E Eu sou o Amor da Sua Vida? escrita por Lady Lupin Valdez


Capítulo 20
Para falar a verdade...


Notas iniciais do capítulo

Feliz Aniversário Lady Lupin Valdez.; sim eu♥ Estou ficando um ano mais velha.
Quem dirias? Talvez mais um ano de experiência. Mais um ano de fics.

Hey du; eu ainda tenho amoras e amores para comentarem minha história e meus capítulos?? Ou apenas para ler? Espero que gostem desse capítulo, preciso diminuir o número de palavras, mas, não consigo evitar em colocar muitos detalhes. Mal de autor kk :3


~Enjoy!!♥♪♫



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Mika

Eu parei de chorar depois de um longo tempo, demorou pra eu me acalmar, depois de um tempo eu parei de tremer. Mas eu não quis comer, não conseguia dormir, sempre que eu fechava os olhos aquela sensação horrível passava pelo meu corpo de uma forma bizarra e real. Eu não conseguia ficar no escuro, não conseguia ver Armin e não conseguia ficar sozinha. Quando eu falei por partes o que houve para Kathy; ela soou seu alarme protetor e foi atrás de Niedja. Nih soou seu alarme amoroso e quis chamar Cainan, quis chamar Guilherme, quis chamar Pierre, quis chamar Françoise, quis chamar a Sra. Nills para resolver o que foi considerado ato de abuso entre assédio sexual; até como conduta de estupro. Mas eu não queria isso. Naquela noite eu não queria fazer nada. Eu nem dormi. Fiquei a noite inteira com dor no pescoço e escrevendo. Não dormi sozinha, Niedja e Kathy dormiram no quarto, se o clima não fosse triste e assustador, seria quase como uma festa de pijama de uma fraternidade escolar; elas possuíam uma chave do meu quarto, então, era fácil elas entrarem sem eu precisar sir para chamar elas. Eu até tentei dormir, mas qualquer contato com o calor me lembrava das mãos de Armin. Eu queria ter sentido algo, mas; não era com ele que eu queria sentir aquela sensação. Aliás, se nem com o Cainan eu me arrisquei a ter essa sensação porque eu me arriscaria a ter com o Armin? Eu tentei focar no Victor antes, durante e depois de tudo.  

Eu mudei meu horário para não ver nem Armin, nem Cainan e infelizmente não ver Victor. Eu estava com vergonha dele. Eu me sentia suja, estranha, envergonha, e olhar naqueles olhos que me faziam sorrir, que aquecem o meu coração. Que fazem cada veia do meu coração vibrar, cada fibra do meu corpo trincar um no outro. Ele me fazia ser sonhadora, ele era um completo sonhado e dois sonhadores juntos éramos perfeitos. Dava para escrever uma história, a nossa história; porque eu nunca desobedeci a nenhuma regra sequer daquele dormitório nem daquele colégio desde que eu entrei nele e de repente eu fui lá e fui quebrando regra após regra porque eu queria ficar a sós com um calouro. Eu não estou tentando ser uma adolescente rebelde, eu só quero ter; ser;

Victor nem sabia disso.

Eu estava assustada, estava cansada, estava colocando minha alma em bilhetes para entregá-los á Victor. Mas, os únicos que eu entreguei a ele foi o:

“Eu amo cantar,
Não porque fui feita pra isso
Mas porque você diz que gostar de minha voz
Então eu fico feliz quando canto.”

Porque eu escrevi essa frase? Porque ele prestava atenção em mim. Porque naquele tour, eu vi seus olhos brilharem e foi como se eu estivesse no céu.

E á resposta da dele:

Parece que alguém convocou a esperança.
As ruas são jardins, e eu danço nas calçadas.
Parece que meus braços se transformaram em asas
Que á cada instante que passa eu posso tocar o céu.

O porquê eu o respondi? Não interessa; eu estava feliz por ele ter me mandado um bilhete; mesmo sem ele se era realmente eu quem o havia mandado. Não interessa, assim é mais fofo. Se ele soube que fui eu, nós temos uma bela ligação. Havia tantas coisas que eu deveria ter mandado, mas, queria me mostrar apenas poetisa e não apaixonada.

