Quando Bella acordou, a luz estava jorrando através das janelas e havia uma dor aguda em sua bochecha esquerda. Rolando acima, ela viu que tinha caído no sono sobre seu caderno de esboços e o canto dele tinha estado escavando em seu rosto. Ela também tinha largado a caneta sobre o edredom, e havia uma mancha se espalhando sobre o tecido. Com um gemido ela sentou-se, esfregando sua bochecha com tristeza , e foi em busca de um banho.

O banheiro dava sinais de atividades da noite anterior; havia panos de tinta para cabelos empurrados dentro da lixeira e um cheiro de tinta seca na pia. Com um estremecimento devido ao frio Bella mergulhou no chuveiro com um frasco de sabonete líquido de toranja, determinada a esfregar para longe sua persistente sensação de desconforto por causa do frio.

Depois, envolta em um de seus robes e com uma toalha ao redor de seu cabelo úmido, ela empurrou a porta para descobrir Fuuto presente do outro lado, agarrando uma toalha em uma mão e seu cabelo reluzente com a outra.

Ele deve ter dormido sobre ela, ela pensou, porque um lado dos picos brilhosos parecia denteado.

— Porque que as garotas levam tanto tempo no chuveiro? - ele exigiu. — Eu não vou ficar mais jovem esperando aqui fora.

Bella andou de lado para deixar ele passar.

— Como você consegue ser tão chato logo de manhã? - ela pergunta.

Fuuto piscou para ela.

— É um dos meus dons.

Bella rolou seus olhos. Fuuto fez um movimento enxotando.

— Agora mova seu delicado traseiro. Eu tenho que entrar, meu cabelo está um desastre.

— Não use todo o meu sabonete líquido, é caro.

Bella disse a ele, e guiou-se para o seu quarto para se vestir. Dez minutos mais tarde, em jeans e um suéter listrado de azul e verde, guiou-se para a cozinha, onde ela escavou em torno por filtros e conectou a máquina do café. O familiar borbulhar do coador e o cheiro de café amorteceram a sensação de inquietação.

Enquanto houvesse café no mundo, quão ruins as coisas poderiam ser?

Uns minutos depois Ukyo chega na cozinha.

— Bom dia, Bella. - cumprimenta.

— Vai trabalhar no sábado? - ela pergunta e indica seu terno bem passado.

— Sim, surgiu um caso de última hora.

Ela se vira e pega uma caneca e coloca café e entrega para ele.

— Então vai precisar de um bom café.

Ele aceita a cabeca e sorri.

— Obrigado. Vejo que acordou de bom humor.

— Por incrível que pareça sim, mesmo tendo que olhar para a cara do Fuuto logo de manhã.

— Vocês dois são impossível, não sei como eu os aguento. - Ukyo suspira dramático e Bella revira os olhos sorrindo.

— Quando os banheiros vão estar prontos? - Bella pergunta enquanto toma um gole de café.

— Bem, liguei para um encanador e ele me disse que só poderá vir segunda. Então teremos que continuar usando o banheiro de visitas, infelismente.

Bella bufa impaciente.

— Como é que todos os banheiros da casa deu problema?!

— Parece que um cano da caixa d'água estourou e como o banheiro de visitas é ligado a outra caixa d'água não foi atingido. - explica Masaomi chegando na cozinha.

— Que ótimo, vamos ter que compartilhar o mesmo banheiro por dois dias. Não podia ser melhor. - reclama Bella.

— Não é tão ruim assim. - diz Ukyo.

— É 16 pessoas dividindo o mesmo banheiro! É claro que é ruim. - Masaomi e Bella falam ao mesmo tempo e se entre olham e acabam rindo.

— Retiro o que disse, é ruim mesmo. - Ukyo olha para o relógio e leva sua caneca para a pia - Bem, tenho que ir. Tenham um bom dia.

Ele se despede e sai da cozinha.

— Tchau, Ukyo. - se despede Bella e também leva seu caneca para a pia.

— Tens planos para hoje? - pergunta Masaomi.

— Oh, tenho sim. Irei procrastinar o dia todo.

— Eu também gostaria de seguir seu exemplo, mas tenho consultas agora de manhã. - Masaomi lamenta.

— Pense pelo lado bom, amanhã é domingo.

— Verdade. Já está na minha hora. - ele passa pelo seu lado e bagunça seus cabelos delicadamente. - Tenha um bom dia, Bells.

Bella arruma seu cabelo e sorri fracamente enquanto observa as costas de Masaomi se afastar.

