Nossa Primeira Série escrita por Matthew McCarty


Capítulo 15
Capturados




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Os olhos heterocromáticos se abriram de repente, observando o teto do seu quarto. Queria continuar dormindo, se pudesse só faria isso até todo aquele pesadelo passar. E falando em pesadelos, tinha um em especial que era horrendo. Um que ultimamente lhe visitava de madrugada, que no começo o fazia gritar, mas agora apenas o despertava de seu sono não muito profundo. No sonho, ele via a pessoa que mais amava no mundo sendo manchado por sangue e escuridão, até que não restasse mais nada. Mesmo que ele corresse, gritasse ou pedisse ajuda, nada acontecia além do sofrimento alheio. E sempre que acordava, aquele sentimento de impotência o cobria.

Respirando fundo, se levantou da cama, olhando para o futon perto de seus pés. Essa noite, Kouta fora dormir com ele. Era assim desde que chegara do passeio à fazenda: cada noite, um de seus preciosos amigos vinha dormir com ele. Segundo seu pai, eles queriam ajudar também, de alguma maneira. E agradecia muito a eles, afinal, se manter forte era mais fácil quando estava acompanhado por alguém que confiava.

Sem colocar sua pantufa e em completo silêncio, caminhou pela grande casa de seu pai, em direção à cozinha. Queria algo doce ou pelo menos algo para beber. Caminhou muito atento até seu destino, onde achou um bolo de chocolate de morango. Se serviu rapidamente e comeu, no escuro mesmo. Aquele era seu bolo favorito... No caminho de volta, precisou parar no meio da escada. Um par de pessoas passava pelo corredor do segundo andar, sem acender nenhuma luz e conversando baixo.

Não conhecia nenhuma daquelas vozes e isso o deixou apreensivo. Aquela era a casa de seu pai, onde estava há semanas, conhecia todos os empregados e seguranças... Não reconhecer uma voz dentro daquele lugar, significava que alguém que não era de confiança estava ali. O medo percorreu seu pequeno corpo e, então, se deu conta para onde aquelas pessoas estavam indo. Kouta! Num átimo, terminou de subir as escadas, a tempo para ver as duas pessoas parando na porta do quarto de Kouta.

— PAAAAAAAAAI! – gritou, chamando a atenção dos dois maiores, que logo se dirigiram até ele. Sem hesitar, correu escada abaixo, ainda chamando pelo seu pai. Nem sequer se lembrou que jamais chamara o ruivo de pai, só continuou gritando por ele, enquanto corria até a cozinha. Como um gato, pulou sobre a pia e passou pela pequena janela, caindo no jardim traseiro.

— Masaki! – era a voz de seu pai que vinha de dentro da mansão, mas a porta da cozinha estourou com um par de tiros e Masaki voltou a correr. Tinha um lugar do jardim que era ótimo para se esconder: havia um pequeno espaço entre as roseiras e as cerejeiras. Correu entre as flores e se agachou nas altas plantas, desaparecendo de repente da visão de seus perseguidores. Arrastou-se entre os espinhos das rosas, se arranhando e furando, até achar o lugar sem plantas entre uma cerejeira e as rosas. Tentou ficar o mais imóvel e em silêncio possível, mesmo com seus braços, pernas e rosto ardendo por causa das feridas.

Os minutos passaram e os olhos do pequeno tentavam captar qualquer movimento perto dele. Até a roseira atrás da qual ele se escondia se mexeu e uma mão grande foi vista. A mente do pequeno ruivo passou várias possibilidades de fuga, mas antes que pudesse escolher uma...

— Masaki? – a voz tranquila de seu pai derrubou toda a concentração racional do pequeno, fazendo que este começasse a chorar. Se levantou e se jogou os braços cálidos de seu pai, as lágrimas manchando o pijama de seda deste. – Shhh, está tudo bem. Masaki, está tudo bem...

— Pai... Eles... Eles iam pegar o Kouta... O Kouta... Ele...

— Calma, Masaki. Kise já subiu pro quarto do Kouta. Ele está bem – Akashi não podia negar que estava muito feliz por seu filho tê-lo chamado de pai pela primeira vez, mas aquela situação não era boa como para se concentrar nisso. Um par de homens invadiu sua mansão, sem nenhum de seus guardas perceberem, e subiram até o corredor do quarto de seu filho. Era óbvio que seu objetivo não era Kouta, e sim Masaki. Caso contrário, um teria perseguido seu filho, enquanto o outro pegava o de cabelos pretos.

— Eu... Pai, eu... Tive medo deles... Machucarem o Kouta e depois...

— Shhh, eu sei. Eu sei. Você foi muito corajoso, avisou a todos que algo estava acontecendo e, por isso, conseguimos pegar os caras. Estou muito orgulhoso de você, filho – pegando o pequeno no colo, o ruivo caminhou para dentro da mansão. Agora todas as luzes estavam acessas e não havia sinal de Kise em lugar algum. Com certeza, este tinha ficado a dormir no quarto de Kouta, abraçando seu pequeno. Era óbvio que, se o loiro se afastasse do menor depois do ocorrido, Kasamatsu Yukio ia desatar toda sua fúria contra ele. E isso era algo para se evitar se Kise quisesse continuar andando.

— Pai... – chamou Masaki, se encolhendo no colo dele. – Aqueles caras... Foram os que levaram minha mãe?