O que eu achei engraçado foi que porque ele escreveu pra mim?  E o porquê eu o respondi? Deixa pra lá. Aconteceu, foi correspondido, ele gosta de poesias, ele é fantástico, ele é uma beldade, é isso que ele é. Ele tem um sotaque diferente. Deve ser porque me acostumei com outros sotaques, e assim o dele é diferente pra mim; faz-me sorrir sozinha e mentalmente.
Eu comecei a acordar cedo, mais cedo do que os que tomavam o café. Então eu era a primeira a tomar o café, ia pra escola o mais rápido o possível enquanto todo mundo tomava o café e antes do intervalo do almoço, eu tinha que ir para o museu, cobria o meu trabalho e o de Armin; ficava lá até depois do jantar, então eu comia na rua e depois voltava para o dormitório quando o movimento diminuía; quando mal havia vida nos corredores nos quartos eu voltava para o meu quarto. Não via ninguém, recebia visitas das meninas e uma ou duas vezes recebi a “ilustre” visita do Cainan.

 -O que você tem? – Ele começou.

—Como assim? – Me espreguicei estralando as costas. – Estou bem.

—Está fugindo. – Olhei para ele de verdade. Fazia muito tempo que não o olhava de verdade. Olhava por cima; minha cabeça estava em outro lugar, esquecia as coisas que conversávamos, era superficial. – Me evitando. – Ele abaixou a cabeça. – Desculpe naquele dia... Fui chato e ignorante contigo. Odeio brigar com você.

Mas naquela noite, eu não o beijei. Fui convidada a passear por Paris na noite do Dia dos Namorados, mas eu não quis ir.

—Todo ano vamos.

—Esse ano é diferente. – Falei jogando os cabelos na frente do rosto, eu estava com vergonha até mesmo dele.

—Foi do que eu falei naquele dia? Que eu te chamei de estepe? – Balancei a cabeça negativamente. –Foi o jeito que eu te tratei? – Voltei a negar. – Por eu ter brigado no refeitório?

—Não. Não tem nada a ver contigo.

—Então porque não vamos?

—Não estou pensando bem, minha cabeça está doendo.

—Quer que eu te leve no refeitório?

—Não.

—Quer que eu fique aqui? – Arfei.

—Essa noite eu quero ficar sozinha.

Ninguém sabe o que é se sentir suja, se sentir imunda, ninguém sabe o que é se sentir ridícula, se sentir triste, se sentir rejeitada. Ele só tocou em mim e me beijou e eu me senti daquele jeito.
A minha desculpa era meu mal estar. Mal estar cardíaco era e sempre serão minhas palavras favoritas. Se isso não me levar ao hospital, mas o meu jeito de cardíaca era estranho. As crises de arritmia passaram depois que eu vim para a França. Mas, eu não quero que voltem parar de respirar é uma sensação angustiante e horrível. Mas sempre que ocorria, eu também me afastava de todo mundo.

O meu novo horário estava acabando comigo. Eu mal falava com as meninas e mal as via também e principalmente sentia falta dos olhos brilhantes do Victor, mas tinha medo daquele olhar que podia me destruir depois do que houve. Mas, eu queria me limpar daquele incidente e vê-lo novamente, olhar em seus olhos e vê-lo sorrir por eles.

 Nos últimos catorze dias eu havia escrito até demais. Não era nada do trabalho, nem da escola, era pra mim mesma, ou melhor, era para ele. Mas, eu não teria coragem de entregar. Primeiro porque eu coloquei minha alma naquelas palavras e estavam muito pessoais, segundo, eu tinha namorado e era quase como eu estive me declarado para o Cainan; mas o que eu escrevi nunca disse nem para o Cainan que era meu namorado. Então já dá pra entender que não tinha coragem de me declarar tanto assim. Minha alma estava suja e ele era tão único. Coisa estranha de se pensar, não estava calculando bem as palavras. Nem havia como as calcular. Com uma exceção; eu saí com ele. Não há problema nenhum em ter saído com ele, eu me diverti com ele, eu fiquei feliz como não havia ficado á muito tempo com um garoto.

