Future escrita por Sadie Ketchum Potter
Era uma noite como qualquer outra no Bairro do Limoeiro, Mônica servia seu jantar para Cebola e seus dois filhos, Raquel e Tiago.
Raquel tinha sete anos, pele meio morena assim como a da mãe, olhos castanhos escuros e cabelos pretos, lisos e curtos. Tiago tinha três anos, cabelos pretos e espetados do pai, pele morena como a dos pais e olhos pretos.
- Como foi o dia de vocês? - Perguntou a dentucinha.
- Ótimo meu amor! O trabalho estava uma beleza!
- Foi legal, - Começou a menor. - Mas o Henrique ficou me irritando de novo!
Henrique era o menino novo do bairro, tinha uma pele bem branquinha, sardas no rosto, cabelo ruivo e encaracolado e olhos azuis. Ele havia chegado já querendo ser o dono da rua, mas quando descobriu que Raquel era a dona por conta de sua força decidiu começar a implicar com ela até se tornar o dono.
- E todo mundo diz que a gente vai se casar! Por que? A gente se odeia!
Os pais da família riram baixinho, Mônica se sentou junto dos outros e começou a pensar em como contar para a pequena versão dela sobre o ódio e o amor andarem juntos na maioria das vezes. Fitou Raquel assim que pensou em algo.
- Sabe filha, quando eu tinha a sua idade, um menino vivia me enchendo por causa do título de dona da rua. - A menor arregalou os olhos. - É, ele vivia me irritando! Dava nós no meu coelhinho, fazia planos infalíveis que davam errado... Mas eu revidava, socava aquele menino!
- Sério mamãe? Que legal!
- Lecau, lecau! - Disse Tiago, que também ria da história.
Mônica sorriu, fitou Cebola com um olhar doce e voltou a olhar os filhos. A menina tinha um brilho no olhar e um largo sorriso nos lábios, queria saber quem era aquele tal peste que tanto irritara sua mãe na infância. O menor da família ria um pouco e se balançava no cadeirão.
- É, nós crescemos juntos, desde que éramos pequenos ele tentava pegar meu coelhinho de pelúcia, o Sansão. Mas eu girava meu coelhinho e batia naquele peste!
- Conta mais mãe!
Mônica riu, se ajeitou na cadeira e pegou na mão de seu esposo, que mordia o lábio inferior para não rir da situação, imaginava qual seria a reação de Raquel quando descobrisse o que houve com aquele menino.
- Mas aí nós crescemos, e descobrimos que o ódio, virou amor, e aí casei com ele.
- QUE?! - Gritou a menina. - Mamãe, não pode ser o papai! Ele é legal, não é chato como aquele menino!
- Mas sua mãe não está mentindo, eu era realmente aquele menino meu anjo.
A pequena arregalou os olhos, incrédula. Como seu pai, o homem mais legal e perfeito que conhecia, era um menino chato e irritante na infância. Raquel ficou cabisbaixa, após acabar o jantar, levou o prato e foi dormir.
Mônica pegou o filho no colo e foi colocá-lo para dormir, enquanto Cebola foi ninar a filha mais velha. Ao abrir o quarto da menina, viu a mesma lendo um gibi do Capitão Pitoco. Ela encarou o pai, fazendo um bico.
- O que foi meu anjo?
- Você e a mamãe não deveriam se casar…
- E por que não?
- Porque você irritava ela! - A pequena disse, de olhos marejados.
Cebola pegou a filha no colo, colocou-a na cama e sentou-se numa cadeira que ficava do lado. Sorriu de canto, acariciando o cabelo da menor.
- Olha Raquel, sentimentos mudam... Provavelmente, você e o Henrique não briguem no futuro e fiquem amigos! Eu e mamãe casamos porque nós nos amamos, não porque no passado brigávamos.
Ela deu uma pequena fungada, olhou o pai e o abraçou fortemente. Dormiu no colo do mesmo, que a colocou para dormir em seguida. Cebola se espreguiçou, indo para seu quarto e se trocando para dormir. A esposa chegou logo em seguida, colocando um pijama e deitando na cama.
