It Comes Back to You escrita por Swimmer, Izzy


Capítulo 3
Barbie Girl


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas, como vão?
Esse capítulo demorou um pouquinho pra sair, mas aqui está o/ (aah, sério mesmo?)
O próximo deve demorar menos. Boa leitura.



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—Kansas,2010.

Cheguei à cidade com um só pensamento: tomar um banho. Correr por aí de fantasmas revoltados com a vida, quer dizer, a falta dela, te faz suar como um porco. Porcos soam? Não sei.

Estacionei o carro na primeira vaga que apareceu no estacionamento e fiz uma pequena dívida para uma mulher chamada Tessa Bustter. Ignorei o nome de cachorro e subi pro quarto, que aliás cheirava a cachorro.

Joguei as roupas no chão do banheiro e fui finalmente tomar banho. Já fazia um ano que Charlles tinha ido para Ohio. Se estivéssemos juntos ele me obrigaria a ir dormir - enquanto provavelmente ia pra algum lugar - mas hoje eu não estava preparada pra cair na cama, mesmo que meus músculos doessem. Coloquei uma calça jeans e uma blusinha vermelha. Peguei a jaqueta de Travis, que por um milagre ainda me servia, e saí.

Encontrei um bar por perto e entrei. Caras barbados. Música alta. Sinuca. Couro. Isso resume bem o lugar. Pedi uma bebida e fiquei esperando no balcão mesmo.

A porta se abriu e a maioria dos caras parou de falar para encarar quem estava entrando. Então eles se olharam maliciosamente. Revirei os olhos e voltei a beber.

A garota que tinha acabado de chegar se sentou ao meu lado. Loira, alta, cara de boneca, o que aquela maluca estava pensando? Eu daria cinco minutos pra que um dos caras da mesa de sinuca viesse encher o saco dela. E o que ela faria? Não sei, nada, provavelmente, ela tinha cara de quem não mata nem uma mosca.

–O McDonalds é do outro lado, princesa-falei sorrindo.

Ela se virou pra mim e sorriu de volta.

–Eles não têm isso aqui - disse erguendo o copo e bebendo.

Impressionante. Então me dei conta de algo, mesmo sorrindo seus olhos verdes tinham uma raiva difícil de perceber. Os movimentos eram precisos. Isso só podia significar duas coisas: ou ela não era humana ou era uma caçadora.

Esse não é o tipo de coisa que você pergunta pras pessoas, você não pode chegar na pessoa e perguntar “hey,você caça demônios ou é um deles?”. Esperei. Por coincidência a garota loira resolveu ir ao banheiro. Joguei água benta na bebida dela e a segui. Banheiros de bares realmente são nojentos. Depois de alguns minutos fingindo arrumar o cabelo voltei pro bar. Olhei disfarçadamente enquanto ela bebia mas algo interrompeu minha busca por... na verdade não sei. Houve um grito nos fundos e sem pensar duas vezes corri em direção ao som.

Como se eu tivesse acabado de sair de uma cidade com um pequeno problema no cemitério a barista estava encolhida numa das paredes olhando apavorada para o fantasma de uma mulher com roupas antigas.

Ótimo, eu nem queria dormir mesmo. Olhei ao redor. Havia sal em uma das prateleiras, mas para pegá-lo teria que passar entre a mulher e o fantasma, que se aproximava cada vez mais.

Um movimento chamou minha atenção. A garota estava lá, a loira inofensiva, olhando tudo como se pensasse no que fazer. Eu tinha minhas dúvidas sobre ela ser tão inofensiva assim agora.

–O que está fazendo aqui? - perguntei.

–Meu trabalho. O que você está fazendo aqui? - ela respondeu.

–Bom, acho que temos o mesmo trabalho.

Puxei um dos suportes das prateleiras e avancei contra o fantasma. Percebendo minha presença segundos antes a mulher translúcida desapareceu.

Para o meu azar ela reapareceu atrás de mim. Eu realmente odeio quando fantasmas apelam pra habilidade de mover coisas, normalmente isso termina com um roxo. Dessa vez fui jogada contra uma das paredes. Me virei o mais rápido que consegui e vi a garota loira empurrando a barista pra fora. O fantasma da mulher percebeu e se virou, tempo suficiente para eu conseguir acertá-la com o objeto de ferro.

Assim que ela sumiu a garota voltou, carregando uma faca e um saco plástico - provavelmente com sal.

Ela me olhou e fez o que qualquer caçador faria ao ver alguém caído no chão e sem sinal do fantasma, fechou a porta colocou sal em todas as entradas. Então me ajudou a levantar.

–Ashley - falou.

–Helena -hesitei-...Como?

–Como o que?

–Como consegue caçar e parecer a Barbie ao mesmo tempo?

