Eu estava dormindo na minha cama macia, quando raios de sol invadiram o meu quarto e ouvi gritos distantes, abri os meus olhos, ainda sonolenta.
- Lindsay, acorde! - Escutei um grito afeminado vindo do andar de baixo.
- Hum...? - Murmuraria sonolenta.
- Linds, irá se atrasar! - Ela continuava gritando.
Demorei alguns segundos para raciocinar e perceber que aquela voz era da minha mãe.
- Ah, mãe... - Murmurei, percebi que ela tinha parado de gritar.
Me levantei e fui em direção ao meu banheiro, tomei um banho rápido, me enrolei na toalha e fui escolher as minhas roupas. Acabei me decidindo por uma blusa preta, saia branca e uma bota preta. Peguei minha jaqueta, que também era preta e a vesti nas pressas (Link no final). Desci as escadas correndo em direção da cozinha.
- Bom dia, mãe! - Sorri, enquanto a abraçava.
- Bom dia, Lindsay. - Ela sorriu.
A soltei e olhei o relógio.
- Ah, não! - Resmunguei - Estou atrasada.
- Precisa tomar seu café.
- Estou atrasada, mamãe. Preciso ir. Até mais - Sorri, peguei a chave e a coloquei dentro da minha mochila.
- Irei voltar mais tarde, Linds. - Minha mãe me olhou, levantando-se da cadeira e levando os pratos sujos para a pia - Tenho muito trabalho acumulado. Seu pai e seu irmão perderam o voo, portanto, só voltarão amanhã. Pode se virar sozinha?
- Ah... Claro, mãe. - Forcei um sorriso, organizei meus cabelos negros que estavam por cima dos meus olhos esverdeados e sai de casa.
Atravessei a rua, parando em frente a uma casa avermelhada.
- Thomas! Se não se apressar, iremos nos atrasar! - Gritei, até sair um garoto moreno de cabelos encaracolados da casa - Você está horrível com essa roupa. (Link no final)
Ele revirou os olhos e me encarou com desprezo.
- Sério, Lindsay? - Ele murmurou, fechou a porta e ajeitou sua mochila - Ainda faltam quarenta minutos, o ônibus nem deve ter chegado.
- O segundo, você quis dizer. O primeiro chega em dez minutos. - Falei, começando a andar em direção ao ponto de ônibus.
Thomas me acompanhou mal-humorado. Resmungou o trajeto inteiro. Ao chegarmos ao ponto de ônibus, suspirei aliviada. Entrei no ônibus junto com Thomas, sentamos no terceiro banco do lado direito. Como sempre, sentei ao lado da janela.
- Seremos os primeiros. - Thomas reclamou.
- Está cego? - O encarei, fiz um gesto com a minha cabeça para que ele olhasse ao redor. O ônibus tinha alguns alunos.
- Lindsay, eu poderia estar dormindo! - Ele quase gritou.
- Ignore-o, Linds! Thomas só sabe reclamar. - Uma garota de cabelos castanhos, curto, olhos castanhos, e visivelmente baixinha nos encarou do banco da frente, ela estava ajoelhada sob o assento.
- Olá, Rebecca. - Sorri.
-Tchau, Rebecca. - Thomas a encarou, sem demonstrar nem um sorriso.
- Não seja chato, "Thomy"! - Ela gargalhou, dando ênfase em "Thomy".
- É, "Thomy"! - Gargalhamos juntas, Thomas parecia prestes a explodir.
- Eu vou matar vocês duas. - Ele resmungou, mas logo deixou escapar um sorriso.
Chegamos rápido na escola, realmente, não tinha muitos alunos presentes no local, principalmente em nossa classe, que era o Primeiro Ano - A.
- Ah, seu aniversário foi ontem, certo, Linds? - Rebecca sorriu, enquanto retirávamos os cadernos da bolsa e os colocávamos por cima da mesa. Sentamos juntas, como sempre.
