E Eu sou o Amor da Sua Vida? escrita por Lady Lupin Valdez


Capítulo 18
Há um remédio para o amor?


Notas iniciais do capítulo

Aaah; uoh, achei que nunca ia; mais foi. Me desculpem a demora, não sei se foi falta de vontade, perder anotações... Falta de tempo. Foi coisa parecida pardon.
Eu; na minha opinião, o capítulo ficou pesado, abordou temas tensos, mas... Nessa idade coisas do tipo; ocorrem. Vamos apreciando.


~Enjoy



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Mika

E eu o deixei no dormitório, quase tendo um infarto, quase morrendo, quase tendo uma parada do miocárdio, quase o beijando. Quase... Se esquecendo que tenho um namorado. Esquecendo-me que eu tenho um namorado. Foi como se eu vivesse em uma linda história de romance de algum escritor bem sucedido. Porque não era possível que aquele meu plano deu certo. Eu ter um passeio com o Victor. Um tour que virou um passeio, porque na verdade eu não estava ensinando nada com nada para ele. Ele me deixa sem jeito, eu fico toda desnorteada, não penso e não raciocino bem. É como se minha mente ficasse sempre ocupada ou parasse, mesmo que eu tentasse prestar atenção em algo, a presença dele não autoriza, não deixa a minha mente se manter limpa e ou tranquila; ela sempre fica á mil. Eu nem sei explicar, é um baque de memória, algo que você aprecia o momento e sente borboletas no estômago. Só sei dizer que a mão dele é como um calmante para a mente, para alma, para o corpo, para o meu inútil ser, o remédio da minha doença chamada amor.

—Obrigado pelo passeio.

—Foi um tour. – Insisti em dizer.

—Tudo bem; um tour. – Ele disse rindo. E que sorriso lindo. Fiquei na frente da porta do quarto dele olhando para ele sem me mexer, ele ergueu uma sobrancelha e virou a cabeça de lado. – Está tudo bem?

—Eu já disse que você se parece com um filme? – Sorri dizendo.

—Um filme? Qual? – Eu dei aquela risada colocando uma mão na boca e a outra na cabeça, meu rosto devia estar vermelho, pois estava queimando e meu coração estava com certeza á mil batimentos por segundo.

—É que você soa como uma canção... – Ele parou. Cale a boca Mikaele; você está se ouvindo?

—Qual canção? – Respirei fundo, meu coração começou á bater muito rápido e me assustou. Uma freqüência cardíaca veloz e irregular. Mordi os lábios fiquei tão fora de mim;  só conseguia pensar em nós, nele, em como eu podia ter feito  um pouquinho mais diferente, em como eu poderia ficar em um clima mais romântico com ele. Eu nem estava racionando mais tão bem depois que ele saiu comigo.

—Me desculpe pelo cara da sorveteria. –Obrigada Deus pelo meu belo dom de mudar de assunto na frente dele sem gaguejar.

—Está tudo bem. Mas; qual filme? Qual canção?

Merda.

—Eu... É que...

Qual filme? Amor certo, hora errada? Bem á calhar nessa nossa situação de agora. Mas não totalmente, indo pelo nome do filme...

 Amor e outras drogas? Capaz de amor ser a droga mais forte que existe do ponto de vista médico.

 Amor sem fim? Se só for do meu lado, tem fim. Sei que tem um fim.

Diário de uma paixão? O amor é mais forte que a paixão, mas no começo de tudo sempre é paixão antes do infinito amor. Mas, uma boa dica pra mim mesma.

 O amor mora ao lado? Que coisa engraçada, ele literalmente mora ao meu lado.

O maravilhoso agora? Agora está quase ótimo.

Para sempre? Eu queria mesmo ficar com ele para sempre.

 Um porto seguro? Com certeza ele é o meu.

Um dia? Muito trágico.

Titanic? Doloroso demais.

 Ghost: Do outro lado da vida? Nem pensar.

Cidade dos anjos? Muito depressivo.

Um amor para recordar? Possível.

 Ps. eu te amo? Huum...

Como se fosse a primeira vez? Mais esforço.

 Amor e Preconceito? Quase.

 Moulin Rouge? Não entra nessa lista

Meia noite em Paris? Triste para o agora.

Como se fosse a primeira vez? Toda vez? Todo dia?

A lagoa azul? Ah com toda a certeza. Um amor puro até a morte.

—Mikaele?

—Victor? – Engoli em seco.

—O que foi?

—O que?

—Você ficou parada, pelo seu rosto. – Ele parou. – Estava pensando em algo?

