. Vai leva-la para o grande salão e anunciar o casamento?

– Pai! Não nos apresse

Astrid fala aparecendo na sala

– Na verdade irei fazer isso depois de falar com a anciã, precisamos saber a opinião das Nornas.

O senhor Hofferson fica serio e assente, por mias que ele aceite nossa união se as Nornas negassem o casamento ele também negaria.

– Sim vocês devem ir o quanto antes

Walkyria fala aparecendo na sala

– Astrid se você não estiver ocupadas vamos agora

– Sim vamos

Ela fala se aproximando

– Até mais tarde

Ela fala se despedindo de seus pais

– Até mais tarde senhor e senhora Hofferson

–Até mais tarde e boa sorte

Walkyria fala enquanto nós partimos

– Está nervosa?

– Um pouco

– Tenha fé no nosso amor, tudo vai dar certo.

Ela sorri e montamos no Banguela com Astrid segurando em minha cintura

– Vamos chamar o Bocão?

– Não será necessário, eu aprendi a interpretar os desenhos da Gothi

Sinto minha loirinha relaxar, assim como eu ela queria que fosse um momento só nosso. Chegamos à casa da anciã e descemos do Banguela, Gothi já estava nos esperando.

– Bom dia Gothi, gostaríamos de saber o que as Nornas têm a dizer sobre a nossa união.

Gothi assente e vai até a areia que ela usa para escrever e eu e Astrid a seguimos de mãos dadas. Gothi começa a escrever e, enquanto meu coração acelerava, eu interpretava os desenhos.

– Vocês representam a união de dois mundos. Uma tem o coração de uma guerreira e o outro tem o coração de um dragão. Essa união foi planejada por Frigga há muitos anos, a união dos dois mundos, mas nenhum coração foi forte o suficiente ou se encaixou tão bem quanto o vosso. As Nornas já traçaram vosso destino e sempre que encontram dois corações dignos da tarefa de unir os dois mundos elas pedem auxilio a Vili que plantou um sentimento em vossos corações. Porém essa união é tão forte que cabe apenas aos dois envolvidos a decisão de se unir ou de se separar

Leio as últimas palavras e abro um enorme sorriso e ao olhar para minha loirinha vejo que seu sorriso está maior que o meu.

– Muito obrigada Gothi

A anciã assente e escreve novamente

– Vós já tendes uma resposta. Ides ficar juntos??

Olho para minha loirinha que apenas assente

– Sim Gothi iremos ficar juntos

– Desejo a vós toda sorte e felicidade

–Obrigada Gothi

Astrid fala apertando levemente minha mão

–Vamos fazer o anúncio no grande salão durante a refeição

Falo enquanto saiamos da casa de Gothi

– Eu mal posso esperar

Ela fala me abraçando enquanto levantamos voo

– Então o que vamos fazer até o horário da refeição?

– Eu estava pensando em passar um tempo com o meu noivo

– O seu noivo aprova esta ideia

Sorrio e peço para Banguela ir para a clareira, meu amigo atende alegremente meu pedido, pois a clareira tinha um significado especial para ele também. Chegamos à clareira e eu e Astrid descemos das costas do Banguela e ficamos de mãos dadas em silêncio deixando as boas lembranças nos invadirem. Banguela deita próximo ao lago e eu e minha loirinha nos sentamos junto a ele aproveitando o silêncio e a proximidade.

Ficamos varias horas assim, em silencio, trocando beijos e caricias até que olho para o solo e percebo que já está na hora do almoço.

– Vamos para o grande salão?

– Vamos, mal posso esperar para contar a todos sobre o nosso noivado.

Sorrio ao saber que ela está tão ansiosa quanto eu

– Hey amigão, vamos voltar, vamos para o grande salão.

Falo ao montar em Banguela, que aguarda pacientemente minha guerreira montar. Assim que sinto seus braços rodearem minha cintura Banguela começa a subir.

Subimos a voltamos para Berk. Assim que Banguela toca o chão eu e Astrid saímos de suas costas e corremos para o grande salão que já estava cheio e movimentado. Procuramos por meu pai e quando o achamos vamos a sua direção

– Pelos sorrisos em seus rostos as Nornas aprovaram a união

–Sim...

Começo, ou melhor, tento começar a explicar, mas meu pai me interrompe para chamar a atenção dos vikings.

– Atenção cidadãos de Berk a jovem Hofferson está noiva de meu filho Soluço Spantosicus Strondus III. Vamos saudá-los

O grande salão se irrompe em gritos e vários vikings vêm em nossa direção nos saudando, gritando “viva os noivos” e nos abraçando. Eu estava radiante e minha loirinha também. O restante do dia se passou assim, com todos os moradores de Berk vindo nos saudar por nosso noivado.