O segredo das sombras escrita por Dark Scorpion


Capítulo 3
Capítulo II: Um ato apreensivo


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Mais um capítulo dessa fanfic que é muito legal, muito misteriosa e bastante envolvente. (Eu acho isso, tá :D)
Bom, nos vemos lá embaixo!



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Elisabeth não poderia estar mais distraída naquele momento, talvez estivesse pensando no que estaria acontecendo em sua casa na floresta, ou no que ocorria com seus familiares, contudo a verdade é, caro leitor, que a menina não percebeu que um ser humanoide a observava, ao longe. Um ser escuro, uma “sombra”, é como esses seres são chamados pelos habitantes da cidade. Esses seres são os habitantes de Ellon.

Lisa estava no pátio, no horário da recreação, sozinha no canto mais afastado que poderia se encontrar. Já havia se acostumado com a solidão, ainda sofria com ela, entretanto esta não lhe incomodava tão intensamente quanto antes.

A sombra lhe observava fixamente, parecia que se ele desviasse o olhar por um segundo sequer a menina desapareceria. Este tomava muita precaução para não ser visto, se escondia na sombra de uma árvore. Ele queria se aproximar logo da menina, mas isso poria em risco todos os planos de Louise.

– Vamos lá Elisabeth... vamos, só quero que você faça algo que me prove os seus dons. – Murmurou para si mesmo a sombra.

Todavia Lisa permaneceu ali, estática, até que o sinal de recolher tocou e ela ter que voltar para a sala de aula. Ayelle a esperava na porta, Elisabeth era sempre a última a entrar. A porta se fechou, o ser sombrio suspirou com impaciência. Ele se esvaneceu no ar em uma implosão negra e uma senhora que passava por ali beijou o terço que trazia em seu pescoço e apertou os passos quando o viu desaparecer.

Elisabeth sentou-se no seu lugar, copiou as atividades e abaixou a cabeça, não conseguiria responder os exercícios nem mesmo se quisesse, havia muitos pensamentos em sua cabeça. Pensamentos demais para uma criança de seis anos, eu diria.

...

– Eu já lhe disse e torno a repetir... Isso é uma perda de tempo. A garota não tem nada de especial, ela não é uma das crianças! – Disse impaciente a sombra.

– Pare com isso! – Impôs aos gritos a mulher. – Já não disse para ter paciência, está mais que claro de que ela é uma delas! Não lhe ensinei nada? Ela tem a marca. Ou ficou cego?

– Não, não fiquei cego. Mas ficarei surdo se continuar a gritar desse jeito. – Murmurou o garoto esfregando as mãos nas orelhas.

A mulher agarrou o braço do mais jovem.

– Agora mais essa, você é imortal, pare de reclamar! E me respeite! – Ralhou entre os dentes a mulher, enquanto pressionava suas unhas no braço do ser sombrio.

– Ai! Está bem, paro de reclamar... – O menino puxou o seu braço, soltando-o das garras da dama. – Mas essa garota tem que ser uma dessas crianças, ou logo perco as esperanças. Já cansei de procurar por elas. – Reclamou uma última vez, antes de se esvanecer novamente.

A mulher arrumou seus cabelos loiros em um coque e deu alguns passos lentos entre as árvores da floresta e pegou a lamparina posta no chão. Ela avivou o fogo da vela de sua lamparina com um sopro suave e continuou seu caminho para seu casebre.

...

Elisabeth corria pela casa, dava gritos e gargalhadas enquanto tentava fugir de sua mãe.

– Lisa, poderia parar de correr um momento, eu só queria que me respondesse! – Disse Ruth com a voz ofegante.

A menina não respondeu, simplesmente corria, e não parava de gargalhar por um instante sequer. Até que sua avó a surpreendeu em uma emboscada e a capturou facilmente. Elisabeth respondeu enfim a pergunta que sua mãe lhe fizera, antes de ela começar a correr pela casa.

– Ralhar: Significa zangar-se ou censurar alguém em voz alta.

– Enfim! – Exclamou Ruth, seguido de um suspiro. – Acredito que por hoje não precisemos mais lhe ensinar palavras não é Lisa?

Ela respondeu afirmativamente com um balançar da cabeça.

