Depois do cair das cortinas escrita por Wicked Girl


Capítulo 14
A arma


Notas iniciais do capítulo

Deus, penúltimo capítulo! Escrevi com lágrimas nos olhos, mas não vou enrolar, pois hoje vamos ter grandes coisas acontecendo.



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A gravidez avançava e as visitas a Erik diminuíam, pois, as velhas tinham olhos de águia e sempre observavam tudo, o bebê chutava muito, enérgico, e a parteira sempre estava pronta para ajudar, foi então no meio da noite, que Christine sentiu as contrações e falou:

– Está nascendo. – Raoul correu para chamar a parteira, e a soprano sentiu a bolsa estourar, se segurando com força na cabeceira, quando a parteira chegou, disse:

– Fique de pé.

– O que?

– Isso ajuda o bebê a sair. – O trabalho de parto durou a madrugada e o dia, Raoul saiu para trabalhar e deixou a mulher, que gritava, já deitada no chão, sangue escorrendo, panos úmidos na testa e a mão apertava o ombro da mulher, que a incentivava com frases, mas a menina preferia recorrer as memórias boas, os tempos na ópera, os tempos de felicidade genuína, então um rosto surge no meio das lembranças, Erik... Ela não podia mais sustentar aquela mentira, amava ele de todo o coração, casar com o visconde foi um erro, amores vão e vem, arrebatadores, mas frágeis como asas de borboletas, agora amores genuínos, eles demoram para aparecer, e quando aparecem, são assustadores, mas quando eles atingem seu auge, são a melhor coisa na vida de uma pessoa, e ela tinha um amor genuíno pelo Fantasma, era maior que tudo, e ela sabia que não seria um amor que acabaria no inverno. E então a soprano ouve um choro, o bebê tinha nascido... Quando ela o pegou no colo, sentiu como se tudo tivesse sido recompensado, cada lágrima, cada momento de medo, nada parecia ter importância, o bebê não abria muito os olhos, mas quando os abriu pareciam azuis, como os dela, e os cabelos pretos de Erik, e as maçãs do resto já pareciam bem delineadas, a parteira quis cumprir o resto do trabalho entregando a criança para o Fantasma, mas Christine não deixou, iria amamenta-lo e depois iria a casa do homem, avisar que eles teriam uma nova vida a partir daquele momento, porém uma voz retumbou no aposento, fria e ameaçadora:

– Bem que meu irmão disse uma vez sobre cantoras, elas te distraem com voz e palavras doces, enquanto roubam seu dinheiro com as mãos, mas sempre preferem aquele com mais dinheiro, não é? – Raoul entrou e pegou o bebê das mãos da soprano, a criança chorou, e a menina tentou alcançar o filho, mas a parteira a segurou, era cúmplice do visconde!

– Por favor Raoul, não cometa uma insanidade.

– Eu cometeria uma insanidade? Você me trai, me engana, e eu sou insano? O que planejava fazer, pegar o meu dinheiro e sair com o Fantasma por aí? Pois não vai, esse bebê vai ser o primeiro a pagar pelos seus atos. – Ele saiu com a parteira logo atrás, fechando a porta, Christine se arrastou, não podia deixar aquilo acontecer, limpou um pouco do sangue nas pernas, e correu o mais rápido possível para a casa de Erik, quando chegou lá todos a olhavam, suada e desgrenhada, mas de jeito algum ela se importou, quando o homem abriu a porta ela praticamente desabou:

– Erik... Raoul... Pegou... Bebê. – E se arrastou para dentro.

– O que? Onde ele está?

– Eu acho, que a colina onde nos encontramos depois da apresentação na ópera, onde você o perseguiu no cemitério.

– Eu vou, fique aí. – Ele correu para os fundos da casa, para pegar o cavalo, mas a soprano não aceitaria ficar ali, venceu a dor mais uma vez e foi atrás dele, pulando no cavalo com o que restava de sua energia:

– Christine...

– É o nosso filho, não se esqueça. – Ela beijou ele, que ficou com uma cara um tanto perplexa por um momento, mas esporeou o cavalo e seguiu, cada vez que o animal encostava as patas no chão, uma pontada fria enchia a barriga da soprano, mas ela aguentou, as pessoas olhavam para os dois perplexas, pois era estranho uma mulher sangrando, que já era casada, estar num cavalo com outro homem, que corria em velocidade absurda, logo eles estavam no morro, ela viu Raoul subindo, com um pacote branco nos braços, havia uma parte tão vertical que o cavalo não aguentou, e teve de ser deixado para trás, a forma do visconde estava longe, mas o Fantasma correu, e o alcançou praticamente no topo do morro, Christine se apressou para ver o que acontecia, o visconde sacou uma faca e Erik uma adaga, o bebê dela estava no chão, provavelmente havia sido deixado de lado para que os dois brigassem, ela se arrastou até a criança, e o acolheu nos braços, e sussurrou:

– René, esse vai ser seu nome, porque significa vitorioso, e é isso que você é, e é isso que nós somos. – Ela voltou os olhos para a briga, o Fantasma segurava os dois braços do visconde, que lhe acertou um chute na barriga:

– Fora da ópera, não és tão astuto, não Fantasma? Talvez esteja um pouco velho demais... – Não teve tempo de terminar a sentença, pois recebeu um soco, cuspiu um pouco de sangue e sacou a lâmina, indo de encontro ao velho inimigo, ela ouviu um grito, mas não soube distinguir quem havia dado, então viu Raoul com a máscara em mãos, foi então que Erik não teve pena, e eles brigaram por mais um tempo, num turbilhão de socos, tapas e tentativas de ataque com as lâminas, foi então que uma faca deslizou pela grama e quem sobrava com uma arma na mão era o Fantasma, que derrubou o jovem no chão e lhe deu um golpe perto do coração, outro no pescoço e mais um na coxa, até Christine falar:

– Erik, chega. – Ele veio até ela com lágrimas nos olhos, estendendo os braços para o filho, porém ela viu um movimento de Raoul, e uma lembrança bem clara veio à tona.

O casal de jovens tinha acabado de se casar, a casa ainda estava por mobiliar, mas o ansioso Raoul já tirava suas coisas da mala, ele sorriu para ela enquanto dobrava roupas e ela lavava a louça do almoço de mais cedo, quando terminou, ele se dirigiu a ela e depositou alguma coisa enrolada em pano:

– O que é isso?

– A arma de meu irmão.

– O que?

– O dia que ele morreu para aquele maldito Fantasma, eu peguei isso, e eu levo como uma espécie de amuleto, mas não se engane, está sempre carregada, um dia eu vou acertar um tiro naquele assassino, e minha mira não irá falhar.

A lembrança era antiga, mas ela arregalou os olhos, viu o visconde tirar a arma do bolso e gritou:

– ERIK! – Mas não adiantou nada, pois o tiro acertou o homem, que caiu e o grito dela reverberou no ar frio.


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Notas finais do capítulo

MUAHAHAHAHAHAHAHA, e agora? O indestrutível Fantasma levou um tiro! O que será que aconteceu? Só vamos saber no próximo capítulo, beijos e até lá.