Aquela Guria. escrita por


Capítulo 3
02 de Julho.




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A Alicia passou uma parte da manhã em casa e quando minha dor de cabeça finalmente deu um tempo eu a levei em casa.

Ela realmente morava longe, puta merda.

– Está entregue. – eu disse quando desliguei o motor do carro na frente do seu prédio.

– Obrigado. – ela disse.

Queria perguntar o que mais eu tinha dito na noite passada, mas eu não tive coragem para entrar naquele assunto. Eu ficava realmente corajoso quando bebia e não duvidava que as doses de tequila e as cervejas que ingeri não tinham me deixado incrivelmente corajoso e cara de pau o suficiente.

– Vê se você se cuida. – eu disse quando ela estava já pro lado de fora do carro.

Minhas próximas ações não foram planejadas.

Alicia sentou no carro novamente e aproximou a boca da minha, podia sentir seu hálito bem próximo do meu.

Minha respiração aumentou dois terços.

– A gente se vê por aí. – ela disse e sorriu, em seguida beijou o canto da minha boca e saiu do carro cantarolando.

Eu fiquei na expectativa que ela olhasse para trás.

Mas ela não olhou.

Nenhuma vez.

Nem mesmo de rabo de olho.

Demorei alguns segundos até me dar conta do objeto prateado que estava jogado no chão do carro.

Era meu celular? Droga, era meu celular!

Me abaixei para pega-lo e ele estava ligado. Tinha 32 chamadas perdidas da Mariana.

Digitei a senha quando parei no farol e então abriu direto na agenda, demorei alguns segundos para perceber alguma alteração até ver o número da Alicia salvo ali.

Provavelmente ela tinha o salvado, eu devia ter dito a senha para ela em algum momento da noite.

Não tive tempo para tentar me concentrar em alguma memória da noite passada porque a tela do meu celular se acendeu com a chamada de telefone da Mariana. Eu tinha certeza que ela ia ficar furiosa se eu não atendesse mais essa ligação, mas eu não estava com cabeça para discutir com a ressaca que eu estava.

E enfim, uma ligação a mais ou uma ligação a menos não iria fazer nenhuma diferença. Ela já estava puta mesmo.

Me concentrei no caminho de volta pra casa e nada mais, quando chegasse em casa eu ia ligar pra Mariana e depois ia tentar me lembrar do que eu fiz na noite passada já que eu não estava corajoso o suficiente pra perguntar pra alguém das minhas ações nada honrosas.

Estacionei o carro na garagem e desci dele tomando o máximo de cuidado pra não cair de cara no chão já que minha dor de cabeça estava aumentando gradativamente.

Talvez o telefonema com a Mariana ficasse para mais tarde.

Chamei o elevador e subi os andares quase sentado no chão do mesmo. Eu ia fazer uma promessa, dessa vez eu ia parar de beber! Eu juro!

Quando coloquei os dois pés para fora do elevador foi que tinha a surpresa de encontrar minha namorada sentada na porta do meu apartamento.

– Bom dia. – ela disse.

Fiquei chocado demais para responder.

– Abre a porta, a gente tem que conversar Gustavo. – ela disse. A voz calma, o semblante normal. Se ela tivesse brava realmente devia estar bem escondido e ela devia estar se controlando muito para manter aquela fachada.

Abri a porta e ela entrou primeiro. Deixou a bolsa no sofá e depois andou pelo corredor, fechei a porta com calma e fiquei parado no mesmo lugar. Ela voltou segundos depois com a expressão furiosa.

E então aquela era a Mariana que eu conhecia.

– Cadê? Onde está? – ela disse.

– Onde está o que? – perguntei.

– A merda do seu celular, porque você não atende essa bosta! Deve estar enfiado em algum lugar na sua casa. – ela foi até a bolsa e pegou o seu celular.

Cinco segundos depois o meu celular tocou no meu bolso.

Ela tirou o celular do ouvido e andou calmamente até mim, não atrevi a me mexer porque qualquer ação minha podia desencadear uma renca de gritos e eu não estava preparado psicologicamente para discutir.

– Quem está te ligando? – ela perguntou.

– Eu não sei. – respondi.

– Me mostra agora, Gustavo!

Tirei o celular do bolso – como o bom pau mandado que eu era – e virei o celular na sua direção antes de sequer ver quem estava me ligando.

– Alicia? – ela perguntou.

Aquele nome me despertou e eu virei o celular na minha direção no mesmo segundo.