Nós rimos e saímos da sala. Tirando a dor de cabeça tudo estava igual a antes, exceto a barista assustada numa das mesas.

–Okay. Já que estamos aqui, acho que vamos ter que fazer isso juntas – falou – A não ser que você queira ir embora.

–Espero que seja boa com pessoas, vou arrumar um computador.

Havia realmente um notebook na mochila de alguém embaixo do balcão. Invadi o sistema da polícia e procurei por mulheres assassinadas na cidade desde que se tinha registro. A lista era enorme.

– Rosanna Colombo - disse Ashley aparecendo atrás de mim.

Olhei para ela pedindo uma explicação, mas digitei o nome.

–Parece que a mulher que estava lá atrás era dona deste lugar há 40 anos atrás. Dizem que foi morta pelo marido, mas ninguém sabe ao certo. Ela - apontou com o rosto a mulher na mesa - é sobrinha do cara.

Segundo o relatório policial os dados batiam.

–Então ela vai voltar - falei.

Ashley puxou o notebook da minha mão e encontrou um jornal da época, falava do assassinato e tinha o nome do cemitério onde a mulher foi enterrada.

–Você fica aqui e cuida pra que Rosanna não apareça. Vou pra lá - apontou a tela com o dedo.

–E como posso confiar em você?

–Você é a primeira garota caçadora com menos de trinta anos que já vi. E deve ter algum motivo pra isso. Também tenho os meus e todos me dizem pra não confiar em você. Normalmente atiraria uma faca no seu braço, mas...

Revirei os olhos. Gostava da garota, ela tinha personalidade.

–Não te conheço, Ashley, mas algo me diz que você está dizendo a verdade. Mas se algo der errado, a faca vai parar no seu braço – sorri, cínica.

–Veremos - disse e correu pra fora.

Caminhei até a mulher e me sentei na cadeira na frente dela. Ela tinha chorado, dava pra ver as marcas no rosto, mas agora encarava a mesa.

Depois de um tempo me disse que se chamava Anne, fiz ela ir comigo ao estacionamento pegar as armas e segundo a mesma não tinha possibilidade de fazer os homens irem embora. Eles meio que passavam boa parte da vida lá.

Eu precisava de um plano, e rápido. Não tinha caído naquela história de “você é a primeira caçadora que encontro” e todo o mimimi. A primeira coisa que eu tinha que fazer era tirar os caras de lá.

Olhei ao redor e vi alarmes de incêndio. Sorri e fui até um deles, puxei e corri até o meio do lugar.

–Fogo! – gritei. Encarei Anne, ela entendeu o recado e começou a gritar.

Quando há treinamentos de incêndio na escola eles tem um tempo base pra evacuar o local, garanto que o bar ficou vazio mais rápido que isso. Homens bêbados não pensam muito bem, não que pensem normalmente, mas eles nem ao menos olharam se tinha fumaça. Bufei e tranquei a porta.

Foram os melhores trinta minutos desde que eu tinha chegado à cidade. Então Rosanna resolveu se juntar à festa, tudo estava bem, até o fantasma da mulher se materializar fora da sala dos fundos.

Vendetta– disse ela, com a voz muito, muito rouca.

Olhei para Anne, ela tinha ficado branca que nem papel. Grande ajuda.

–O que ela disse? - perguntei.

–Vingança - Anne murmurou tentando se fundir à parede - Rosanna eu nem mesmo conheci meu tio. Ele morreu antes de eu nascer, me deixa em paz!

Então ela começou a chorar. Por que isso sempre acontece comigo?

O fantasma se aproximou mais e eu atirei.

–Não posso fazer isso pra sempre. Vamos - abri a porta e andei até o carro.

Anne entrou no carro e continuou o que estava fazendo antes, chorar.

Respirei fundo e tentei pensar. Segundos depois estava dirigindo até o cemitério.

–Eu só queria uma bebida... – reclamei - Sabe onde ela foi enterrada?

Estávamos andando entre os túmulos com uma lanterna, clássico. Se eu não podia enfiá-la num lugar seguro então a levaria comigo.

Anne me passou o local em que a família havia sido enterrada e seguimos pra lá. Quando chegamos tcharam, Ashley tinha um túmulo aberto e fumaça.

Trocamos algumas palavras pouco amigáveis antes de eu tirar uma faca do cinto e jogar a garota contra a árvore mais próxima. Anne gritou.

–Qual é a sua? - segurei a faca na garganta dela - O que está fazendo aqui? Quem é você?

–Qual é a minha? Eu fiz o que tinha que fazer, quem é você pra me perguntar isso? Até onde eu sei pode ser um demônio ou outra coisa.