Eu gostava de Cainan, eu gostava de Armin; estranho, mas eu gostava dele. Eu só não gostei do que ele fez, como ele agiu; mas ele era um rapaz formidável. Mas Victor; era; é um anjo na terra. Não há palavras para dizer o quanto ele é excepcional, pois, quanto mais eu falo, mais é preciso falar e as palavras que eu já disse não podem ser repetidas. O porquê? Eu não sei; sinto que ficar repetido sempre a mesma coisa deixa o meu vocabulário pobre; e ele merece aquele vocabulário: “chocante”, “impressionante”, extravagante”, “formidável” e “plausível”.

Um fato curioso: Dormir no quarto dele, senti o calor do corpo dele, e ouvir a respiração dele assim como os batimentos de seu coração; fizeram-me sonhar. Foi o meu calmante. Foi o meu êxtase. Nunca sentirei algo do tipo. E olha que nem deitei na mesma cama que ele.   Imagine que sim, imagino que deito com ele, faço carinho em seus cabelos e sinto seu cheiro, deito em seu peito e pronto. Apenas isso. Não precisava de mais nada, só ouvir o órgão que o mantinha vivo, para mim estava mais do que excelente. Era tudo o que eu queria. Mas, não agora. Agora eu precisava me curar do que ocorreu. Eu tinha que levantar naquela manhã, porém, eu estava tão presa na minha mente, em minha imaginação, que o alarme estava em soneca. Como eu não desligava, cinco minutos depois, ele tocava de novo. E então meu alarme tocou novamente da 9º soneca enquanto a porta do meu quarto destrancava e uma figura com um belo uniforme feminino de cabelos em coque flor, que eu ensinei á fazer, entrou com tudo ofegante. Eu teria gritado, mas, estava anestesia pela preguiça. Peguei o celular e desliguei o alarme.

—Mika? Está acordada?  – Niedja me chamou olhei para ela que estava com uma expressão confusa. – Você não vai acreditar! – Eu respirei fundo e a olhei. Tão cedo, já tinha algo para me assustar.

—Não vou? – Perguntei me sentando na cama e amarrando o meu cabelo. Eu dormi demais e a soneca que parecia uns dez minutos passou uns 45 minutos. Não queria encontrar ninguém naquele dia. Principalmente o Victor. Eu que tinha tantas esperanças de tê-lo comigo, agora estou tão suja que nem o sabonete mais caro e mais puro que existe não seria capaz de me limpar. Eu não queria me apresentar suja para ele. – Entregou o novo horário e os uniformes para os alunos? – Ela acenou com a cabeça segurando o celular nas mãos. – O que foi? – Eu ri. – Nie? – A chamei, ela estava nervosa e eu confusa, sem saber o que fazer.

—Alguém, ou várias pessoas, encheram o dormitório de folhas impressas. – Xeque.

—Folhas? – Ergui uma sobrancelha e mordi os lábios.

—Folhas; papel, digitado com amor, cheio de declarações e poesia... – Mate! Dei um sorriso para Nih.

—O que há de mal nisso?

—Quem é que fez isso? – Ela mostrou na tela do celular várias fotos das folhas, com as frases e as poesias. – Porque fez isso? Pra quem fez isso? Ouça essas...

—Diga... – Falei colocando minhas roupas, as arrumando, colocando uma maquiagem sobre as olheiras que surgiram por esses pesadelos dos últimos dias. Mas eu estava me divertindo.

— “Te conhece foi a melhor coisa da minha vida, além de falar, abraçar e amar. Não há necessidade de lhe beijar. Seus olhos clareiam o que as nuvens de chuva escureceram.”

—Interessante.

— “A vida só te dá um amor verdadeiro, quando encontrá-lo; corra atrás dele. Não seja um maratonista para eu me perder de você.”

Ela não parava para respirar. Eu estava achando o máximo ouvir aquilo.

—“É breve e simples a sintonia, a não ser pelo olhar mais iluminado que a Torre Eiffel, que tem para mim mais significado do que uma imensidão de palavras, pois ele é e s eu sei que é uma caixinha iluminada de felicidade... Nunca chamarei pelo nome, mas será este ela a fonte da história que, á seu tempo, se tornará escrita por fogo. Já que as histórias escritas com fogo não se apagam jamais.”

—Nie... – A chamei. Mas ela parecia focada demais. Parecia não, ela estava focada demais.

— “O meu coração está
preenchido de você

sendo capaz de ficar com você...
Só isso;
 Faz o coração tremer de eletricidade,
como um grande vento
Meu coração bate.
 Eu odeio ficar sozinha;
Porque eu vou derreter nesse mundo solitário
Eu adoro estar com você
Porque isso me aquece.”