- É, agora quem espera que esse ódio não vire amor sou eu...
- Cê! Ela ainda é novinha, calma. - Mônica riu, abraçando o amado e colocando a cabeça em seu tórax. - Não precisa sentir ciúmes, ok?
- Ok... Bem, boa noite. - Ele disse, beijando a testa da mulher.
Ela sorriu, adormecendo.
No dia seguinte, todos na casa acordaram cedo. Raquel saiu do quarto já vestida, tomou café rapidamente e correu para fora, levando Tiago, já que o menino aprendera a andar e gostava de brincar.
Enquanto caminhavam, dois de seus amigos chegaram. Eram Júnior, filho de Cascão e Cascuda, e Heloísa, filha de Magali e Quim. Ambos eram iguais aos pais na infância. Júnior era o mais velho, tinha 8 anos, enquanto Heloísa era mais nova, com 6 anos.
- Oi turma! Do que a gente brinca hoje? - Perguntou a mais nova.
- Que tal pega-pega?
- Lecau! Ta comigo!
Tiago era uma criança nova, porém rápida. Raquel tinha seus truques, corria para longe e se escondia. Mas em um de seus esconderijos, encontrou Henrique, que a encarou com tristeza. O ruivinho andou até a menina, triste e envergonhado. Ela o encarou com certa curiosidade, afinal, ele sempre vinha irritá-lá ou algo do gênero. Mas desta vez foi diferente.
- Oi Raquel...
- Oi Henrique! Ta tudo bem?
- Desculpa por te irritar... - Ele disse, encarando o chão.
- Tudo bem! A gente ta brincando, quer brincar tam...
Ela não pôde terminar a frase, foi abraçada por ele e a menina ficara surpresa com tal ato. Retribuiu o abraço, puxando o garoto para ir brincar com eles.
-X-
Passaram-se 7 anos, todos brincavam de esconde-esconde na rua. Raquel estava muito bonita, possuía o corpão da mãe na adolescência e já tinha 14 anos. Henrique não mudara nada, também tinha 14 anos. Júnior tinha 15 anos, usava óculos agora. Tiago tinha 10 anos, havia ficado um menino sapeca e divertido. Heloísa estava com 13 anos, seu corpo não havia mudado por completo ainda.
Todos corriam, era a vez do menor contar. A filha de Mônica e Cebola correu para longe, mal sabia ela que estava sendo seguida pelo ruivo do bairro. Raquel se metera atrás da cerca do campinho, junto de Henrique.
- Você me seguiu? - Sussurrou a garota.
- Sim, você tem bons esconderijos. - Disse ele, inventando tal desculpa.
A garota colocava seus olhos para fora, procurando não ser vista pelo irmão. O menino a olhava de cima a baixo, dando um sorriso de lado e indo na direção do ouvido da mesma. Sua respiração causava arrepios e cócegas na morena, coisa que ele adorava fazer.
- Está maravilhosa hoje… - Sussurrou o ruivo.
Raquel virou-se num súbito. Henrique a empurrou na direção da cerca e a prensou lá mesmo. Seus olhos desciam para a boca dela, ele estava ofegante, possesso de desejo. Não tardou muito para beijá-la. De início, a menina ficara de olhos arregalados, porém, fechou os mesmos assim que se sentira confortável.
Henrique pressionou levemente os lábios de Raquel com sua língua, fazendo a garota corar, porém, ceder. Suas línguas explorarem a boca um do outro. Porém, para o azar deles, Tiago apareceu, chamou Júnior e Heloísa para verem a cena também.
- Estão namorando? - Perguntou a menina menor.
- O-OI?! - Berrou o “casal”.
- Hehehe… - O trio riu. - TIO CEBOLA! A RAQUEL E O HENRIQUE ESTÃO NAMORANDO!
Uma pequena perseguição entre eles se iniciou, fazendo-os rirem. Era como Mônica havia dito, o amor e o ódio andavam juntos.
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