—Eu tenho que ir ao hospital. Buscar... – Disse ofegante. Algo errado tem algo errado. Comigo. Com nós, com esse momento. – Ele colocou as mãos nos meus ombros e me olhou de frente.

—Está tudo bem? – Queria eu estar bem. – Você não parece estar bem.

—Eu estou bem. – Sorri para ele. – Minha mente só dormiu por um instante.

—E o que significa?

—Que a gente se vê depois... – Ia dar meu tchau de sempre, acenando, quando algo me surpreendeu. Algo que ele fez. Ele me surpreendeu.

Victor se aproximou de mim, colocou a mão no lado esquerdo da minha cintura, não exatamente em minha cintura; e embaixo da minha costela, naquela pele, gostosa. Ele apertou e me deu um beijo no rosto.

—Não pode ficar mais um pouco? – Ele perguntou.

—Se eu pudesse ficaria. Mas, sendo eu, monitora, não posso deixar que me vejam com você, não por mal, é que é complicado. Dando atenção só á você. – Ri sem graça. – Parece a vez que minha amiga chegou. Mas, voltando, é complicado...

—Acho que aqui na França é tudo muito complicado.

—Não tanto. Seria até menos complicado se – Você fosse mais velho e não fosse calouro e eu não tivesse namorado. – Eu não fosse monitora. Eles têm algumas regras chatas. Eu nem poderia... Namorar.

—Não?

—Não sei se é bom ou mau... – Ri, e ele me acompanhou, talvez ficou sem graça. – Vejo que toma muito o tempo. Não que você tome muito meu tempo; mais foi assim quando a minha amiga chegou também. – Respirei fundo. – Eu tenho que ir, se cuida.

—Tchau; Até depois. – Sorriso de sem graça. – Fica com Deus. – Disse dando um sorriso enquanto ele ia para trás fechando a porta.  

Que perfume. Que toque firme. Que delicadeza na mão. Que pegada sem ser ou sendo.

2. 1.

OH MON DIEU!

Um beijo. Ele pegou na minha cintura; digamos que é minha cintura. Ele fez parecer tão normal, sexy, carinhoso. Pura palpitação e batidas fortes. Sentir essa dor no meu peito, mal conseguir respirar, até me lembrar; não tomei meu remédio para taquicardia. Espere... Eu tomei sim; é que aqueles olhos castanhos que te fazem ver a alma de tão claros e limpos que são, aquele rosto com algumas espinhas do efeito da puberdade, aqueles cabelos arrumados e aqueles lábios me fizeram ficar fora do controle da minha saúde. Mas foi muito gostoso. Senti borboletas no estomago que pareciam ter nascido, e não renascido como era com Cainan. Era uma sensação tão forte, estar perto dele, chegava á doer. Assim que cheguei ao meu quarto respirei fundo e ri bem alto. ♥ Porcaria de amor. Eu fiz uma coisa nova para mim, nova e boa, excelente e espetacular; desafiei o colégio e minha responsabilidade, menti, eu saí com um aluno, eu, talvez, desobedeci umas trinta regras, mas, foi tão emocionante, estar com ele hoje. Tirei o meu sobretudo e coloquei na gaveta da minha cômoda, o cheiro dele ficou na minha roupa, então conseqüentemente o seu DNA também.

Como Kathy me ligou para eu ir buscar Armin no hospital já que sei lá; Guilherme não quis buscá-lo, Armin não aceitou que um Silva o tirasse dali, ela tentou Simone, mas ela não atendeu Niedja não está disponível, pois está no meu lugar e a vizinha de quarto dele, a Joanna, está ocupada. Como Kathy é menor de idade para tirar-lo dali, sobrou para mim; que aceitei de bom grado, aliás, foi minha culpa toda essa confusão. Mas, pensando bem; se isso não tivesse ocorrido, eu teria que ir ao tour na companhia do Cainan. Cainan? Sim. Somos parceiros de trabalho no o dormitório e do colégio. Assim como Niedja tem o Pierre, eu tenho o Cainan. Com a diferença de que ela e Pierre não há nada de romântico, nem envolvimento. Mas, Dégel já foi envolvido com ela; antes, Niedja namorava o espetacular Dégel; um futuro compositor, altamente brilhante e inteligente. Quem é Guilherme Silva ao lado de Dégel Rosseau? Ele é altamente esperto, mesmo que avocação dele não seja ensinar como Guilherme faz, mas a vocação de Guilherme não é criar como Dégel faz. Há tanto á se comparar, sou amiga, era, sou, colega; de Dégel, mas, ele chega a ser assustador. Ele estava assustador, como se estivesse meses sem dormir, sem comer, sem ver a luz do dia, sem ter convívio com ninguém.