– O que? – o celular apagou a tela e alguns segundos depois voltou a acender.

– Quem é Alicia? – Mariana gritou.

Meu cérebro revirou.

– Não grita. – sussurrei.

– Quem é Alicia? – ela berrou de novo.

Bloqueei o celular e guardei no bolso novamente.

Pensei numa resposta rápida.

O que eu queria dizer era isso: “Ela é uma amiga do Eduardo, eles estão saindo juntos.”

Mas na verdade o que saiu foi isso:

– É uma mina que eu conheci no bar ontem.

PUTA QUE PARIU.

A treta tava mesmo armada agora.

Mariana era branquinha, tinha os olhos pretos, e era baixinha. Eu podia ver a vermelhidão se espalhando por todo seu rosto, suas duas mãos se fechando em punho.

Hoje a gente ia ter uma briga daquelas.

– Você deu o seu telefone para uma menina do bar? – ela perguntou calmamente.

– Foi só porque ela veio me trazer em casa.

MEU DEUS, PORQUE NINGUÉM CALA A MINHA BOCA?

Ela levantou uma sobrancelha.

– Ela veio na sua casa ontem?

– Mas nem rolou nada.

Eu era mesmo um bosta.

– Como assim nem rolou nada Gustavo?

Fechei os olhos.

– Mari, a gente está brigando desde ontem amor. – eu abri meu sorriso mais charmoso pra ela. – vamos ficar de boa?

– Quem é Alicia? – ...E é claro que nós não íamos ficar de boa.

– É só a mina que o Eduardo está pegando e eu conheci ontem. Ela veio me deixar em casa porque eu não estava em condições de dirigir.

A mentira era minha aliada. Eu tinha que me agarrar ela como o naufrago se agarrou a bola de vôlei Wilson.

– E você deixou uma garota que você nem conhecia dirigir seu carro?

– Eu não estava em condições de dizer não. – soltei um risinho baixo, mas me calei quando vi que a Mariana ainda estava com a carranca.

– Eu vou embora. – ela disse.

– Mari, não faz isso! – segurei seu braço antes que ela alcançasse a porta.

– Você nem se deu ao trabalho de me atender. Essa Alicia aí te ligando, desde quando você passa o seu telefone para estranhas em um bar? – ela puxou seu braço. – por isso que eu odeio que você vai ao bar nas sextas.

– Não começa com isso... – sussurrei cansado de tanta briga.

– Não vou começar, vou acabar. – ela disse e andou até a porta. – me procura quando você virar adulto e quiser ter um relacionamento sério.

E saiu batendo a porta.

Meu cérebro se revirou novamente e junto senti todos os meus problemas virem a tona junto com meu vômito.

Aquele ia ser um sábado longo.

(...)

Quando acordei novamente já estava escuro, e a primeira coisa que fiz depois de comemorar internamente que estava curado da ressaca e checar meu WhatsApp para ver se tinha alguma mensagem da Mariana, mas é óbvio que não tinha.

Ela não iria vir atrás.

E eu também não iria. Não hoje.

Bloqueei o celular e fui tomar um banho. Hoje eu ia ficar em casa, ia acabar aquele trabalho da faculdade atrasado, ter uma noite boa de sono e de manhã ir conversar com a Mariana, ia me arrastar aos seus pés, pedir perdão e levá-la para jantar, quem sabe a gente podia até pegar um motel depois? Eu tinha que ser muito convincente na desculpa.

Terminei o banho a tempo de ouvir o último toque do meu celular, corri para atender, mas quando eu vi a ligação já tinha caído na caixa postal.

Sentei na cama e desbloqueei o celular para ver de quem era a ligação.

Uma chamada perdida de Alicia.

Retornei a chamada.

Da primeira vez chamou até a caixa postal, mas da segunda ela atendeu no último toque.

– ALÔ? – ela disse gritando.

Afastei o celular um palmo do ouvido.

– Alicia? – perguntei.

– Gustavo? – ela gritou. – espera aí, não desliga! – ouvi um barulho de risos, depois alguém gritou. Ela soltou um palavrão e então silêncio. – oi, Gustavo? Alô?

– Oi. Estou aqui. – eu disse.

– Oi! Tudo bem?

– Tudo sim e você?

– To ótima! A gente está aqui no bar da faculdade, o que você está fazendo?

Fechei os olhos.

Eu tinha um plano.

– Eu to em casa, acabei de tomar banho.

