Pós Breaking Dawn Edward Bella escrita por Lolo Cristina


Capítulo 24
24 - A Verdade


Notas iniciais do capítulo

Oi Meninas,
Nesse cap eu contei com a ajuda de uma amiga (Jana Cullen) para fazer a revisão da história, afinal o cap era importante demais....

BOA LEITURA



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24 – a verdade

Bella

 

- Ela adormece tão rapido. É encantador. – comentou Tanya ao ver os olhinhos de Nessie se fecharem e sua respiração desacelerar levemente.

- Na grande maioria das vezes basta o relógio marcar oito da noite que ela apaga e só acorda no dia seguinte.

Tanya estava ao meu lado na varanda da grande casa, observando Renesmee.

Todos estavam espalhados.

Abadir - que estava ao lado de Emmett do outro lado da campina que cercava a casa - lançava olhares esporádicos em minha direção.

Estava grata pela ausência de Edward naquele momento. Grata por Carlisle ter precisado dele – seja lá para o que for.

Tanya percebeu meu incomodo.

- Você é como um imã para ele. – sussurrou ela. Tinha certeza que Abadir não podia ouvir. – Ele não consegue resistir, sempre perguntando sobre você e por você. Querendo saber que tipo de pessoa é... Sinceramente, deve ser péssimo estar na pele de Edward em momentos como esse.

Senti meu rosto paralizado, enquanto assimilava suas palavras.

O que era aquilo? Essa curiosidade “natural” que todo mundo afirmava que ele tinha por mim já deveria ter sido suprimida.

Respirei fundo. Comecei a me sentir estranha. Por que Edward estava demorando tanto?

Naquele momento me senti... desprotegida? Como se precisasse de Edward ao meu lado imediatamente.

Que sentimento mais estranho. Mesmo com Emmett e Tanya próximos a mim, mesmo podendo escutar as vozes de Alice, Esme e Rosalie na sala e principalmente... mesmo sabendo que Edward estava apenas a alguns metros de distância, no escritório de Carlisle, eu estava me sentido exposta... vulnerável.

- Você está bem? – perguntou Tanya preocupada com meu repentino silêncio.

- Sim. – respondi sussurrando. – O que mais ele pergunta?

Ela franziu a testa...

- Tudo. Como tudo começou, como Jacob se envolveu na vida de vocês, como Edward suportou ficar com você quando ainda era humana. A princípio achei que fosse apenas curiosidade, mas passou a ficar estranho... – seus olhos passaram rapidamente de meu rosto para o de Abadir, que ainda nos olhava. – Acho melhor você conversar com Edward.

De repente me senti muito ingênua.

Mas como poderia saber de tudo isso? Ninguém nunca me disse nada. Edward nunca respondeu diretamente quando perguntava o que o incomodava tanto em Abadir. Pensando bem... Abadir e eu raramente conversávamos.

Estava quase me levantando para avisar a Edward que o encontraria no chalé, quando ele apareceu e imediatamente, percebeu o estresse em minha face. Seus olhos se voltaram para Abadir e seu rosto assumiu uma expressão fria.

- Boa Noite, Tanya.  – me apressei em dizer.

- Boa Noite.

Acenei para Emmett me despedindo.

- Hey! Edward? Amanhã você não foge de mim. Revanche.

Edward riu. Seus olhos permaneceram frios.

Passei Renesmee para o meu braço esquerdo e peguei sua mão.

Decidi que seria melhor apenas tocar no assunto quando Nessie estivesse em sua cama.

Edward estava encostado na porta do quarto, nos observando com um leve sorriso marcando seus lábios perfeitos.

- Ela está sonhando com você. – comentou ele.

Sorri e beijei o cabelo de minha filha.  Ele se aproximou e me abraçou, seus lábios suaves em meu ouvido, descrevendo o sonho de Nessie.

Deixei minha cabeça cair sobre seu peito.

- Precisamos conversar. – sussurrei.

Seus braços apertaram ainda mais ao meu redor. Ele suspirou fundo.

- Eu sei. – ele disse me conduzindo para nosso quarto. Sentei-me na ponta de sua poltrona, observando-o.

Edward não pareceu querer dizer nada... então eu teria que começar.

- Preciso que você me diga tudo. Tudo o que sabe sobre Abadir, tudo que te incomoda sobre ele. Não quero que esconda, nenhum pensamento que tenha passado por sua cabeça,  nenhum pensamento que seja significativo para você.