Mary a pôs no chão. A menina cutucou a sua avó que abaixou para ouvir o que a menina tinha para dizer. Elisabeth sussurrou que queria brincar com as bonecas, Mary assentiu com um sorriso e segurou a mão de Lisa para que ela a acompanhasse até o quarto.

O quarto parecia um pouco mais escuro do que de costume, algumas nuvens passavam pelo sol no momento e as paredes violetas do quarto haviam adotado um tom mais escuro, mais negro. Aparentava que o dia havia escurecido repentinamente, portanto Mary ligou o interruptor e pegou três bonecas na prateleira. Todas eram de pano e pareciam ser antigas, contudo Lisa não se importava. Sua vida não era muito difícil, haviam seus pais e sua avó para lhe fazer companhia, a solidão lhe assombrava às vezes, era verdade, mas não era tão complicado suportá-la. Pelo menos, até esse dia...

Estavam se divertindo muito, Lisa e Mary, inventando histórias mirabolantes e complexas, dos mais variados gêneros enquanto brincavam com as bonecas. Contos fantasiosos e inexplicavelmente coerentes.

A janela estava aberta e uma brisa gélida adentrou no quarto, fazendo-as parar por um instante, o vento que entrara estava realmente frio, congelante. Elisabeth apertou seus braços contra si, numa tentativa fracassada de se aquecer, enquanto Mary se levantava para fechar a janela.

Os movimentos de Mary pararam no instante em que ela encostou-se à janela. Ficou imóvel por alguns instantes por não conseguir acreditar em seus olhos.

– Ele está ali... – Murmurou, antes de desmaiar.

Um baque surdo foi ouvido pela menina, sua avó havia caído e batido contra o chão amadeirado fazendo um estrondo abafado. Lisa estava sem reação perante o que havia acontecido, não conseguia gritar ou se mover. Apenas permanecer estática.

Após alguns segundos silenciosos, Elisabeth apenas conseguiu se aproximar de Mary. Ela tinha um ferimento na cabeça causado pela queda, e manchava a madeira do quarto com seu quente sangue escarlate, as mãos da menina se tornaram vermelhas quando ela encostou na idosa. Seus olhos se arregalaram e marejaram-se.

Ela gritou.

Tão alto o quanto pode.

Mas ninguém a ouviu.

Sua mãe estava na horta e seu pai estava no celeiro cuidando do cavalo, o único meio de transporte entre eles e a cidade.

O pavor lhe subiu pela espinha, o medo lhe afligiu, portanto ela correu o mais rápido que podia. Mas na sua cabeça ainda não era o suficiente, nunca chegaria a tempo. Nos pensamentos de sua cabeça Mary já havia falecido, e ninguém mais poderia trazê-la de volta. Mas não desistiria, não naquele momento.

Os seus pés doíam quando ela chegara até sua mãe e contara um breve resumo do que havia ocorrido.

Ruth começou a se desesperar-se e percorreu célere o curto caminho até o celeiro. Quando Joseph ouviu o comentário sobre sua mãe, pulou a cerca do celeiro, correu para casa, andou de dois em dois degraus quando chegou à escada e quando viu Mary estirada no chão teve reflexos rápidos em pegá-la no colo e transportá-la até a carroça.

– Solte o Floco-de-Neve! – Ordenou Joseph para a filha, que assentiu prontamente.

O cavalo relinchou quando Lisa o soltou, ele estava dormindo. Ela o acariciou e o puxou delicadamente do celeiro, o prendeu à carroça e Joseph pôs sua mãe em uma posição confortável. Ruth colocara um pano macio no lugar do ferimento. E então Ruth e Joseph subiram na carroça e fizeram um sinal para que Lisa viesse logo, ela pegara a lamparina em casa.

Quando a menina pôs o primeiro pé para fora, sentiu uma mão fria encostar-se à seu ombro. Repentinamente ela olhou para trás e viu um vulto subindo as escadas.

Teria investigado, se não tivesse se lembrado de sua avó.

Seus pais pegaram a lamparina e ajudaram a menina a se sentar na carroça. Ela ficara atrás cuidando de Mary, enquanto Joseph guiava Floco-de-Neve e Ruth segurava a lamparina.

Eles adentraram na negritude. No mundo das sombras.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Comentem, preciso de opiniões. Acharam legal? Monótono? Chato? Digam aí!



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