Rever aquele garoto me deu várias sensações boas, péssimas e ruins. Dégel pode ser quão espetacular e fantástico que for; mas além de tudo ele tinha uns problemas psicológicos, dramas neurológicos, surtos psicóticos. Tão doente tão aclamado. Eu ia trocando de roupa e me recordando de cada perrengue em que passamos juntos. Não era romântico, chegava a ser doentio. Nunca seria romântico, ele era namorado da Niedja, então o que passamos era por sermos do mesmo andar.

Quando eu o conheci, Dégel Rosseau também conheci o pequeno rei: Stefano Rissi; que de pequeno não tinha nada. Nos conhecemos todos juntos no dormitório, mesmo que eles já estivessem no lance teatral há mais de dois anos, era bem novo estar em Paris. Como roteirista Dégel escreveu uma peça e Stefano desenvolveu toda a composição melodiosa. E eu, apenas estava lá os ajudando, admirando. Quando o conheci, os lábios dele não eram tão roxos, ele não tinha nem índices de olheiras, nem o cabelo prateados. Os cabelos dele eram azul e vermelho, brilhosos e ele tinha uma alma e era viva. Não deprimente e forçada como eu vi hoje. Ele sempre fora um jovem bonito; mas depois de tanto tempo deixou a desejar; sua expressão era triste, com um ar de puro cansaço. Não queria ter visto assim, mas o que esperar daquele estudante que foi excepcional e teve o seu brilho roubado por estudantes não merecedores?

Fiz uma monitoração antes de sair do dormitório pra ver se estava tudo bem, quem foi para suas respectivas atividades, quem estava vandalizando mesmo ou faltou. Eu tive uma sorte de trocar com o Cainan; 4º andar, ficar com os alunos de 13/14 anos é tão fácil, tão de boa, são tão maleáveis. Saí com o uniforme de inverno de monitora do colégio e uma bolsa. Como eu conheço Armin, ele deve precisar de muita coisa que ele mesmo não soube se organizar, como exemplo, uma roupa limpa. Fui para o ponto de ônibus e esperei um pouco. Enquanto esperava, o carro de Matheus passou. Kathy que estava no banco de trás deu um grito, como se eu não tivesse visto o carro se aproximando. Cainan estava no banco da frente com cara de zangado, emburrado, chateado, tudo o que ele não estava era com a expressão feliz. Aproximei-me do carro contendo a respiração.

—Oi. – Cumprimentei Kathy que havia gritado para mim.

—Está indo lá ver o Armin?

—Sim. – Respondi. – Onde mais eu poderia estar indo garota? – Passeando por Paris com um menino aí.

—Você vai mesmo buscar o Rowell? – Gritou Cainan que estava com o braço enfaixado e um colar cervical.

—Não tem ninguém para buscar ele. – Comentou Kathy.

—E é isso que você é Mikaele? Resto? Aquela sobra de que quando não tem ninguém você faz a presença?

—Isso não se chama estepe? – Perguntou Matheus fazendo Kathy rir, mordi os lábios para não tirar o olhar sério do rosto, de que eu não me importava do que eu era agora, que Armin merece tanta atenção quanto ele merece. Que se cuidasse bem, aquilo não teria ocorrido, nem eu teria saído com Victor.

—Você devia ter ido me buscar.

—O s seus irmãos fizeram isso. Chama-se solidariedade, coisa assim. – O ônibus já se aproximava, e eu morro de medo de atravessar a rua. – Aliás, Cainan, nós conversamos sobre isso depois. Eu tenho que ir lá, não sei o que fazer se eu não o fizer.

—Pode deixá-lo lá e voltar pro dormitório conosco. – Como Cainan é ruim.

Respirei fundo, para ele ver o que eu estava fazendo.

 Atravessei a rua e peguei o ônibus, pensei Cainan é amargo como uma fruta fora do tempo. Eu não sou estepe. Estepe todo mundo é, Niedja foi a minha hoje, no mundo teatral sempre há um estepe caso o ator sofra um acidente ou tal. Mas, eu não sei o que Cainan está sentindo de errado sobre tudo isso. Se ele não tivesse agredido com tanta força, eu poderia estar fazendo esse favor á um amigo. Estou tão confusa, tão enjoada, com a situação, com uma louca vontade de vomitar e com tontura, que acho que precisarei passar no médico antes de acudir Armin. Não sei o que aconteceu, respirei fundo e tomei uma decisão; “se ficar feio qualquer momento, pensa no Victor. No maravilhoso passeio que fizemos hoje, só pensa nisso.” Sou completamente estranha.