Sua testa vincou. Seus olhos intensos nos meus. O silêncio reinou por vários segundos. Ele parecia não saber por onde começar.

- Pode começar por onde parou na última vez que tentamos conversar sobre isso. O que te incomoda tanto, Edward?

- Você sabe o que me incomoda. – afirmou ele.

- Sim, mas você mesmo adimitiu que ciúmes era apenas parte do problema. – disse relembrando de nossa conversa na campina, apenas alguns dias atrás. – Uma parte que não chega a ser um problema de verdade a meu ver. O que eu quero saber é o restante. Qual é a outra parte do problema, Edward?

- Posso perguntar por que está voltando ao assunto agora?

- Eu gostaria de saber...

- Ele está te incomodando também, não está? – ele disse muito baixo.

Não respondi.

Edward supirou e se aproximou colocando um joelho no chão para que seus olhos ficassem da mesma altura que os meus. Seus lábios se contorceram em um leve sorriso.

 – Não posso culpá-la por ser naturalmente atraente e irresistível.

Revirei meus olhos e então ele ficou sério.

– Existe algo, ainda não consigo captar o que é, mas existe algo errado com relação a ele. Como já te expliquei, seus pensamentos são tão intensos com relação a você... que podem fácilmente serem classificados como obsessivos.

Tanya também havia percebido isso. Imaginei se mais alguém de minha família conseguiu captar essa tal “obsessão”.

- É difícil de explicar... – continuou ele perdido em pensamentos. Seus olhos ainda nos meus, porém desfocados.

- O que quer dizer com tudo isso? Está com medo de alguma coisa? Acha que ele possa estar querendo nos machucar? – perguntei. Minha voz ainda contida. Estava tendo problemas para assimilar tudo.

Ele se levantou e se sentou ao meu lado.

- Não. Só um pouco receoso. Ele se esforça muito para ocultar seus pensamentos. Parte do motivo é óbvio. Ele o faz porque posso ouvi-los, mas já está claro para todos que ele se sente atraído por você... isso ele não consegue mais esconder. Mas se todos já sabem... o que ele pretende escondendo com tanto esforço esses pensamentos? Consigo captar a intensidade deles, isso desde a primeira vez que o vimos, mas não consigo entender... ele não deixa espaço.

- Talvez ele não queira te desrespeitar, por isso tenta esconder o que pensa. – sugeri, sabendo que ele provavelmente já deveria ter considerado essa possibilidade.

Seu rosto endureceu.

- Não. Se ele não quisesse me desrespeitar, não teria vindo até aqui, teria ficado no Alasca. Abadir não se importa com essa parte.

Eu não estava preocupada com Abadir... antes de saber de tudo isso. Agora estava com medo.

- Você conversou com mais alguém sobre tudo isso? – ele poderia ter falado comigo. Ele deveria ter falado comigo.

- Apenas com Carlisle. – seus dedos tocaram meu rosto. – Sinto muito, meu amor. Sei que deveria ter falado com você primeiro. Não queria que se preocupasse com algo que pode não ser nada além do que já sabemos.

Edward e essa mania impossível de querer me proteger de tudo. Será que um dia ele iria aprender que isso não era necessário? Que não queria ser deixada de lado em nada que - mesmo que apenas remotamente - envolvesse nossa família. Que envolvesse ele.

- O que Carlisle acha?

- Ele acha que essa intensidade nos pensamentos de Abadir possa ser apenas um traço de sua personalidade. Sua cultura é diferente...

- Faz sentindo.

- Faz sim. Mas você me conhece bem, sabe como eu posso ser um pouco... superprotetor.

Sorri a sua afirmação.

Não sabia o que dizer a ele. Se antes mantinha distância de Abadir pelo bem da consciência de Edward, agora com certeza seria para o benefício de nós dois.

- O que vamos fazer sobre isso?

- O que estávamos fazendo antes. Não há motivos para alterarmos nossa rotina. Ele logo irá embora.

- E Alice? Por que não falou nada com ela? Ela pode ajudar...

Ele estava balançando a cabeça de um lado para o outro. Negando.

- Ela tentou, ou melhor, vem tentando ver tudo sobre ele desde o início. E ainda continua tentando mesmo sem saber de minhas paranóias. – ele riu. Sabia que Edward estava tentando me fazer relaxar. – Precisa de mais alguma informação? – perguntou ele brincando.