- Tá ficando velha... - Thomas riu - Quinze? Dezesseis?
- Quinze, idiota. - Sorri.
- Ei, o professor nem chegou. Por que pegaram os cadernos? - Thomas nos encarou, sentando-se à mesa ao lado, sozinho.
- Teve atividade, Thomas. - Rebecca falou, revirando os olhos.
- Ah, não! Esqueci completamente! Linds, Becca, alguma de vocês, me emprestem o caderno! - Ele recolheu o caderno rapidamente, colocando a matéria correspondente da primeira aula.
- Eu nem deveria... - Rebecca entregou a ele o seu caderno enquanto falava -... Mas, não serei eu quem ficará reprovada.
- Tanto faz! - Ele falou rapidamente enquanto copiava todas as respostas.
Rebecca o encarou, com um semblante de raiva transparecendo, esperando o agradecimento de Thomas, que não ocorreu. Alguns minutos depois ele devolveu o caderno de Rebecca, que retribuiu com uma tapa na cara dele.
- Ai, quanta violência. - Ele brincou, enquanto ia para a porta da sala, aproximando-se de alguns alunos que o encaravam com desprezo.
- Que garoto idiota. - Rebecca resmungou.
- Qual o problema, Becca? - Perguntei, mesmo sabendo a resposta.
-Ele é um idiota sem educação! - Ela revirou os olhos novamente - Como você o aguenta?!
- Eu tenho uma paciência incrível. - Sorri, olhando-a de cima a baixo - Está usando a blusa que eu te dei! Ficou tão linda em você. Teria ficado mais se você tivesse colocado uma maquiagem básica. (Link no final)
- Obrigada, Linds. - Ela sorriu - E eu venho para a escola para estudar, não para desfilar.
- Olha a grosseria, baixinha.
Ela riu. Geralmente ela se irritava quando a chamavam de baixinha, mas comigo não. Raramente brigávamos, sempre fomos muito unidas. Ela parou de rir, encarando algo atrás de mim, segui o seu olhar, encontrando um garoto de olhos azuis e cabelos castanhos puxados para o loiro. Jacob Todd. Sentava com Thomas, ele era um filhinho de papai idiota. Ele sorriu maliciosamente em nossa direção, era horrível ter que sentar ao lado dele. Minha expressão modificou-se rapidamente para irritada. As roupas dele já mostravam o tipinho de gente que ele era. (Link no final)
- Perdeu alguma coisa? - Perguntei, encarando-o com um olhar gélido.
- Não, Dragomir - Ele sorriu maliciosamente, pois sabia que eu odiava ser chamada deste jeito. - Mas acho que você perdeu sua educação.
- Perdi no momento em que você entrou nessa sala. - Retruquei.
- Linds, não se rebaixe. - Rebecca murmurou, puxando-me em sua direção - Ele é um idiota.
Segui o conselho de Rebecca e ignorei Jacob. Todos correram para os seus lugares, virei-me par a frente. Isso significava que o professor estava vindo. Em pouco tempo, ele entrou na sala.
A aula correu lentamente, como sempre, um tédio. Até o professor recolher o seu caderno de anotações. Eu gelei quando ele falou que formaria quartetos para um seminário. Droga. Eu odiava seminários, preferia mil vezes uma prova surpresa. Ao contrário de Thomas, que sorriu ao escutar isso. O sorriso dele desmanchou-se quando ele citou nossos nomes.
- Jacob Todd... - Ele fez uma pequena pausa, lendo o restante dos nomes - Lindsay Dragomir, Rebecca Scott e Thomas Dake.
Logo quem? Jacob! Que droga! Eu quase surtei. Rebecca percebeu isso e segurou o meu pulso. Ela estava me encarando com um olhar de quem diz, "por favor, fica calma". Eu consenti com a beça, mas, eu conseguia sentir Jacob me encarando com um sorriso malicioso nos lábios. Aquele sorrisinho dele me dava calafrios.