Quando cheguei ao hospital, apresentei o cartão do colégio, falei o nome do paciente, e avisei que eu iria retirar o “grandão de queixo machucado”. Eu não sabia se eu poderia tirar ele de lá; porque não foi eu que o internei; eu era de maior, era do mesmo colégio, então eu só precisava falar com o médico antes.   

Cheguei ao quarto de Armin, pensei em bater na porta, mais, ela estava aberta e eu  o vi sentado na cama, de costas para a porta, com a cabeça voltada para a parede. Ele não parecia estar esperando ninguém, estava no escuro, não estava encolhido, estava relaxado, não parecia diferente de como Cainan estava, bati na porta e me aproximei dele sentado no seu lado da cama, virada para a porta, nervosa, sem saber o que falar. Fiquei em silêncio até quando ele percebeu a minha presença. Respirou fundo, esbanjou um sorriso, sem olhar para mim, olhando para o chão, imaginei que ele iria me provocar com alguma parte do corpo, mas, outra cena se repetia na minha vida; Armin cantarola com a boca fechada a canção de Carla Bruni; novamente, Quelqu’ un m’a dit; olhei para o chão, e lembrei-me de como ele canta bem; a canção é linda, a melodia maravilhosa; minha vida foi estragada em uma bela melodia, uma linda letra, uma encantadora música. Sem coragem, sem saber o que fazer, nem falar. Qualquer palavra pode ser uma palavra lançada no vazio.

—Mika? - Ele parou de emitir qualquer som, ainda olhando para baixo. —Pensei que estivesse brava comigo...

—Eu iria comentar isso. – Eu não acreditei que ele foi tão direto no assunto. – Você está bem? –Perguntei em tom baixo, nervosa, ansiosa, preocupada. – Minha culpa. – Ele murmurou positivamente enquanto acenava um sim com a cabeça.

—Dói. Não foi. – Falou com uma dificuldade e pausado. Se os seus dentes não fossem certinhos aquela palavra nem teria saído, ele colocou um dente sobre o outro e pronunciou, foi como se fosse um ventríloquo, era difícil abrir a boca e mexer o maxilar, ele tremia.

—O que o médico falou?

—Fratura. Maxilar.

—Eu sinto muito por tudo isso; desculpe-me eu não queria ser o motivo de tal... Eu não sei como dizer. Nem o que dizer. Perdoa-me por ter estragado seu maxilar. Estou arrependida por...

—Eu. Não.  Estou. Arrependido.  – Ele tentou sorrir, mas, engasgou. Ele estava fixado, imobilizado, com um colar cervical, rosto roxo, aparentemente dolorido, com certeza com pontos, cirurgia. Com certeza não estava arrependido

—Porque você me beijou? – Pergunta idiota para quem não tem o que falar.

—Por que. Eu. Quis.

—Mas é...

—Á. Muito. Tempo.

—Oh Armin...

—Olá Senhor Rowell... – Era o médico; ele entrou e ligou a luz, nos encarou e Armin jogou a cabeça pra trás. – Como está se sentindo?

—Bem. – Ele sorriu. Levantei-me da cama e olhei para o médico. –Tontura. Enjoou. – Ele falava devagar.

—Ah, vai sentir isso mesmo por conta da medicação. – O médico me olhou. – Nós fixamos as partes deslocadas do maxilar dele, vão durar umas seis semanas para ossificação da fratura. Nesse tempo ele só poderá se alimentar de com líquidos aspirados por um canudo. Coloquei uma peça de metal no lado esquerdo dele e imobilizei lado direito; ele tem alguns movimentos imobilizados, pode falar um pouco, ele precisa de um antibiótico, e vai ficar um pouco tonto, deve permanecer em casa por duas semanas e evitar brigas. – Ri sem graça.

—Claro. – O médico me olhou.

—Foi por você que ele brigou?

—Doutor... Ninguém briga por mim. Foi um mal entendido.

—Senhor Rowell; nos oito anos em que você está aqui em Paris; tirando a catapora e a alergia que você teve; essa é a primeira vez que fiquei impressionado contigo. – Ele riu.

—Desculpe.

—Mais alguma coisa doutor?

—Não deixe ele se meter em brigas, vou assinar os papéis. Seis semanas de descanso e tomando apenas líquido, mastigar muito pode lesionar novamente. – Ele saiu e eu olhei para Armin.