- Hummm... depende. Está escondendo mais alguma coisa de mim? – Respondi no mesmo tom.

Ele não riu. Apenas sorriu.

- Não. Não há mais nada.

-Você precisa me contar essas coisas, Edward. – murmurei suavemente.

Não podia ficar irritada com ele. Essa era parte de sua natureza, eu sempre soube disso.

- Promete? Promete que de agora em diante você vai fazer isso?

- Prometo. Agora você tem que me prometer não ficar preocupada. Apesar de tudo que te contei, não acredito de seja necessário perder uma grande quantidade de tempo pensando no assunto.

Concordei.

Depois de tantos perigos eminentes que já enfrentamos aquilo não era nada. Nada que ameaçasse Edward, Renesmee ou mesmo o restante da família. O problema era comigo e a única coisa que eu deveria fazer é continuar evitando Abadir já que com toda a certeza do mundo, Edward estava monitorando seus pensamentos.

 

Na manhã seguinte, permanecemos no chalé. Não exatamente devido a Abadir, mas porque sabíamos que a casa estaria vazia.

Renesmee passou quase todo o tempo lendo para nós. Isso, até Edward chamar sua atenção para alguns sites de fabricantes de carros – em uma clara tentativa de persuasão.

- O que acha desse? – perguntou ele a Renesmee. Na tela, um carro prata - pude ver o nome no topo da tela. Audi TT Coupe.

- Eu gosto mais desse. – apontou ela para outro.

- Vocês dois podem parar.  – estava colocando mais um pequeno porta-retrato com uma foto mais recente de Nessie em cima da lareira.

- Vem olhar, mamãe.  – chamou ela.

Edward não conseguiu esconder o sorriso. Ele não olhou para mim quando me aproximei. Seus olhos presos no computador.

Eles estavam no sofá. Edward com um laptop no colo e Renesmee pendurada em seu pescoço pela parte de trás.

- Eu já sei qual eu quero, não preciso olhar. – o informei sentando-me ao seu lado.

- Sabe? – ele pareceu surpreso.

- Aham. Considerei algumas de suas sugestões, Rose colocou mais alguns na lista... Eu realmente acho que você irá gostar.

- Ok. Qual modelo?

Os dois me olharam, como se aquela fosse uma decisão de extrema importância.

Tive que rir.

- Um Audi A5.

- Mesmo? – Edward pareceu satisfeito.

- Mesmo. Foi você quem sugeriu.

- Eu sei, mas nunca achei que fosse me ouvir. Eu estava com medo de parar com você em uma concessionária volvo.

- Não há nada de errado com volvos.

- Oh, sei disso. Clássico carro americano. Só acho simples demais para você.

- Você é especial, mamãe. – cantou Renesmee concordando com ele.

Edward se voltou para o computador e colocou o carro para Nessie ver.

- Qual vai ser a cor? – perguntou ela apertando suas mãos no pescoço de Edward.

Ele riu.

- Não acho que ela vai querer essa cor.

- Qual? – perguntei.

- Rosa. – pespondeu ela.

- Oh. Não. Vai ser branco.

- Por que? – perguntou ela. – Rosa é mais bonito, ou vermelho. Escolhe vermelho.

Edward riu mais uma vez.

- Agora é com você. Isso ainda conta como meu presente de aniversário. Além do mais eu não faço a menor idéia de como comprar um carro.

- Podemos fazer isso amanhã. – disse ele com um sorriso.

Um pouco mais tarde, Emmett convocou Edward para uma revanche no campo Rainer. Ele não era um bom perdedor - e ele perdeu muito no dia em que os dois jogaram. Eu ainda sofria por ter ganhado algumas quedas de braço – na época que ainda era mais forte que ele.

- Não demorem. – disse Edward beijando meus cabelos antes de sair.

Nessie e eu seguimos para o campo – um pouco depois de Edward sair -  lentamente, de mãos dadas e conversando. Ela não fazia mais questão de esperar por Jacob. Ele nos encontraria lá. Sua habilidade em seguir rastros também era bem útil.

- Um dia eu vou poder ir para a escola com Jacob, não vou? – perguntou ela enquanto passávamos por um grande pinheiro.

- Vai sim. Você só precisa crescer um pouco mais.

- Você também pode ir para a escola comigo. Papai também.

