Depois que a minha mãe foi embora para o Japão eu ainda não me conformava. Por mais que a minha avó fizesse de tudo que eu gostava, que me levasse em todos os lugares que eu apenas comentasse, não era a mesma coisa, eu não me divertia, eu não me sentia feliz com nada, eu que adorava nadar na piscina que tinha em casa só pensava que o melhor seria se aquela piscina sumisse de lá.

Depois de um tempo, a minha tia, junto com a sua família, foi para o Japão também.

Agora naquele sítio gigante ficou apenas eu e minha avó, porém depois de um tempo nós nos mudamos para a cidade que eu ia para a escola.

Nessa cidade minha avó trabalhava de massagista. Já que ela aprendeu tudo no Japão na época que a minha mãe foi atropelada, para colocar tudo no lugar certo da minha mãe, a minha avó precisou aprender a fazer massagem para poder “consertar” ela.

Depois de mais um tempo, eu com meus 7 anos, nos mudamos para a cidade de Bandeirantes, no Paraná. Ficamos pouco tempo lá porque logo depois nós fomos para o Japão.

Eu que já não me lembrava de mais nada do Japão, nem se quer lembrava alguma palavra em japonês estava indo para o Japão. Eu só pensava: “E agora? O que eu faço? E se a minha mãe não souber quem eu sou? Como que eu vou viver lá se eu não sei nada de lá? E meus amigos daqui? O que eu vou fazer?”

Eu só sei que a coisa foi tão rápida que de um instante para o outro eu já estava no Japão em um apartamento com a minha avó, minha mãe, e um novo “pai”?

Eu lembro que dentro do avião eu comi miojo, aqueles cupnodless. E quando chegou no Japão estava chovendo bastante também. A única coisa que eu pensava era: “que lugar louco cara!”.

Levei pouca coisa, poucas roupas que eu gostava que no final foram para a doação, pois eu tinha crescido e minha mãe tinha comprado muitas roupas nova para eu usar. Lembro que eu tinha uma boneca que eu gostava muito, que infelizmente acabou ficando no Brasil no meio daquela mudança. Eu tinha arrumado certinha a boneca, era aquelas bonecas grandes que era do tamanho da criança e que se deixasse ela em pé e viesse puxando os braços, ela andava, eu tinha dado banho nela, lavado a melhor roupa dela e colocado nela para ir viajar comigo e eu não me esqueço dela na porta da casa que eu estava morando em Bandeirantes? Imagina a minha cara quando eu cheguei ao aeroporto em São Paulo e não vi a boneca junto de mim. Chorei e queria voltar para pegar ela, mas aí a minha avó falou que ou buscava a boneca ou a gente ia para o Japão. Aí eu fiquei quieta e fui né, para o Japão né...

Mas deu tudo certo, conseguimos chegar ao Japão, eu tinha reencontrado a minha mãe depois de alguns anos, eu achei que agora eu poderia ter uma vida muito feliz, mas eu acho que a minha sorte não coopera comigo...