Um pouco sobre a minha história escrita por AliceK


Capítulo 2
Capítulo 2 - A mudança


Notas iniciais do capítulo

Continuando o capitulo anterior.



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Mas então o paraíso acabou.

Eu adoeci, com uma influenza tipo B, não saia do hospital, fiquei mais de 1 semana internada na UTI, e os gastos com o hospital só aumentando, pois no Japão não existe SUS, tendo então ter que ter duas pessoas para posar no hospital para que eu não ficasse sozinha lá, uma vez que eu era uma criança pequena. De manhã para a tarde minha avó ficava comigo, de tarde para a noite a minha mãe ficava comigo e posava até o outro dia, e assim sucessivamente.

Eu não me lembro do rosto do meu pai.

Mesmo com 2 anos de existência nesse mundo eu ainda ficava frequentemente doente. Então minha mãe resolveu vir para o Brasil, pois na cabeça dela poderia ser o ambiente ou o clima do país.

Eu tinha meus 3 anos e pouco quando cheguei a um país muito diferente e que eu não entendia nada do que se falava. Eu só entendia japonês e pronto, chegando aqui no Brasil a única coisa que eu aprendi a falar foi “água”.

Eu estando em um local desconhecido, com pessoas desconhecidas me perdi completamente.

Meus avós vieram junto com minha mãe e meu pai ele ficou no Japão.

Aqui no Brasil eu morei no estado do Paraná, em um sítio perto de Santo Antônio da Platina, um sítio muito grande e bonito, isso eu lembro e tenho fotos até hoje do local. Eu gostava de lá, me acostumei bastante a aquele local na época.

Logo depois a minha tia e sua família que tinha ficado no Japão, vieram para o Brasil e ficaram no sítio com a gente, o seu marido e o filho. O meu primo é 2 anos mais velho que eu.

Eu estava com meus 5 anos quando comecei a ir para a escola de uma cidade perto do sítio, a cidade se chama Conselheiro Mairinck, no Paraná. Eu e meu primo frequentamos a mesma escola nesta cidade, e o mesmo ônibus ia nos buscar e trazia a gente de volta para casa.

Na ida e na volta meu primo arrumava um banco de 2 lugares vazios para mim e ele se sentar, e eu sempre adormecia. Eu lembro que ele me deixava usar a mochila dele como travesseiro, quando não, ele me deixava deitar no colo dele. Todo dia, ida e volta demorava cerca de 1h.

Em uma dessas voltas para casa de ônibus, minha mãe falou que eu me sentei longe do meu primo, adormeci e fui esquecido no ônibus, fui encontrada no ônibus quando estavam guardando na garagem da empresa. Eu não me recordo disso, mas parece que meu primo levou bronca porque ele se esqueceu de mim no ônibus e desceu sozinho em casa.

Um dia, a minha mãe cortou o meu cabelo muito curto, o que me fez parecer usar uma tigela na cabeça, na escola eu sofria preconceito. Um por eu ser japonesa e ter a língua enrolada, e outra por causa do corte, me chamavam de menino, ou então que eu tinha o olho rasgado então na cabeça deles eu consequentemente não enxergava, e outros xingamentos.

Teve um dia que meu primo viu esses meus “coleguinhas” da minha classe fazendo essas brincadeiras, e como antigamente respeitavam os mais velhos, quando meu primo chegou e viu-me chorando, ele falou:

—A pessoa que fizer mais uma gracinha com a minha prima, ou fazer ela chorar, vai pagar muito caro!

Depois desse dia nunca mais tive problema algum que eu me lembro.

Até que o paraíso que havia se criado naquele ambiente desmoronou mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, deixem um comentário, isso ajuda muito na motivação.



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