Oração de neve escrita por FranMary


Capítulo 4
Oração de neve




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Tudo estava tão calmo. A beira da praia sozinha, com um céu alegre e ao mesmo tempo acolhedor, se encontrava uma bela criança com trajes tradicionais daquela região. Vestido, acessórios e sandálias feito em uma tribo local bastante humildes e bem dispostos. A paisagem encantava a todos que ali passara.

Uma explosão acontecerá distante do local aonde estava. Ouvia-se gritos de temor de aldeões. As folhas da mata que se seguia até a aldeia farfalhavam violentamente. Uma criatura de aspecto nada bonito aparecerá dentro dele. A criança olhara para trás sem alardes, pois já sabia do que se tratava.

— Parece que está acontecendo uma feroz batalha, Rin – disse a jovem criança, olhando para o céu e o mar abalado pela explosão.

— Emily você... – disse Rin, um tipo de Raskjar domesticado de cor azul celeste brilhante, chegando perto da criança.

— Vamos dar uma olhada – disse Emily, montando em cima de sua companheira.

As duas voaram pelo céu azul ao encontro da explosão. Não muito distante de onde estavam, viram uma cidade flutuante com várias explosões por toda sua extensão. Uma jovem caíra, entrando inconsciente no oceano.

— Rin você já sabe o que fazer – disse a criança, séria.

A água do oceano as envolveram deixando oxigênio para respirarem e, imediatamente, Rin e Emily mergulharam para o local que a jovem estaria flutuando até chegar no fundo daquelas águas densas.

Rin avistou a jovem de cabelos dourados, foram até ela e a colocaram para dentro da bolha em que estavam e saíram daquele local perigoso. Foram para bem longe, para um lugar aonde aquela cidade não chegaria.

Fora das águas do oceano, a jovem continuava dormindo. Ao chegarem seguros na mesma praia aonde estavam, a criança se aproximou da garota e, colocou suas mãos em sua cabeça deixando um pequeno espaço. Uma luz saiu de suas mãos. Pouco tempo depois, a jovem acordara recebendo o sorriso de sua salvadora como um tipo de benção.

#

Os olhos daqueles perante a dama de neve arregalaram-se. Não sabiam o que sentir no momento, seus sentimentos eram bastantes confusos.

O raskjar começou a se mexer, ainda sentindo dor, até que se levantou por completo. Clair olhou assustada para a criatura deixada para trás e rolou seus olhos para a dama que deixara o corpo pouco a pouco fragmentar-se.

— Aquela pessoa das memórias que eu vira – pensou Clair, apressando seus pés até ela.

O raskjar, sem perder tempo, fora até a jovem que o machucou saltando para cima dela. Clair empurrou-a fazendo com que ela caísse no chão um pouco longe dali. Todos ficaram parados. Astarte gritou em fúria conjurando um feitiço poderoso que fora capaz de rasgar um pouco de suas roupas de santa e deixando em pedaços o que cobria seus cabelos.

Clair fora perfurada pelas garras de ferro do raskjar, após salvar a jovem dama. Um poderoso feitiço caiu dos céus e atacou a besta que já havia se soltado da santa, matando-o violentamente. Clair ficou deitada de barriga para baixo enquanto seu sangue se espalhava pela neve. Natsu e Astarte foram até ela, sendo seguidos pelos os outros que sentiram uma forte dor em seu coração.

Clair estava manchada de sangue quando Natsu a colocou em seus braços e Astarte ficou segurando sua mão enquanto chorava. Ela ainda estava viva, mesmo que respirasse lentamente.

— Não deve ser eu a pessoa a quem deva dar atenção – disse Clair, pegando no rosto de Natsu. — Sua amiga, a pessoa que você ama... Eu a vi chorando em meus sonhos.

— A pessoa que eu amo? – perguntou Natsu, hesitante. — Lucy... Ela está morta.

— Não,... Ela está perdida – disse Clair, soltando o rosto de Natsu e tentando alcançar o céu com sua mão. — Se for você, sei que conseguirá trazê-la de volta. Astarte... Não chore, sempre te amarei e sempre ficaremos juntas.