Bella Pov's

Olho para o relógio e vejo que já era duas horas da tarde. Coloco o livro que estava lendo de lado e me levanto da cama. Espreguiço-me e sinto minhas juntas estalar, vou para o banheiro escovo meus dentes e penteio meus cabelos. Pego o celular e saio do quarto decidida a dar uma volta e encontrar algo de interessante para fazer. Passando pela sala que se encontrava vazia, percebo que a casa toda encontrava em silêncio o que era de se estranhar. Calço meu all star e abro a porta, o ar gelado de novembro me recebe assim que ponho os pés na rua. Coloco o capuz sob a cabeça e enfio as mãos nos bolsos do moletom e abro o portão.

Depois de um tempo andando sem rumo pelo centro de Tokyo decido entrar em uma cafeteria assim que meu estômago protesta de fome, faço meu pedido e sento em uma das mesas disponíveis esperando meu pedido.

— Bella? - Levanto meu olhar quando ouço meu nome e vejo Hayato vindo em minha direção.

Ele estava com a mesma aparência daquele dia em que me deu uma carona. O terno caro lhe caía perfeitamente bem, os cabelos negros estavam em um topete alto, tive que segurar minhas mãos para não os bagunçar entre meus dedos.

Ele me olhou de cima abaixo com um olhar predador, me senti como um pedaço de carne perto de um leão, era como se ele fosse me devorar apenas com um olhar. Projeto meu queixo para frente, decidida a não ser intimidada por ele.

— Hayato..? - falo incrédula.

Ele para em minha frente com um sorriso nos lábios.

— Que coincidência! Quem diria que voltariamos a nos encontrar.

— Realmente é uma... Coincidência. - digo supresa.

— Posso me sentar? - ele pergunta já se sentando.

— Já se sentou mesmo. - murmuro, mas ele não ouve ou fingi não ouvir.

Hayato apóia seus cotovelos na mesa e me fita com seus olhos azuis cobalto.

— Não parei de pensar em você desde aquele dia.

— Sabia que eu posso te denunciar por pedofilia, não é? - Levanto uma sombrancelha e o encaro.

— Quantos anos você acha que eu tenho? - ele franze o cenho.

— Deixa eu ver... - inclino a cabeça para o lado e o observo atentamente - 35 anos?

— Eu não sou tão velho assim! - ele diz ofendido e eu reprimo um sorriso.

— Oh, não? Pois você parece ser bem mais velho que eu.

— Eu tenho 23 anos.

— Wow, sério? Eu não imaginava! - digo realmente surpresa. - Você é somente 5 anos mais velho que eu.

— Tens 18 anos?

— Ainda não, faço daqui a um mês. Então ainda sou de menor e posso te denunciar.

— Você é bem convencida, não é mesmo? - Hayato arqueia uma sombrancelha. - Eu disse que estava pensando em você, mas não precisa ser necessariamente do jeito que estais a imaginar.

— Ah, não? Então por que ficou pensando em mim? O que te chamou mais a atenção se não a minha beleza?

Ele inclina seu corpo para trás e solta um suspiro.

— Sua personalidade que não foi.

— O que tem de errado com a minha personalidade? - rebato irritada.

— O que não tem de errado é o que você tem que perguntar. - ele solta uma risada debochada e sinto vontade de o socar.

Nesse momento a garçonete surge com meu pedido, ela coloca sobre a mesa e sai, mas não antes de lançar umas boas olhadas para Hayato.

— Eu não gosto de você. - digo sorrindo docemente.

— Isso só mostra que tens mau gosto. - dispara sem se abalar.

Reviro meus olhos para ele e desembrulho meu sanduíche. Ele pega sua carteira e tira de dentro um cartão, e o coloca em cima da mesa.

— Nesse cartão contém meu contato.

— Pra que eu vou querer isso? - pergunto enquanto mastigo.

— Tenha modos, coma primeiro e depois fale. Eu posso ver o que tens na boca.

— Não quero. - abro a boca para ele, que desvia o olhar e faz uma careta. Rio de sua reação e retorno a mastigar.

Hayato passa a mão nos rosto e solta um suspiro.

— Deus, você é impossível. - ele solta um suspiro.

— Eu sei e adoro isso.

— O que houve com seu cabelo? - pergunta e acena para o capuz que ainda estava sob minha cabeça.

— Nada, eu só mudei a cor novamente. - dou de ombros e brinco com o canudo da minha bebida.

Ele se inclina sobre a mesa e estende o braço e tira o capuz da minha cabeça, expondo meu cabelo rosa.