—Gostei dessa... – Ri e ela me encarou. – O que? É fofo. Você não acha? – Eu estava sorrindo depois de dias e Nih estava assustada, ou abismada.

—Mih; isso é... – Ela parou. – Sim. – Fofo. – Mas é... Estranho. Por quê? Sai completamente fora de qualquer condição dessa instituição. Está causando um reboliço. Esse cupido; está no lugar errado.

—Estamos na França. Não está tão errado assim. – Eu ri e ela me encarou.

—Você está rindo? – Parei. – Não. Continua. – Não era sarcasmo. – Faz tempo que você não sorri. Me desculpe. Mas.

—O que?

—Pra quem é? Por quê? Quem? Quando? Que tipo de cupido sem nome e sem destinatário é esse? – Fui escovar os dentes e pegar a mochila, quando estava tão pronta quanto Nih; ela me olhou de cima á baixo.

—O que foi? Estou feia? – Seu rosto não era um dos melhores, estava aflita.

—Os corredores estão lotados, logo eles vão sair pra escola. O cupido está atrasando tudo. – Eu travei.

—Corredores lotados? Como assim?

—Os alunos estão lendo as poesias.

—Tá todo mundo ainda no dormitório? – Ela acenou positivamente. Comecei á andar em círculos. Passando a mão nos cabelos que não estavam presos em um coque. Eles estavam soltos, escondendo minhas bochechas, meu rosto, e eu estava com uma touca, não uma boina, uma touca mesmo. – Eu vou sair mesmo assim.

—Pode sair junto com todo mundo. – Eu comecei á ficar nervosa.

—Não. Eu vou agora. – Dei tchau para ela cumprimentando com um beijo, ela me encarou confusa e eu fiquei na porta. – Você me entende?

—Não. Basicamente todo o dormitório está lá.

—Bom, então estão atrasados.

Eu nunca corri tanto na minha vida. Desviei de tantos alunos, de tantas pessoas que eu iria ter que fazer uma longa caminhada se tornar em alguns passos para chegar até a escola. Se eu chegasse na segunda aula, teria que ficar até a aula depois do almoço para recompensar a aula que perdi, chegaria à biblioteca atrasada e seria uma confusão “cronogramática” se é que essa palavra existe. Se não existe, agora existe. Antes de eu passar pela porta de entrada, alguém me puxou pelo pulso me levando mais agilmente para fora do dormitório, virou-se para mim e eu quase caio para trás, arfei quando aqueles dedos tocaram em meus lábios.

—Me deixa falar. Não se assuste. Por favor. O que eu fiz com você; foi errado, ridículo, foi altamente sujo e eu não posso voltar atrás. Algumas drogas fortes só forçam você á fazer o que você já queria. E eu queria te beijar á muito tempo, queria só por um momento te ter em meus braços. – Eu cortei Armin, estava tremendo quando tirei sua mão da minha boca.

—Conversamos depois, estou atrasada. – Atrasada para que? Quem eu não queria encontrar eu encontrei.

—Você vai me ouvir porque eu estou arrependido e odeio ficar sem falar contigo. – Relaxei os braços. – Eu não sei porque fiz, mas, foi igual álcool; tomou, se revelou. E acho que alguma parte no meu cérebro autorizou eu a fazer o que fiz. Eu não devia. Não tem como eu reparar o estrago que fiz em sua mente, em seu corpo, em seu espírito, em você por completo. Eu te humilhei, eu não pedi permissão eu... Mereci aquele soco; eu mereci as placas de metal. Eu mereci sua ignorância. Mas, eu não mereci ficar sonhando contigo todo santo dia. Eu não mereço gostar de alguém que ama e namora outro. Acha que eu fiz por diversão? Jamais faria isso por diversão. Você não é uma garota para se divertir. Não de diversão de uma noite. É uma garota para casar. Casar, ter filhos, ter netos, ser feliz. O que eu fiz não te deixou feliz. E eu preciso reparar esse erro. Perdoa-me. – Ele fechou os olhos respirando fundo, aquilo estava o matando. – Me perdoa. Pedir perdão não vai apagar nada, mas, entenda... Eu te amo.