— Você sempre diz isso, mas sempre é mentira! Porque você sempre tem que me deixar?! Se eu sou a mais importante para você... Porque?!

— Nossa mãe e nosso pai veio me buscar, eu estou vendo eles agora. Ei Astarte, ficaremos orando por ti por toda eternidade, por isso sobreviva. Por mim, por nossa família e por você mesma – disse Clair, enquanto apertava a mão de Astarte. Suas forças começaram a desvanecer. — Obrigado a todos vocês.

Ninguém conseguira segurar as lágrimas e começaram a sentir uma forte dor no peito. Astarte colocou sua palma sobre os olhos de sua irmã Clair, fechando seus olhos.

— Descanse em paz, onee-chan.

#

O corpo deixado para trás não havia cor e nem vida. Natsu deixou o corpo de sua recém-amiga aos cuidados de Astarte e fora ver aquela que causou tudo isso. Se espantou, pois era bem semelhante a Clair.

Natsu sentiu um cheiro nostálgico e saiu correndo do local onde estavam seus amigos sem dizer para onde ia.

Uma pessoa olhava a cidade fantasma pela montanha, mais logo saíra do local quando avistara um jovem rapaz de cabelos rosados saindo correndo daquilo que era uma cidade. Esta pessoa estava envolta de panos grossos e saíra andando como se nada tivesse acontecido.

Natsu correu mais ainda quando percebeu que o cheiro familiar estava ficando fraco. Logo a sua frente, vira alguém caminhando pela densa neve e apressou mais ainda seus pés. “Porque não chamei o Happy?” pensou Natsu, se arrependendo.

Ao alcança-lo, ele puxou pelo seu braço fazendo com que eles olhassem cara-a-cara. Natsu não acreditou no que vira.

— Lucy...

A pessoa em sua frente nada dissera, ficara inerte. Quando Natsu soltou seu braço, a “Lucy” continuou a andar como se nada tivesse acontecido. Logo atrás deles, Erza e os demais estavam a caminho, pois o corpo de Clair havia desaparecido.

— Natsu! – gritou Happy, voando até ele, ainda ofegante.

— Nastu, porque saiu correndo daquele jeito? – perguntou Erza, ofegante pois correra tanto quanto não pudera devido sua batalha anterior.

— Quem é aquela pessoa? – perguntou Gray, vendo uma pessoa caminhando mais a frente.

— Este cheiro é... – disse Wendy, hesitante.

— Você conhece aquela pessoa Wendy? – perguntaram Charles e Astarte ao mesmo tempo com uma incrível sintonia.

Um som de uma canção ecoou para o ar com o balbucio daquela pessoa de trajes de frio.

— Lucy – disse Natsu, hesitante. — Aquela era a Lucy.

Todos ficaram perplexos ao ponto de não acreditarem, mesmo assim, lá no fundo, eles tinham esperanças que sua amiga estivesse viva em algum lugar. A cantiga tomara outra rumo, agora a voz da pessoa aparecera.

Na terra em que o sol desvaneceu

Milhares, milhares de almas oram

Enquanto memórias trágicas dão cor aos efêmeros sonhos

Como espinhos de uma rosa congelada

Em um lugar inexistente

Várias almas estão chorando

Esperando seu retorno para guiá-las

Orando nesta terra amaldiçoada

Onde os raios de sol não brilham

Na terra em que tudo virara gelo

A neve continua caindo

Escondendo sua dor

Escondendo sua verdade

As orações que espera tanto

A preces que há muito foram esquecidas

Rogo a ti meu ultimo pedido

Nos liberte deste mundo

A que nos tanto faz sofrer

Algo surpreenderia a todos que vissem o seu pálido rosto. Lágrimas percorriam seu rosto sem vida enquanto cantava naquela terra dominada por neve e gelo.