- Todos nós vamos. – disse a ela com um sorriso. Não sabia se teria coragem – pelo menos na primeira vez – em deixar Nessie ir para a escola sozinha, mesmo com Jacob ao seu lado.

- Você conheceu papai na escola, não foi? – perguntou ela. Seus olhinhos cheios de curiosidade.

- Foi sim. Jacob te contou isso? – perguntei ligeiramente preocupada com as coisas que ele poderia ter falado. Não que nossa história fosse segredo, mas ainda era cedo demais para ela possuir essas informações.

- Aham. Ele também disse que papai não gostava dele antes. Mais eu não acreditei.

Jacob precisava aprender a ficar calado. Existiam coisas que não era necessário ela saber...

- Vampiros e lobos não se davam muito bem antigamente. Mas eles não se odiavam, só ficavam longe um dos outros porque não se conheciam bem. Jacob era meu amigo, então ele teve que aprender a gostar de seu pai e seu pai dele.

Ela riu.

- Papai é mais rápido que Jacob. – ela riu de novo. O delicioso som ecoou pela floresta. - Ainda bem que eles são amigos agora.

- Ainda bem. – concordei sorrindo.

Ah... impossível ignorar a ironia do destino. De inimigos mortais a companheiros, a família.

- Como era na escola? – ela retornou ao assunto. Seus olhos – meus olhos – presos em meu rosto.

- Era legal. Você pode fazer muitos amigos.

- Tio Emmett disse que você era muito tímida e que foi por isso que papai gostou de você.

Ok... então todo mundo estava contando um pouquinho de minha história. Interessante o que Emmett escolheu comentar com ela.

Agora eu fiquei curiosa.

- Alguém mais te contou alguma outra coisa? Sobre seu pai e eu? – era melhor pescar um pouquinho antes de continuar com a história. Não queria fazer ninguém se passar por mentiroso.

- Ele também disse que todos os meninos da escola gostavam de você e que papai ficava com ciúmes.

Eu podia ver o rosto de Mike Newton embaçado pela minha memória humana. Ele parecia um cachorrindo pidão.

Ri da imagem que parecia ter sido gravada em minha mente a milhões de anos atrás.

- Você acha que as pessoas da escola vão gostar de mim? Como gostavam de você? – perguntou Nessie.

Oh... eu queria que os meninos da escola se interessassem por ela da mesma maneira que se interessaram por mim?

E o mais importante de tudo... Por que ela estava curiosa sobre isso agora?

- Eu não conheço ninguém que não goste de você. Não acho que isso vá mudar. – respondi.

Todos rapidamente se viam apaixonados e encantados por Renesmee. Era um dom natural. Algo muito bom. Por enquanto.

- Eu não conheço muitos humanos. Só vovô Charlie, Billy e Sue.

- Por que está preocupada com isso?

- Eu sou diferente.

- Você é especial. E ninguém vai perceber as pequenas diferenças... ninguém nunca percebeu antes e você parece mais humana do que qualquer um de nós.

- Espero que não. Escola parece legal. E talvez quando eu crescer eu possa conhecer alguém, do jeito que você conheceu papai. – disse ela soltando minha mão e correndo entre as árvores.

Fui pega completamente de surpresa. Fiquei feliz por ela ter parado com as perguntas. O que mais poderia dizer a ela sem demonstrar o meu choque?

Sabia que Jacob não era mais do que seu melhor amigo, mas nunca imaginei em momento algum que minha filha – de apenas um ano – já poderia estar pensando nisso.

Estava certa de que aquela idéia passou por sua mente apenas por alguns segundos. Tudo era assim com Renesmee. Ela considerou as possibilidades e sabendo de minha história com Edward, talvez tenha imaginado que seria assim para ela também.

De qualquer forma... ela era nova demais para pensar nisso. Mesmo com a mente tão desenvolvida e mesmo aparentando ser mais velha aos olhos do mundo.

Estávamos nos aproximando do campo. Podia ouvir com clareza a voz de Emmett.

- Você trapaceia demais, Edward.

Ele riu. O som era exatamente o mesmo que ouvi na primeira vez que os vi jogando.

Feliz. Ele estava fazendo algo que adorava.

Ao me aproximar ainda mais, percebi através de familiares sons metálicos que eles não estavam jogando. Estavam lutando.

Renesmee me puxou pela mão. Ela adorava assistir.

O espírito competitivo de Emmett parecia não deixá-lo ver a impossibilidade de se vencer Edward.