Onde é que eu fui me meter?

—Mas, somos apenas amigos; e amigos não costumam fazer essas coisas ruins. E entenderei se não quiser mais ser minha amiga. – Seus olhos encheram de água e aparentemente ele sentiu dor quando jogou a cabeça pra trás. –Eu nunca fui muito normal; perdoa-me. Eu sou um idiota.

—Sim, é mesmo.

—Eu te machuquei fisicamente? – Neguei. – Espiritualmente? Mentalmente?

—Eu tenho que ir pra escola. – Eu não ia chorar. – Estou atrasada.

—Desculpe. Vai lá. – Eu ia saindo quando ele me chamou. – Sim?

—Posso te abraçar?

—Não. Por favor. – Mas, foi como falar para um recém-nascido “não chore”. E ele me abraçou, e eu não consegui retribuir. Afastei-me, respirei fundo e o encarei. Nunca pensei em sentir tanto nojo como havia sentido.

 Se me dissessem que havia mais um alguém me olhando eu não teria acreditado. O dormitório estava um tumulto, uma bagunça, eu podia estar feliz. Não. Havia um par de olhos me encarando, ah não. Fechei os olhos. O que eu podia fazer além de sair correndo para alcançar ao menos metade da primeira aula? Ok. Esse seria o meu dia. Vai ficar tudo bem. Ficará tudo bem. Eu não tomei café de manhã, estava tonta, com fome, tremendo, visão turva e qualquer coisa que falaram comigo eu deixei passar. Antes de fazer a faculdade de Artes Cênicas em setembro, comecei um curso, junto com Simone e Pierre. Por incrível que pareça, nós temos a mesma idade, temos o mesmo horário de aulas. Minha cabeça doeu o dia inteiro, eu não consegui comer nada, quase desmaiei durante a aula de inglês, obrigatório (não sei porque não escolhi espanhol) eu sento exatamente no últimos lugares, na última fileira, no penúltimo lugar, Simone ainda fica trás de mim. E com certeza eu cochilei porque ela segurou no meu braço.

Hey, geht es dir gut? – Virei para ela.

Nani?

—Mika? – Respirei fundo apertei minha barriga.

Quoi?

—Estás bem? – Estralei o pescoço e ofeguei. – Sono?

—Sim.

—Comeu?

—Não. – Ela fez bico. Ela é tão prestativa.

—Você vai cair á qualquer minuto. – Simone tem um dos sotaques internacionais mais encantadores que eu já ouvi. E eu estava falando coisa com coisa, pensando coisa com coisa. Céus. – Quer um chocolate? – Estiquei a mão e esperei; ela me deu uma barra de chocolate. – É amargo. – Comi mesmo assim; eu não gosto de chocolate amargo, mesmo que chocolate não fosse a melhor coisa para se comer primeiramente no café, estava tudo bem. Eu só precisava encher a barriga. Forrar o estômago até o almoço.

A manhã passou correndo, cada aula do curso só me fazer amar o teatro cada vez mais. No final da última aula sobre adaptações, estava conversando com Simone, Pierre por mais presente que fosse não andava conosco. Entre um assunto aleatório sobre as aulas, sobre o motivo de eu não ter tomado café, principalmente sobre a briga da década, dois assuntos demoraram a surgir. Dia dos namorados e os bilhetes amorosos espalhados pelo dormitório.
Eu conheci Simone á muito tempo, digamos que eu não tinha o que reclamar dela, ela sempre estava comigo na lanchonete, todas as manhãs, eu não sei da vida dela, ninguém sabe.... Só que ela chora até dormir. Conversamos muito pouco, o básico. Nem sei como comecei á conversar com ela exatamente. Mas a briga com Cainan e Armin a fizeram falar um pouco mais; apenas um pouco. Mais do que eu esperava. E era bom, ouvir a voz dela é bom, conversar com alguém sempre é bom. Sem compromissos de amizades longas; porque por mais que eu gostasse muito de Niedja e Katherynne elas eram da mesma família que eu. Nós três namorávamos com um “Silva”, éramos concunhadas uma da outra. E Simone não era da minha família, nem agregada; ela... Eu sinto que eu podia desabafar com ela. E talvez, ela desabafasse comigo. 