Os outros não ficaram para trás e a seguiram. Lucy entrara em uma caverna escura e úmida bastante confiante dos perigos que podiam estar ao redor. Seguiram-na até adentrarem um local com inúmeras colunas de mármore construídas ali. Todos ficaram impressionados com a riqueza daquele local.

Mais na frente uma forte luz iluminava todo o caminho dando passagem para as inúmeras fontes de águas puras que se encontravam ali. Uma criança estava esperando-na.

— Minha criança, você está bem? – perguntou a menina, com um gentil sorriso. — As pessoas já foram levadas para o palácio da nossa mãe. Vamos?

Ela assentiu com a cabeça, confirmando a pergunta. Antes de pegar em sua mão que estava estendida para ela, Natsu as interrompeu.

— O que você pensa que está fazendo?!

— Nós devemos ir também. É chegado a hora – respondeu a criança, calmamente.

— Ir aonde?! – esbravejou Erza, tentando entender o que dissera a garota em sua frente.

— Para o palácio da deusa. Isso significa... – disse Astarte, com olhos arregalados para a criança com seu animal de estimação deitado atrás dela.

— Que ela está morta – disse uma mulher que saíra da escuridão de uma das colunas.

— Quem é você? – perguntou Gray, semi-nu.

— Me chamo Lacie e eu conheço elas muito bem. Lucy e Emily – disse a mulher de cabelos longos e negros e com seus afiados olhos cor-de-mel. — Emily...

— O que foi Lacie? – perguntou Emily, olhando para ela com um olhar tranquilo.

— Onde está a alma da Lucy?

— Ali – disse Emily, apontando para o lago que refletia a imagem da lua. — Ela está ali, dormindo.

— Então, porque quer levá-la embora também? Sua missão terminou aqui, vá embora e deixe-a em paz.

— Você venceu desta vez, Lacie – disse a jovem garota, saindo de perto do corpo “sem vida” de Lucy e sendo seguida por Rin.

Neste momento muitos ficaram assustados mais logo perceberam que a besta azul era inofensivo. O corpo deixado para trás caíra, sendo pega pelo Natsu que a levantou com seus braços fortes e quentes de tanto treinar. Muitos dos motivos que motivavam Natsu treinar, tinha a Lucy como uma das principais razões.

— Você... Lacie – disse Wendy, olhando para aquela mulher que parecia bem importante.

— Leve-na para o lago e orem para que ela volte – disse Lacie, advertindo-se do que se deveria fazer.

Natsu fora até o meio do lago, que topava em sua cintura, com o corpo da Lucy em seus braços. O restantes de seus amigos também entraram na água, deram com as mãos e fizeram silêncio enquanto rezavam para que sua amiga voltasse.

Seu corpo fora pousado na água, ficando boiando por si só. Natsu estava muito preocupado com o estado atual da Lucy. Lacie chegara perto de Astarte que negou-se a entrar na água advertindo que quem matou a Clair foi a Lucy.

— Volte a cidade, tem alguém esperando por você lá – disse Lacie, olhando para a Lucy banhando nas águas límpidas.

— Quem poderia ser. Eu perdi quem mais amava – disse Astarte, triste.

— Quem você mais ama, nunca te deixará só – disse Lacie, enxugando as lágrimas da santa com suas mãos. — Acredite.

— Você... – disse Astarte, olhando fundo em seus olhos. — Sofreu tanto e mesmo assim... Está aqui tentando nos ajudar... Eu – disse, choramingando.

Astarte saiu correndo do local onde estava todos os seus novos amigos, mais nenhum deles perceberam sua saída de tão preocupados que estavam.

#

Estava tão calmo e tudo em paz. Alguém estava chorando, sozinho. Uma jovem criança chorava agachada em sua própria dor. Alguém aparecera para ela.

— Vamos, Lucy – disse Natsu criança, dando sua mão direita para a Lucy. — Todo mundo está esperando-na.

— Mais não consigo – disse Lucy, ainda chorando. — Estou morta!

— Você consegue – disse Natsu, com um gentil sorriso no rosto.

Natsu abraçou-a para que ela sentisse seu calor percorrer seu corpo gelado.