– Ah que ótimo! – ela riu. – veste uma roupa e vem pra cá!

– Não dá Alicia, eu vou fazer um trabalho da faculdad...

– Eu to te esperando. Não me decepciona! Beijos! – e desligou.

A filha da puta desligou o celular na minha cara.

Eu não ia, estava decidido.

Hoje eu não ia.

Vesti um short de dormir e deitei na cama, peguei meu notebook, mas fiquei decepcionado em notar que estava sem bateria no computador e eu tinha emprestado meu carregador pro Eduardo.

Liguei a TV, estava passando 50 tons de cinza no Telecine Play.

Eu iria morrer.

Desliguei a TV e decidi que ia dormir.

Uma mensagem no meu celular me fez mudar de idéia.

Era um áudio. Um áudio da Alicia.

Cliquei em ouvir.

“Gustavo é 99% anjo, mas aquele 1% é vagabundo – risos alto. – você disse que da próxima vez que ficasse sóbrio iria fazer eu pagar por ter bebido tanto ontem, não vejo você aqui mariquinha!”

Meia hora depois eu já tinha vestido uma calça, uma camiseta e um tênis. Estava pronto e saindo com o carro da garagem do prédio.

Alguma coisa estava me dizendo para não ir, mas eu não podia deixar aquele áudio.

Ou podia?

Eu estava mesmo indo por causa do áudio? Ou estava indo por causa da Alicia?

Quando cheguei no bar, estava lotado. Parei na frente dele para tentar encontrar algum dos meus amigos por ali até sentir alguém cobrir meus dois olhos com as mãos.

– Adivinha quem é?

– Está tão difícil adivinhar. – eu falei ironicamente.

– Se adivinhar eu posso fazer uma surpresinha pra você mais tarde. – ela estava falando enrolado já, provavelmente estava muito bêbada.

Me soltei das suas mãos e virei o rosto de frente pra Alicia.

– Alicia, você está bêbada?

Ela riu. Aquela mesma risada alta e escandalosa de sempre.

– Só porque eu disse que tenho uma surpresa pra você? – ela perguntou.

Ela era perigosamente atraente.

E ficava um charme quando estava bêbada.

– Não. – eu desconversei.

Ela me encarou com os olhos cinzas mais marcados do que nunca por causa do lápis de olho e demorou até eu perceber que ela estava com um vestido de uma manga só, e estava de salto. Ela estava muito gata. Era exatamente o tipo de garota que atrairia minha atenção a noite toda em uma balada.

– Gostou? – ela perguntou.

Pigarreei.

– Você está muito bonita. – sorri.

– Vesti pra você. – ela disse.

Fiquei chocado demais para responder aquela provocação.

Com sorte o Eduardo chegou segundos depois.

– Galera, partiu? – ele estendeu seu copo pra mim e eu aproveitei para beber o resto da sua cerveja.

– Partiu pra onde? – perguntei.

– Pra balada, lógico! – ele bateu no meu ombro.

– Ah, nem vou! – eu disse.

– Claro que vai! – ouvi a voz da Alicia do meu lado novamente, ela estava segurando a bolsa de alcinha já e apoiou o braço no meu ombro. – e eu vou com você no seu carro.

– Alicia... – eu sussurrei.

– Gustavo... – ela disse do mesmo jeito. – larga a mão de ser vovô, vamos se divertir! – ela assoviou pra galera que ainda estava no bar e uma garota loira olhou pra ela. – eu vou com ele. – ela disse apontando pra mim, a guria loira fez joinha com o dedo e ela me puxou pra andar.

– Eu nem ia vim. – eu disse.

– E porque veio? – ela disse enquanto tomava um gole longo da bebida azul que ela sempre estava na mão.

– Porque você me chamou de mariquinha. – eu disse e a encarei.

Ela sorriu entre o gole de bebida enquanto me encarava e deu volta no carro.

– Eu sabia que você vinha. – ela disse e entrou no carro.

Fiquei parado do lado de fora e cerrei as sobrancelhas entrando no carro em seguida.

– Sabia como?

– Eu só sabia. – ela disse e se virou pra mim.

Em seguida ligou o rádio em uma música que estava tocando, era internacional.

Ela cantou a música alto enquanto eu parava no farol no final da rua.

– Eu valho a pena? – ela disse do nada.

– O que? – perguntei.

– Você acha que eu valho a pena? – abaixei o som e a encarei.

– Como assim?

