Tão Perto. Tão Distante. escrita por Mia Golden


Capítulo 16
Hannah




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Estava no meu quarto fazendo minha lição de casa quando ouvi vozes alteradas no andar de baixo. Fiquei curiosa e desci, chegando lá, minha mãe estava tentando acalmar o Alex.

— Mãe, o que esta acontecendo? – perguntei.

Minha mãe se levantou do lado de Alex que estava com as duas mãos na cabeça.

— Filha... é o Adam, o pai do Billy!

— O que aconteceu?

— Ele foi morto. – disse Alex com a voz abafada. Ele estava de cabeça baixa.

— Meu deus! – disse surpresa – Mas como?

— Ainda não disseram os detalhes, amanhã iremos saber. A única coisa certa é que o mataram.

Me sentei em outro sofá me sentindo meia zonza. O Adam! O pai do Billy! Me lembrei do Billy no momento.

— E a Rose? Ela já sabe?

— Sim, estávamos no gabinete na hora que ligaram pra ela. Tanto eu como ela ficamos chocados com essa noticia...ele era o meu irmão do mesmo jeito... eu só... – Alex parecia arrasado.

— Querido, tenha calma!

— Os meus pais já ficaram arrasados com o que ele fez... o fato de ir preso... agora isso?

Ouvimos a porta da frente se abrir e passos que estavam correndo. De repente Davis entra na sala com os olhos arregalados.

— É verdade pai? É verdade o que esta se espalhando pela cidade? O tio Adam...ele...

— Sim filho, sim! O mataram! – Alex passou as mãos pelos cabelos. Ele era um homem muito bom. Um ótimo coração.

— Pai... – Davis se ajoelhou na frente de seu pai e o abraçou. Lagrimas escorreram pelo rosto de Alex.

— Apesar de tudo ele era o meu irmão mais velho... quando eu era criança queria ser como ele, o seguia, tentava fazer o que ele fazia... e por incrível que pareça, ele era bom pra mim... só depois que ele mudou... – a voz de Alex embargou e ele não conseguiu dizer mais nada.

Minha mãe e eu saímos da sala pra deixar pai e filho a sós.

— Vou fazer algumas ligações filha. Pode dar uma olhada na Carly?

— Sim!

— Obrigada meu bem! – ela me deu um beijo na testa e entrou no escritório.

Subi até o quarto de Carly. Quando entrei ela estava dormindo pacifica em seu bercinho, nem percebia o que estava ao seu redor. Como é bom ser criança.

Me sentei no sofá ao lado e ali fiquei. Pensei em Billy. Pensei em ligar, mas achei que não era hora. Provavelmente ele estava tendo o seu momento com sua mãe e irmã.

No dia seguinte na escola, só se falava sobre isso. Não vi Billy. Provavelmente ele não iria. Era compreensivo. Fui para o jornal. Entrando na sala, Sasha veio ao meu encontro.

— Ou soube o que aconteceu. Já falou com o Billy? – disse ela.

— Ainda não, mas eu vou para a casa dele depois da aula.

— Quer que eu vá junto?

— Não amiga, acho que eu preciso estar sozinha.

— Tudo bem, qualquer coisa pode me chamar.

Sorri.

— Valeu Sá.

Nos sentamos em nossas mesas para começarmos a trabalhar, mas para mim não fluía. Pensava em Billy.

— E aí Hannah! – disse Nico se sentando ao meu lado.

— Oi. – disse sem o olhar.

— Esta tudo bem? – perguntou ele se aproximando mais. Tipo, ombro a ombro.

O olhei. Ele estava serio e não parecia querer jogar charme.

— Só... o pai de um amigo meu morreu.

— Que chato.

— Você não viu que andam falando disso na cidade inteira?

Ele pensou um pouco.

— Humm... sim, eu percebi um burburinho. Quem é esse seu amigo?

— Billy.

— Billy?

— Billy White!

— Oh! Sim, eu sei! O garoto do ginásio de ontem...ele quase me comeu com os olhos – disse ele sorrindo de canto.

Não respondi, só me virei pra ficar olhando para o meu computador. Suspirei.

— Você gosta dele. – Não foi uma pergunta que Nico fez. O olhei novamente.

— Nico...

— E ele parece gostar de você.

Respirei fundo.

— É....complicado.

— Por quê?

— Algumas coisas.

— Bem...então resolva logo isso com ele....senão eu vou roubar você dele – disse ele dando uma piscada e se levantando para ir para a sua mesa.

Tentei trabalhar, mas não consegui. Depois de um pouco mais de uma hora, enfim acabou o nosso horário no jornal.

Na hora de ir embora, ouvi Davis me chamando.  

— Hannah!

— Sim! – me virei para ele.

— Meu pai disse que era pra gente ir para a casa dos meus avós. Todos irão estar lá.

— Enfim, soube como aconteceu?

Davis pensou um pouco e dez uma careta.

— Ele foi esfaqueado.

Fiz uma careta também.

— Que horror!

— Sim.

— Então ele tinha inimigos por lá.

— Não exatamente.

— Como assim?

— Quem matou ele, foi o mesmo cara que ele pagou pra sabotar a minha moto. Tipo, uma vingança.

— Aquele cara? Eu me lembro dele! Eu, Billy, Tina e Liam fomos nos encontrar com ele pra saber algumas coisas que estavam suspeitas. Fomos tipo detetives naquele dia. – me lembrei do dia. Tina ainda estava com a gente.