—Então ele colocou placas de metal na boca? – Ela falava com aquele sotaque alemão, misturado com um francês e o português que Kathy ensinou pra metade do dormitório porque segundo ela “não sou obrigada, vocês são.”; e outra; Kathy falava alemão. – E está de molho por seis semanas?

—É; não é mais seis semanas porque se passaram duas, mais é coisa assim. 

—Deve ser legal. – Ergui a sobrancelha. – Não ter placas de metal na boca; estou dizendo deve ser legal ter dois garotos discutindo por você. – Ah isso.

—Não Simone; não é legal; é a pior coisa que pode acontecer. Sabe por quê? – Ela se aproximou mostrando interesse, outro teria mexido a cabeça de longe. – Você fica com má fama, você passa por situações que não gostaria de passar. E então você para e pensa, e se realmente eu não gostar de nenhum dos dois? Já passou por isso? – Ela ficou em silêncio. Ela cortou a minha perguntou, passou um tempo e ela mudou de assunto radicalmente em menos de um segundo.

— Então você acha que não gosta do Cainan?

—Não foi isso que eu disse... – Dei um sorriso torto.

—Ah; parece.

—O que parece?

—Que você gosta mais do Armin do que do Cainan. – Pisquei impressionada. – Dá pra ver que você o ama realmente, é mais um status; mais você nem liga mais para status. Então e daí?

—Como você...

—Seus olhos não mentem. Você já olhou para Shin com mais interesse do que para Cainan. E ultimamente, nas aulas, você parece que está nas nuvens e aposto que é por causa do Armin. – Congelei. Sério mesmo que eu olhava para Shin com mais interesse do que para Cainan? Eu tinha um problema.

—Não tenho pensado em Armin. Aliás, eu quero distância de Armin. – Ela me olhou dando “aquele sorriso”.

—Distância? Vocês dois? Duvido.

—Simone; é sério. Eu...

—Mas não pode ficar nas nuvens por coisa pouca. – Quando eu estava ficando completamente desconfortável, ela mudou de assunto radicalmente novamente em menos de cinco segundos.

—Você viu? Os papeis no dormitório?

—O cupido misterioso. – Ela riu.

—Não me parece tão misterioso assim.

—Não?

—Alunos do primeiro ano; calouros, futuros roteiristas; em plena época de dia dos namorados.

—Ainda é misterioso. Se fosse pra chutar... – Comecei. – Katherynne.

Nitch. – Ela falou. – Ela foi a que alertou todo mundo.

—Uma perfeita atriz.

—Se fosse pra eu chutar seria a Joanna. – Franzi a testa.

—A Joanna? – Repeti confusa. – Porque?

Joanna era uma latina, vizinha de quarto do Armin, amiga de Simone e ex-ficante do Cainan. Sim. Antes de mim, Cainan teve a Joanna; por poucos dias, ela é mais velha que ele por dois anos, enfim; ela é uma ótima pessoa, entre aspas. Eu não gosto dela, e por mais interessante que seja; ela e Éponine poderiam disputar para a pessoa mais insuportável. Mas, não. Cainan ficou por pouco tempo e ela me odeia porque ele a trocou por mim. Nem Antonie quis ficar com ela. Nem Pierre, e olha que aquele ali é desesperado. Eu nem quis fazer a caveira dela; Niedja fez isso por mim então... Mas, Simone a citar?

—Tentar reconquistar Cainan?

—Acho que ele não se deixa cair por simples poemas. Ele é difícil. Acredite em mim. – Minhas bochechas queimaram. – Ele odeia essas coisas.

—Então como você namora com ele?

—Ás vezes eu acho que nem namoro com ele. –Então eu me desliguei. Minha cabeça doía, eu queria dormir, eu queria... Eu não fazia mais idéia do que eu queria. Eu acordei naquele dia com uma vontade de ficar com aquele anjo na terra chamado Victor. Mas, eu não sei mais o que pensar. Simone, me deixou confusa, ela era muito esperta, ela sabia tanto quanto eu, ela prestava atenção de uma forma incrível. Olhei pra ela. – Se eu te contasse um segredo...

—Um segredo? – Travei; eu podia confiar nela ou não? Ela contaria para Joanna, ela comentaria com Armin, Armin faria um alvoroço, Cainan saberia; eu não fazia idéia do que fazer. Não podia ser tão burra assim. – Que segredo? Conte, está tudo bem.