—Uma peça de metal na boca? – Arfei. – Metal? – Ele virou o rosto e mostrou que no lado esquerdo havia pontos, abriram ali. – Como pode não estar arrependido?

—Não. Tem. Como. Se. Arrepender. – Respirei fundo e tirei as roupas dele da bolsa.

—Vá se trocar.

Nesse meio tempo, o médico me deu os papéis, eu assinei, me responsabilizando por tirar ele dali, mesmo sendo um “homão” ele não se internou sozinho, sendo o que for eu me responsabilizei pelos passos tontos dele fora do hospital. Quando ele saiu do banheiro, e trazia as roupas do dia (ontem) que ele foi internado que estavam com sangue e do pijama hospitalar. Eu peguei as roupas ensangüentadas dele e comecei á colocar na bolsa, sem falar nada. E daí ele começou á cantar “Quelqu’ un m’a dit”, cantarolar bem devagarzinho... Então ele me tocou. Mas não foi no meu ombro, nem no meu braço; foi no lado esquerdo de meu pescoço, me forçou á virar-me para ele que o olhei inesperadamente sentindo calafrios provocados pela sua mão. Fiquei imóvel, boquiaberta. Sua mão direita foi subindo meu pescoço, os seus dedos tocaram o inicio da minha nuca, fazendo com que a maioria dos fios do meu cabelo se arrepiarem. Eu paralisei. Eu não consegui ficar de olhos abertos, acabei fechando os olhos por conta daquela provocação de prazer que o incendiava cada vez mais. A mão dele continuou seu trajeto, tocando o meu rosto. Foi então que ele parou. Arfou e ameaçou cair no chão. Eu o puxei pelo braço e o sentei na cama.

—Armin?

—Mikaele?

O remédio devia ter feito efeito, ele ficaria tonto então nem pensar em voltar de ônibus com ele. Responsabilidade com alguém mais velho. Ignora o que aconteceu agora, ignora todo o formigamento que seu corpo sentiu e chamar um táxi.

—Por favor, não passe mal no táxi, eu não saberia o que fazer. – Ele acenou positivamente. – Eu vi Dégel hoje.

—Dégel? – O nome soou estranho. – Como? Onde?

—Não importa. Eu o vi e ele estava horrível, olheiras, lábios roxos, expressão e voz cansada... Disse que ia voltar para as Cênicas. – Armin balançou a cabeça confuso.

—Não. Dégel? Em Paris? Novamente?

—Bom ele estava aqui, algo o impediria de voltar para Cênicas?

—Não. Quero. Ele. Aqui.

Dégel foi acusado por Armin de roubar sua idéia de peças.

*

Não sei o que houve; pegamos um táxi, eu o carreguei praticamente do quarto dele, até o estacionamento, depois a rua, do táxi até o dormitório, e subi as escadas com ele até o 7º andar. E deixei-o no quarto dele.

—Você está bem? – Ele acenou positivamente e sorriu, entre aspas, talvez doesse muito. – Eu vou pro meu quarto, qualquer coisa, você me liga...

—Não. – Ele puxou meu braço e trancou a porta. – Agora. Não.

—Armin, para com isso. Para agora.

—Esteve. Me. Distraindo.

—Te distrai? O que? – Armin segurou nas minhas costas e na nuca, me aproximou dele, me aproximou muito do corpo dele; eu não posso fazer nada ele estava em recuperação, descanso. 

—Adoro. Seus olhos. – Ele sussurrou em meu ouvido e me apertou contra seu corpo, eu ia gemer de dor, é muito forte. Ele me acariciou, fez cócegas na minha orelha com a palma da mão mexia na minha bochecha, sua bochecha se encontrava com a minha outra. Foi um choque pra mime eu estava com medo. Assustada, mas não sabia o que fazer. Isso nunca havia ocorrido. Não com ele, não tão explicitamente se assim posso dizer.

—Armin... Para... O que você está fazendo? – Eu hesitei comecei á ofegar, involuntariamente, eu não queria sentir isso. Não com ele. Minhas pernas tremiam, eu não sei.

—Relaxa. Confia. Em mim.

Aquilo não estava acontecendo.

Ele beijou meu pescoço. Ele abusou dos beijos na região da orelha, bochecha e do meu pescoço; então ele pôs a língua e contornou  minha orelha eu ia agarrar as costas dele para me apoiar, mas no mesmo instante eu pensei, não podia ser com ele. Não a minha primeira vez, não com o Armin, não no quarto dele. Nem em quarto nenhum. Ele agarrou a minha nuca e subiu até meus cabelos os enrolando em seus dedos, chupou meu pescoço fazendo finalmente me segurar nas suas costas. E ele me beijou, mas, beijo é quando duas bocas concordam e anseiam em se beijar, isso me pareceu...

