There’s something inside you
It's hard to explain

Riley acordou no meio da noite sem conseguir respirar. Era a sensação do plástico em seu rosto tentando sufocá-la e o rosto embaçado de seu algoz lhe fazendo perguntas desconexas antes de voltar a colocar a sacola em sua cabeça. A DJ tremia convulsivamente, tateando a cômoda até sentir seu Ipod e os headphones nos dedos trêmulos.

Suas mãos ainda tremiam quando ligou com dificuldade o pequeno aparelho e colocou a tiara dos headphones no topo da cabeça, cobrindo suas orelhas. Ela soluçava dolorosamente, encolhida na cama com a sensação latente de que, a qualquer momento, ele entraria pela porta e a sufocaria por causa do dinheiro e das drogas.

— Não consegue dormir? — Riley escutou uma voz masculina tranquila dizer ao seu lado e ao se virar, percebeu que estava numa cama diferente, num outro quarto... E provavelmente em outro país, com Will ao seu lado.

Ela negou com suavidade. — Não. E você?

O policial sorriu fracamente. — Também não... Aí pensei em você e... Estou aqui. — Gorski olhou ao redor, limitando-se a suspirar quando notou que não estava mais em seu quarto. — Teve pesadelos de novo?

— É sempre o mesmo. — Riley ficou de lado e o encarou por alguns momentos.

— Eu senti. — Will comentou baixo. — Me senti sufocando... Seu desespero... O plástico apertando meu nariz e o pescoço. —Ele esticou a mão, afastando uma mecha loira do rosto de Riley com suavidade.

Riley umedeceu os lábios e também sorriu. — E eu senti sua força pra se soltar. Foi tão... Estranho, sabe? Num momento eu estava indefesa e de repente... Eu consegui nocautear os dois...

— Por que estavam atrás de você?

A DJ respirou fundo e desviou o olhar. — Me meti em problemas... Problemas sérios. — Ela crispou os lábios. — Estou pagando por algo que não fiz. — Comentou em voz baixa. — Apenas pelo fato de que... Estava lá e sobrevivi.

Gorski fez que sim com a cabeça. — Eu sinto muito. — Dissera baixo.

— Eu também... — Riley sentiu os olhos marejados e tapou a boca quando deixou um soluço escapar. Quase de imediato, sentiu Will mais perto dela, os braços rodeando-a quase como se adivinhasse como ela gostava de ser abraçada. Queria se sentir segura, como quando estava em casa, ouvia seu pai no piano e sentia o cheiro de panquecas que ele preparou.

Will estreitou os braços ao redor dela de maneira gentil, sentindo-se abraçado. Sorriu para Riley e encostou o queixo no topo de sua cabeça.

Havia algo de surreal, mas ao mesmo tempo reconfortante naquela ligação. Saber que, afinal de contas, não estavam sozinhos.

(Nightcall - London Grammar)

Há algo em você
Que é difícil de explicar