— Eu prefiro a cor natural.

— Mas eu não. - respondo irritada e retorno a colocar o capuz.

— Por que não? Seu cabelos negros combinam mais com você do que rosa.

— É, mas eles me fazem lembrar do meu pai. - fecho a boca logo em seguida, me repreendendo mentalmente por ter falado demais.

— E o que isso tem de errado? E pelo que me lembro, um dos seus pais é loiro e o outro tem cabelo castanho escuro.

— Isso não é da sua conta. - disparo.

— Você me lembra muito uma pessoa. - diz com o semblante pensativo.

Quando abro a boca para soltar algum comentário sarcástico, o celular dele toca.

— Com licença. - Hayato pega o celular e se levanta.

O vejo caminhar para a porta enquanto leva o celular a orelha. Termino de comer e o observo pela enorme janela de vidro da cafeteria. Seu jeito demonstrava que era alguém importante do outro lado da linha. Pouco tempo depois ele encerra a chamada retorna para a mesa, mas não se senta dessa vez.

— Tenho que ir, surgiu um compromisso urgente. - Hayato lamenta. — Por favor, entre em contato comigo.

— Por que é tão importante isso? Afinal somos dois desconhecidos. - o olho inquisidora.

— Se entrares em contato comigo, iremos nos conhecer adequadamente e deixaremos de ser desconhecidos.

Pego o cartão de cima da mesa e o guardo na capinha do meu celular.

— Certo, eu irei pensar no caso. - digo por fim. - Hayato sorri.

— Pode me ligar a hora que quiser.

— Vou te ligar às 3 da manhã só para te acordar.

— Você acabou de dizer que irá me ligar, vou esperar ansioso por sua ligação. - reviro os olhos e o vejo ir embora.

Termino minha bebida e vou em direção ao caixa pagar a conta e volto para casa.

[...]

— O que está havendo aqui? — pergunto para ninguém específico e fico olhando a bagunça que estava a sala de estar.

— Natsume está se mudando pra cá novamente. - responde Iori enquanto passa por mim carregando uma caixa grande e a colocando na sala junto com outras.

— Mas por que? Ele não tinha seu próprio apartamento? - passo pelas caixas e me sendo no sofá.

— O dono do apartamento pediu as chaves novamente porque ele vai se casar e vai ir morar no apartamento. - responde Louis que trás a última caixa para dentro de casa.

— E agora ele voltou a morar com a gente. Não podia ser melhor. - diz Fuuto sarcástico.

— Ele tinha que se mudar justo essa semana? - resmungo e os outros me olham inquisidores. — Esqueceram que só temos um banheiro disponível e agora chega mais um. - explico e os irmãos soltam um coro de lamentações.

— Eu tinha esquecido isso. - diz

Yusuke que se joga no sofá.

— Onde ele está? - pergunto quando percebo que Natsume não se encontrava na sala.

— Está no quarto dele arrumando as coisas. - responde Shaunee.

— Eu estou com fome! Cadê o Ukyo? - Hikaru desce as escadas.

— Ainda no trabalho. Masaomi também não chegou ainda. - responde Kaname.

— Então quem vai fazer o jantar? - pergunta Fuuto.

— Nem olhem para em mim, eu não sei cozinhar, sou horrível. - digo antes que eles me colocassem para cozinhar.

— Eu já estou indo cozinhar. - Emma chega na sala.

— Ainda bem que a Emma está aqui para nos salvar! - exclama Erin aliviada.

Vou para o meu quarto e coloco meu celular a carregar. Pego uma muda de roupa e uma toalha e desço para o banheiro de visitas. Faço o caminho todo xingando e reclamando por ter só um maldito banheiro disponível. Entro no banheiro e fecho a porta, tiro minha roupa, ficando só de lingerie, enquanto espero a banheira encher faço um coque em meus cabelos. Nesse momento a porta se abre e Natsume surge no batente da porta. Solto um gritinho assustada e Natsume arregala os olhos.

— Desculpe-me, e-eu não sabia que tinha gente. - balbucia nervosamente e fecha a porta rapidamente.

Fico olhando para a porta ainda surpresa, solto a respiração. Mas não tenho tempo de me recuperar, pois a porta volta a se abrir novamente.

— Eu não consigo mais esperar. - diz Natsume.

Ele avança uns passos para perto de mim e enlaça minha cintura com um dos seus braços fortes e com a outra mão segura minha nuca e toma meus lábios nos seus em um beijo ardente e cheio de desejo.