Não.

Não agüentava mais.
Ele apertou a minha bunda, apalpando com intensidade que chegava a ser agonizante, era agonizante. E eu sou uma fraca. Eu tenho medo. Eu não tive forças.

—Para Armin. Por favor.

Ele abaixou o zíper do meu casaco, puxou a barra da minha camiseta, para tocar nos meus seios e avançou “devorando” meu pescoço. Se eu gritasse o que pensariam de mim? O que eu estaria fazendo no quarto de Armin, namorando com o Cainan e gostando de Victor? Meu Deus! Victor... Ele apertou um e meus seios e puxou o cós da minha calça, quando soltou minhas costas para colocar a mão na minha calça, eu murmurei. Eu chorei. Choraminguei.

—Para... – Armin se afastou de mim e me fitou, ainda com os dedos nos meus cabelos. – Arrêt. Sil vous plaît.

—Mika?

Non... Je ne sais pais.... – Tirei minha bolsa dos ombros dei pra ele, independente do que tinha meu de valor ali, dei uma empurradinha devagar, uma afastada, me afastei dele, me arrumei, abri a porta e sai correndo. 

Eu saí correndo, o máximo que podia pois ele podia vir atrás de mim, me impedir, de novo não. Desci as escadas quase caindo, quase travei no 5º andar porque Cainan podia estar nos corredores, mas, eu só tinha meu quarto.
Mais eu não queria ficar sozinha. Eu não queria ficar só. Eu não tinha um bom lugar para ir. Eu... Não quero pensar nisso, nesse momento. Meu coração ia explodir, eu ia passar mal, as lágrimas corriam pelo rosto e não paravam.

 Como recusar sem machucar? Eu cheguei no quarto andar abalada, fisicamente, emocionalmente, psicologicamente, profissionalmente, espiritualmente, amorosamente. Eu não tinha nem cara para ver o Victor. Não agora, não hoje, não essa semana, não depois disso. Eu não podia ficar sozinha, nem queria e não tinha um apoio psicológico. O meu apoio psicológico me atacou. O meu outro iria terminar de quebrar o maxilar do (....) o meu outro estava com minha turma. Porém; há um essencial. Meu primeiro pilar psicológico. Peguei meu cartão no bolso, estava tremendo, e fui ver esse pilar. Parei na porta do quarto e respirei fundo. O que pensaria de mim? O que falaria de mim? De mim?

Bati na porta do quarto que era cinco portas de distancia do meu. Nem ia esperar.

—Kathy; estou entrando... – Passei o cartão que tem acesso á todos os quartos do meu andar, de quem perdem a chave e entrei no quarto dela. Mas, me arrependi amargamente. Porém não pude sair

Ao contrário do meu quarto, o quarto de Kathy era bem elaborado, era o único quarto que recebia uma mão de tinta; todos os quartos eram brancos, o dela não; já foi azul claro, lilás, púrpura, verde-água, azul céu, vinho, carmin, bordô, vermelho violeta e agora está rosa escuro. Todo ano ela muda de quarto e o quarto muda junto com ela, o quarto é bem decorado, estilizado, tem poltrona, pufes, mais de um criado-mudo, havia muitos quadros, decorações de viagens, piscas-piscas, decorações de flores, ursinhos de pelúcia, e adereços decorativos de blogueira, vintage, épocas diferentes, ele é maravilhoso.

Eu não fiz barulho para entrar, e mesmo que eu fizesse do jeito que ela estava nem iria notar. Katherynne estava com Matheus, e quando ela está com Matheus, nada mais importa, e como eu estava tremendo, assustada, chorosa, com medo e pânico, eu fiz a coisa mais sensata para mim, não sai, me escondi atrás da poltrona dela, independesse de como ela procurasse, não iria me ver; bom, ela mesma criou esse esconderijo, então para mim, estava tudo bem. Eu não iria sair dali.
Eu tremia, meu coração estava disparado, estava com medo, estava dolorida, e ofegante. Ele me segurou mais forte do que eu imaginava. Como ele pode fazer isso comigo? Como ele pode fazer? Eu não queria fechar os olhos, se o fizesse iria me lembrar daquela cena constrangedora, intimidadora. Mordi os lábios e abracei meu corpo, não quero chorar, não quero me expor assim. O que eu fiz de errado?