- Hey! Bella... sua vez está chegando. – gritou Emmett. Edward deu um soco em seu ombro. Ele xingou e avançou em direção a ele. Ou pelo menos tentou.

- Esperando por sua vez? – perguntei a Jasper ao me aproximar.

Ele estava encostado na parede de um penhasco.

- Esperando Emmett se cansar de perder, na realidade.

Renesmee riu. Ao mesmo tempo Emmett rosnou alto.

- Alice está fazendo compras de novo? – perguntei a ele.

- Não. Hoje ela está acertando pela centésima vez os “últimos” detalhes com Esme e Rosalie.

- Imagino se essa será a última vez que ela fará isso. – murmurei.

- Aposto com você que não será. – ele respondeu.

- Ok, já chega por hoje. – disse Edward para Emmett. Eles estavam a trezentos metros de onde estávamos sentados.

- Quem diria, Edward foi quem cansou de ganhar. – murmurou Jasper, claramente provocando Emmett.

- Agora é a sua vez, irmão. – chamou Emmett.

Edward se postou ao nosso lado em menos de um segundo. Sua mão encontrou a minha. Nessie se agarrou a outra. Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, seu celular vibrou. Era Alice.

- Sim, Alice... – ele atendeu.

- Pode passar o telefone para Bella? Tentei ligar para o celular dela, mas vi que ele está jogado no sofá do chalé.

Eu esqueci completamente do telefone.

Ele estendeu o celular para mim.

- Alice. – disse ao colocar o telefone no ouvido.

- Bella, pode vim aqui um segundo. Esme quer sua opinião em algumas coisinhas. Ela não quer fazer nada sem antes passar a idéia por você e eu preciso disso resolvido hoje.

- Estou a caminho.

- Vem sozinha. – ordenou ela. Edward revirou os olhos.

Apesar de ser o primeiro aniversário de Renesmee, não via a hora da data passar. Não agüentava mais ouvir Alice falar sobre a festa, decoração, presentes. Não que eu fosse contra a celebração da data. De forma alguma. Nessie merece ser celebrada. Mas uma simples troca de presentes ou algo mais discreto, somente entre nós seria o suficiente.

Estava correndo e quando atingi a metade do caminho senti alguém me seguindo. Virei-me imediatamente assumindo minha posição de defesa.

Ele parou imediatamente. Abadir pareceu surpreso.

- Sinto muito. Não queria assustá-la. – murmurou ele apologeticamente, cravando os pés no solo molhado.

Fiquei de pé. Observando-o.

- Me desculpe Abadir, não posso me atrasar, Alice está me esperando. – disse me virando. Não me preocupei em ser educada. Seria melhor continuar em meu caminho.

- Estou indo para a casa também. Importa-se se eu te acompanhar?

Sim. Pensei em responder, mas por que ser tão rude, ele estaria longe de nossas vidas em questão de dias.

Apenas sinalizei com a cabeça.

Ele se postou ao meu lado e começou a andar.

Andar. Ótimo.

- Onde está Tanya? – perguntei. Eles raramente ficavam separados.

- Ela está com Carlisle, no hospital. Não me atrevi a segui-la. Só posso imaginar a força do cheiro de sangue humano naquele lugar.

Ele estava certo. A quilômetros do hospital era possível sentir a fragrância humana sendo carregada pelo vento. Meus lábios se contorceram levemente. O cheiro, apesar de forte,  não me incomodava muito.

- Você está certo, mantenha-se longe da tentação.

Ele sorriu para mim.

Acelerei meus passos um pouco mais. Não queria passar muito tempo com ele. Até alguns dias atrás  Abadir não me incomodava tanto.

Senti sua mão em meu braço e parei imediatamente, virando-me para trás.

Ele retirou a mão de minha pele instatâneamente.

- Desculpe-me. Eu queria falar com você, só você antes de partir.

Mas uma vez fui pega de surpresa.

- Você está indo embora? – perguntei e me arrependi imediatamente. A surpresa em minha voz poderia ser interpretada de outra maneira, se ele assim quisesse.

Abadir deu mais um passo em minha direção.

- Estou. Amanhã. – seu rosto era grave.

- Pensei que fossem ficar para a festa.

- Estou indo sozinho. Tanya vai ficar.

Estava confusa. Curiosa para saber o motivo de sua partida, mas decidi não verbalizar. Ele pareceu ler as perguntas em meu rosto.