— Então vamos? A Sarh vai depois.

— Claro!

— Deixei meu carro com a Sarah, posso ir com você?

— Claro?

Davis foi dirigindo meu Jipe até a casa dos avós. Chegando lá, havia muitos carros. Até parecia que o velório seria ali. Assim que saímos do carro e nos dirigimos para a entrada da casa, logo entramos. Lá dentro havia muitas pessoas, pessoas até que eu não conhecia. Vi minha mãe e Alex com seus pais. Provavelmente Carly ficou com May. Olhei mais pela sala e vi Rose e Jenny. Thomas, o namorado de Jenny estava ao seu lado segurando sua mão. Jenny parecia muito triste. Decido ir naquela direção. Chegando lá, Jenny me viu e veio em minha direção. Não precisei dizer nada, ela realmente estava triste por seu pai. Eu sabia que ela ainda tinha esperanças que ele mudasse. Jenny era a única que acreditava nisso, mesmo que ele não merecesse.

— Eu sinto muito! – disse ainda a abraçando.

Senti ela suspirando. Nos afastamos.

— Obrigada Hannah! Acho que...acho que ele não tinha mais concerto. Apesar de tudo ele era...meu pai.

Alisei seu cabelo dourado. Jenny parecia uma boneca e era uma menina muito boa.

— Dá pra entender o que você sente. E eu sinto muito mesmo!

— Obrigada Hannah! – disse ele sorrindo tristemente.

Eu a abracei de novo.

— Oi Hannah!

Olhei para o lado.

— Olá Thomas!

— Meu primo vai vir? Você sabe?

— Humm não sei, mas se a Lory vir, provavelmente ele também vai vir.

— Valeu. – disse ele sorrindo simpático. Ele era um pouco parecido com o Wesley.

— Hannah, o Billy esta lá fora no jardim. Ele esta estranho desde ontem...sei lá, ele não pareceu tão abalado. Não que eu esperasse que ele tinha que ficar, mas ele esta estranho sim. Fale com ele!

Olhei pela sala pra ver aonde um sairia para o jardim.

— Ok, eu vou procurá-lo.

— Valeu.

Assim que me afastei, fui primeiro na minha mãe e Alex e cumprimentei os pais dele e de Adam. Ainda não tinha visto Kate, provavelmente ainda iria chegar. Então achei a porta que dava para o jardim. Estava aberta. Eu o vi. Ele estava de costas para a porta, estava de pé no meio do jardim. Respirei fundo e comecei a andar em sua direção. Assim que me aproximei não sabia se o tocava, ele mal percebeu que eu estava ali.

— Billy! – resolvi chama-lo.

Percebi que ele se ergueu e logo depois ouvi que ele suspirou. Ele ainda estava de costas.

— Eu...eu sinto muito! – disse.

Ele ainda não havia dito nada.

De repente me senti com vontade de sair dali. Talvez ele quisesse ficar sozinho. Eu iria pensar em me virar mas ele reagiu.

— Sabe o que é mais estranho? – disse ele olhando para o céu.

— O-O que?

Ele respirou fundo.

— É que eu não me sinto triste. – disse ele.

Não sei por que, mas isso não foi algo surpreendente. Billy odiava seu pai.

— Billy!

— Será que é errado eu...eu me sentir aliviado por isso? – disse ele abaixando a cabeça. – Me sinto mal só por Jenny, isso sim. Ela ficou muito triste...acho que sou uma pessoa horrível.

Toquei no seu ombro. Senti que ele ficou um pouco tenso, mas logo relaxou. Assim ele se virou devagar. Vi seu rosto. Ele realmente parecia normal.

— Eu estou feliz que ele morreu Hannah! O que esta acontecendo comigo? – agora ele fez uma cara de dor.

Não saberia o que dizer, esse sentimento era só dele.

Ele viu que eu estava tentando achar o que dizer.

— Obrigado por ter vindo.

O olhei e sorri sem jeito.

— De nada.

Ele segurou minha mão. Eu sabia que ele não queria que alguém viesse e lhe dissesse “eu sinto muito”

Então eu o abracei. Ele retribuiu logo. Era isso que ele precisava, um abraço substituindo as palavras. Ele me segurou forte. Assim que começamos a nos separar eu dei um beijo em seu rosto. Ele sorriu com os olhos com um tipo de emoção.

— Vamos entrar? Sua mãe e sua irmã precisam de você!

— Sim, claro!

Ele pegou minha mão e nos entramos. Billy realmente ficou com sua mãe e irmã o tempo todo. As vezes eu o pegava me olhando e logo sorria de um jeito discreto.

As noticias chegaram logo. Adam iria ter seu velório a tarde e o enterro no próximo dia.

Quando todos estavam começando a ir embora, senti uma mão pegar a minha. Era Billy.

— Hannah, promete que vai estar comigo hoje e amanhã?

Ele parecia ansioso.

— Sim.

Ele se sentiu aliviado.

— Obrigado – ele me abraçou de um jeito que eu fiquei com a minha cabeça encostada em seu peito. Ele escorou o queixo em cima da minha cabeça – E preciso de você Hannah! Nunca me abandone!

Senti meu coração vibrar.

— Não vou, eu prometo.

Ficamos assim sem se preocupar com quem estava passando por perto. De repente senti algo, meu coração estava começando a se sentir confortável com a possibilidade de Billy e eu juntos. Faltava pouco.  


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