—Eu adoro quando você faz chimarrão pra mim. – Ele sorria para Kathy, acariciando o rosto dela, os cabelos dela, fazendo cafuné, dando aqueles beijos na testa dela, aquilo eu nunca tive. Há muito tempo. Ele pegou em seu queixo e direcionou á sua boca e a beijou. – Suas pernas estavam em volta da cintura dele e eles compartilhavam aquela bebida que até hoje eu não faço idéia se é chá, se é água quente, se é o que é... Não importa quanto ela me ensine, sou meio burra. E hoje fui demais.

—Sabe; essa conversa teria mais fundamento se você não me distraísse tanto... – Ele riu.

—Estou te distraindo? – Suas sobrancelhas se juntaram e Matheus a olhou fixamente, entregou o que estava segurando, bomba e arrumando os cabelos dela.

—Sim está.

—Como?

—Você gosta de manter a boca ocupada e ou chupar algo pela tarde. – Eles riram. – Está me deixando tomar tudo com você em cima de mim.

—Ora... – Ela acariciou os cabelos dele e o beijou. – Me desculpe... – Ela ia sair de cima dele mais ele segurou na perna dela.

—Nem pense nisso. – Ele sorriu para ele. – Ah, como sou um péssima monitora por deixar isso ocorrer no  meu andar. Como eu deixo isso rolar á solta sempre que podem, sempre que querem...

—Está reclamando que eu fico te distraindo. Vou sair e vamos ficar olhando para o teto. – Disse ela mexendo na barba dele, enquanto ele começou á mexer nos seios dela, e nos cabelos. Ele fazia carinhos no rosto, ele cuidava dela, ele só estava fazendo porque ela começou á jogar aquele jogo de casal.

—Está bem. Só não saia de cima de mim. Você realmente me distrai. – Aquela frase surtiu outro efeito porque o dedo indicador dela acariciava lentamente seu pulso. Ele sentiu seu rosto enrubescer e, num breve movimento, cessou a distância entre seus lábios e os lábios de Matheus que lhe retribuiu o beijo suavemente. Os dedos dele adentraram em seus cabelos loiros enquanto se beijavam deliciosamente. De repente Ele interrompeu-o e se afastou; tentando controlar sua respiração, que estava denunciando o seu gosto pelo beijo. Aquilo sim era beijo, aquilo era um beijo. Aquilo era consentido. O que houve não foi consentido. Eu não lembrar quero lembra disso.

Se tudo ficar ruim, lembre do dia maravilhoso que passou com Victor. Lembre disso. Lembre do dia que o conheceu. Quando dormiu no mesmo quarto que ele. Que se chocou com ele para fugir do Cainan. Quando tocou nos lábios dele. Quando ele entrou no seu quarto. Quando essa manhã pegou na sua cintura. Lembre-se disso Mikaele. Esquece o que de ruim rolou.

Mesmo que não dê pra esquecer porque ele deixou o DNA dele no meu corpo.

—Eu queria dizer apenas que eu te amo, mas, essa frase é muito idiota, porém, só quem ama de verdade não a considera idiota; só considera uma frase simples.

—Não importa se é simples, é muito linda saindo dos seus lábios.

—Não, não é. Je t ‘aime é a uma frase que requer coragem.   – Matheus riu e acariciou os cabelos de Kathy novamente passendo pelas suas costas e acariciando a sua bunda, e a colocando em seu peito, era uma combinação perfeita. Ele estava recostado no travesseiro, ela deitada sobre seu peito com as pernas em volta de sua cintura, inclinada sobre ele. Achei errado estar ali observando, mas, eu estava com medo de sair, se eu saísse ela ia ver, eles iriam ver, então continuei quieta atrás da poltrona. Eu não queria ficar sozinha no quarto.  – Tenho muita coragem pra lhe dizer isso. Mas não é lindo saindo dos meus lábios. Uma coisa linda saindo dos meus lábios é dizendo que você é a minha menina. – Kathy ficou vermelha enquanto Matheus acariciou o rosto dela e beijando sua cabeça. – E eu estarei aproveitando isso.

—Mais que voz sexy, meu ursão.

Céus, eu já disse isso ao Cainan. Desse mesmo jeitinho, sem o “ursão”. “Que voz sexy”

—Sabe; eu te amo de todo o meu coração, e não sabe como eu sinto sua falta quando eu vou pra Metz, toda noite eu desejo que você apareça na minha porta, pule no meu colo, me abrace, me beije, quero seu corpo junto ao meu, toda noite, quero ser o porto seguro para sempre.