- Será melhor assim. Não quero mais impor minha presença a sua família.

- Oh. – foi só o que disse. Edward ficaria feliz em saber disso. Eu estava... aliviada em ouvir que ele estaria nos deixando mais cedo do que imaginei.

- Quero conversar com você faz algum tempo. Sozinho. Mas sempre está cercada por sua família.

- Qualquer coisa que queira conversar comigo pode ser feito diante de todos. Não guardamos segredos um dos outros. É basicamente impossível. – apressei-me a dizer. O que ele queria?

- Ele não pode te ouvir. – disse Abadir se aproximando um pouco mais. Seu rosto suavizando.

- Ele pode... se eu o deixar.

Ele pareceu chocado com a informação.

- Pensei...

- Posso remover meu escudo.

- Hum... você é melhor do que pensava. – ele sussurrou.

- Sobre o que gostaria de falar?

Queria sair dali o mais rápido possível. Pelo menos antes de Alice ligar para Edward.

- Eu tenho algumas perguntas...

- Podemos fazer isso andando? Daqui a alguns minutos, Alice vai ligar para Edward...

Movi-me, ele me seguiu.

- Ele não gosta muito de mim. – afirmou Abadir.

- Ele é superprotetor. Não leve para o lado pessoal.

Ele riu um pouco mais alto.

- Difícil não levar para o lado pessoal quando se é pessoal. Mas entendo. Eu seria extremamente hostil com relação a qualquer um que se aproximasse... se eu possuísse uma parceira como você.

Fiquei tensa. Imediatamente entendi o que Edward quis dizer com “obcecado”. Podia ouvir em sua voz. Não estava presente antes, mas agora era claro.

Parei... por que estava sendo covarde? Seria melhor saber de uma vez quais eram suas intenções.

Ele parou no mesmo instante.

- O que você quer, Abadir? A verdade. Por que está aqui? – Demandei. Sua cabeça pendeu, analisando-me.

- Não é obvio? – perguntou ele.

- Não. Não é.

Estava com medo de sua resposta. Estava me sentindo completamente desprotegida, desarmada.

- Eu estou aqui por você. – ele respondeu de forma natural, seus olhos intensos nos meus. – Cruzei todo o mundo para conhecer a famosa Bella Cullen.

- Por que? – perguntei entre os dentes.

- Porque passei toda a minha vida procurando por alguém como você. Alguém superior...

Um rosnado instintivo começou a se formar em meu peito. O instinto de proteção ameaçou a sobressair. Precisava me conter. Até quando precisaria da proteção de minha família? Podia lidar com isso sozinha.

Tentei controlar minha voz.

- Não acha que está fazendo da forma errada? Não deveria estar procurando por alguém que possa estar ao seu lado? Você está perdendo o seu tempo comigo e acho que sabe disso muito bem.

- Você não me entendeu, Isabella. – disse ele encostando em uma árvore.

Eu poderia correr. Mas não ajudaria em nada. Não queria ser o elo mais fraco para sempre.

Ele continuou.

- Eu disse que queria para mim alguém superior ao restante.  Eu sempre quis. Antes mesmo de me tornar um monstro que vaga pelas noites. Sempre almejei uma companheira assim... e você é exatamente o que eu sempre desejei. Você, Isabella Cullen – tremi ao ouvi-lo dizer meu nome – é superior a todas as mulheres que já conheci em meus mais de cento e vinte anos. A princípio lamentei muito por ele ter te encontrado primeiro, mas depois pensei melhor. Com toda a certeza não teria o controle que ele teve para te manter viva por tanto tempo. Por isso sou grato a Edward, por ter te transformado... para mim – nesse momento ele se aproximou, e quando percebi estava com o rosto próximo demais ao meu. Afastei-me imediatamente, mas ele manteve a mesma distância.

- Por que está fazendo isso? Sabe que o que quer é impossível...

- Por que acha isso? – perguntou ele assumindo uma expressão mais séria.

- Todos sabem que amo Edward. Sempre amei. É algo tão obvio, tão fácil de se ver...

- Eu venho de uma cultura diferente da sua, Bella. – ele começou a falar de um modo mais sedutor, como se tentasse me encantar com suas palavras – Eu tinha que expor a você meus sentimentos, independente de como você os vê.  Não poderia nunca perder uma oportunidade como essa.