Então o sinal bateu e eu fiquei mais do que feliz nessa hora. Dei tchau para ela e sair correndo.

—Hey!

—Eu tenho trabalho! Depois conversamos. Tenta descobrir quem escreveu pra mim? – Ela acenou positivamente, enquanto eu corria pelos corredores eu estava fixada em chegar à biblioteca e começar a o trabalho, antes disso eu tinha é mesmo que comer. Qualquer coisa, que sustentasse ao menos um pouco, ou muito.

O trabalho de Armin era fácil, eu tinha que escrever e adicionar no sistema os novos livros que chegaram e encomendar os que faltavam. O trabalho de Armin era... Um pouco mais difícil. Não era só arrumar nas estantes, mas, dar conta dos que não foram devolvidos no prazo e avisar ao sistema que havia livros faltando na posse de outras pessoas. Ou seja, eu me contorcia para conseguir fazer os dois trabalhos enquanto Armin não voltava. “Vai lá Mikaele, se ofereça para ser o estepe de um amigo”. Estepe... Todo artista é um estepe querendo ou não. Eu fiquei o dia inteiro ocupada então, qualquer coisa que pudesse me vir á mente foi ocupada por livros, livros, livros e mais livros. E poeira, havia tantos livros que não estavam no sistema, que acabaram acumulando pó. Mas o dia foi produtivo, no caso eu estava exausta, para jantar e ir dormir para começar tudo de novo. Quando cheguei à porta do meu quarto naquela noite, Kathy me esperava no corredor, de braços cruzados, e sorriso sarcástico.

—O que foi? – Perguntei a encarando, sabia que ela estava me esperando, tão típico dela fazer isso. Ela alargou o sorriso. – Katherynne; o que foi?

—Eu sei de tudo. – Ela se aproximou de mim enquanto eu abria a minha porta.

—De tudo?

—Do seu segredo. – A encarei evitando abrir a boca desacreditada.

 -Que segredo? Meu segredo?

—Não se faça de idiota. – Ela resmungou e basicamente me jogou na parede, me encarando, sorrindo, debochando. – Eu sei.

—Sabe do que? – Meu coração foi na garganta, o medo me dominou, a agonia e a ansiedade, do que ela sabia? Eu ia tremer, eu ia desmaiar, minha garganta ficou seca e eu fiquei apavorada. Seria possível ela saber de mim e dos sentimentos sobre o Victor?

—Você escreveu aqueles poemas para o Cainan e colocou em todo o dormitório. – Ela murmurou no meu ouvido. Eu a encarei.

—Tá louca? Oh louca... – Eu comecei á rir. – Era isso meu segredo? – amarrei meu cabelo e joguei minha mochila dentro do quarto. – Entra ai.

Ela entrou e me encarou.

—Pode contar que foi para o Cainan.

—O que foi para o Cainan?

—Aquelas frases fofas, aquele amor todo, tudo... – Ela começou a falar e eu ria dela. – Porque está rindo? Se é seu segredo pode contar... Eu sei... Conheço seu jeito de escrever.

—De onde tirou isso? – Kathy sentou na minha cama enquanto eu ia trocar de roupa, ela pareceu desapontada.

—Simone comentou que você iria contar algum segredo, mas, você saiu correndo e ela pediu para eu confirmar que a escrita é como você se expressa.

Eu imaginei.

—Ah isso. –Ok. Espera; estranho. – Simone falou com você?

—Ela só comentou e perguntou se parecia do jeito que você se expressava.

—Simone falou com você?

—Só comentou. Nada mais do que poucas palavras. Qual o problema? – Simone não fala com Kathy. Ela é reservada, calada, na dela, silenciosa e... Tudo bem. O importante foi que eu não falei.

—Nenhum... – Disse respirando mais tranquilamente. – Eu... Só estou cansada. – Ela me encarou.

—Foi você?

—Escrever para Cainan? – Perguntei rindo.

 -São namorados, não? Ainda estão namorando?

—Acho que sim; fui chamada para ir no “encontro de namorados”. – Eu me sentia tonta. – Um passeio e tanto.

—Então o que ocorreu com o Armin foi algo simples...