Ownt.

—Ah não... – Kathy murmurou se levantando do peito dele.

—O que foi?

—Você vai embora hoje né? – Ele a abraçou com força, e colocou o rosto na cabeça dela, com calma, com carinho, com delicadeza. Literalmente, Kathy e Niedja sofriam porque os namorados não moravam em Paris. Mas, tinha um lado bom que elas não sabiam a maldição de se ver o namorado todo dia, enjoa. Chega á ser possessivo. – E quando eu vou te ver? Espera. Você vai deixar Cainan e Armin sozinhos depois do que houve? Eu não sou forte para segurar o seu irmão.

—Mais a namorada dele pode e deve fazer isso... – Conveniente. Claro. Posso segurar Cainan.

—Armin é mais velho.

—Ele é um descarado, isso sim... – Com certeza.

— Que horas você vai embora?

—Eu não queria; não sozinho. Vamos comigo?

—Não peça duas vezes.

E, com um sorriso torto, esse selou seus lábios lentamente, fazendo suas línguas se encontrarem, se cumprimentarem, e aos poucos se adorarem. As mãos de Kathy começaram a manifestar o seu desejo; elas foram aos ombros, desceram ao tórax definido de Matheus e por fim adentraram-se em sua camisa; tocando sua barriga. Ele riu, então, ela fez cócegas nele. Matheus massageava seus cabelos com uma índole diferente das vezes que eu já vi; ele puxava-os e lentamente foi retirando o agasalho dela. E vi-a sorrir maldosamente entre o beijo, ajudando-o a retirar a blusa. Ele guiou-a sem interromper o beijo. A deitou e pairando acima dela, retirou a camisa; por segundos, eu queria fechar os olhos, mas era curioso observar. E se eu fechasse, eu veria Armin.
Matheus deixou os lábios e voou para o seu pescoço; começou a beijar sua pele lentamente, então distribuíram mordidas leves que logo se tornaram chupadelas desesperadas e deliciosas enquanto Kathy respirava mais descontrolada do que antes. Era uma despedida. Enquanto torturava o pescoço da namorada as mãos dela passeavam por ele; de suas costas nuas até sua cintura... E por onde mais conseguiram chegar. Sem querer ficar para trás, Matheus enfiou as mãos dentro da camisa dela arranhando-lhe a barriga e acariciando os seios dela; Kathy soltou um riso abafado entre um suspiro e um breve gemido, fazendo-o rir também de seu próprio atrevimento. Eles iriam fazer sexo e eu não ia olhar.

Me encolhi atrás da poltrona e fiquei ali, em silêncio. Ouvindo tudo, eu devia ter trazido um fone. Então comecei á me lembrar de tudo, e chorei, creio que chorei tanto que eu dormi. Cochilei, pois eu não sonhei com nada, ficaria louca se sonhasse.

*

—Mika?

—Argh!

—Calma! – Kathy me chamou e me acalmou em seguida olhou pra mim assustada. – O que você está fazendo aqui? Escondida? Á quanto tempo está aqui? – Respirei fundo. – Eu acabei de voltar do jantar, todo mundo estava perguntando de você; que horas você entrou aqui? Você estava chorando?

Eu fiquei em silêncio. Ela me tirou dali de trás me sentou na poltrona e aparentava estar preocupada, me deu um copo d’água e me olhou nos olhos.

—Me responde. Mikaele...

O que ela ia pensar? O que ele ia falar? O que eu devia dizer?

—Eu... Estou suja...

—Suja? – Kathy ergueu uma sobrancelha. – Você precisa tomar um banho ou... Suja em qual sentido?

Respirei fundo e comecei á chorar sem conseguir falar mais nada.

—Respira fundo... Fala comigo. O que aconteceu?

Fechei os olhos, as lágrimas escorreriam sem parar.  Estava revivendo tudo.

O que ela iria pensar de mim?

—Você não estava aqui quando o Mat estava né? Fala o que aconteceu!

Antes só fosse isso. Antes ser besteira da minha cabeça. do que de um  pesadelo vivo e recente .


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem esse capítulo, tenho que dizer que demorei um pouquinho para fazê-lo, mas, pretendo não vou demorar mais. Desculpem ele ter ficado pesado, se vocês o acharam pesado... Me desculpem... Ah; novamente digo que eu cheguei até a querer colocar essa fic em Hiatus; mas, resistir, Paris falou mais alto e aqui está. E agradeço ao seu tempo :3

Obrigada pela leitura. J'adore vous tous

~♥~Um Beijo da Autora. ~♥~



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