– Baby, i’m whort it. – ela cantou a música e depois sorriu pra mim em seguida.

Dirigi por algumas pragas só ouvindo sua voz cantando a música alta, foi preso em pensamentos que percebi que ela estava quieta fazia um tempo e me encarava séria.

Parei o carro no estacionamento da boate e a encarei.

– Que foi? – perguntei.

– Eu estava me perguntando quanto tempo demoraria pra você perguntar isso e eu ter a minha chance.

Eu sabia quais seriam suas próximas palavras, e sabia que se eu fizesse aquela pergunta eu estaria entregando o jogo.

Mesmo assim eu quis saber se ela tinha coragem.

– Chance pra que? – perguntei.

Alicia me encarou por alguns segundos e apoiou uma mão na minha perna, senti seu rosto se aproximando do meu lentamente, um sorriso malicioso ia se formando nos seus lábios, eu quase podia sentir o gosto da menta neles.

Quase.

Mas o Eduardo bateu no vidro do carro, e eu me afastei rapidamente dela.

Alicia ficou alguns minutos parada na mesma posição e depois se afastou, arrumou o cabelo e depois abaixou o vidro do meu lado, porque eu parecia incapaz de me mover.

– Vamos entrar, estamos só esperando vocês. – ele disse desconfiado.

– Já estamos indo né Gu? – ela me encarou e depois subiu o vidro, podia sentir sua respiração no meu rosto. – não me olha assim. – ela disse.

– Desculpa, to parecendo um adolescente. – eu disse completamente constrangido.

Ela sorriu e desceu do carro em seguida.

Olhei pra minha aliança no dedo e então tirei o celular do bolso, a foto da Mariana estava como meu papel de parede ali, como sempre foi.

Porque de uma hora pra outro eu me senti terrivelmente constrangido com a foto naquele momento? Bloqueei o celular e sai do carro, indo encontrar meus outros amigos do outro lado da rua.

A Alicia já tinha entrado com as garotas, só estava o Eduardo e um brother da faculdade que era mais chegado no Eduardo do que em mim.

– Vou pegar os ingressos com as meninas viu Matheus? – o garoto loiro assentiu e o Eduardo me puxou pra longe das vistas do guri.

– O que? – perguntei.

– Estava rolando um clima no carro? – ele perguntou de supetão.

Não podia mentir pro meu melhor amigo, mas não podia admitir a verdade. Eu me sentiria um bosta depois.

– Tudo bem, já entendi. – ele deu dois tapinhas nas minhas costas. – ela ficou o tempo todo falando de você na mesa para uma amiga loira dela, não foi aquela coisa aberta e tal, mas dava pra perceber que era sobre você.

Eu assenti.

– To dizendo – o Eduardo continuou. – que ela vai investir em você pesado. – ele me deu um olhar significativo.

– Eu amo a Mariana. Não vou ceder aos encantos da Alicia, mesmo que ela tente.

Eu era um péssimo mentiroso.

– Você mente muito mal.

E meu melhor amigo sabia disso.

– Eu vou tentar! – admiti. – eu vou me esforçar muito pra isso. – sussurrei.

– Vamos entrar logo vai! – ele assoviou pro Matheus e entregamos os ingressos sem pegar fila, como o resto da galera que gritou quando nos viu passar.

A Blue Disc era lotada todo sábado, principalmente esse que era Open bar. Então foi difícil achar a galera naquela multidão e eu acabei me irritando por ter que ficar passando toda hora pela galera e elas ficarem esbarrando em mim o tempo todo.

Cutuquei o Eduardo.

– O que? – ele gritou sobre o ombro.

– Vou pro bar. – gritei.

– Tá louco? Tá lotado, como vou te achar depois? – ele gritou.

– Me manda mensagem. – gritei e sai no sentido contrário da galera.

Consegui chegar no bar com muito esforço, acredite. A galera faz qualquer coisa por bebida de graça, fui atendido por uma barman bem gata, ela fez um copo de vodka com energético pra mim com mais vodka do que qualquer outro copo que eu vi ela fazer.

Retribui sua bondade com um sorriso largo e feliz e me virei para observar as garotas na pista.

Foi depois de muito observar que constatei que tinha uma morena me encarando, tinha lábios pintados de vermelho, e eu adorava batom vermelho, vestido curto e cabelo curtinho.

– Você com certeza não faz o tipo de que gosta de prostituta. – me assustei com a voz tão próxima da minha orelha e acabei me afastando mais do que devia da Alicia.