—Simples não. Ainda não quero ver ambos juntos. Não estou preparada de ver os dois no mesmo lugar.

—Nem eu. – Falou Kathy. – Eles não comem mais juntos. Armin come primeiro e quando termina, ele sai; bem antes de Cainan aparecer. Até porque não há muito o que comer quando tudo tem que ser líquido.

—Sim...

—Vocês estavam conversando sem mim? – Niedja entrou no quarto e eu estava bem ali, com as duas brasileiras que eram minha família. – Sobre o que?

—Cainan convidou Mih para o encontro do dia dos namorados. – Começou Kathy.

—Você vai? – Perguntou Nih para Kathy.

—Se Matheus aparecer, eu vou com certeza. – Ela travou. – Eu vou ligar pra ele toda hora a partir daqui a pouco. Vou logo pensar na minha roupa. Você vai?

—Eu acho que não preciso de um convide do Guilherme. – Ela riu. – O bom é que toda a futura família Silva vai.

Silva... Eu quero ser a futura Senhora Azevedo.

—Futura família Silva... – Falei em um estado de transe. Em um estado de descreio, em um estado de hipnose. – Bati as mãos uma na hora e sentei no carpete do meu quarto. – Pra falar a verdade, depois do que houve não me sinto tão futura família Silva assim. – Nih me encarou.

—Não! Se eu sou, se Kathy é; você também tem que ser. – Eu tinha que ser? – Cara; você e Cainan formam um par perfeito, são um casal tão lindo. Desde que se viram pela primeira vez, como pode dizer que não se sente tão futura Senhora Silva?

—Eu não sei. – Comecei. – Ele parece inexpressivo ultimamente. De verdade, e se ter beijado... – Não dizer o nome de Armin. – Se o fato de eu tiver deixado (...) – Nih saiu do pufe em que ela havia sentado e tapou minha boca.

—Você não deixou. Ele fez sem o seu consentimento. Foi basicamente estupro. – Respirei fundo. – Ele nem pediu desculpas e... – Eu travei.

—Uuh... – Eu abri a porta e olhei para o corredor. – Ironia eu dizer que ele pediu e eu disse que depois nós conversávamos? E seria bem capaz de ele aparecer aqui a qualquer momento?

—Eu diria que nós ficaríamos aqui observando essa “conversa”. – Nih fez aspas com os dedos.

—Quem ele acha que é pra...

—Ele disse que me ama. – Elas ficaram ele silêncio.

—Depois disso todos amam. Só para ter mais um gostinho... – Neguei com a frase.

—Eu conheço Armin... E aquilo foi a coisa mais sincera que ela já havia me dito.

—Que droga... – Murmurou Nih. – Ele sempre foi muito verdadeiro sobre os sentimentos dele.

—Talvez ele não venha hoje... – Comentou Kathy. – Talvez não no seu quarto.

—Vai ficar tudo bem. – Comentou Nih.

—Pra falar a verdade, eu não queria que Armin me amasse. – Muito menos Cainan. Apenas se Victor me amasse, estava tudo bem. Amar é complicado.

Armin não apareceu, eu até que estava feliz por isso. Mas ao mesmo tempo estava aflita. Nervosa. Eu não ia atrás dele, eu não pensava nisso. Quem dera tivesse ido.

*

03:47 da madrugada o dormitório se tumultuou. Rowell passou mal, literalmente muito mal; ele não estava se tratando muito bem, ele nem estava se cuidando, nem tentou. A cirurgia inflamou, os pontos estouraram, ele estava com uma hemorragia e vomitou bastante. Assim como eu, Niedja não conseguiu dormiu e foi lá conversar com Armin antes que ele viesse até mim. A última coisa que eu ouvi dele antes de o deslocarem para o hospital foi o quanto ele adora meus olhos. Pois segundo ele, “são à entrada da felicidade, o tesouro do céu que o faz perder os sentidos.”

Mas, foi só um susto. Armin ficaria bem. Só para falar a verdade; eu não queria que ele morresse. Querendo ou não eu me preocupo com ele, só tenho medo de estar apaixonada por ele.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, não deixe de comentar, porque isso ajuda muito! Estou tentando diminuir o número de palavras, mas... Não tem jeito amoras, amores... :3

Até o próximo capítulo...
~♥~ Beijos da Autora.~♥~



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