Num movimento rápido ela tirou uma faca de algum lugar, só fui perceber quando senti a ponta nas minhas costas.

–Você corta minha garganta, mas antes enfio essa faca no seu coração - completou erguendo uma sobrancelha.

Puxei uma adaga de ferro e prendi a que segurava no ultimo espaço vazio no cinto. Tanta coisa e nada servia.

Eu precisava de um plano. Tudo bem, disse a mim mesma, nos escondemos e esperamos ela aparecer? Não, muito previsível e... merda.

Não consegui completar o pensamento. Acho que nem preciso dizer porquê.

–Caralho, Rosanna, me deixa pensar em paz - gritei. Ela tinha voltado rápido demais. Puxei o gatilho e eu sabia que tinha uns dois segundos, se fosse otimista, até ela parecer de novo.

Estranhamente ela pareceu esquecer totalmente da sobrinha ou o que quer elas fossem. Pelo visto as mulheres do século passado não aprovavam moças falando palavrão. É, eu tive uma ideia extremamente ruim.

Me virei para Anne.

– Você tem algo que tenha sido dela?

–Não - disse a mulher.

–Algo que esteja na sua família há tempo? - Ashley perguntou.

Anne levou a mão ao pescoço e puxou um colar.

–Ganhei do meu pai quando tinha treze anos. Ele disse que pertenceu à minha bisavó mas... Não pode ser...

–Acredite, pode sim - Ashley disse.

–Se livra da porra do pingente - gritei para Ashley, que estava a uns quinze metros agora. Por um momento esqueci o que ia falar ao ver o sangue secando no rosto dela. Que tipo de caçadoras éramos nós? Era apenas uma tia idiota querendo matar alguém, o que deveria ser trabalho pra um só, e nós brigávamos entre nós. Deixei a auto piedade de lado e me concentrei no meu plano horrivelmente idiota. Não, eu não iria gritar obscenidades pra ela, só distraí-la por tempo suficiente.

–Eu me viro com ela-continuei.

Ela continuou me seguindo lentamente, até que cansou da brincadeira e se materializou bem na minha frente. Atirei de novo, senti um frio no pescoço e quando me virei lá estava ela novamente.

Depois do último tiro Rosanna me lançou um olhar reprovador, moveu o braço e a arma voou da minha mão. Mais um movimento e quem voou fui eu. Minha cabeça e minhas costas acertaram uma árvore, tudo ficou borrado e se multiplicou. Estava ficando difícil respirar.

Pisquei várias vezes seguidas até começar a ver a barra translúcida de um vestido antigo. Se aproximou mais e mais até que sumiu e consegui respirar normalmente. Bom, se considerarmos dor no peito normal, talvez.

Parecia faltar algo. Fantasmas deveriam queimar junto com o que os mantém aqui.

Me sentei o menos dolorosamente possível. Rosanna não havia... Qual a palavra quando alguém já está morto? Enfim, estava a poucos metros de Ashley e Anne. Tudo bem, fazer metal derreter é difícil mas não deveria ser tão demorado. Rosanna fez mais um de seus movimentos incrivelmente dolorosos e algo brilhante voou pra grama. Ótimo.

Corri para o outro lado o mais rápido possível, o que provavelmente foi suicídio. Parecia que alguém tinha passado com um caminhão na minha cabeça, ou seja, mais um dia normal.

Ashley estava recuando, enquanto Anne estava encostada num dos túmulos. Procurei a droga do colar na grama, quando finalmente achei ainda cortei o dedo no pingente. Inutilidades à parte, peguei um isqueiro no bolso. Ashley gritou qualquer palavrão e virei na direção dela. O fantasma tinha realmente gostado dos novos “poderes”.

O lado ruim de se estar num cemitério é que tem túmulos, Pois é. Lamento acabar com sua ilusão, mas não são só flores e pássaros cantando. Ashley estava presa contra um deles, segurada por nada. Rosanna estava parada a poucos metros na posição de "ataque" ou sei lá como chamam isso.

Anne me olhava, encarei o colar e o isqueiro e tomei uma decisão Joguei os dois objetos para Anne e caminhei lentamente para onde estavam. Ashley estava começando a ficar vermelha puxei a faca do cinto e enterrei nas costas do fantasma.

O som que ela fez foi uma mistura de grito com metal enferrujado. Se virou para mim com cara de raiva, então começou a queimar. Ashley caiu no chão e murmurou um valeu. Atrás de nós estava Anne, olhando a fumaça que subia do gramado.


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Notas finais do capítulo

Comentar, favoritar, mostrar pra mãe, recomendar pro amiguinho, pra vó (talvez ela não aprove), pro cachorro ou pro hamster não é proibido. E ainda tem a capacidade mágica de fazer os capítulos saírem mais rápido!



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