Respirei fundo. Mal podia acreditar que isso estava acontecendo, ele estava tão próximo, podia sentir sua respiração, tentava mantê-lo longe, mas a cada passo para trás que dava ele se aproximava ainda mais, como se esperasse por um vacilo. Tinha que dar um fim nessa conversa, as coisas estavam indo longe demais, se Edward soubesse... por muito menos ele o mataria.

Podia sentir que Abadir estava apostando todas as suas fichas em seu poder de sedução.  Ele estava claramente tentando me conquistar. Ele realmente me queria como sua parceira? Isso tudo era ridículo. Impossível.

Tinha que resolver isso sozinha, tinha que persuadi-lo, ameaçá-lo e força-lo a me deixar em paz. Ser direta e grossa para que ele se afastasse.

-  Gostaria de poder dizer que “sinto muito” mas não posso. Agora posso ficar feliz com sua partida sem me sentir culpada por isso. – minhas palavras o afetaram claramente, um passo para trás foi dado. Seu rosto agora transparecia raiva. – Não vou fingir que entendo o que está fazendo, não gosto do modo como está lidando com isso, desrespeitando a mim e minha família. Tenho o pressentimento que só você consegue ver alguma razão em tudo isso. Peço, para seu próprio bem, que continue mantendo seus pensamentos em segredo. Você está sozinho aqui, não se esqueça disso, qualquer passo em falso e você sentirá como minha família é unida e em como zela por essa união.

Estava tendo dificuldades em continuar. Estava com medo de que as ameaças em minhas palavras não fossem o suficiente.

- Peço que enquanto estiver aqui, mantenha-se afastado de todos nós, e que cumpra sua promessa de partir amanhã, essa situação se tornou insustentável. Imagino que também queira manter isso apenas entre nós, caso contrário já teria revelado suas intenções a mais tempo e na frente de todos. Tenha em mente que Tanya, Kate, Carmem, Garret e Eleazar também fazem parte de minha família.

Seus olhos ainda estavam cheios raiva, ressentimento. Ele não disse mais nada, apenas me olhava. Como se não conseguisse falar.

Ele esperava por algo diferente?

- Adeus, Abadir.

Ele segurou meu braço enquanto me virava para partir ao encontro de Alice. Por instinto, o empurrei tentando mantê-lo longe.

 – Nunca mais terei uma oportunidade como esta, não importa o que acontecerá depois, mas nesse momento você é minha Isabella – em seguida puxou meu pescoço e me beijou. Naquele segundo me manti dura ao tentar afastá-lo, senti a sua força, não conseguia me desvencilhar dos seus braços, apesar de sentir asco por tudo aquilo. Senti também a loucura de sua mente. Como tinha a coragem de agir assim, não temia pela propria existência?

Não sabia o que fazer. Queria poder gritar por Edward. O queria para me proteger naquele momento. Me sentia frágil, inútil, humana novamente.

Foi tudo extremamente rápido... um humano não conseguiria acompanhar a velocidade de tudo aquilo.

Em menos de dois segundos sua força cedeu à minha – vestígios de minha recém criação -  e corri, deixando-o para trás.

Senti nojo de meus lábios.

Queria matá-lo. Meu ódio era tão grande que o faria sem pensar duas vezes.

Parti em direção a casa, correndo o mais rápido permitido por minhas pernas.

Minha cabeça girava, tentava me acalmar para não deixar transparecer a sede de vingança.

Ele partiria no dia seguinte, então não havia motivos para contar nada a Edward – apesar de desejar desesperadamente pela proteção de seus braços. Não queria mais ser a pessoa responsável por trazer tantos problemas. Ficaria alerta, atenta. Seria apenas mais um dia, não seria difícil manter todos juntos na casa, o aniversário estava próximo. Eu teria que inventar uma desculpa para cancelar meus planos com Edward sem fazê-lo suspeitar de nada.

Talvez eu pudesse contar a alguém. Alguém que entendesse a necessidade de deixar Edward fora disso tudo.  Alguém como Rosalie.

 


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Notas finais do capítulo

Antes que fiquem exaltadas... rsrsrs

1 - A reação da Bella foi o que foi por que ela ficou em CHOQUE.
Não foi como quando aconteceu com Jacob...

2- A Bella vai contar a Edward... ela chega a conclusão que além de não ter como esconder, ela não vai conseguir.

É só isso... beijoks
COMENTEM...



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