– Você me assustou. – eu disse.

Ela sorriu e pegou seu copo de bebida no bar.

– Eu te vi aqui sozinho, pensei que queria companhia. – ela disse.

– Eu estava bem perdido mesmo. – sorri.

– Você fica um arraso nessa camisa. – ela disse do nada, virei a cabeça na sua direção.

Eu precisava ter certeza até onde ela iria chegar.

– Você sabe que eu namoro. – afirmei e ela deu um gole na bebida sem tirar os olhos de mim. Aproximei o corpo do dela, sem que ficássemos colados. – mas mesmo assim tentou me beijar no carro. – afirmei de novo, ela não respondeu. – e ainda disse que tinha uma surpresa pra mim.

– E eu tenho.

– Qual?

– Depende do quanto curioso você está. – ela afirmou.

Quer jogar? Então vamos jogar.

Virei meu copo de vodka com energético de uma vez só e ela fez o mesmo com dela. Coloquei meu copo vazio em cima do balcão.

– Vamos dançar. – eu disse pegando na sua mão e a puxando pra pista de dança.

Estava tocando um estilo alternativo, era David Guetta, talvez. Eu era péssimo para distinguir cantores estrangeiros.

Alicia enrolou os dois braços no meu pescoço enquanto mexia a cintura lentamente.

– Eu quero fazer uma pergunta.

– Faça. – respondi no mesmo tom.

– Se você sabe que eu quero tudo isso, porque não deu um jeito de fugir?

Era uma boa pergunta.

– Eu não tenho uma resposta para essa. – eu disse.

– Ótimo, então vou fazer outra. – ela disse.

Assenti.

– Você quer me beijar agora? – a pergunta dela quebrou minhas duas pernas.

Meus sentidos ficaram nublados e eu parei de dançar automaticamente. Fosse qual fosse a minha resposta, ela já tinha visto a resposta para sua pergunta nos meus olhos.

– Alicia... – sussurrei.

Sabia que ela não podia ouvir por causa do som alto.

– Responde minha pergunta. – ela disse.

Sim.

Sim, eu quero muito beijar você.

Sim, eu quero muito beijar você e arrancar esse seu vestido com os dentes.

Sim, eu quero muito beijar você, arrancar esse vestido com os dentes e fazer você se arrepender de me provocar desse jeito.

– Não posso. – eu disse e soltei a sua cintura. – não posso, eu disse que ia tentar. – sussurrei pra mim mesmo.

– Tentar o que? – ela perguntou.

– Desculpa Alicia. – me afastei dela, entrando na multidão, mas ela me seguiu e segurou meu braço.

– Hey! – eu me virei.

– O que?

– Eu só precisava de uma confirmação. – ela disse e no instante seguinte sua mão foi pra minha nuca trazendo meu rosto para um beijo desesperado.

Eu quis lutar, quis demais.

Mas não consegui.

Quando sua boca encostou na minha eu só conseguia me concentrar naquilo, eu só queria aquilo. Levei a minha mão a sua nuca e puxei seu rosto pro meu conduzindo um beijo cheio de vontade, aproveitei para enrolar a mão nos seus cabelos e arranquei um gemido baixo vindo dela.

Aquele foi o som mais sexy que eu ouvi na minha vida inteirinha.

E meu deu um tesão do caralho.

Com a outra mão puxei sua cintura pra perto de mim e aumentei a velocidade do beijo, ela pareceu corresponder as minhas expectativas com tanta ou mais vontade do que eu; foi só quando me faltou o ar que eu percebi que eu estava beijando a Alicia.

Era a Alicia.

Caralho, era a Alicia.

Ela afastou o rosto do meu e me encarou com os olhos cinzas.

Era um olhar tão malicioso, tão inocente. Eu conseguia ver a malicia naquele olhar, assim como ela conseguia ver o desejo no meu.

Mas eu prometi que ia tentar resistir e vou.

A Mariana era uma garota incrível. Traí-la estava fora de cogitação, mesmo sabendo que eu tinha acabado de fazer.

– Gustavo... – ela tentou se aproximar de mim novamente, mas eu me afastei.

– Não chega perto. – eu disse. – você deixa os meus sentidos nublados. – balancei a cabeça a fim de espantar o pensamento dela nua na minha cama. – você me deixa maluco, Alicia. Isso não pode acontecer.

Me afastei dela antes de ouvir sua resposta.


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