— Eu ficarei assim até que seu corpo fique quente e você possa voltar comigo!

Lucy aceitou seu abraço e se acomodou em seu peito sentindo seus batimentos cardíacos ficarem acelerados. O rosto do Natsu, ingenuamente, estava corado enquanto sentia o corpo de sua amiga unir-se ao dele.

— Eu te amo, Lucy.

#

Todos estavam apreensivos. De repente, pequenos pontos brilhosos saíram do lago como vaga-lumes passeando por entre eles e iluminado aquele cenário. Natsu e os outros estavam com os olhos fechados, rezando.

De repente, uma mão tocou o rosto de Natsu fazendo com que ele abrisse seus olhos. A alma de Lucy havia voltado para seu corpo. Ela estava sorrindo em quanto olhava-o. Lacie que até então estava por lá, fora embora em silêncio, após constatar que Lucy havia acordado.

Natsu ficou olhando-a sentindo uma imensa alegria lá no fundo. Lucy se levantou, ficando rente ao jovem rapaz. Natsu não aguentou e abraçou-a, chorando.

Todos os seus amigos abriram seus olhos e viram-na, ali em pé sendo acolhido pelos braços do Natsu. Ficaram felizes e até mesmo teve tempo para lágrimas.

#

Todos estavam voltando para onde estava a cidade e tiveram uma surpresa um tanto inesperada. Astarte estava sentada em uma rocha segurando um bebê.

Ao se aproximarem-se, astarte se levantou com um enorme sorriso no rosto.

Todos se aproximaram. Lucy que não conhecia a jovem garota ficara distante. Quando Astarte percebeu seus afastamento, fora até ela com a criança. Mostrou-a tentando fazer com que ela segura-se.

— Ela se chamara Claire em homenagem ao nome da minha irmã. Eu pensei em colocar o mesmo nome, mas acho que ela gostaria que eu vivesse uma nova vida – disse Astarte, olhando para a criança. — E acho que ela queria que você vivesse igual aos teus amigos, igual a esta criança ao qual estou segurando.

Ao ouvir estas palavras, Lucy sentiu uma dor apertar seu peito. Então, ela segurou a criança; levantou-a para o céu. Lágrimas saíram de seus olhos.

— Seu nome é muito bonito, Claire – disse Lucy, chorando.

— Lucy.

Lucy olhou para onde a voz vinha. Erza estava parada. Olhava-na, firmemente, sem deixar escapar um piscar de olho.

— Tenho algo para te entregar – disse Erza, pegando em sua bolsa que estava em sua cintura por motivos de segurança. — Isto te pertence.

Era as chaves celestiais da Lucy. Erza havia encontrado-nas no fundo do oceano quando estava tentando encontrá-la. Ainda estavam intactas. Lucy pegou-as, abraçando-as e chorando ao mesmo tempo.

#

No porto de uma cidade próxima ao que era Frozen, os magos da guilda Fairy Tail despediam-se. Lucy vira uma pessoa se escondendo nas sombras. Natsu a chamou-a, mas Lucy o ignorou e fora até onde vira a pessoa esgueirando-se por entre as árvores.

— Espere! – gritou Lucy, fazendo com que a pessoa de capa parasse.

— Você cresceu, Lucy – disse a voz conhecida para a Lucy.

— Você...

— Eu sempre estive observando-a – disse a pessoa, ainda de costas para a maga celestial. — Sua mãe ficaria feliz em vê-la.

— Obrigada por sempre cuidar de mim!

— Não tem de que – disse uma voz suave, pois o corpo em si já havia desaparecido no ar. — Cuide-se.

Natsu apareceu atrás da Lucy e pegou em seus ombros, assustando-a. Lucy olhou fundo em seus olhos e os dois aproximaram seus rostos fazendo um carinho no nariz. Com as mãos dadas, os dois saíram dali e foram até o navio que estava ancorado a sua espera.

O navio deu partida e todos deram um caloroso adeus a sua amiga Astarte que se encontrava dando um “tchau” com a mão enquanto segurava o bebê.


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