Akashi parou no meio da escada. O desespero de acordar com seu único filho gritando pela casa, de ir até a porta e vê-lo correr de um par de homens enormes... Só de pensar que perderia seu filho naquela noite, toda sua mente se concentrou apenas em Masaki. O pequeno tinha ocupado todos seus pensamentos e raciocínios, até que este mencionou Kouki.

— Olha o que você me faz... – sussurrou, acariciando os cabelos vermelhos do menor. – Senti tanto medo de perder você, que esqueci completamente de sua mãe. Me desculpe – beijou a testa do garoto e virou o rosto. – Interroguem os desgraçados! Arranquem deles onde está Kouki, não me importa como seja! Eles com certeza sabem de algo que possa nos levar até ele!

A ordem foi obedecida e o ruivo sentiu seu orgulho levemente ferido. Ele era quem deveria interrogar os homens. Arrancar deles a verdade. Fazê-los suplicar pela morte diante de seus olhos, pelo simples fato de terem assustado seu pequeno anjo. Mas o tal anjo precisava dele mais que...

— Se quer ir, vá – Akashi olhou para seu pequeno, surpreso. Depois sorriu de lado e continuou a subir as escadas.

— Eu tenho uma prioridade agora, Masaki.

— Eu também – o maior voltou a olhar para seu filho, levantando uma sobrancelha. – E é achar mamãe.

— Eu entendo isso, Masaki, mas o que acaba de acontecer...

— Você não entende! – exclamou o garoto, ao ser colocado na cama do pai. – Quero abraça-lo e dizer que o amo muito, que não consegui nem dormir sem ter pesadelos com ele. Então ele vai deitar comigo de noite e cantar... – o pequeno respirou fundo, como para segurar o choro. – Cantar aquela música que só ele sabe cantar, pra que eu possa dormir tranquilo. E de manhã ele... Ele vai me acordar com beijinhos e café da manhã na cama. Um cappuccino, panquecas com manteiga, uma tigela de chocolate derretido e... Morangos, que comeríamos juntos, nos lambuzando e rindo, como eu adoro...

— Masaki... – o coração de Akashi apertou ao ouvir seu pequeno falando de sua mãe. Tinha perdido tanto da vida de seu pequeno. Por quê? Por que Kouki escondeu dele aquela gravidez? Por que o deixou, dizendo que tudo aquilo fora um erro, um engano, que estava apaixonado por uma mulher?! Não conseguia entender! Não tivera tempo para perguntar sobre aquilo, estivera muito ocupado ganhando a confiança de seu filho. E agora seu filho lhe contava quão bom foi Kouki se virando sozinho com Masaki. O pequeno se agarrava

— Eu quero ele de volta, pai. Por favor... Você prometeu trazer ele de volta – o ruivo olhou pros olhos de seu filho e viu a determinação queimar neles. – Se aqueles homens sabem de alguma coisa, você tem que tirar isso deles, pai.

— Está bem – Akashi apertou um botão perto de sua cama e uma empregada logo adentrou o quarto. – Cuide de meu filho até meu retorno. Faça os curativos necessários e troque seu pijama. Se o deixar sozinho um segundo sequer... Você não gostará de ser castigada por mim. 

A moça tremeu, mas assentiu mesmo assim. Masaki segurou a mão do pai e sorriu, como para encorajá-lo, mas ele não precisava disso. Assim que fechou a porta, seu rosto se tornou inexpressivo, mas em seus olhos brilhava a crueldade. Naquele momento, um estranho brilho dourado cobria seu olho vermelho. Estava irritado, muito irritado. E aquele par de homens se arrependeria de ter nascido. Ao chegar no topo da escada, viu um rosto conhecido atravessar a porta principal.

— Atsushi.

— Me disseram que Aka-chin não ia interrogar os caras maus, então eu vim.

— Masaki me convenceu a ir – desceu rapidamente as escadas e começou a andar perto do mais alto. – Mas eu ia chama-lo de qualquer maneira. Masaki acha que esses homens sabem alguma coisa sobre o paradeiro de Kouki. Temos que arrancar deles tudo que sabem sobre isso.

— Sim, Aka-chin. Suas ordens são absolutas.

Enquanto isso...

— Senhor! Senhor! Temos uma emergência! – o homem entrou correndo no quarto de seu chefe, acordando-o.

— O que houve?

— A captura da criança foi um fracasso. Pelo que soube, o garoto não estava no quarto na hora da invasão e ao notar dois estranhos ali, começou a correr e gritar pela casa. O garoto foi salvo e nossos homens capturados por Akashi Seijurou, senhor.

— Então vamos partir para o plano B.

— S-Senhor, mas e nossos homens...

— Eles já estão mortos, o tempo que vai demorar para eles morrerem vai depender do quão rápido eles falarem.

— Nossos homens são treinados para manterem-se calados, senhor, eles jamais...

— Duvida da capacidade de um Akashi?

— N-Não, senhor. Perdoe-me.

— Não peça perdão. Faça o que deve ser feito. Eu quero tomar meu café da tarde ao som dos gritos e repórteres na TV.

— Sim, meu senhor.

O homem saiu ás pressas do quarto de seu chefe, enquanto este voltava a se deitar. Seus planos nunca falhavam. E Akashi Seijurou ia pagar caro por se meter no seu caminho.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, ladies and gentlemans.